[Enquanto Espero]

Olha só:

enquanto eu te espero, penso...

A vida está como sempre foi,

uma merda daquelas;

hoje, eu cometi mais erros:

perdi a vez de pisar na goela

de quem me infernizava;

a cerveja está quente;

joguei meu olhar a toa,

a rede voltou vazia.

E do outro lado da rua,

um besta fora-de-moda

arrancou cantando pneus,

quebrando a minha paz,

esta solidão da mesa do bar.

Então, meu bem, meu amor,

sabendo que sou viciado em sofrimentos,

se você vier, venha devagarinho,

venha sussurrando melodias que acordam

em mim aquilo que você mais quer...

[Será que era isto mesmo

que eu queria lhe dizer? Nem sei...]

E o que você quer?...Ah, não diga,

assim não, em voz alta não quero!

Venha me contar no ouvido, ciciando...

sôfrega língua circulando desejos,

respiração entrecortada, ofegante...

depois, o que restará de nós dois

quando o dia amanhecer?

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[Penas do Desterro, 06 de dezembro de 2007]