a falsa nebulosa projetada no teto do meu quarto

Observo a nebulosa projetada no teto do meu quarto, em uma tentativa de encontrar com seu olhar. Talvez essa falsa sensação de que esteja vendo o céu, seja a mesma sensação de estar com ele. Se eu fechar os olhos, posso ouvi-lo respirar do seu modo abafado. Posso sentir a presença silenciosa de todo amor que transmite. Posso sussurrar que o amo de volta, como penso que deveria ter feito muitas vezes quando tive a oportunidade.

Culpo-me por passar tanto tempo pensando insignificâncias e não ter aproveitado a pequenez de um momento: sentido seu dedo desenhando a constelação do Cruzeiro do Sul no meu braço; observado as cosquinhas que fazia meu irmão gargalhar; divertido-me contemplando uma gargalhada; ou atentado-me a ele ensinando seriamente sobre o mercado financeiro para meu irmão.

No entanto, quando eu abro os meus olhos, eu vejo a cama vazia da minha irmã, uma mala enorme para desfazer no chão e falsas estrelas verdes brilhando. Eu sinto demasiada falta dele que mal posso me expressar. Por um instante, preocupo-me. A vida já não faz sentido sem ele. O pior destino que poderiam me designar seria viver sem ele. E não sei se serei o suficiente para merecê-lo.