O Doce Decesso da Imperatriz ( Quarto Ato)

Cap XIII - O Adorno da Campa.

( Parte I)

IMPERADOR esmaecido e derreado pela IMPERATRIZ, que nunca na verdade foi verossímil. Volúvel dileção, de triagem sórdidas cuja anteposição foi ulcerar parcelas insólitas de mim.

- Ide estriga, airosa e venenosa, e vês os estragos que me toldam e que me dirigistes.

-Ide, virulenta, e escutas bem o que agora vós digo:

-A verdade que descobri… Nunca esteve ela escondida. Preferi amar-te por preterir minha gélida vida. Vós que serdes mirífica aos olhos que retesam o pranto diante de ti agora, viverás daqui por diante na campa que há muito eu já adornova. Pois o exício do meu amor foi soprado por Thánatos, e como tributo não me exigido, ofertei o que você com tanto apertecer vilipendiou.

Cálidas foram-me as lascívias da tua natureza…

Sinto a algidez retornar ao meu império , e talvez será essa a única lembrança sua que hei de preservar em mim. Pois nos passos racionais instigados pelas vontades inflexíveis de minha essência fria, parte dela foi descongelada pelo teu amor, mesmo que no fim tenha ele se revelado uma mentira.

-Irisius Ramenom, serdes vós o algoz do reconto desse remate, que apenas fiz-me retaliadora por declinar à subserviência do teu ego. Deleite-lo-ei com semblante lúrido - Mas por dentro, só há regojizo por ver-me telespectadora de teu esfacelar -

-É isso só o princípio, mirrado imperador. De mim - Não esperes clemência.

- Se os celestiais entrajassem-me com o togado da danação, condenaria-o além da morte. Cólera infinda, muito além de minha carne, alma e coração , estes - Tenhas certeza- não mais controlarão as cotas das sanhas sedentas que anseiam tua ruína.

Vê-me…Atentas bem meu semblante, nele há de veres meu último ato de ternura por ti, convidando-te sentar-se em minha mesa para desfrutar de minha ceia.

Triste Imperatriz Liríases, refém de sua

impulsividade.

Ímprobas fizeram-se todas minhas vontades de ensinar-te as fleumáticas que me cabem. Nessa empreitada, retia esperança dopando-a previamente com ilusões, não por despenhar lógicas e razões aos ócios, tampouco por depositar meu credo em tua ganância, assim procedia por desejar esticar a estância mais provável da minha subsistência onde estivesse eu supostamente amando.

Tu me amas? Tu me amas? Dizes, tu me amas?

Lembro-me do acorde das cordas da tua voz inquirindo-me, num tom risível, num compasso curto tal perquirição.

A via esperar com seu ouvido aposto em meu peito auferir minha resposta.

-Eu sempre a respondi, Liríases. Só não tivesses o requerido depreendemento das devidas provas que sempre estiveram lá, silenciosas e vivaz, que não poderiam ser ouvidas como tanto esperavas. Basta-se-iam olhos letrados pela importância da lisura…Esta, não podendo ser comprovada por palavras, apenas pelas atitudes. Nelas, se te coubessem não o togado da danação que agora intentas vestir, mas sim o plepo de Antena, verias que sempre fostes respondida, e meu amor - Nunca ausente

- Em tua mesa vejo o banquete.

Pavão, que gabas desvanecer goela abaixo com o deglutir do vinho velado por tua família que agora ceva o império que intentas desconjuntadamente arruinar. Vejo pão, pinhões e tuas bem quistas tâmaras, faltando apenas as sementes de papoula, que faço questão de agora buscá-las. Nelas verás meu último indulto à vossa graça. Antes que o dia termine a guerra será firmada, e esse banquete será a última estância de paz até que a morte um dia nos abrace.