COMO BOLHAS DE SABÃO
Paraísos são fugazes sítios onde fazemos morada provisória e onde deixamos a fantasia nos resgatar em nossa perdida integridade de seres sonhadores, tendo abandonado momentaneamente nossos corpos de uma solidez um tanto incômoda.
Então desejamos fluir, ganhamos asas e voamos sobre nossas limitações. Seres sonhados, esvoaçamos em torno da luz na dança do amor, da superação dos limites. Construímos cenários, criamos as mais belas falas para concretizar uma história à parte, uma brecha de luz na escuridão da mesmice da vida. Mas sonhos têm vigências breves, são como bolhas de sabão, tão leves e frágeis criações de nossa finitude desconsolada.
Finalmente, quando as luzes se apagam, nosso vôo vai perdendo força. Dessa forma, caímos como folha de papel na ventania, lentamente, sem pressa de chegar ao solo frio e desconcertante que sempre nos aguarda para novamente nos aprisionar em suas três dimensões gradeadas.