Existência calculada
Um pseudo silêncio
se faz no campo.
Até que o melro mateiro
vem o sol acordar...
Amanhecendo o dia,
num galho a cantar...
Cada estalo um novo tom.
Um novo canto.
Um novo adágio...
Outra melodia.
Outro som...
Outro presságio.
E os novos ventos varrem
as folhas da jaqueira...
Enquanto a rede no alpendre
balança ligeira...
Pra lá e pra cá...
E assim permanece
a manhã inteira.
É verão!
A tarde desce...
E a sombra na calçada
já não muda de lugar...
Então a vida anoitece...
E o manto negro,
feito as penas da graúna,
se espalha com a brisa...
Leve, livre e lento...
E ao coração cansado
traz alento...
Mas o tempo impiedoso
é frio e calculista.
Vaga sempre imperioso
e lhe rouba a madrugada...
Fim da a estação à vista!
Existência calculada...
Adriribeiro/@adri.poesias