QUANTAS PESSOAS ESCREVEM SOBRE SUA ALMA?

Alma e porque não coração,

Coração exultante de felicidades.

Paixão,

Corações despedaçados.

Saudades, frieza gélida sentida pelo que já não é (pelo que talvez nunca tenha sido);

Pelo que ainda deveria ser (ilusão).

O pior será a perda ou o pesar da perda?

O medo do diferente, do novo, da ausência?

A frieza do choque? Paradoxal choque que provoca calor, solta fagulhas ao derreter material fundível;

Em nossa espinha produz calafrios. É a estranheza das sensações antagônicas que deveriam ser explicadas pela física, fisiologia, química...

Somos matéria, energia, matéria e energia.

Somos alma, corpo;

Tristeza.

Deveria haver desespero por fome e pela dor física.

Há a tortura moral de pessoas que não foram preparadas para se defender;

Animais acuados pela perplexidade, pela incapacidade de absorver que houve agressão.

Não esperar de outrem em quem se confia traição mais vil que o abandono do tratamento dulcíssimo, respeitoso afetuoso.

Não o abandono do incapaz, de criatura inocente ou não.

Daquele que não sobrevive só, sem supervisão e sim o abandono do capaz. Mas capaz de quê?

Sofremos muitas vezes por esperarmos, anteciparmos. Por estarmos acostumados a algo, que aí muda.

Tudo é passível de mudança.

Problema está em esperar o retorno, um retorno específico, como uma simples lei da física de ação e reação.

Não funciona assim com as relações sociais.

Variáveis indistintas, interferências, aquisições novas ou meramente a exposição do que já existia, mas sem dúvida mudança. Mutação afinal é uma lei da vida.

Melhor que ser profundamente amado é conseguir amar sem esperar nada. Assim mutações (mudanças) serão apenas detectadas e não constituirão interferências;

Nem o reconhecimento, nada só o bem querer.

Somos tão pobres em nobreza.

Dependemos em nosso narcisismo ou egocentrismo de respostas a estímulos, de conforto ou aconchego.

Poderíamos ser muito felizes.

Não o somos.

A razão:

A irracionalidade das paixões, a violência dos sentimentos e convenções.

Somos escravos de nós mesmos,

Esperamos demais de quem não pode ainda compreender o que é amar.

Nem todas as mães agem como se espera (algumas abortam, abandonam, matam seus rebentos, assim como outros animais).

O amor incondicional por aqueles com quem temos laços genéticos, empáticos é o ordinário.

Desvincular as heranças culturais humanas, moldadas por milênios de evolução social, não é fácil.

Que amor pode durar e se renovar sem a reciprocidade?

Qual a fórmula a mágica ou o que quer que traga a segurança, que deixe a alma ou espírito em paz?

A satisfação de amar, mesmo sabendo das falhas enormes que são deixadas pelo outro, será normal?

Regra não é!

Quando decidir se vale à pena?

Se há laços de alma e não de matéria?

Quando se despojar da ira, do ciúme e só amar profundamente um companheiro;

Amar filhos, pais, pessoas "boazinhas" é tão fácil e cômodo. Como amar quem espezinha, critica, inferniza, tortura, amedronta, assusta, abusa, chantageia?

Haverá pessoa comum, sem santidade que consiga?

Será doença sentir ternura pelo agressor?

Nota: São Francisco se Assis dizia que a maior felicidade estava em ao ser agredido física e moralmente, ao ser torturado, não sentir raiva, ou não se defender do agressor e sim amá-lo, pois assim este amor seria a expressão mais próxima do que Cristo queria com seus ensinamentos e com seu sacrifício.

Volto então à dúvida: para santos isto é possível, por sua elevação espiritual. E nós imperfeitos pecadores?