COLETÂNEA POÉTICA DE BENTO JÚNIOR - VOLUME PRIMEIRO - DE 2405 A 3005
2405. O SOL DO POVO
O sol está no pano da casa
E todo povo quer amar
O SOL.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 2001
2406. MALANDRA NO ASFALTO
Ela vem
Ela vai
Ele vem
Ela vem
Os dois se chegam
Três se formam
É a vida
Vida a três
Uma não sabe
É a vida
Vivida
E sentida
Pela emoção do asfalto
Da malandra que
Cruza a casa
Anda pela casa
Sabe o que faz
E tudo que faz
Pisa no asfalto
Dá um beijo
Dá um abraço
É minha emoção em jogo
É jogo que faço
É amor que laço
É tudo que tenho
Neste ambiente
Cheio de detergente
Desinfetante
Decisões
Emoções
Sensações
É ela que amo
E quando a chamo
É ela que dá sossego
É meu medo
É meu segredo
É vida na vida
Da gente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de janeiro de 1991
2407. O QUE QUEREMOS? É ISTO REGINA
Reze um Pai Nosso
E sonhe comigo. Gosto do seu corpo, seu umbigo
Imagine, mulher, o resto Nestas curvas corporais
Amar-te-ei como todos os mortais...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1983
2408. TRAUMA DA GENTE...
Tantas cadeira de rodas
Tantas macas de gente
Um sem fala adentrando
Outro de longe gritando
Uns que vêm de fora
Outros que saem de fora
Tudo a nada se compara
Outro com a perna na vara
Outra de lenço na mão
Chora a morte do irmão
É trauma de tanta gente
É senador, é hospital
Trauma de muita gente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de agosto de 2008
2409. PENSANDO, PENSANDO...
Pensando, pensando
O pensamento vai a mil
Nela se pensa
Nenhuma recompensa
Vou pensando
A vida passando
Feliz se fica
Tudo se complica
O coração vai a mil
É esta linda mulher
Que trouxe a fé
O lugar ficou feliz
Quando ela sorriu!
Pensando, pensando
O pensamento dispara
Por ela eu tenho tara
É o amor impossível
Que meu coração
Assim tão reversível
Encheu-se de paz
Azarou a minha paz...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988
2410. ROGO A DEUS
rogo a
Deus
enquanto o coração existir
gosto demais de ti. imagine o que é a dor
nesse sonho sempre a sorrir, amando-te pelo puro amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988
2411. UMA RAPARIGA ATRIZ REGINA
RAPARIGA LINDA QUE É ATRIZ
ESTOU VIDRADO EM VOCÊ. GOSTOSA DOS MEUS SONHOS
IMAGINAÇÃO FÉRTIL. NÃO SEI O QUE VAI DAR
AMOR, TU ÉS MINHA PAIXÃO.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988
2412. BRASIL OLÍMPICO
Pequim, capital da China
Brasil em cena, pouca medalha
Brasil Olímpico, pouca história
Futebol, bronze, prata e pouquíssimo ouro
É o Brasil tão sem vida na vida de tanto dinheiro
COB é um, CBF é outro, Brasil em guerra
Pouca medalha, pouca história, vergonha nacional.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de agosto de 2008
2413. SAUDADE DE TAPIOCA
Temos saudade do Tapioca
Vendia tapioca das boas
Com sua boca enorme
Enveredou pela cachaça
Não se ouve mais o grito
Olha a Tapiocaaaaaaa...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1990
2414. ELA TEM QUE PARTIR
Ela tem que ir embora
Dar o fora e ir embora
É uma mulher que vive fora
É uma mulher que dá o fora...
Ela tem que partir
Ir pra longe e se mandar
É uma mulher que quer sorrir
Ser feliz e apenas amar...
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 21 de agosto der 2000
2415. POLIVALENTE, POLIVALENTE
Polivalente
saudade tão grande
o peito em chama
a saudade reclama
é Polivalente Escola
Escola de aprendizagem
Lá aprendemos a terra cultivar
ir ao fogo cozinhar, plantar e colher
jogar, estudar e interpretar
a arte na veia da gente
Polivalente de tantos sonhos
Tantos sonhos cultivamos
nas trilhas da educação
tantos planos planejados
no planejar de cada espera
é Polivalente, saudade profunda
O Polivalente do meu tempo
o Polivalente de hoje em dia
é só saudade física, é só ilusão vencida
tantos já se foram, tantos já chegaram
Polivalente, Polivalente
minha escola amada, meu pensamento de outrora
meu pensar de agora, é Polivalente...
saudades e saudades a toda hora.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de agosto de 2008.
2416. POBRE DESTE MOMENTO...
Este momento
Pobre
Pobre tão sem história
Uma história sem vida
Na vida de tanto momento
Um momento pobre
Pobre de história pouca
De tão pouca lida
Na lida deste momento
Pobre, pobre, pobre.
Pobre é o sistema
Que o momento se encontra
E por nada poder fazer
O momento se torna pobre
Pobre de tanto sofrimento.
Bento Júnior
Santa Rita-PB, 23 de agosto de 1982.
2417. NA PRAÇA DO MEIO DO NADA
Aqui na praça tão sem graça
Encontra-se o poeta tão sem poema
E o poema que dele sai tão sem sentido
É sentido na pele daqueles que passam
Daqueles que na praça vão sentando
Nos bancos tão sem estrutura
E por não ter estrutura a poesia acha graça
É que a praça quase no meio do nada
Acha graça no calar deste poeta.
Bento Júnior
Santa Rita-PB, 23 de agosto de 1982.
2418. MULHER SUPERA O SONHO...
Mulher
Supera este sonho de nunca sonhar
Sonhe um sonho que me tenha por perto
E nada vier a dar certo, mulher
É que o sonho tão superado, supera a mulher
E a mulher tão sonhada, supera o sonho...
Bento Júnior
Santa Rita-PB, 23 de agosto de 1982
2419. MISTERIOSO CANAVIAL
Canavial
No tempo do meu avô
Terra se perdia de vista
Avistava o canavial
Hoje a cana do açúcar
É só vastidão neste lugar
Quem é o dono?
Ninguém se arrisca
Só sabe dizer:
- Canavial, verde de tanta história...
Bento Júnior
Santa Rita-PB, 23 de agosto de 1982
2420. NÃO A QUERO...
Não a quero perdida no sonho
Quero comigo sonhando
Um sonho de quem tem saudade
Saudade de quem está amando
Um amor assim tão discreto
Um discreto assim tão passageiro
É um amor que não quero
É um amor que me desespero
Não a quero em vida, morta
Não a quero morta, em vida
Quero por inteira, inteirinha
Quero todinha, minha...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988
2421. VIAJANDO NA MAIONESE...
Se toque, minha irmã
Pegue o beco, descendo
Vá catar coquinho, morrendo
Se toque, chupe manga em vez de maçã
Por que ser viajante desta maionese
Se todo mundo muito bem te conhece?
Viaje e não conte comigo, minha irmã
Pegue o beco, até amanhã de manhã...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988
2422. FALTA DE COMPREENSÃO
Ela
Falta compreensão em tudo
Em tudo falta compreensão
A mulher é autêntica
Autenticidade é parte dela
Dela tudo é permissível
Ao outro nada possível
Ela
Tão sem compreensão
Não compreende o fato
O fato de ser mulher
Sensibilidade, afetividade
Mulher, mulher, mulher
Tri palavreado de nomes
Mulher em três
Três mulheres que andam comigo
Comigo, comigo, comigo
É pela falta de compreensão
Que ela compreende este poema.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988
2423. NÃO VEJO A HORA
Não vejo a hora
A hora do encontro
O encontro com ela
Com ela quero me encontrar
Um encontro a dois
Dois é o que importa
Não queira bater a porta
Deixa a porta aberta
Para que eu possa entrar
E dentro dela dar-te um beijo
E saciar o desejo
De dois dias de espera
E quando o encontro encontrar
Matarei o encontro ao ver-te
Linda como o nascer do sol...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988
2424. NÚMERO ÍMPAR
Um pode
Três pode
Cinco pode
Sete pode
Nove pode
Par não chega perto
Ímpar é o que pode
Desta existência tomar-me conta
Desta conta tão ímpar
Desta vida tão ímpar
Desta religião tão ímpar
Desta frescura tão ímpar
É fundamental o benzer...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988
2425. EPITÁCIO, CARROS, BICICLETAS E MOTOS
Dedicado para a passeata de Ricardo Coutinho e Bira
Na Epitácio Pessoa, no circular da Lagoa
Parque Solon de Lucena
Cartão Postal de João Pessoa
A passeata rumo à Praia de Tambaú
Tantos candidatos... Tantos números...
Tantas buzinadas... Bicicletas e motos
Carros e bandeirolas... Tantas buzinadas.
Bira candidato... Um lugar na Câmara
Um lugar de chegada... Um iniciante.
A campanha está quente
Ricardo Coutinho na frente
Buzinas e gente falante...
Trio elétrico puxando, o tele jegue animando
A campanha está forte
Aos vereadores candidatos
Ganhar é uma questão de sorte!
O domingo de sol, a parada no Chinês
O almoço a preço de mês, gasolina está cara
Tudo é preço bem caro, fica quem tem razão
Passeata calma e sem confusão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988
2426. FICA FIADO
Fica fiado o que comprei
Bota no caderno o que gastei
Me perdoa se eu errei
Me empresta o que nunca emprestei.
Bota tudo no pendura
Deixa lá na altura
A senhora me jura
Que eu pago e não é loucura.
Fica fiado madame
Sei que abelha dá enxame
E sangue só quando o exame
Dá outro nome no certame.
Fica fiado que eu pago
Uma notícia eu te trago
Sei o que é embargo
Trato bem e não te estrago.
