Meus passos
são do tamanho dos meus sonhos.
Uns, são preguiçosos,
só querem dormir,
mas sabem que um dia
precisarão acordar.
Outros, curiosos,
empurram-me ladeira acima
para terem o prazer de cortar a fita
e fazer Carnaval na linha de chegada.
Depois, persistentes que são, dizem-me:
"Anda, outras fitas te esperam!"
Há aqueles, faceiros e saltitantes,
que abrem-me os olhos
para o pulsar dos dias estampado
na criança que brinca inocentemente
e na pele enrugada do ancião,
carimbada pelos ciclos da vida.
Meus passos
são reféns dos meus sonhos.
Necessitam deles,
tal qual a folha que cai,
no momento certo,
para dar origem a uma nova estação.
Equilibro-me entre um sonho e outro
e movimento a roda da existência.
Nela, Coloquei uma bandeirola
com o aviso:
"Proibido pisar no sonho!"