Tempo

Apressa-te tempo

Corre desenfreado

Quero perder-te de vista

Até que eu seja tão grande quanto os meus sonhos

A passos largos siga teu caminho

Para que eu cresça e tão logo possa trilhar o meu

Tempo, acalma-te!

Podes apenas trotar

Nem muito célere, nem devagar

Deixa-me achegar cá nesse amor sem demora

Num abraço, te querer inerte

A perder-me num beijo sem me preocupar com a hora

Tempo, apressa-te

Corre desenfreado

Quero perder-te de vista

Tenho muito a fazer

Anseio ter

E infinitamente quero

Num devaneio, abraçar o mundo.

Tempo, acalma-te!

Podes apenas trotar

Estou um tanto cansado

Esqueci-me de apreciar

O meu reflexo no espelho consternado

Exausto, nem viu o tempo passar

Tempo, volta!

Podes, então, demorar

No incansável fazer não houve deleite

Tanto quis que me esqueci de ser

Então, seja piedoso, ante o contratempo

Eu não andei descalço na grama

Não abracei a existência

Não me sentei com meu melhor amigo

Não dancei sob a chuva

Não percebi meu caminho

Sequer sorri sozinho

Eu não plantei uma árvore

Não contemplei o ocaso

Será que podes apenas voltar?

Ainda quero, infinitamente, ser

Contudo, feliz.

Acarla
Enviado por Acarla em 21/12/2022
Reeditado em 22/04/2024
Código do texto: T7677129
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