Vai ficar tudo no fiado
Não me chame de veado
Pendure bem pendurado
O saldo deste número cobrado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988
2427. DIFÍCIL DE SE APAIXONAR
Uma mulher é uma mulher
Que avança o sinal
Que freia o carro
Estaciona na hora h
Faz do marido um bobo
E bobeando a vida
Vai levando
Vai levando
É essa mulher difícil
Tão problema na vida
Tão na vida um dilema
Minha mulher
Mulher de outro...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1981
2428. ESTANDO SÓ NUM LABIRINTO DE ILUSÃO
Estando só
Me sentindo só
Totalmente só
Encontro-me só
Porque sou só
Somente só
Sozinho...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1985
2429. RESIDIR NO MAIS PURO E SECRETO OLHAR
Na beleza doce do teu olhar
Reside o néctar do teu querer
Da felicidade e do meu prazer
Do bem estar e do cheiro de amar
No teu sorriso suave
Reside a força do bem
Da amizade sincera e do amor
Entre tantas que nos convém
Na tua forma escultural
Reside o perigo das curvas
O aroma das pétalas e o perdão
Fatalmente mais que sensual
Nas tuas mãos suaves
Reside o carinho dos beijos
Totalmente na asa das aves
Nas garras de todos os desejos
A beleza, o sorriso,
A forma escultural
E tuas mãos que preciso
São únicas em mim
Como você, algo tão normal.
Bento Júnior e Alberto Black
João Pessoa-PB, 26 de agosto de 2008
2430. PALAVRAS DE LIVRO
Eu sou um livro
Como você pode ver
Eu gosto de ensinar
E você gosta de aprender
Eu sou um objeto
Muito útil para você
Você me cuida com carinho
E eu lhe ajudo a aprender
Eu sou um objeto
Um objeto muito importante
Mas sou desprezado aqui
No canto dessa estante
Não me deixe aqui sozinho
Sozinho eu não quero não
Me leve contigo menino
Dentro do seu coração.
Bento Júnior
Areia-PB, 15 de fevereiro de 1980
2431. O QUE SE PASSOU
Ontem deu vontades mil
Ela nem olhou
Cruzou as pernas e se mandou
Não deu ouvido
Hoje é outro dia
Houve a fala dos dois
A resolução da biblioteca
na sala do pré – escolar
ela não topou
- como é que a gente vai sair?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de março de 1980
2432. UM CORAÇÃO EM PECADO
coração pecado
pecado tem o coração
se o pecado do coração não é pecado
então o pecado de cada coração
se torna pecado porque pecar é coisa de coração
e sendo coisa de coração, pecar só de coração
não tem essa de criar barreira para o coração pecar
porque se peca o coração da gente o pecado
é de coração pecador, porque no amor de tantos pecados
o coração é só pecado nos pecados da vida de tantos homens
2433. A ALEGRIA DE TODOS OS SERES
O Ser Humano é por natureza bom
É bom porque o homem é bom
O Ser Humano nasceu bom
O Ser Humano tem bondade
Sua bondade transparece no rosto
No rosto de sua mais pura alegria
É o Ser Humano que tem mania
Sua mania maior quebrar o desgosto
O desgosto não deve conter mágoa
É um rio que transborda a pura água
Que invade os mares de todos os seres
Causa ao Ser Humano apenas prazeres
O prazer de ser feliz na felicidade eterna
O prazer de amar no mais puro amor
O prazer de trocar a vida pela vida do outro
O prazer de dizer verdade sem sentir pavor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de setembro de 2008
2434. O MOMENTO SOBRE O TEMPO
Sobre o tempo ele mora
sobre a morada ela faz tempo
entre o tempo e a morada
os dois se perdem
e perdidos no tempo
não há como fugir da morada
o tempo os deixou em contratempos
ele a amou
ela o amou
os dois foram felizes
romperam o silêncio do tempo
e sobre o momento do tempo
a morada dos dois foi embora
com o tempo que não havia tempo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de março de 2000
2435. A PAIXÃO PELO ATO FAZER
A paixão tão radiante no céu de lua brilhosa
perdeu de vista o amor, entrou firme no samba,
sambou a noite inteira, quando querer ir embora
já era tarde, morria a paixão do poeta perdido...
tão perdido a dormir na cadeira da noite, uma noite
entre tantas noites de noites sangrentas...
sangrou o coração do poeta, pela menina que chorava
um choro triste de quem quer ir embora, só que não foi
ficou para desespero da poesia. Morte aos poetas loucos
que de tanta loucura inferniza os outros. Os outros
são ferramentas para outros. A paixão fica e vai
e quando vai nunca mais quer volta, e quando volta
nunca mais quer sair, é um pouco de história
de uma paixão mal resolvida, porque se resolvesse
o poeta já teria morrido, e morrendo o poeta
não deve contar o que sucedera em tão poucas linhas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de março de 2000
2436. A FESTA NA CASA FESTIVA
Seis horas da noite
não é hora de Ave Maria
é hora de espera. Uma chega,
outro vem chegando, enfim todos chegaram...
A festa já era festa desde a manhã,
e sendo manhã a espera por todos
se deu por toda tarde. O caminho é confuso
e a distância tão longa. Uns queriam vir,
outros já iam saindo. A casa só tinha Raimundo,
outro nome não existia, era tanta festividade.
O candidato chegou e não mais quis voltar,
se voltasse não teria como chegar, ficou.
Abraçou e falou, comeu e bebeu
e gostou. Foi embora coletivamente
nos braços ardentes de quem quer o melhor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de setembro de 2008
2437. EM CADA ESQUINA DA VIDA
Já passou, quisera um dia, na esquina da vida,
Acompanhada de homens, sozinha, intolerante,
Quem sabe, arrogante, ou mesmo, inconstante,
Era assim a meretriz, buscando guarida
Na casa de um ou de outro, o qual pudesse
Dar-lhe o alimento do dia, pois não tinha
Conseguido o sustento, como a vida minha
Que vai pelos caminhos que me interesse.
A meretriz está em cada esquina
E quer comprar o corpo dos senhores,
Sei que eles são confusos sedutores,
Comem as de casa, querem a menina
Que nos seus dezoitos anos vividos
É explorada e explora aqueles
Que saciam carnes, que não são deles
E sim, desta sociedade dos metidos
Que busca o aconchego alheio
E não sabe qual o futuro aperreio
Pois a meretriz por mais que se esforce
Não conseguirá viver, aos poucos vai-se com a tosse.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de março de 1983
2438. FONE AUDACIOSO
Tocava...
Tocava...
Tocava...
Um, dois, três, quatro, cinco...
Tocava...
Fone zuada, zuava os ouvidos
Zuava tudo, tudo no silêncio
Pairava para ouvir o toque...
Tocava... diversas vezes
A menina foi atender
Não era ninguém
Era um trote...
Tocava...
Tocava... um, dois...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de setembro de 1986
2439. PELE DOS OLHOS
Já por volta das onzes horas da noite
Um sono dava e queria morar aqui,
Com os olhos cansados, confusos
Buscava na pele o ficar...
Cansava cada vez mais,
Pois não havia motivo para o querer
Lutar com a abertura que custava
Chegar... Era tarde... Fazia bastante frio...
E num poemeto augustiano, pensei
Na carnificina apodrecida dos funerais
E da língua cuspida de escarro...
Era um sonho tipo sono
Que invadia a pele dos olhos
E cobria de angústia meu ser.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1985
2440. CESSANDO E INDO EMBORA
Parei e não olhei para trás
e nem tampouco fui avante,
queria mesmo era dormir
e tomar um belo calmante.
Fui dormir. Não consegui
pensava constantemente
em como não dormir naquele
momento tão sufocante.
Acordei e pensei em voltar
para o lugar que antes
estava a me desabafar.
Não contive as lágrimas
e pensei em tudo deixar,
pura covardia.
Voltei ao sono e tive sonhos
que me mostravam como
ser autêntico na hora de dormir.
Bento Júnior
Guarabira-PB, 08 de março de 1981
2441. CINCO ESTROFES
Vou fazer um poema que fale de amor,
Não esse amor dos que amam na noite
E sonham com a felicidade dos outros,
Meu poema é caso de novela.
Vou fazer um poema dos tristes
Que cantam para serem ouvidos,
Mesmo que suas vozes sejam horríveis
Eles cantam e querem paz ao mundo.
Meu poema tem estrofe em cinco
Que é para alimentar meu ego maquiavélico,
Assombrado com o mundo de lá,
Canta no mundo de cá para ser feliz.
O amor que o poeta tanto se expressa
Cabe numa palma de mão pequena,
E ainda sobra espaço para mais amor,
Mesmo que o dissabor se faça presente.
As cinco estrofes escritas em papel
Branco como a névoa dos entristecidos,
São lares perdidos na multidão
Que sonham encontrar o amor nesse poema.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de março de 1988
2442. PARTIDA FERIDA
Partida é como
ferida que se rompe.
A partir da despedida
não se tem paz,
alegria, tranquilidade,
contentamento,
enfim, só tormento.
Mas no sofrimento
há esperança, graça a Deus.
Tenho calma
na Minh ‘alma
de algum dia,
com certeza,
com minha
Luz acesa
conquistar todos os meus sonhos.
Mas no sofrimento há esperança,
onde o sofrer faz parte da vida
e a vida é uma criança,
criança que de mim fez partida...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1982
2443. SAUDADE DOLOROSA
Essa palavra saudade, ouço desde criança.
Saudade do amor ausente não é saudade,
É lembrança. Pois a saudade é herança
Dos sonhos que tive na mocidade.
Saudade só é saudade quando
Morre a esperança. Quando a esperança morre
Nosso amor vai muito mais amando,
O amor de quem numa corrida, corre...
Quando a esperança morre, tudo
Se complica, fica só na cabeça,
A saudade e o passado, não há fala, só mudo
Pode amar a saudade. Aconteça o que aconteça...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de junho de 1983
2444. UM SONHO ILUSÓRIO É UM SONHO
Sonho...
Grande ilusão...
Viver de sonho
É fugir da realidade...
Viver de sonho é não ter o que querer,
É querer o que não se pode,
É cochilar e a vida esquecer...
Afinal, para que viver se sonhar é melhor?
