Opostos

Em mais um dos passeios noturnos de sexta, ela foi parar em uma boate. Era o único lugar que ela ia para se distrair.

 

Sentada na mesma mesa de sempre, ela usava um top vermelho cheio de strass com fios longos e irregulares que tocavam sua barriga, ele era perfeito, pois permitia que todas as suas tatuagens ficassem a mostra, ela amava as suas tatuagens. Na parte de baixo, usava uma saia bem justa combinando, com um detalhe na lateral esquerda de strass igual ao do top, para deixar o look ainda mais sexy, optou por uma sandália de salto alto preto. Ela preferia o seu all-star de sempre, mas quando queria chamar atenção e se sentir sensual, preferia um salto bem alto.

 

Seus cabelos estavam soltos e ondulados, do jeito que gostava. Optou por uma maquiagem chamativa nos olhos e batom vermelho. Hoje ela queria se sentir bonita.

 

Ao lado da sua companhia de sempre, ela ouvia a música alta que tocava e observava a movimentação. Amava os funcionários da boate, era o que tornava o lugar especial, no fundo sentia que eles eram da família, ficava feliz perto deles, eles se preocupavam com ela e sempre a faziam sorrir. Realmente se sentia muito bem com eles.

 

Em meio ao movimento dos corpos dançando, das conversas, risadas e pegação, sua mente vagava para um lindo rapaz que conheceu a pouco tempo e já tinha conseguido toda a sua atenção e afeto.

 

Ele era lindo, a arte estava em suas veias. Ele tinha muitas habilidades, era uma caixinha de surpresas, quanto mais o conhecia, mais se encantava. Sabia escrever, compor, tocar, cantar, desenhar, entre muitas outras coisas. Ele era um pouco mais velho, tinha quase a sua altura e a sua voz era marcante. Ela amava a voz dele, o sotaque e como o 'R' soava em seus lábios.

 

Ao longo do dia, ele era o pensamento que mais predominava em sua mente. Era complexo e teimoso. Meu Deus, como ele era teimoso! Às vezes ela queria se teletransportar para perto dele só para falar face a face o quanto ele era teimoso e chato. Sim, ele também era chato. Era o chato dela.

 

Ela sentia ciúmes dele e gostava quando ele também sentia dela, por mais errado que fosse admitir isso. Ela amava cada conversa que tinha com ele, amava cada escrito dele, amava sua sinceridade, seu cuidado com seus pais e com seu gato, amava como ele era sensível e intenso. Amava praticamente tudo que o envolvia, para ser mais honesta.

 

Se conheciam a pouco tempo, mas sentia que o conhecia a vida inteira. Eventualmente, eles tinham algumas DRs que a deixavam mal-humorada, mas entendia que era necessário para se conhecerem melhor e expressarem como se sentiam.

 

Os dois eram pessoas complexas, com personalidade forte e que passaram por muitas situações difíceis ao longo da vida. Apesar de jovens, se sentiam velhos.

 

Ela era intensa, não queria e nem entendia meios termos, era 8 ou 80, queria tudo e queria para agora, não sabia ser paciente, não fazia parte dela, mas por ele ela queria aprender a ser. Ele também era intenso, precisava colocar a vida em ordem, se sentir no controle das situações, não gostava de mudanças. Resumindo, em muitos aspectos eram completos opostos, mas também eram convergentes em muitos outros.

 

Ela queria ser imprudente, pegar um avião assim que possível para ir para perto dele, mas sabia que não podia, que não dependia somente dela. Ela queria tantas coisas envolvendo-o, queria ser prática e fazer tudo acontecer logo.

 

Não queria assumir, mas no fundo ela tinha medo. Medo de que tudo não passasse de uma ilusão, medo de que tudo continuasse como estava, medo de que ele só a quisesse como amiga, medo da incerteza, medo do amanhã. Ela tinha muitos medos relacionados aos dois.

 

Uma voz a despertou de seus pensamentos e ela voltou a prestar atenção na música e nas pessoas ao seu redor. Por hoje ela só poderia esperar, ser paciente e torcer para que o amanhã se encarregasse de resolver todas essas questões e trazer a segurança que ela tanto precisava.

Karoliny Mesquita
Enviado por Karoliny Mesquita em 10/12/2022
Reeditado em 11/02/2023
Código do texto: T7668609
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