O Obscuro
Me dê a alcunha de Heráclito
e deixe-me padecer no obscuro.
Decifre toda a ignorância
sob os olhos baixos do farsante
e, mesmo assim, sairei impune
como quem não sente nada,
pois nada sinto há muito tempo.
Será que enfim descobriram
Que por baixo do vernáculo
e da gordura no abdôme
nada existe além de um susto
repetindo-se a exaustão?
E quando me percebo, assustado,
surge a impavidez da ignorância.
Um escudo levantado pelo abismo
presente em meu discurso oblíquo.