Viver tudo que se deseja
Nas noites que se dorme,
Com quem quer que esteja
Ao acordar tudo morre...
Dizem que sonho é pesadelo
Quando se acredita nas coisas boas do amor,
Um amor de coisas inexplicáveis,
Realidade e sonho na nossa sã consciência...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de julho de 1983
2445. ILUSÃO - ILUSÃO
Por um momento pensei
Pensei por um momento
No amor que nascia em mim
No amor que deixei em ti
Sei que deves saber
Do meu amor em ti
É bom e bom é saber
Que o amor se fez em mim
Quando aquele amor
Foi confundido, tornou-se uma ilusão,
Ficou as feridas profundas,
Desagradáveis recordações...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983
2446. DOCUMENTO FALSO
Achou um pacote lacrado
na ladeira do bairro,
abriu e foi morar em Cairo,
como tudo que se tem falado.
Encontrou e disse que não achou,
apenas botou o nome na dor
que simplificava todo amor.
Era amor de poeta louco,
desses que se casa e tem culpa
até mesmo quando leva um soco.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1988
2447. LUA TÍMIDA
As nuvens embaçadas; sobre elas,
Ela desponta; aponta sua cauda.
Nublado o tempo, Ela se perde e
Com o ofuscar do tempo fica nublada.
As nuvens pedem passagem; passam assim
Entre o riso celeste e a força nua,
O Astro de poemas e canções tantas,
Esta inspiradora é uma tímida Lua.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de março de 1989
2448. GIRA PALCO
Gira palco, gira mundo,
Gira povo, gira espaço,
Girando neste giro profundo,
Balanceou a moça de amasso.
De amasso girou o mundo,
Girou num intenso compasso,
Assim, girando, porém bem fundo
O palco de tanto girar virou aço.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1985
2449. VÍCIO
Bebi. Envelheci de beber,
e bebendo assim tanto,
virei prostituto do vício,
e não mais seria santo.
Fui santo de beber bebida
para beber o gole do vício,
era de ser beber nesse mundo,
para então cair no ofício
de ser viciado em cana
que embriaga, vício diversos
no caixote de tantos versos.
Sou como pobre, aquele da lama,
entre água e barro, diz “tudo é meu”.
Meu pesar viciado que me entristeceu!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de outubro de 1984
2450. TRINTA E QUATRO
Em meio a todos
e rompendo
o absurdo
desfilo meu rosto
alegre um pouco.
Não penso nas rugas
que futuros trarão
penso no agora
e vou à forra
gozando assim
e amando por mim
com trinta e quatro vidas
sacando as virtudes
e curando as feridas.
Bento Júnior
São Paulo-SP, 04 de abril de 1995
2451. ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS...
Antes que seja tarde
e o silêncio rompa
com a bomba
existente em nós
é preciso encontrar
com a verdade
e buscar clareza
enquanto as palavras
ainda se movem.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de maio de 1982
2452. ACORDA
Quem está dentro
tem uma outra visão
a visão de dentro
é a mesma do coração.
Ele arrebenta
com as expectativas
corrói o sangue
e contamina a cabeça
de quem espera
a volta da fera.
É a fera sem ser bela...
Acorda olho fechado
de vício
sem ofício.
Acorda sonho vã
e devolve o silêncio
desse outro olho fechado.
Quando se volta
não tem olho
não tem preguiça
todos os adjetivos
são claras evidências
e meras coincidências.
O melhor seria
encontrar com a verdade
que distanciou a postura
do determinante.
Fica para próxima vez...
Quer dizer
se ainda existir outra expectativa.
Bento Júnior
Campinas-SP, 20 de outubro de 1987
2453. PREZADO COMPANHEIRO
Prezado companheiro
De jornada traçada
Nas calçadas do tempo
O tempo é sonho
E a vida é companhia
Que atinge o peito do irmão...
Bento Júnior
Teresina-PI, 24 de junho de 2000
2454. A ZANGA
Zangada
ela sempre esteve
sorrindo ela nunca esteve
sofrendo ela nunca esteve
morrendo ela sempre esteve
zanga por zanga
zanga por tudo
zanga da vida
zanga do riso
zanga do sofrer
zanga da morte
zanga por zanga...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de setembro de 2008
2455. QUERO-QUERO
Quero um riso forte
nesta cara de safada
quero mais que isso
quero-quero o teu amor
quero-te como uma flor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de março de 1990
2456. MEDO DAS PAIXÕES PROIBIDAS
Estou com medo
muito medo eu estou
sei que o medo atrapalha
sei que o medo me estraçalha
gosto do medo de ter medo
das paixões proibidas
das proibições de cada medo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1993
2457. ESTAVA SEM NADA FAZER...
Estava sentado
Sem nada fazer
Fazendo silêncio
Rompendo o prazer
Fazendo desordens
Contornando as ordens
Sei que nada sei
Dizia a filosofia
Sei que nada sei
Isso aqui é casa de orgia...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1990
2458. OBRIGADO PELA LEMBRANÇA
Obrigado pela lembrança
pela lembrança de aniversário
ele completa ano, eu quase um desconhecido
sofri com a arrecadação da poupança
sofri como um otário
sofri meramente como um desguarnecido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1993
2459. A LUA E A ÁRVORE
a lua chora porque gosta da árvore que
não a deixa ver o mundo que de tão mundo
sufoca a árvore e a lua chora, chora, chora...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de setembro de 1990
2460. BEBO TODAS AS GOTAS
Ele bebe todas
eu bebo poucas
nós tiramos nossas roupas
elas são por demais todas loucas
sei que bebemos todas as gotas
o pingo de soro entrou na veia
levei do pai uma peia
porque bebi todas, todas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983
2461. A PAIXÃO DO POETA LOUCO
o poeta tão louco se apaixonou
não foi correspondido
morreu o seu amor primeiro
ficou em silêncio seu amor amortecido
ficou em silêncio a sua vida louca.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983
2462. MOÇA BONITA DE TRANÇA LONGA
A MOÇA BONITA
de tranças longas
invadiu meu ser
fez gato e sapato
se mandou
me lascou
de tanto de me lascar
ainda por cima me amou
ainda por cima de lascou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983
2463. A LUTA PELA TERRA
o homem lutou
a terra conquistou
a mulher toda enfeitada ficou
o menino logo chorou
a menina se encantou
com a história da terra e do amor
o ancião que se chamava senhor
foi na esquina e com a anciã se casou
é uma luta pela terra
é uma história que nunca se encerra
é tema de montanha e de serra
é lugar que se anda e nunca se emperra.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983
2464. O MOÇO DE CABELO BRANCO
O moço de cabelo branco cantou
uma canção triste e se mandou
ele cantando todo mundo se encantou
sua melodia profunda de puro amor
seu cabelo tão branco ele nunca gostou
e por força do destino ele pintou
a pintura dos cachos ele enfeitou.
Bento Júnior
Santa Luzia-PB, 22 de junho de 1986
2465. NÃO HÁ COMO FUGIR
Não há como fugir das inverdades deste amor
sei que o amor não manda recado e quando manda
fica o sabor de quem nada quer e quando quer
fica o desejo de nada poder dizer...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983
2466. MUNDO DAS INVERSÕES
O mundo tão sem vida
inventou de inventar o amor
o homem de cabelo já branco brincou
é inversão de valores, são os amores
é a controvérsia dos valores, tudo pelo amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983
2467. O VÍCIO DE BEBER POR BEBER...
Bebo
e em cada gota bebida
bebo
bebo pelo prazer de beber
e sei que cada bebida
é dose única no sangue de quem bebe
bebo...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983
2468. MULHER AMADA AMANTE
Mulher amada e amante
como Roberto falou
uma amante à moda antiga
tudo pelo mais puro amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983
2469. MUITO PRAZER EM TÊ-LA
Sonhei que eu era um sonhador
e no meu sonho o sonho me dava prazer
o prazer de tê-la como o meus mais puro amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983
2470. PAIXÃO PELO QUE FAZ
O homem se apaixonou pelo que fazia
e de tanto fazer até hoje ainda faz pela pura paixão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983
2471. O BEIJO DAS LUAS
O beijo que vi com estes olhos
encheram de ternura meu pensamento
vi um beijo longo e longo vi o beijo
trocado pelas luas em noites de luas cheias
era um beijo molhado de duas luas
as luas que tantas outras luas
viveram luas pelas noites de Jampa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1983
2472. O BEIJO DE TODAS AS MENINAS
beijei todas as meninas que amei
e amando todas eu me vi tão só
tão só sem beijo e sem elas
porque beijei todas quando devia
ter beijado uma e não todas
como beijei e só fiquei...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1983
2473. PAIXÃO DE VELHO PELA MOÇA NOVA
O velho cheio de vida
esperou a sua paixão
essa quando chegou
um beijo no velho deu
e sem mais e nem menos
foram felizes para sempre.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983
2474. MEDO E PAIXÃO
Tenho medo
muito medo eu tenho
sei que o medo
é pura paixão
e quando vem a paixão
o medo se perde em cada esquina.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1993
2475. O SOLDADO DO BRASIL
Dedicado a todos os militares do exército brasileiro
Marcha soldado, marcha que o tempo é curto
marcha pela direita, marcha pela esquerda, marcha
canta pelos campos, canta uma cantiga de luta
luta se preciso for, se preciso for foge das incertezas
puxa o comando para o teu lado, para o teu fuzil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1993
2476. CORAGEM CORAÇÃO MEDROSO
Coragem...
O coração precisa de coragem
Para subir a ladeira do Miramar
Lá tem uma moça branca
Tão branca que desperta ciúme
É a moça que faz bater o coração
Faz tremer as pernas e braços
E quando fala é fala mansa
Dessa que invade todo o ser
E faz uma bagunça com os nervos
E sacode os cabelos ao vento
E ainda por cima zomba de cada palavra
Coragem...
