Tempo
Apressa-te tempo
Corre desenfreado
Quero perder-te de vista
Até que eu seja tão grande quanto os meus sonhos
A passos largos siga teu caminho
Para que eu cresça e tão logo possa trilhar o meu
Tempo, acalma-te!
Podes apenas trotar
Nem muito célere, nem devagar
Deixa-me achegar cá nesse amor sem demora
Num abraço, te querer inerte
A perder-me num beijo sem me preocupar com a hora
Tempo, apressa-te
Corre desenfreado
Quero perder-te de vista
Tenho muito a fazer
Anseio ter
E infinitamente quero
Num devaneio, abraçar o mundo.
Tempo, acalma-te!
Podes apenas trotar
Estou um tanto cansado
Esqueci-me de apreciar
O meu reflexo no espelho consternado
Exausto, nem viu o tempo passar
Tempo, volta!
Podes, então, demorar
No incansável fazer não houve deleite
Tanto quis que me esqueci de ser
Então, seja piedoso, ante o contratempo
Eu não andei descalço na grama
Não abracei a existência
Não me sentei com meu melhor amigo
Não dancei sob a chuva
Não percebi meu caminho
Sequer sorri sozinho
Eu não plantei uma árvore
Não contemplei o ocaso
Será que podes apenas voltar?
Ainda quero, infinitamente, ser
Contudo, feliz.