O que sei de ti

Não sei do teu passado

Se outrora viveu ou tão somente existiu

Não sei se foi leve ou pesado fardo, a sua vida

Não sei o quanto foi feliz ou triste

Não sei quantas vezes ficou doente, do corpo ou da mente

Não sei

Não sei das tuas feridas, nem das cicatrizes antigas

Não sei quantas vezes sentiu-se fraco e quantas vezes, o mais forte

Não sei quantas vezes sorriu ou se chorou até sentir-se vazio

Não sei dos sonhos realizados, nem dos quais desistiu

Confesso, sei tão pouco, se é que sei

Talvez eu saiba, agora, apenas o que me cabe na curta jornada contigo

Talvez eu saiba dos teus predicados e dos teus defeitos mais íntimos

Da tua fragilidade despercebida, da tua fortaleza escondida

Dos amores que teve e das duras partidas

Talvez eu saiba, profundamente, do teu doce coração e do teu sabor amargo

Talvez eu saiba das tuas crises existenciais e das tuas certezas indiscutíveis

Da tua fé palpável e por vezes da tua descrença exagerada

Talvez eu conheça muito do teu silêncio intrigante, do teu escandaloso semblante

Talvez eu saiba das tuas oscilações

Das tuas ideias racionais, das tuas utopias

Da tua alma livre, do teu olhar aprisionado

Do fascínio do teu beijo, da sutileza da tua invasão

Talvez o que eu saiba não seja tanto, nem tão pouco

Talvez, o suficiente para preencher algumas das minhas entrelinhas

Não sei ao certo

Talvez eu saiba muito mesmo

Ou apenas, copiosamente, o que é imprescindível ao meu coração.

Ana Carla

Acarla
Enviado por Acarla em 13/01/2023
Reeditado em 20/06/2023
Código do texto: T7693584
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