O coração não se acostuma
Chora e lágrimas rolam por um triste coração
É coração que não cansa de ser medroso
E se medroso não fosse já teria matado
Todas as verdades deste pobre e sincero coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1980
2477. AS MÃOS DA INOCÊNCIA
as mãos tão frágeis e sensíveis rolavam mundo
amavam mulheres e saciaram desejos entre tantas
era assim que as mãos se tornaram famosas
acostumadas ao toque leve do se esconder
porque no esconde – esconde do tempo
o tempo era bom e como era bom cada fotografia
seja no preto e branco ou no colorido da vida
foi assim que as mãos viram pela primeira vez
a inocência da puberdade no friccionar
um membro noutro membro e era assim
que o tempo passava e cada gota saída
era a matança de tantas visões que os olhos
na infância sucumbiram na ideia de esquecer
de cada momento pelo momento em cena
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de março de 1991
2478. AS MÃOS DA MINHA INFÂNCIA
Minhas mãos
eram só minhas
minhas virtudes
minhas ações
minhas ilusões
minhas condições
minha falta de condições
Minhas mãos
batiam em tudo
em tudo batia
e quando batia
se repreendia
era assim que minhas mãos
aprenderam a ser gente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de setembro de 1987
2479. SÓ SAUDADE DELA...
Tenho
e como tenho
tenho saudade
saudade dela eu tenho
e quando a vejo
sinto que meu desejo
se completa...
é esta mulher, seus pouco mais de vinte
a mexer com a ruptura da minha vida
a mexer com a conjuntura dos meus olhos
a encher de encantos meu silêncio
é só saudade, só saudade eu tenho dela
e nela pus os meus pés no mundo
e no mundo entre tantas saudades eu gritei
e gritando um grito lento fiz dela a minha mulher
a mulher que vive comigo no meu mais puro amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de setembro de 1987
2480. LIÇÃO DE PÁSSARO CANTADOR...
O passarinho condicionado ao ninho
buscou entre galhos e ripas
a completude da sua esposa
sua esposa cantando alimentou o filho
o filho bem alimentado cantou
e cantando os três saíram
a vagar mundo pelo mundo das lições
era uma lição de vida na vida
de todos os pássaros cantadores
o ninho acobertado pelo tempo
foi ninho por muito e muito tempo
o tempo desprovido de inundações
foi tempo por muitos e muitos séculos
o pássaro construiu outros ninhos
e nos ninhos construídos uma certeza brotou
a de que todos os pássaros são companheiros
na mais terna companhia eterna...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de setembro de 1987
2481. PENSANDO NO QUE FAÇO COM ELA...
Faço tudo que você quiser
faço tudo até pelo amor de Deus
faço tudo enquanto vida tiver
por você eu faço tudo
fica calma. não me iluso
com palavras ao vento
com ares de sofrimento
sou eu que mando nela
é ela que manda em mim
somos dois mandados
eternos apaixonados
pela vida, pela norma de viver
só vivo pensando nela, meu eterno prazer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de setembro de 1987
2482. FALTA POUCO
Falta pouco, muito pouco falta
para encobrir o silêncio de ti
para encobri o desejo de si
falta pouco, pouco falta muito
para viver o momento, um momento
em que o tempo se perderá
enquanto o tempo nada mudará
enquanto o tempo sobrar
falta pouco, tão pouco falta
e por mais que falte, nunca me mate
vai chegar o que falta, só me exalta
um pouco de mim dentro de você...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de setembro de 1987
2483. FIM DE MUNDO
Fim de mundo é o que se fala
Fim de mundo ninguém se cala
Com esta história de mundo se acabar
O medo toma conta só de pensar.
Fim de mundo, previsão
Assunto de televisão
Fim de mundo, que história
Vamos viver com muita glória.
Fim de mundo, fim de mundo
Razão e emoção - emoção e razão
Fim de mundo, fim de mundo
Vou cantar minha canção
Feita com muito amor
Silêncio e sinceridade
Assim o mundo continuará
Num canto que dá saudade.
Bento Júnior
Santa Rita-PB, 09 de maio de 1983
2484. NÃO DEMORE MUITO...
Se você tem compromisso e se sente bem
sente aqui comigo, incomode meus ouvidos
conte tudo, não me faça ficar surdo
diante do que queres falar, fala tudo...
não demoras que não te espero
e eu te espero é porque me desespero
é porque te quero muito, meu amor
minha eterna emoção de vive...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 1983
2485. EROS-ERECTO DO PRAZER
Entre um beijo
e um abraço
me condeno
por pensar
que o beijo
mal dado
é causa de
um abraço
bem meigo
que atinge
os seios
enquanto
as línguas
roçam uma a uma
entrelaçadas nos olhos
de que presencia essa cena
e encena o anseio do pecado de
tocar o sexo
e bem no âmago do gozo
debruçar os braços e variar beijos e abraços
que se camuflam durante uma
porção de tempo
no momento em duas feras se contracenam
na penumbra de um silêncio
saciando o prazer do fazer
Por sentir PRAZER.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de maio de 1986
2486. DESFILE
Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)
Todos na frente
Banda a tocar
Carolina desfilando
Estrelinha do Mar
Fotos e fotos
Alegria dos pais
Marcha soldado
Pelas ruas do bairro
Mostra teu patriotismo
Os meninos querem desfilar
E Carolina na frente vai...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de setembro de 2000
2487. OS MEUS OLHOS
Os meus olhos, ah meus olhos que choram
Por que não tendes piedade da minha visão
Tanto fiz para ver o mundo assim
Assim sem guerra, com paz e todos dando as mãos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de maio de 2007
2488. TROCADO DIÁRIO
Todos os dias de todas as tardes
os mendigos fazem fila
e pedem trocados a todos
que servem de base
para o sustento diário...
Tem sociedade de mendigo
vivendo de trocado das ruas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de junho de 1981
2489. BATENDO NA PORTA ALHEIA
Na porta alheia bati
E achei companheiros
Companheiros da arte
Companheiros dos bares
Dormi sossegado em companhia
Do amigo que a tanto tempo conhecia.
Bento Júnior
Campina Grande-PB, 18 de julho de 1986
2490. CIDADE
Esta cidade de amplos terraços
e gente humilde, guarda no semblante
a saudade de ser fantasma
por nada existir de formosura.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de março de 1985
2491. LAGOA SECA
O clima de bom tamanho
Tem verde de encher vista
A cidade toda se agita
Na Lagoa vou tomar banho.
Bento Júnior
Lagoa Seca-PB, 08 de maio de 1986
2492. POEMA ENTRISTECIDO
Malditos os poetas que cantam
na vida sem amores nos corações
cansados são palavras ditas
quase ocas de emoções.
Bento Júnior
Alhandra-PB, 03 de março de 1999
2493. A CIDADE PEDE SILÊNCIO
Dorme cidade que a noite já vem
Vem carregada de flores para o meu amor dormir
Dorme cidade, dorme um sono de criança
Sonha com aqueles anjos
Pede silêncio ao meu bem querer...
Bento Júnior
Alhandra-PB, 16 de setembro de 1991
2494. UM ELEFANTE
Desde que, por via das dúvidas
o monstro de bondade, patas alongadas,
cruzou minha felicidade,
tive que apelar a todos, inclusive
jogar dado à noite. O resultado foi-se na janela,
enquanto aquela mulher de óculos
na cara usava seu lápis para espantar elefante,
que de tão enorme o bicho obrigou a mulher
a construir um castelo de sonhos e do sonho se acordar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de março de 1999
2495. O RATO E O SAPO
O rato dizia: eu quero ser sapo,
nadar nestas águas e jogar xadrez.
Levou um zero e voltou a ser rato outra vez.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de março de 1999
2496. TATU NO BURACO
Tatu no buraco
vaca no pasto
meu pai de óculos
escuros na cara,
cuida da plantação
a uva tá farta
nada se compara
ao coração do
meu pai.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de março de 1999
2497. CARO AMIGO
Caro amigo
de perguntas tantas mil
que envaidece meu coração desvairado
qualquer dia desse vou sambar na avenida
de pés ao vento esperar a Mangueira passar
pra ver se curo esta ferida
bem dentro do peito
que não quer sarar
não não quer me dar vida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de março de 1999
2498. VONTADE DE DORMIR
Estou com sede
Estou com sono
Estou na rede
Não tenho dono
Sou um animal
Racional
Nacional
Estou com medo
Estou a perigo
Estou em segredo
Estou contigo
Nesta batalha
Neste momento
Ele é canalha
Ela é tormento
Estou com sono
Quero dormir
Estou no trono
Quero sair
Deste lugar
Deste recinto
Que não é meu
Que não é seu
Estou com sono
Já vou dormir
Boa noite imagens
Já vou sair.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de março de 1999
2499. UM BEIJO
Um beijo
ardente
com gosto
de aguardente
tocou-me a língua
mexeu os dentes
e me deixou contente
contente demente
por nada poder fazer
se a cachaça
feita lá no alambique
me deu trambique e caí de quatro
pra minha sorte virar fumaça.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de março de 1999
2500. BOM DIA
A todos um bom dia
Bom dia para todos
Para todos bom dia
Bom dia - bom dia
Dia bom - dia bom
A todos que me ouvem
A todos que estão em casa
Bom dia - bom dia
Dia bom para todos
Para todos dia bom
Dia mais do que melhor
Um melhor dia bom
Se por acaso
Não for bom dia
Procure o seu bom dia
Encontrará junto de ti
Bom dia - bom dia!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de março de 1980
2501. ÚLTIMO POEMA
Quando escrevo
sei o que escrevo
quando amo
sei a quem amo
quando penso
sei o que penso
quando escrevo e penso
sei o que sai da cabeça
quando me aperreio
sei da minha cabeça
quando nada sei
sei que nada sei
quando tudo sei
sei que sempre errei
quando apedrejo uma alma
sei que fui apedrejado
quando sou apedrejado
sei que escrevo o que amo
o que penso
o que escrevo
o que sai da cabeça
o que de nada sei
o que sempre busquei
enfim, amo a vida
e por fim, a vida me ama.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de março de 1981
2502. ESTOU VIVO
Estou vivo
Entre paredes e obstáculos
Entre vícios e sonhos
Entre pecados e desejos
Entre eu e você
Somos a vida
E por isso estou vivo
Vivo é berço de vida
Na vida que levas
Na vida que levo
Estou vivo
Porque vivo
Entre paredes e vícios
Entre sonhos e obstáculos
Entre eu e desejos
Entre pecados e você
A vida é você
Eu sou a vontade
Entre a vontade e eu
Eu sou apenas você
Eu sou apenas a vida
De viver por viver...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de outubro de 2008
2503. VIVO ENTRE SONHOS E VÍCIOS
Vivo entre sonhos e vícios
Entre os amores do presente
E os amores do passado
Entre as esperas do tempo
E o tempo do meu pecado
Entre as esperas do meu tempo
E entre o tempo de todas as minhas esperas
Vivo entre sonhos e vícios
Entre os vícios de todas as minhas feras
Viver é pecado quando o pecado
É abusado no pecado de todos os amores
Entre o pecado de todas as minhas dores
Viver é permitir ser ultrapassado
Vivo entre sonhos e vícios
Entre os vícios de cada mulher
Entre as mulheres de cada vício
Sou o vício em busca da fé
Essa fé que me leva onde eu for
Onde o amor se preza
Onde o amor é reza
Onde o amor é totalmente amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de maio de 1986
