Me refiz poesia!
Estava com saudades de mim.
Me perdi em algum momento em que fui buscar o prazer do conhecimento,
Olhei para fora. Podes rir!
Fora nunca encontramos tudo, há muito que não se revela ao mundo.
De repente, não me reconhecia mais,
O espelho há muito deixei para trás, os livros, só os livros me acompanhavam.
Conheci Platão como a palma de minha mão,
Sim, conheci sem conhecê-lo, estive com ele sem pertencê-lo
Pois sua máxima que é conhece-te a ti mesmo, ficou só na cabeça,
O conhecimento deve passar pelas veias do coração.
Me perdi e foi difícil me achar de volta,
Estava comigo o tempo todo, e por todo tempo abandonada,
Precisava aprender uma segunda língua, absorver tudo sobre filosofia, fazer cálculos de cabeça
E ainda, entender o que de mim o mundo queria.
O corpo não mais adoecia, já inventaram tanto e tanta coisa, que a doença não precisa mais molestar,
Para dor de cabeça já existe aspirina, pra solidão um bom livro e pra angústia na esquina sempre tem um bar.
Tropecei em uma poesia,
Ríspida, levantei-me para praguejar.
Mas a singeleza posta em palavras, tão cativante. Apenas sorriu.
Fui tomada pelo prazer do sorriso de volta,
Havia muitos afazeres,
Desculpei por meu tropeço e voltei para a seriedade da vida.
Na correria, esbarrei em outra poesia.
Já estava mais calma, então me virei para desculpar-me outra vez,
Mas ela apenas me sorria.
Palavras duras, de duras sabedoria e mesmo assim aquela simples poesia me sorria.
Não tinha tempo para leituras banais, compreendo que falas de vida, da minha vida, mas preciso atender ao chamado do mundo, tenho pressa!
Tudo passa muito rápido quando se tem muito a fazer,
Tudo passa tão calmo e doce quando tem uma poesia para nos dizer.
Caminhando, com a cabeça no próximo aprendizado, firmando compromisso com o que me tomaria os próximos minutos, ouço de longe outra poesia...
Penso em encontrar uma desculpa qualquer que me permita desvencilhar dessa doçura, mas a poesia falava da morte. Essa não me quer falar de vida? – Indaguei,
Afinal, a morte o que mais é, se não a vida se transformando em conclusão?
Eu, que tanto me esforcei para aprender, isso me fugiu do coração?
Porque não me debruçar alguns minutos no que a poesia tinha a me dizer. - Refleti
Quando parei,
A poesia, eu já não ouvia mais.
Refiz o caminho,
não me esbarrei em qualquer outra poesia,
Nem tropecei...
Perturbada me sentei.
E como se pudesse ser invadida por mim mesma, escrevi.
À medida que escrevia, me fiz poesia e me encontrei.
Não precisava de diploma, nem de segunda língua, nem de dinheiro ou carro do ano.
Somente de poesia, na poesia meu coração se deleita.