Como num filme
Madrugada, lembrança grudada em palavra, era preciso escrever.
Do tempo de nós, crianças, nossa mãe lavando roupa, mexendo o feijão no fogo de lenha que a gente buscava na serraria. Brincando de espada, um pedaço de pau era puro aço para nós.
Crescidos, eu, voltando de Valpa, abrindo o seu quarto, você não estava; só as mulheres desnudas da parede e do teto. Deixei uma letra, você colocou a música.
Uma noite alta, quente, eu, sentada na calçada, você olhando por sobre o muro. " O que você está fazendo aí?" "Tem 'mir' baratas no meu quarto." Um inseto voara,outro aparecera sobre o guarda-roupa. Você improvisou a troca de quartos; o sono fez dormir o pavor.
Já aqui, você chegando com as pizzas e um amigo; viera me visitar.
De outra feita, você chegando em dia de terço e reza, eu apresentando, com orgulho, você aos amigos:"Este é meu irmão."
Nem contava que, mexendo na Internet, cavoucaria também o meu peito, revirando lembranças, como faziam as idas cartas manuscritas.
Amo você, meu irmão. Beijos. Neu
Em homenagem ao meu querido irmão, Beto.