2504. SOU O QUE TENTAM DIZER...
Sou o que sou
Quando tento dizer
Que o amor é partida
Quando o amor é vida
Quando o amor é amor
Quando o sonho é dor
Quando a tentativa é sonho
Quando a batata é quente
Quando a vida é linda
Quando o cálice é sagrado
Quando o sagrado é santo
Quando o santo é diabo
Quando o vício é espera
Quando a espera é tanta
Quando a luz é fraca
Quando a fraqueza
É forte na morte de cada vida
E que cada vida se torne paz
E que a paz se torne ternura
E a ternura se torne vida
Na vida de cada um...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de setembro de 1980
2505. BRAVO BRASIL BETERRABA
Bravo
Bravo Brasil
Brasileiro de tanta bravura
Bravo Brasil Bacana
Terra de banana
Babaçu e batata doce
Batatinha e beiju
Berinjela e boi zebu
Brinquedo infantil
Boneca de pano
Brasil de Baía de todos os santos
De Beethoven e Baden
Brasil de Belinha que é beleza
A mais pura de toda boite
A mais linda de toda banda
A Banda Brasil Bacana
Bela de Bate Batucada
No Morro Bagunça
No alto do bonde
No começo da serra batida
Batendo coração batedor
No encanto dessa boiada
Que assume a luz de cada brinco
Na orelha furada de Bernadinho
Nas pernas peludas de batatinha
Na coxa pintada de dona Benta
No sito do banco do Brasil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de setembro de 1980
2506. EU TE AMO ENTRE TANTOS AMORES
Meu amor
Não se incomode
Pro mode
Falar assim...
Porque querem destruir
O que construí
Tão bom
Querem deixar ruim...
Meu amor
Eu te amo entre tantas
Entre tantas que passaram
Na minha pacata vida de poeta
Entre tantas passagens
Dos amores encantados
De cada imagem...
Eu te amo e sabes bem
Que o amor é fonte de vida
Na vida que tenho
No sonho que trazes
Na espera que guardas...
Eu te amo
Entre tantos
Amores...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de setembro de 1980
2507. SÓ UM INSTANTE PARA PENSAR...
Pensando é instante que não passa
e quando passa é momento que não se esquece
e quando se esquece é vida que vem e vai
é um sonho entre tantos amores
é um sonho puro e poucos sabores
é um instante que não passa
e quando o amor passa
o fracasso se estabelece
meu amor não merece
um instante se quer para pensar em você....
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de setembro de 1980
2508. ELEIÇÃO... ELEITOS...
Dedicado para Ricardo Coutinho e Bira
Eles se elegeram...
Um já se esperava
Ricardo Coutinho
O outro expectativa
Bira...
Os dois se elegeram
O eleitor agradece
A população merece
Ricardo e Bira...
É a voz brotando
No alto da serra
Ricardo e Bira
Prefeito, Vereador
Esse mandato ninguém tira.
Os eleitos são tantos
Uns diabos, outros santos
Ricardo e Bira
A cidade do gira-gira...
A eleição passou
Fica a história para ser contada
Ricardo e Bira em ação
A política também faz emoção...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de outubro de 2008
2509. MINHA AMADA
Dedicado para a impossibilidade do encontro
Eles se conheceram...
Eles se amaram...
Eles se beijaram...
Eles se reconheceram...
Eles se posicionaram...
Eles se atracaram...
Eles se deixaram levar
Pelo mais bruto amor
Que existiu...
Eles se envergonharam
De ter feito o que fizeram...
Eles se moldaram na frente
Do outro
Na frente da outra
Um homem
Uma mulher
Dois amores
Dois sonhadores
Que se mataram
Por causa de um
Grande Amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de outubro de 1988
2510. MINHA METADE ACORDADA
Dedicado para a impossibilidade do encontro
Estava como quem nada querer
Estava como quem quer saber
Estava encantado com o nascer
Estava nascendo sem nada entender
Estava sorrindo querendo obter
Estava em transe doidinho pra te ver
Estava partindo querendo correr
Estava bebendo pra tudo esquecer
Estava morrendo sem nunca viver
Estava sofrendo querendo morrer
Estava perdido pois queria sofrer
Estava louco pra tudo perder
Estava rebelde sem nunca ter
Estava fumando sem ter prazer
Estava chumbado e queria ler
Estava transando e queria você
Estava mandando e não tinha poder
Estava acordado querendo mexer
Estava dormindo sem adormecer
Estava sensato pelo verbo ser
Estava com tudo assistindo tv
Estava adulto e queria um bebê
Estava criança e queria crescer
Estava apanhando e queria bater
Estava confuso querendo deter
Estava preso sem um porquê
Estava discreto pra nunca percorrer
Estava assumindo e queria reter
Estava metade pra nunca mais se conter...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de outubro de 1988
2511. O OUTRO EM CENA
Dedicado para a impossibilidade do encontro
Perante todas as minhas indagações
fiquei pasmo com tantas afecções
é que não agrado a certos corações
sou fagulha diante das emoções
sou carrasco nas teses e dissertações
amo a vida e apelo às ingratidões
ao mal que se faz das falações
aos sonhos das poucas maldições
aos vícios escuros dessas mansões
enfim aos supremos e aos mandões
por tudo que falamos nos portões
pela natureza de todos os perdões
por estar pelado usando calções
é sabedoria na hora das relações
esforço contínuo de todas as ações
labirinto de camisas nas trepações
é silêncio medido das medições
é viver apenas pelas obrigações
de fazer o certo nas ocasiões
perder de vista o som das canções
e cantar sorrindo sem condições
permitir ao outro as colocações
juntos alado nas lamentações
conto de vigário em todas missões
espírito rebelde de várias explosões
caminhos de segredos e sensações
lugares encantados sem permissões
do entrar e ficar nas alisações
é calça íntima das ejaculações
que brota do gozo dos porões
é silêncio em transe das sensações
é canto de ema e de gaviões
é rastro de sombra e de assombrações
pássaro ligeiro de todos os aviões
ferrando no aço de todas as ferrações
batendo no peito e vivendo nos sertões
como água na seca de todas as estações
é causo contado de todos os ladrões
os que não roubam e tem medalhões
as medalhas compradas nos feirões
é perdão encomendado pelos patrões
nas cartas marcadas das aflições
nas andanças e nas recomendações
no alto onde há mágica dos guardiões
morrer pela morte dos anões
pela simpatia dos mulherões
pela vida em todos os arrastões
assumo a boca e minhas visões
assumo o hálito e pego os bastões
bato no caule das plantações
bato na rede das poucas ilusões
do pecado sofrível dos meninões
da velhice chegando nas precauções
da febre canina das rações
do compadre morto pelas atirações
solta-se a bomba e tome empurrões
solta-se a figa e vai-se aos leilões
compra-se fiado e não tem apelações
é vontade de vencer em cima das indagações...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de outubro de 1988
2512. O BANHO... A ROUPA... A MULHER...
Nas águas sujas das piscinas das festas
era festa e todos queriam festa
na festa de poucas caras nas caras de todas
as gentes que ali se faziam presentes
é que a mulher do lado do seu homem
seu amor primeiro gritava e pedia a todo instante
a roupa do homem molhada de desejo
entrava na água e na água ficava
um ficar meio que desconfiada nas desconfianças
na desconfiança primeiro do beijo mal dado
nas tantas dadas dos foras pela vida a fora...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de outubro de 1988
2513. SOBRE A VIDA...
Entrada franca para o céu
ninguém ouviu, ninguém viu
todo mundo se dirigiu às escondidas
para o mato e cruz credo
era o que se ouvia...
A vida tão bela, tão simples
era vivida por centenas de seres
os mesmos seres que tiraram tantas vidas
e nestas vidas tiradas um sonho ficou:
- É melhor viver apesar dos pesares!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de outubro de 1988
2514. TELEFONO...
Eu telefono
Ouço uma voz meiga
A sussurrar nos meus ouvidos
Ouço um sonho lindo
A cantar nos meus pensamentos
Você não se despediu de mim
Foi embora e não falou comigo
Eu sou especial
Eu queria que você me notasse
Eu queria que você ficasse
Não posso ficar
Tenho algo a fazer
Não posso ficar
Vivo de amor por viver...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1988
2515. A DOR
Sinto dor
Que calor
Sinto amor
Que sabor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983
2516. COMO PENSO, ELA É MEU APENSO
Como penso nela
Não sei se ela pensa em mim
Ela é meu apenso
Vive junto de mim
Pertence aos meus sonhos
Anda colada junto de mim
Penso nela, nela penso
Ela é o meu apenso.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de novembro de 1989
2517. COMO ELA FICA BRAVA
Ela fica brava
Brava ela fica
Quando dizem coisas
Que ferem sua postura
É uma mulher de fibra
Fibra de nordestina
Nascida de oito meses
Parto normal, uma menina
Uma menina linda
Que nasceu de suas entranhas
Chora quando não lhe dão
Ri quando se acaba suas manhas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1990
2518. COMO EU ESTOU
Estou triste
Muito triste estou
Estou porque ela não existe
A mulher ideal que me amou
Sou triste
E como triste sou infeliz
Sou infeliz porque ela não existe
E se existisse eu seria infeliz
Estou triste
Não sou
Estou apenas
Sei que é passagem
E como passagem sou célere
Como o vento a passar nos meus cabelos...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1980
2519. VEJO UM VULTO
Um vulto ontem de noite
Passou no quarto vizinho
E mandou lembranças...
