MEU TESOURO COM RUGAS

Meu avô Otávio partiu quando eu ainda tinha 09 anos (1990), deixou saudade no menino que via nele o exemplo de tudo que era bom, num homem simples, que andava com a camisa desabotoada, calças arregaçadas para não sujar o abanhado, que gostava de ovo cozido com farinha e café...silencioso, pensativo, carregava uma tristeza que era aliviada quando minha irmã e eu conseguíamos arrancar um sorriso da boca com poucos dentes.

Minha avó "Zaga" ainda ficou entre nós por 31 anos depois que ele se foi...nos deixou aos 99 anos em 2021.

Mulher forte, não se intimidava diante de tarefas que botam muitos homens pra correr.

Certa vez conversando com ela, olhou pra mim e disse: " acho que sua avó já está perto de partir !"

Devolvi o olhar com o máximo de doçura que pude e falei: "desejo que a senhora ainda fique entre nós por muitos anos...Mas, no dia que partir, só quero da senhora uma coisa. Quando encontrar vovô, dê um abraço nele e diga que fui eu que mandei.

Ela sorriu e disse que não me preocupasse.

Hoje sei que estão juntos, matando a saudade de tantos anos e contando com alegria as velhas histórias...

E sinto no peito a certeza que de onde estão, quando me vêm, acenam com a mão.

Sua bênção vó...sua bênção vovô.

ANDRÉ L C MELO
Enviado por ANDRÉ L C MELO em 03/01/2023
Reeditado em 28/03/2023
Código do texto: T7685742
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