Bodas de estanho e zinco

para meu enlace-menina

uma década, minha mica

 

Dez anos, minha Morena de Neve. Dez anos. Uma década de comunhão só nossa, comungada dia a dia com nossa pequena alegria que nos acorda com uma lambida. Um ano de intensidade na história que ultrapassa nosso lar. De surpresas que nos assustam e de outras que nos modulam. Anos de impactos que nos impactaram e que trouxeram reflexões aos nossos pactos. Próximos e distantes ficamos de momentos que nos encantam.

 

No quiosque de nossa morada, a ceia da virada juntinhos com nossa Frida. Começamos, assim, o ano a dois, ou melhor, a três. Ano do centenário da Semana de Arte Moderna. As aulas de artes em seu currículo de estreia. Quantas crianças por suas mãos riscando desenhos, modulando massinhas, inventando histórias. Quantas idades tão variadas de sala em sala. A prática dos versos de Rosa: “o que a vida quer da gente é coragem”.

 

O súbito da vida a levar pessoas queridas. O amor de sua avó na lembrança da infância, sobretudo ao lado dela ali vivido. A roça com seu bucolismo, os banhos na Noruega, o sabor da comida, as falas tão únicas, os momentos que a seu lado com tanto carinho sentia. De mim, a inusitada partida de uma graça de tia, que cá no meu íntimo tão apreço nutria. A certeza de sua fé contínua lhe reserva do alto o céu como graça divina.

 

E nossas estradas estradeiras sob as rodas da Poderosa. Este ano o rumo destino praticamente o mesmo. E fomos apadrinhar um casal em Senhora de Oliveira, cujo noivo no meu peito amigo de boas recordações. Curvas novas para nosso mapa de viagem. E, aproveitando a estada, rompemos para Lagoa Santa para cantar o nosso “Todo azul do mar”. Próximo ali, em Santa Luzia, com amigos queridos, o vozeirão de Zé a nos embalar no “Galope a beira-mar”.

 

Agora, hipnótico, meu amor, foi o Palácio das Artes. Belo Horizonte nos deixando uma marca de largo horizonte. O palco daquele que todos os anos me traz sua “Metade”. O show de nossas vidas me deu de presente a voz de Oswaldo. E não bastando uma vez, em fraterna amizade, fomos nos encantar novamente em Curvelo. O “bom dia” no café da manhã na visão pertinho de uma referência.

 

Por suas mãos-madrinha, a consagração de mais uma afilhada à Nossa Senhora Maria. No colo de nossa família, seguro porto para momentos únicos. E com amigos estreitamos laços de companheirismo. Entanto, trovoadas de um universo político nos trouxe reflexões de convívio. Mas optamos pelo sabor dos prazeres, como a tônica de nossos drinks.

 

O nosso Condado se construindo em nosso imaginário. Lavradores de pomares nos tornamos para desanuviar o trabalho. E que ano de trabalho. Retornamos num mundo outro pós-ainda-persistente-pandemia. Tantos adjetivos alhures seriam ditos. Ano diferente dos outros basta isso.

 

Dez anos, minha Morena de Neve. Que o estanho solde nossos corpos mais e mais, para que nossos corações pulsem uníssonos. E que o zinco nos proteja das ferrugens da idade. Eu e você, minha enérgica serenidade, exemplo de amor para a posteridade.

 

Seu Márcio

15 de dezembro de 2022