Este vulto era a imagem
De Nossa Senhora
Vertida em prantos
Aos quatro cantos
Gritei, acordei...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1980
2520. AS MÚSICAS DA MINHA INFÂNCIA
Ah! Que saudades eu tenho
Da infância da minha vida
Vivia perambulando
Velhos e moços, encabulando
Era assim a minha infância
Peia no lombo em casa chegando
Ah! Que saudades eu tenho
Da infância da minha vida
Pobre de família conhecida
Vivia de bola jogando
Pedra no mundo atirando
Peia no lombo em casa chegando
Ah! Que saudades eu tenho
Da minha infância da minha vida
De amores acima da idade
Traquinagem sem nenhuma maldade
Vivia brigando, matéria de aula ia estudando
A infância da minha vida
Hoje recordo nas músicas que estou escutando...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 2005
2521. A ESPERA NESTA ESPERA É TRISTE
Quem espera sempre alcança
diz o ditado popular
e quem quer ter esperança
é a última que morre
já dizia o ditado que não
mais é popular.
A ciência que se explica
não é ciência popular
o povo todo se complica
e não quer mais esperar
a espera dessa gente
vem assim tão de repente
é tristeza popular
quem espera esta tristeza
não sabe o que esperar
quanto mais se espera triste
mais triste o povo há de ficar
e ficando assim tão triste
já virou mania popular...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 2005
2522. AMIGO UNIVERSITÁRIO
Pela nossa vida
Pelo nosso espaço
Surge cada amigo
Surge cada peça
Surge cada escolha
Na universidade feita
O amigo se aconchega
Falta de amores e médias
Cadeiras e créditos, professores e greves
Governo Federal...
O amigo ultrapassa e se torna uma
Eternidade
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 2005
2523. BOLACHA SORDA
Bolacha da minha infância
Sorda da venda de seu Juvenal
Sorda no café da manhã
Sorda no lanche da tarde
Saudade de tanta sorda
A pretinha que tanto gosto
A pretinha comprada na feira
A pretinha no saco guardado
Eu de garra da sorda
Tive grandes acontecimentos
O menino que fui
O homem que sou
A sorda nos acompanha
A sorda está em todo lugar
No supermercado a sorda
Vive e me deixa a levar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 1195
2524. SODA LIMONADA
Traga para mim
Uma soda limonada
Uma de tamanho grande
Soda limonada
Mata a minha sede
Soda refrigerante
A bebida que não faz mal
Soda limonada
Que gostosa é esta danada
Bebo tanta soda
Já virou até moda
Soda é que é norma.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 1995
2525. A SOLDA PARA O CONSERTO
Estás a precisar de conserto
Leva para Seu Antenor
Ele passa solda
O bicho fica bom
É solda que está faltando
É solda para melhorar
Passa solda Seu Antenor
Deixa a solda cuidar do ferimento
Deixa a solda curar o tampão
Depois que passar a solda
Pinta no lugar
Graças a solda o buraco se fechou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1980
2526. TANTA SAUDADE DAQUELA MULHER...
Estou
Pensando em chegar
E quando
E quando eu chegar
Eu quero ela encontrar
É que estou com tanta saudade
Amo esta mulher
A esperança traduzida na minha fé
De algum dia poder
Cair nos braços dela
Em toda eternidade...
Estou
Pensando em chegar
E quando eu voltar
Voltarei cantando o amor
E quando o amor eu cantar
Eu quero a mulher encontrar
O encontro de poucas palavras
Viverei em berço estampado
As cores da minha alma
A alma que sente saudade
Da mulher
Esta mulher desta minha eternidade...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982
2527. DIANTE DO PRIMEIRO
diante do primeiro começado
diante do espaço planejado
diante do motivo o descabelado
diante do tarefeiro o atarefado
diante do parafuso o desparafusado
diante do deitar o deitado
diante do plantio o trabalhador parado
diante do solto o domado
diante do professor o ditado
diante do enfermo o tratado
diante do falante o calado
diante do triunfo o assustado
diante do vestido o agasalhado
diante do pomar o estragado
diante do inibido o desengonçado
diante do viver sem ética o povo freiado
diante do nudismo o corpo esculturado
diante do sermão o boi no cercado
diante do pedaço de carne o faminto gado
diante do durão o folgado
diante do prazer o beijo tragado
diante do luxo o imundo drogado
diante do tempo dado
diante do sonho sonhado
diante do bocejo o pega alisado
diante do casarão o mal cheiro cheirado
diante do caminho traçado
diante do vício do viciado
diante do fumo drogado
diante do gole sugado
diante do coito o abraço forçado
diante do brilho apagado
diante do vestir roubado
diante do liso o aperto apertado
diante do canto o abraço ofertado
diante do carro pintado
diante do andar atrapalhado
diante do filme filmado
diante do olhar focado
diante do amigo adiantado
diante do pai endividado
diante do homem embriagado
diante do jogo jogado
diante do povo de cada povoado
diante do futebol rebaixado
diante do moleque malvado
diante do moço pisado
diante do marido abestalhado
diante do país arrasado
diante do estado desmiolado
diante do feirante lascado
diante do movimento parado
diante do milho esbugalhado
diante do fruto criado
diante do caminhar esburacado
diante do lar encharcado
diante do assunto passado
diante do piso cimentado
diante do sexo tentado
diante do nascimento empareiado
diante do esposo corneado
diante do filho acabrunhado
diante do alarme disparado
diante do caso vivenciado
diante do sertão secado
diante do mágico malcriado
diante do mês mesclado
diante do menino pelado
diante do banho tanto banhado
diante do medo truncado
diante do ágio do Estado
diante do peso pesado
diante do maior melhorado
diante do ano continuado
diante do padre abençoado
diante do altar ao lado
diante do bruto o mal-amado
diante do místico do deus sagrado
diante do degrau errado
diante do beijo o pecado
diante do mal o amaldiçoado
diante do gozo o gozado
diante do leão o bicho penado
diante do bicho o mandar brotado
diante do macaco o grito enroscado
diante do jeito o mesmo ajeitado
diante do som o passo quadrado
diante do melhor o bom tão errado
diante do quadro um ver criticado
diante do leite o bode enciumado
diante do pavão um voo rastejado
diante do lixo o monturo despejado
diante do livro um ler desrespeitado
diante do grupo um milhar sem sorteado
diante do mala um outro mala apenado
diante do assalto um tiro acertado
diante do guarda uma promoção de soldado
diante do rádio um noticiar encontrado
diante do patrão um roubo deixado
diante do músico um bastão orquestrado
diante do ator um público atordoado
diante do pedido um não desmiolado
diante do louco um comprimido controlado
diante do quartel um cantil arrombado
diante do mel um zangão matado
diante do médico um enfermeiro zangado
diante do cactos um cangaceiro arremessado
diante do Lampião um fuzil disparado
diante do bando um coronel apagado
diante do festejo um animal festejado
diante do pátio um pároco satanizado
diante do navegar um avião apedrejado
diante do correr um parar melhorado
diante do casamento apenas um casado
diante do mistério um santo enrugado
diante do comprimido um corpo encharcado
diante do ônibus que nunca foi rodado
diante do motorista ferrado
diante do ferro encarado
diante do casal que vive amigado
diante do hospital levado
diante do vento soprado
diante do ralo um inseto alado
diante do inseto um matar matado
diante do tráfego um carro descontrolado
diante do nada falado
diante do falar atado
diante do todo picado
diante do nome livrado
diante do assédio padronizado
diante do palácio fiscalizado
diante do governo enrabado
diante do machão enviado
diante do amor apaixonado
diante do cabo apressado
diante do lago endiabrado
diante do cão enraivado
diante do mendigo castrado
diante do orgulho colocado
diante do sentimento atarefado
diante do cínico condenado
diante do prédio ultrapassado
diante do tudo empoeirado
diante do burro selado
diante do dono danado
diante do mangueiral tão brotado
diante do jegue que fora montado
diante do quente assado
diante do chato pachado
diante do dançarino sambado
diante do ímpeto penetrado
diante do cantor mal cantado
diante do pobre caçado
diante do agente malcriado
diante do lapso enjoado
diante do sapo chacoalhado
diante do lençol deitado
diante do rebuliço do coitado
diante do cego cegado
diante do mundo tão desencontrado
diante do lírio no chão marcado
diante do noveleiro atormentado
diante do bronco machado
diante do cortar não cortado
diante do leitor letrado
diante do dia tão assombrado
diante do sol ensolarado
diante do doutor não concursado
diante do europeu enfrentado
diante do exército despreparado
diante do fogo apagado
diante do quero ingenbrado
diante do gelo quebrado
diante do caçador interessado
diante do interesse desinteressado
diante do rei desgovernado
diante do riso podado
diante do chapéu chapado
diante do leigo desletrado
diante do querido gripado
diante do limpo limpado
diante do quartel fiapado
diante do carteiro descadeirado
diante do cartaz na porta pregado
diante do nariz o sopro ventado
diante do melhor tão melhorado
diante do fraco o texto inventado
diante do grande o moço fracassado
diante do preço o aumento aumentado
diante do sei de tudo o sorrir desdentado
diante do ser humano o povo desumanizado
diante do maquinista um trem desembestado
diante do escritor fantasiado
diante do figurino listrado
diante do saco ensocado
diante do teto o telhado
diante do técnico treinado
diante do relógio ponteirado
diante do queijo degustado
diante do almoço almoçado
diante do samba tocado
diante do urso o leopardo
diante do corvo o atirado
diante do sogro azougado
diante do sótão o achado
diante do mago o deus encaminhado
diante do taxi o caminho emaranhado
diante do viver o morrer acompanhado
diante do espelho o rosto enrugado
diante do cacho o parreiral parreirado
diante do modelo o pé modelado
diante do remédio o adoentado
diante do doente o amante amamentado
diante do amante o rejeitado
diante do dirigente o mandado
diante do símbolo o mastro embandeirado
diante do mar o colorido colorado
