Ainda estas "minhas" palavras!...

Tenho de reconhecer que o meu problema crucial com as palavras e expressões idiomáticas, essas nem sempre amorosas criaturinhas semânticas pra lá de teimosas, persiste...

Ora bolas! Pois não são elas que insistem porque insistem em me manter assim, praticamente seu refém gramatical, nos mínimos textos que me proponho a escrever? Pior, bem pior ainda, quando tamanho problema crucial ressurge-me recorrentemente nos exatos momentos em que elas, quase feitas inteligência artificial, sozinhas, acreditem-me, desandam a formar pequenas (?!) frases, expressões idiomáticas, estrofes, parágrafos, períodos e capítulos, tudo isso...

...Quando, então, sem ao menos me permitirem maiores e ultranecessárias reflexões, tais abusadíssimas e muitas vezes mal-comportadas palavras revestem-se-me dos mais diferentes, perigosos e emotivos sentimentos.

Dentre esses, dois sentimentos especialmente perigosos nesta moralmente derrapante modernidade social que ora vivemos: Os sentimentos de justiça e de empatia pelos (as) chefes de familia desempregados (as), assim como pelos pacíficos e ordeiros cidadãos produtivos de baixa renda, esses que não se enquadrando em quaisquer grupos protegidos por demagogas quotas ou corporativismos sociais, governo após governo, seguem sempre e sempre explorados pelos gananciosos empresários e por seus próprios representantes políticos, mal conseguindo sobreviver assim irresponsavelmente abandonados à própria sorte pelas instituições oficiais, justamente essas que mais deveriam protegê-los, inclusive preparando-os para as cada dia mais terríveis competições legais pela sobrevivência, e quiçá uma posição digna - mesmo que ainda humilde - nos massacrantes degraus da pirâmide social brasileira.

Viram só como essas danadinhas do universo semântico paralelo que vivem à minha espreita, logo tomaram-me a frente até mesmo aqui, quando um tantinho só me encorajei a falar a seu respeito? Quem mesmo queria aqui fazer tamanha reflexão sobre a sofrível situação social das camadas mais humildes da sociedade, essas assustadoras multidões que parecem receber ínfimas considerações oficias apenas e tão somente nos períodos eleitorais?

Isso até me parece vingança! Ah, estas minhas amiguinhas da onça...

Armeniz Müller.

...Oarrazoadorpoético.