NATAL LÁ EM CASA
Quando criança, eu me recordo que lá em casa papai Noel não passava, não passava não.
Ceia então, não tinha não. Nunca entendi o porquê se o meu lar era cristão, sei que para brindar a data tínhamos razoável condição.
Lá em casa papai Noel não passava, não passava não.
Dava uma baita decepção acordar no dia seguinte e não ter um pacote em nossas mãos, esperando para abri-lo, nem para mim nem para os meus irmãos.
Lá em casa papai Noel não passava, não passava não.
Eu tentei ser um menino bonzinho, ou quase, o ano todo pensando em ganhar um presentão. Eu não entendia, ele só passava no vizinho, dava uma dor no coração.
Lá em casa papai Noel não passava, não passava não.
O encanto pelo tal velhinho logo se desfez. Descobri, precocemente, que aquele personagem era coisa de gente grande pra enganar criança com promessas, uma grande ilusão.
Lá em casa papai Noel não passava, não passava não.
Aí a gente cresce e percebe que a figura de papai Noel não fez falta não. Mas deixou traumas e alguma decepção. Por outro lado, não dependi dele para me tornar um cidadão. Mas quanta falta me fez a tal da comemoração.
Lá em casa papai Noel não passava, não passava não.
Vem os filhos, para não traumatizar as crianças entramos na contramão. Querendo agrada-las, fazemos logo a tal da comemoração.
Lá em casa papai Noel não passava, não passava não.
Como pode ser tamanha insensatez, se cedo descobrimos que o homem de vermelho é pura ficção. Por que tanta devoção, se ele ofusca o motivo da festa, Jesus Cristo, a única e grande razão?
Lá em casa papai Noel não passava, não passava não.