diante do navegante o barco embargado
diante do andar o jeito andado
diante do vinho o copo quebrado
diante do poeta tão poetado
diante do vidro enfeitado
diante do avião encaixotado
diante do jornal imprensado
diante do jornaleiro enfurnado
diante do transporte transportado
diante do sino badalado
diante do trator empurrado
diante do câncer mal curado
diante do concerto concertado
diante do belo embelezado
diante do corpo tão tatuado
diante do chamego chamegado
diante do tecido cortado
diante do algodão tragado
diante do planeta aterrado
diante do poder apedrejado
diante do goleiro vazado
diante do passe lesado
diante do sítio intrincado
diante do retrato fotografado
diante do time esfacelado
diante do catador descartado
diante do servo destrambelhado
diante do escravo libertado
diante do português escravizado
diante do clima suavizado
diante do desemprego o empregado
diante do anel o formado
diante do mentor o desempregado
diante do livre arbítrio o tempo dado
diante do gravador o som gravado
diante do espetacular o espetado
diante do labirinto o azucrinado
diante do barulho o maltratado
diante do polegar o ser policiado
diante do telefone o ouvido escutado
diante do querer ser o sepultado
diante do campo santo o descuidado
diante do nunca tentar o tentado
diante do bem de vida o mal olhado
diante do pescoço o assediado
diante do torcedor o quebrado
diante do santo o louvado
diante do doente o gripado
diante do filho o malamanhado
diante do modesto o forçado
diante do pouco o bom bocado
diante do analfabeto o escolarizado
diante do sensível o cajado
diante do seguro o engebrado
diante do tudo o sintetizado
diante do fato o caso enfocado
diante do carrasco o enforcado
diante do remédio o medicalizado
diante do pedido o remediado
diante do dinheiro o bonificado
diante do ligeiro o aceitado
diante do morador o desagregado
diante do liberto o leopardo
diante do jeito o aluado
diante do moço o viçado
diante do pegajoso o segregado
diante do melindroso o louvado
diante do liso o interpretado
diante do desaforo o aloprado
diante do bêbado o embriagado
diante do aluno o professorado
diante do professor o alunado
diante do pouco o muito bocado
diante do jogador o mistificado
diante do cantor o babado
diante do arrogante o moralizado
diante do inteiro o quebrado
diante do clarão o ligado
diante do símbolo o reinado
diante do frouxo o arrochado
diante do vício o metrificado
diante do matagal o podado
diante do cortante o cortado
diante do rápido o ancorado
diante do solto o amparado
diante do par o amputado
diante do triste o alegrado
diante do corrente o ensocado
diante do perdido o achado
diante do sumiço o procurado
diante do rebuliço o encontrado
diante do misterioso o empacotado
diante do lutador o lutado
diante do faltoso o apoiado
diante do abrigo o assentado
diante do cansaço o sentado
diante do altar o ajoelhado
diante do papa o abençoado
diante do conforme o ajuntado
diante do enterro o enlutado
diante do pedreiro o petrificado
diante do palavrão o insultado
diante do sozinho o enviuvado
diante do enxuto o molhado
diante do tudo ou nada o simplificado
diante do fala tudo o ponderado
diante do poder o reitorado
diante do fraco o entojado
diante do andar o direcionado
diante do óbvio o modificado
diante do apenas o logrado
diante do técnico o computadorizado
diante do utensílio o aparelhado
diante do deixa disso o repassado
diante do policial o tarado
diante do libidinoso o sexualizado
diante do pé de coco o trepado
diante do capital o local lenigrado
diante do sexo oposto o encabeçado
diante do aplauso o lixado
diante do rosto o enrugado
diante do mato verde o limpado
diante do bom o malvado
diante do tronco o machado
diante do firme o amassado
diante do feliz o minado
diante do eletricista o eletrocutado
diante do poste o eletrificado
diante do sentimento o despatriado
diante do sistema o qualificado
diante do aluguel o alugado
diante do contrato o empreitado
diante do acaso do tempo o danificado
diante do lixo o acúmulo reservado
diante do seio materno o seio sugado
diante do fugitivo o preso amarrado
diante do pegajoso o preço agarrado
diante do adiantar o adiantado
diante do linguarudo o linguado
diante do enxame o empestado
diante do campo o matado
diante do dorme dorme o mijado
diante do azougue o azougado
diante do menor preço o solidificado
diante do prazo o sincopado
diante do solto o outorgado
diante do fala fala o mecanizado
diante do carteiro alegre o selado
diante do operário o operado
diante do casamento o arruinado
diante do outrora o tempo passado
diante do socialismo o capitalizado
diante do completo o despedaçado
diante do goleiro o emplacado
diante do casal feliz o amigado
diante do material escolar o socializado
diante do mestre o doutorado
diante do doutor o mestrado
diante do gradual o especializado
diante do mosca morta o desbaratado
diante do justo o humilhado
diante do ganha tudo o empatado
diante do fura barreira o goleado
diante do deixa disso o forçado
diante do solto o desterrado
diante do carro ligeiro o locado
diante do homem sério o desprezado
diante do honesto o torturado
diante do tem de tudo o precisado
diante do falta tudo o coletado
diante do fabricante o fabricado
diante do sujo o engomado
diante do moço chorão o gamado
diante do papel o picotado
diante do preciso disso o pebado
diante do junto o separado
diante do homem da caverna o civilizado
diante do patrão fulano de tal o elencado
diante do fogoso o espiritualizado
diante do sentido o incriado
diante do paga-se bem o antecipado
diante do matador o sentenciado
diante do apontador o peneirado
diante do ajuste o disjuntado
diante do feiticeiro o enfeitiçado
diante do belo o sagrado
diante do veloz o atropelado
diante do sal o adocicado
diante do pensa nisso o imaginado
diante do patrono o empregado
diante do faminto o jantado
diante do separa-se o unificado
diante do fala-se pouco o mesclado
diante do fala-se muito o misturado
diante do moço bandido o experimentado
diante do fugir o tentado
diante do ordem e progresso o vistoriado
diante do corredor o chispado
diante do deixa disso o reparado
diante do comediante o satirizado
diante do solto o liberado
diante do europeu o americanizado
diante do pede-se demais o cismado
diante do livre-se quem puder o libertado
diante do treinador o bombeado
diante do menor de idade o aliciado
diante do dorme fora o jogado
diante do sou feliz o embirrado
diante do bêbado o embriagado
diante do cismador o cismado
diante do futuro o estrangulado
diante do salário o beatificado
diante do organizar o reorganizado
diante do musical o musicalizado
diante do observador o notado
diante do porta aberta o desproporcionalizado
diante do trepador de coco o castrado
diante do roupeiro o engomado
diante do fiscal o vigiado
diante do dançarino o xaxado
diante do hospital o hospitalizado
diante do mestre o zerado
diante do trapaça o tapeado
diante do alegórico o coreografado
diante do fantástico o endemoniado
diante segredo o falado
diante do grupo teatral o cortinado
diante do concerto o orquestrado
diante do consertador o consertado
diante do plebeu o problematizado
diante do saco de pancada o sacado
diante do cheiro de erva o trancafiado
diante do pedido o resultado
diante do medo de tudo o estadualizado
diante do município o municipalizado
diante do mangador o cheiro desconsolado
diante do fim o poema terminado
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de setembro de 1999
2528. A PERGUNTA
Por que toda esta pergunta, se tu sabes que eu só tenho olhos para você?
Por que toda esta pergunta?
Não posso ficar em paz com sua face desse jeito...
Eu te quero, eu te quero...
Tu sabes o quanto, eu te quero!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983
2529. A PARTIDA DÓI NA ALMA
Quando amar fosse pecado
E pecado pouco é passagem para a morte
Nasce um imbecil em cada esquina
Tenta-se ser forte
É que a morte dos poetas
É partida que dói na alma
É alma ferida
De quem escreve poesias de amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de junho
2530. SOBRE UM PASSADO EM CENA...
Um passado tão presente
Chega em minha frente
E assim tão que de repente
Me aponta da cabeça um pente
E neste apontar tão envolvente
Sou mais que inteligente
Um senhor para lá de indecente
Conhecido pelo nome de indolente
Primo carnal do provocador de enchente
Que pega tudo que vem pela frente
Seja rico, pobre ou pé quente
Não importa, o homem tem uma mente
Super fértil que não se entristece, fica contente
E neste ficar o passado é mais que presente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982
2531. UMA LUZ QUE VEM DO MAR
Estou
Neste exato momento
Em frente ao mar
Catando conchinhas
Ouvindo estrelas
Olhando o céu azul
Imaginando mil coisas
Andando para lá e para cá
Estou
Neste exato momento
Nas profundezas deste mar
Catando ostras, vislumbrando tubarões
Pescando sem rede, abrindo os olhos
E neste abrir de olho fechado
Vejo ou quem sabe, sinto uma luz
Uma luz que vem de todo mar
Uma luz que me envolve em alto mar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982
2532. MUDANÇA NAS ANDANÇAS
Andando pelos caminhos que já andei
Sinto falta de mudar meu rumo
De mudar meus sentimentos
De mudar meus encantos
De mudar meu jogo em cena
Sou cidadão de bem pelas andanças
Que tanto andei pelas andadas dadas
Sempre sonhando nos caminhos percorridos
Sempre cansado nas voltas não voltadas
Sempre perdendo terreno pelos amores vividos
Andando pelos caminhos que já passei
Passei a ser eu nas mudanças que faço
Nas mudanças que virão com o tempo
O tempo de todas as minhas andanças...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982
2533. POSTURA ÉTICA
Tem que se ter
Tem que ser ter
Postura ética
Postura ética
O patrão é quem manda
O patrão é quem manda
Obedece quem tem juízo
Manda quem pode
Tem que se ter
Tem que se ter
Postura ética
Postura ética
Postura ética...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de abril de 1986
