Encenação XVI
Ocupava um espaço, mas era, fútil e desnecessária presença em torno das pessoas. Não tem como repartir as palavras, pois, se mal lidam com os seus próprios problemas, tampouco, importará com o coração de que senta a sua esquerda ou direita. A frieza é o doloroso fardo a se suportar, e vocês insistem a sorrir e dizer que tudo dará certo, mas o olhar é congelado e distante. Não force a sua simpatia, se te desagrada a presença pelo qual gostaria de evitar, seja menos hipócrita. Não dê atenção, por pena. É humilhante saber que sou uma coitada e desvalida. Pare com vossas mentiras, enganam a si, mais que a mim. Se esforça, maquiando sentimentos pelos quais não são verdadeiramente reais, pensando que assim, evitará em me ofender. Corpos com sentimentos vazios só ocupam espaços e nada podem oferecer além de causar buracos nos corações. Se for machucar com a sua indiferença, resguarde-se consigo mesmo, mas não force agir como se importasse, se no íntimo do pensar, não passo de incômodo e pesar. Prefiro, apesar de tudo, sofrer com as ausências do que ver-te, encenando de modo tão ridículo a tua indiferença, fingimento e hipocrisia.