VAZIO A DOIS

Eu ando tão vazia

Que as palavras me somem da língua

O suor pinga e seca a saliva

Nenhuma droga mais alivia

Eu olho e me vejo sozinha

Eu sinto a minha carne ainda viva

A sangrar e a pulsar por amor

Pelo pão que o diabo amassou

Pela migalha que um pombo deixou

Do pão amassado pelo cão

Que lambeu minha boca no chão

Que acolheu a lágrima que pingou

Pelo sim, que as vezes sai não

Eu ando tão vazia, irmão,

Que se gritar faz eco aqui dentro

Que se sangrar, pressupoe-se veneno

Que se eu calar, os olhos seguem respondendo

Por mim, por fim, por nós eu só queria um dia feliz

O suor que da valor ao meu tempo

Sangue na camisa e se ela chamar eu não atendo

Somos pura alquimia, sem saber o que é real e fantasia

Colori as estrelas nesse céu de giz de cera

Eu juro que fiz o que pudia, eu juro que ninguém melhor faria,

Mas no fim, eu permaneço vazia

e as palavras cortam como faca

As memórias já se tornam opacas

Se eu pudesse dos sentimentos me despia

Se eu pudesse de vazio me cobria

Para ver se aquece o frio da alma

Enquanto lá fora a vida ria

Aqui dentro o peito chora

Enquanto lá fora a chuva caia

Aqui dentro o coração implora

Eu ando tão vazia

Que é melhor eu ir embora.

Daiane Alves e Yurick Camargos
Enviado por Daiane Alves em 05/01/2023
Código do texto: T7687438
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