OH, ARDENTE LUA!

 

Versos de saudades.

 

Siderada mulher, o teu corpo branco é meu, e hoje, eu quero contemplar e celebrar apologeticamente  essas duas luas robustas que carregas nesse doce peito.

Pois por eles, eu fui docemente submetido e, esse fogo morno que arde mais não consome e que precipitaste em mim,  agora faz com que a saudade me castigue com o seu látego invisível.

Quando longe de ti estou, eu me sinto órfão do mundo e dos teus lindos olhos verdes, nesse momento, mergulhado silencioso nessa madrugada insone, somente as estrelas à distância me espiam quietas.

Premido por essa saudade, eu ensimesmado navego os teus cabelos que também celebro em lembranças e, nesse trigal maduro esvoaçante, eu me enleio, desalinho com os meus dedos qual pente humano, desejando mesmo distante, te causar um frenesi interminável.

Quando me encontro assim abandonado como o cais na madrugada, a tua lembrança emerge de dentro da noite, e apenas o vento junta os seus lamentos obstinados, provocando-me uma tortura por estar longe dos teus lábios de viçosas pitangas silvestres.

Nessa madrugada, também devo celebrar e lembrar o momento alegre do assalto dos teus beijos. Ah, tudo em mim tu devorastes, tudo em ti foi um doce naufrágio e eu me quedei ante o assombro do teu corpo que ardia como brasa junto ao meu.

Mulher lua, menina estrela e sapeca, o quanto é doce sentir a embriaguez desse teu amor e sentir-se protegido pelo teu infinito vaso de ternura!

Meu desejo de ti é constante, ele é suave e terno, revolto e cheio de fúria, por que ó doce amada, nessa fornalha humana que era calma, agora arde esse fogo inextinguível do amor que tu ateias em mim.

E assim eu te colhi como fruta sazona no meu caminho, pois agora tu és o meu destino, o meu anseio último, e assim, tudo em mim agora e para sempre se naufragou sem querer em ti.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 05/12/2007
Reeditado em 05/12/2007
Código do texto: T765431