Amor abjeto

" ... E encontrando-se finalmente a sós violaram o sagrado templo da confiança, rendendo seus corpos ao desespero da vontade, como se nada mais houvesse no mundo.

Em suas tripas explodia uma úlcera de êxtase, entregando ao instante apavorado a grande serpente doentia de um amor abjeto.

Era repugnante porque era pecado. Era inebriante porque era bom.

E em silvos breves em bemóis abafados, derramaram-se em dolorosa melodia extática, tremendo eufórica morte, sendo felizes ali mesmo no chão da agonia de sua desventura apaixonada.

Era como se o pecado fosse um velho malicioso com um sorriso nos lábios e um olhar penetrante, entregando-lhes numa mão a culpa e na outra o deleite . Deleitaram-se enfim com o requerimento desajustado de seus corpos, onde não havia mais sensatez nem lógica, nem razão, nem coisa alguma além de querer irracional, e o querer os movia para o fundo do abismo...