O mar e eu
De alguns sonhos
Um pelo outro nós vamos passando, já não sonhamos mais, até da vida real desacreditamos... sem encantos, você fica aí em sua imensidão, ínfima me sento diante do teu verde azul, no chão, se não lhe assisto, se não me assiste, mas sabe que fito um resto de sol ao entardecer, você não me possui, eu permaneço sem você, do amor, nada concreto, resta somente a fantasia, somos reprises e reprises de outros que por aqui passaram, pois o mar e eu nos largamos pela areia e escombros da praia, abandonados nesse mundo, mas conscientes e consumidos por algumas verdades de que não se pode ensaiar a felicidade, as feridas não cicatrizaram. O mar e eu somos a sombra, ou sombras de alguns sonhos perdidos, nessa fria sombra na areia, ainda que fúlgida, é a ilusão passando na minha frente, ilusão dum dito amor que jamais aconteceu, ou acontecerá, a pobre e triste alma incendeia e anoitece, até resfriar. Um dia o sol reavivou a minha cor, e também as minhas vontades e palavras retornaram vivas e ganharam mais sentido, quanto as nuvens voltam à brincar pelos céus, também volto para mim, e daquela que fui nem sinto saudades, já não me reconheço sem o mar, mas tenho amor, já não sofro, amo resignadamente, me ponho a imaginar uma estrada tão só, sigo sozinha também, numa vida inteira sem que eu possa segui-la com calma, até me reencontrar e entender que ninguém é de ninguém.