Maria Firmina dos Reis: Alma sui gêneris

Há quem afirme e até divulgue que o destino não se escolhe,

pois, se a mente é pacata e o espírito é mofino, sob o jugo se encolhe.

E os grilhões, muito mais interiores, limitam quaisquer atos,

regimentam os fatos e perpetuam os dissabores...

Amarram mãos e amputam braços impondo regras e valores.

Determinando os espaços de ser e conviver.

Calam vozes diligentes e impedem suas ações

Tiram o direito de escolher um ideal para defender

tolhendo os planos e sonhos que brotam nos corações.

Mas há também quem comprove, por meio dos próprios feitos,

que existem outros jeitos de viver e de lutar

pelos direitos mais comuns e a própria sorte transformar.

Alma de índole guerreira, corajosa e humana...

Criatura soberana que nasce onde é preciso para fazer sua reforma

pois do mundo faz juízo com graça e delicadeza

e em prol dele se transforma, realizando com presteza

as mais necessárias mudanças no próprio entorno e em outras repartições.

Essa alma sui gêneris, nasce de tempos em tempos, como se para mostrar

que é possível escrever e realizar a própria história...

Eternizar sua memória com grandes realizações.

Desconstruir os paradigmas, desmistificar antigas crenças,

ressignificar velhos valores, destruir alguns estigmas

e romper certos padrões.

Assim foi Maria Firmina dos Reis!

Mulher preta nordestina, destemida e corajosa.

Maranhense genuína, sempre altiva e elegante

Professora generosa e escritora ufanista,

Cidadã sempre ativista, engajada e resistente

Que se tornou uma combatente do sistema escravagista

e na literatura uma gigante.

Pedagoga sem igual, no nordeste oitocentista

criou um ideal de educação inclusivo e futurista

sem qualquer discriminação de gênero ou classe social

lutou pela implantação de uma Nova escola mista.

Autodidata declarada, venceu todas as batalhas contra qualquer limitação.

O forte senso de justiça e o desejo de mudanças estimulou sua criatividade,

pois para criticar a sociedade se tornou uma romancista.

Defensora fervorosa da liberdade e da cultura

como escritora competente deu voz e vez a Suzana,

negra sábia e consciente que figurou na obra Úrsula

com muita graça e lisura.

Mas uma personagem apenas não lhe bastava para expressar

toda a sua filosofia de respeito e igualdade,

por isso criou A escrava, para quem compôs uma identidade

sempre firme, forte e valente, com vigor e maestria.

Provou ter sabedoria e honrou sua profissão

ao exercer com dedicação o ofício do Magistério

que lhe serviu de critério para sua honrosa aclamação

como Mestra Régia de Maçaricó.

Antiga povoacão do Município Guimarães no Estado do Maranhão.

Título que mostra por si só a grandeza do seu trabalho,

sua lisura e distinção.

Nunca pegou nenhum atalho para escalar a sociedade

Lutadora de verdade jamais esperou pela sorte

Até o dia da sua morte foi firme e resistente

Lutou pela sua gente contra o jugo da exploração

Suas armas foram a cultura, a pena e a literatura.

E ela cumpriu sua missão com deferência e virtude

Pois recebeu do Criador o ofício de ensinar

Mas era mulher de atitude e buscava muito mais

conseguir denunciar as mazelas sociais

Seus escritos originais hoje causam admiração

pela demonstração de amor e compromisso com o povo da sua terra,

E é, pois, em seu louvor que nesta obra se encerra

A minha singela homenagem em forma de poesia

Resumida na mensagem:

Eu te saúdo Maria!

Adriribeiro/@adri.poesias

Poema em homenagem à Escritora, Poeta e Professora Maria Firmina dos Reis publicado na Antologia poética intitulada Maria Firmina dos Reis- Tributo a uma negra úrsula. Organizada pelas Escritoras Elle Marque e Angeli Rose pela Editora Mundo Cultural World - 2022

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 24/12/2022
Código do texto: T7679141
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