QUE FASE...
Consigo imaginar você, tocando violão em um quartinho mal iluminado, com uma cama, uma mesa de cabeceira velha e um abajur com uma luz tão amarelada que parece até o por do sol.
Mas essa luz é a única coisa que te ilumina, pois o sol já se pôs a descansar com o canto suave de sua melodia vagarosa e melancólica.
Você canta sobre fases, sobre ser levado pela chuva, esperando uma mudança que espreita, mas nunca se apressa a chegar.
Seu violão bege e sua blusa verde pastel quase que se fundem com o quarto em tons de sépia, iluminados pelo abajur que reforça uma solitude solitária.
Você toca de olhos fechados, sentindo a corda em seus dedos, que ressoam em um arranhão ritmado a cada troca de acorde.
A garoa se inicia lá fora, caindo no paralelepípedo, molhando as paredes do prédio que possuí história e entram pela sua janela, para te fazer companhia.
O último acorde é tocado,
as janelas se fecham
e a luz se apaga.