Terra seca
Já havia mencionado sobre as noites do sertão, desnutridas de afeto, com o miserável retirante que mora em meu peito, caminhando carcomido, esperançoso e desesperançado...
Já havia lhe descrito sobre as paranoias do desequilíbrio, a necessidade da desistência para enxergar o possível, e o quanto as desgraças da vida por vezes mantêm-nos nobres.
Essa sede de viver é plebe!
Vês que a tristeza é incorruptível? Compõe-nos mais e mais. Sussurra-nos ao pé do ouvido nos momentos mais lúcidos e reflexivos que é ela como oxigênio, necessária à vida, que todas as alegrias possíveis, são meras distrações, e tolo é regalar-se por elas.
Enquanto os cactos nesta terra tão seca permanecem embargados, machucam-nos.
Sinto esse sol de língua seca lambendo minha pele, oscilações do Brasil, e o couro coça pelo incômodo, e o frio relembra a perda, a perda de mim, e quando aponto para dentro, não me acho, viro alvo e sinto a flecha rasgar meu peito.
Amaldiçoe o desejo, meu amigo! Ele que se mostra de tanto em tanto, e faz-lhe perambular por nada, pois essa terra é seca.