Luzes do outono
Eram pálidas as luzes do outono.
Mal se conseguia notá-las através das copas emagrecidas das jabuticabeiras do pomar.
No ar um certo “quê” de melancolia pairava.
Meus olhos marejados de expectativas fixavam-se no caminho sinuoso, de terra batida, que perdia-se por detrás dos morros.
A mesma e velha agonia que não me deixava em paz e dia após dia fazia renovar em mim a esperança de vê-la voltar.
Ah! Saudade, saudade...
Em teus braços tenho passado as noites e minhas lágrimas já não conseguem trazer o consolo de que tanto preciso.
Que dor é essa que arranha a alma, apunhala o coração e sangra em desejos cor de sangue...
Ah! Vida, vida...
Esvai-se em minhas mãos e não tenho forças para detê-la, para ter ao menos mais um dia...
Um dia para sonhar, um dia para voar em pensamentos e imaginar seu vulto aparecendo
na última curva da estrada, que o olhar possa alcançar...