MANIQUEÍSMO
(para o teatro - música a critério)
O Bem e o Mal discutem, fremitamente, numa esquina sobre os caminhos da Vida. Num átimo, o Mal porta-se de uma espada e, reciprocamente o Bem:
O MAL – (com ares fulminantes): Esta é uma batalha relativa, e, vencerá que for o melhor!
O BEM – (profaniza): O homem anda por caminhos mal relacionados. À sua volta, o mesmo criou civilizações, fama, glória, poder e, assim, tornou-se um abismo para si entre o Céu e a Terra!
O MAL – (ridiculariza): A situação é muito mais interessante do que você pensa, bobalhão!
O BEM – (procrastina): Estamos vivendo uma História pródiga! Muitos acham, por vezes, cultuar os vícios, a nudez... É uma absoluta batalha de egos!
O MAL – (esculacha): A onda agora é todo mundo nu! Viva à libertinagem! Abaixo os princípios morais!
O BEM – (a la achaque): Enquanto artistas tiram a roupa no palco, políticos se despem verbal e moralmente, sem a menor cerimônia. O mundo deles é um curral antiético, sem porteiras!
O MAL – (satiriza): A culpa é só minha? Convenhamos! Enquanto 70% da humanidade não têm nada, 30% se abastece das riquezas. Os nossos direitos são totalmente prescritos. A lei neste país é ridiculamente caô(lha). Os que detêm o poder, não tão nem aí! A política se resume, meramente, num jogo sujo de conveniências!
O BEM – (com tristeza): “Chegou um tempo que não adianta mais morrer, porque a vida é uma ordem”.
O MAL – (rir, satanicamente): A morte tornou-se status, glamour...
O BEM – (não se rende, mas convence-se): Os homens são os doentes de coração! (in Machado de Assis)