Coração solitário
As tormentas,
Vêm despertar os maiores monstros.
Adormecidos na profundezas da alma,
Não há escapatória.
Em doma-los nenhuma chance,
Nem mesmo de relance.
As tsunamis –
Jogando-me em uma escura cavernas,
Abraçada aos joelhos –
Encolhida,
A qual um dia já consegui me desvencilhar.
Fantasmas do passado –
Gatilhos –
Atormentando-me –
Traduzindo nos piores sonhos.
Na transitoriedade –
Da realidade.
O que se pensou ser,
Não existe mais.
Na somatória do cotidiano,
Tudo vira cinza.
Na fumaça condensada,
Vestígios de luz.
Ameniza a dor,
A resistência –
O clamor.
A solidão,
Que antes não existia.
Hoje se faz presente,
Na ausência,
De um momento para o outro.
Como uma viagem psicodélica,
Presa no infinito pesadelo.
O céu transmutando no inferno,
Quebrado está o elo.
No calor da deslealdade,
O desespero toma conta do espaço.
Derreteu o metal forjado,
Na desencadeada ilusão.
O que fazer com este vazio,
No calor sinto o frio.
Talvez seja a minha sina este ofício,
Caminhar solitária em tristeza.
Não me tornando pessoa grata,
Da felicidade.
Isso gira em torno da verdade,
Desprendendo-me da vaidade.
Sou somente mais uma,
A transitar por essa dimensão.
Não me pertence,
Não me diz nada,
Sinto-me diferente.
A estrangeira –
Extraterrestre –
Nenhuma palavra amiga,
Gerando inimigos.
Dos meus assuntos,
Somente a desenhar as letras.
Bem vindas companheiras,
Na solidez do descompasso.
Tristemente –
Pé ante pé –
Cada passo.
Do coração antes preenchido,
Agora vive solitário.
***
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