2534. ORGULHO DE SER GENTE...
O orgulho quando bem usado
Com a camisa suada
Com o rosto suado
É orgulho e mais nada
Mas quando o homem é amado
Seu orgulho de ser gente
Ultrapassa todo o quadrado...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de abril de 1986
2535. MULHER VIVA...
Existe uma mulher que é viva demais
Viva para enrolar os outros
Os outros que fazem parte de sua vida
A vida que além de ser dela também é do outro
O outro que não enrola a mulher
A mulher que é viva na vida dos homens
Os homens que choram de amor
Pela mulher pilantra
Pela mulher pilantra.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982
2536. UM OLHO ABERTO PARA O MUNDO
um olho aberto para o mundo sorrir
um sorriso de mundo no olho da gente
a gente que se esforça e de nada sabe
um saber como a gente nunca viu
uma visão de mundo no mundo da gente
a gente que ama e deixa o olho aberto
aberto para o resto do povo
o povo não sabe e de nada sabe
no mundo da gente da gente que chora
pelo olho aberto no olhar da gente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982
2537. LIVRE-SE DELA...
ela é perigosa
e sendo perigo
ela causa perigo a todos
todos nós corremos perigo
livre-se dela, livre dela...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982
2538. O ENCANTO DO TEU OLHAR
Teu olhar
revela segredos
segredos de menina
segredos de mulher
Teu olhar
revela sonhos
magia e encanto
uma vontade de sorrir
Teu olhar
preto tão lindo
invade minha vida
faz reviver o passado
lembranças latentes
um olhar de querer amar
Teu olhar
cantado em verso
poetizado em canto
vivido em momentos
esse olhar negro
me faz perder a cabeça
Teu olhar
de amiga e mulher
falsária no tempo
escorregando no vento
um olhar de quem ama
essa mulher
Essa mulher é encanto
o encanto que vem do
mais profundo olhar
o olhar dessa mulher...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 2000
2539. O CÃO FEIO PARA O BONITO DA VIDA
o cão perambulando pelas ruas
ou preso na sua jaula é feio
é tão feio que espanta quem chega
e assim por tudo espantar
o cão feio se sacode e vai enrolando
e quanto o cão feio conquista
o choro vem e como vem
nas lágrimas brotadas para o cão feio
é que venderam o cão feio para uma madame
e todo mundo sentiu a falta do cão
do cão que de tão feio deixou a nossa vida feia
oh que falta faz aquele cão
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1998
2540. TARDE NO MAR DE CABO BRANCO
Que bela tarde
Que belo esplendor
Que belo visual
Que belo sinal
Que beleza de mar
O mar de Cabo Branco
O mar de ondas longas
O mar de todas as tardes
A praia de Cabo Branco
O mar de Cabo Branco
O edifício gigante
O toque na areia do mar
O mar da minha infância
A infância de ser menino
E quando menino ir para o
Mar de Cabo Branco
Mar de Cabo Branco
Seus coqueiros balançando
O céu que corta o mar
O mar de Cabo Branco.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983
2541. BAR DA TAPA – BAR DA GENTE
Quando não se tinha dinheiro
Se conseguia dinheiro
Se tinha dinheiro
Um de um
Com dois de outro
Três de alguém
Quatro para somar
Era assim que se juntava
Dinheiro de quarta a sexta-feira
Ou quase todo santo dia
O Bar da Tapa era o bar da gente
A gente que estudava
A gente que não tinha dinheiro
E tome cachaça com mel
Para passar o tempo
Cerveja nem pensar
Pé de galinha era o siscador
E na mesa tinha de montão
Tome papo e gíria
paquera e folia
O Bar da Tapa de tantos encontros
De tanta gente boa
O Bar da Tapa que ficou
Na nossa memória...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 2000
2542. UM PEDAÇO DE VERBO
Um pedaço de verbo
Solto na garganta
Arrebenta o poeta
Camufla a festa
E nada empresta
Tudo se dá
É assim que a poesia fala
E ai daquele que se cala
É verbo na cara
Assanhado amor
Explicado amor
Sorridente amor
Assombrado amor
Permitido amor
É poema, é último na lista
A lista da poesia
Está longa
E não haverá mais espaço
Para mais um poema
Para mais um verbo
É poema que chama
A minha vida na letra
Nunca se engana...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1986
2543. QUERO-TE
Quase uma vida
Eu tenho pela frente
Para explicar
Que o amor é importante
Na medida em que
Tempo e espaço
Se confundem
Diante desta pura criação
Do tempo ingrato
Como uma tempestade
Num copo de águas
Cristalinas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de março de 1990
2544. PAIXÃO DO MEDO EM SONHOS...
Espera e sonho
ambos se confundem
quando o assunto
é paixão...
Paixão e medo
ambos se confundem
quando o assunto
é amor...
Amor e viver
ambos se confundem
quando o assunto
é esta espera
esse sonho
essa paixão
esse medo
de amar o amor
e ter por inteira
você...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1990
2545. MEDO DE AMAR E SER FELIZ
Ela quando passa
Meu coração se estraçalha
Meu corpo se despedaça
Meus olhos lacrimejam
Meus olhos te desejam
É esta mulher que amo
Em sonho sempre chamo
Mulher que mora em mim
É coisa boa, não tão ruim
Penso nela, vivo por ela
Quando ela passa e finge não ver
Fico puto e caio o pau a sofrer...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 199º
2546. CADA DIA, CADA HISTÓRIA
Os dias se passam
O encontro distante
As horas se passam
O encontro cada vez mais distante
A história se repete
Um homem apaixonado
Uma mulher tão distante
Cada dia, cada dia
Uma nova história
Uma nova história
Eu distante dela
Ela tão perto de mim
Eu com medo dela
Ela tão sem medo de mim
Eu chorando pelos cantos
Ela nos cantos buscando só a mim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 199º
2547. ACRÓSTICO CAROLINA
Carolina, minha
Amada filha
Rezou um Pai Nosso
Ontem à noite, quando a
Lua brilhou no céu e sua
Imagem iluminou
Nossa casa com muito
Amor.
Bento Júnior
Conde-PB, 25 de fevereiro de 2009
2548. DISTÂNCIAS CASUAIS
Estou distante
E mais distante ainda hei de ficar
E mais distante diante de tudo isso
Irei ficar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1984
2549. DORMIR EM REDE
Dormindo em rede
É bom demais...
Balança o pai, balança a mãe
Meu amor cadê a paz?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1984
2550. AMO-TE PRINCESA DO LITORAL
Eu amo
Tu me amas
Eu chamo
Tu me enganas
Eu choro
Tu proclamas
Eu me irrito
Tu és o dia de todas as semanas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 2009
2551. ANDE COM FÉ NA VIDA SEM PRECONCEITO
Que coisa boa é ser feliz, andar sorrindo
Todo santo dia, não ficar fingindo
E sim, ter alegria, isso é que é coisa boa
Andar com riso e conviver bem
Com cada pessoa, com cada pessoa...
Que coisa boa é ter amigo, viver cantando
Ao mundo dizer: estou amando
Não ser intransigente, e sim, inteligente
O mundo é bom, curta esse som
Numa boa, numa boa...
Aceite o irmão, aceite a vida
Do jeito que ela é, seja homem ou seja mulher
Não tenha preconceito, faça tudo direito
Ande na vida com fé, com fé
Sonhar é bom, não viva atoa...
Não tenha preconceito meu camarada,
Permita ao amigo a caminhada, a caminhada
Não queira viver de arrependimento,
Não faça da vida um tormento
Ame o mundo e viva numa boa...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1989
2552. ESPERANDO, FALHANDO...
Ela espera
Ele falha
Os dois se encontram
Ela se cala
Ele fala
Fica para uma próxima
A espera
Dela
Dele...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 novembro de 1989
2553. ANTES DA IDÉIA FIRMADA
Dedicado à minha própria história de vida
Sou
O que sou
E sendo o que sou
Jamais poderei ser
O que queres que eu seja
Sou um pedaço de lã
Do carneiro estripado
Sou um pedaço de carne
Da vaca tirado
Sou um monte de vício
Da cabeça deixado
Sou um pedaço de mim
Nos outros todos guardados
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1999
2554. ESPERAR COMO SE FOSSE O FIM...
É o fim...
Como se fosse o começo
O começo
De esperar
Esperar o fim
O fim da visão
A visão de um
Ilusionista
Um esperador
Um que espera
Como se fosse o
Fim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1989
2555. ANVISA EM POEMA
Aprenda a se alimentar
Não coma qualquer besteira
Veja o que te faz bem
Imagine alimentação saudável
Saúde é muito bom
Alimente-se do melhor
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de setembro de 2009
2556. ESTA MULHER...
Dedicado à Norma Sueli (Minha Esposa)
Ela
É mais do que próprio, ela
É que ela é mulher
E sendo mulher, de mulher cuida
De mulher educa, uma educação
Que contempla cada uma no seu tempo
Ela
Mais do que mulher, tão minha
Não se tem posse, é que ter posse
É mais do que passado, sendo passado
Temos que passar o tempo
No tempo de nossas discussões
Ela
Mulher que ama
Mulher que odeia
Entre o certo e o errado
Ela caminha para o primeiro
E sendo primeiro em mim
Somos dois vivendo
No hoje, no agora e no sempre.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de setembro de 2009
2557. ASSIM NÃO DAR
Assim não dar
Não dar e pronto
Assim não dar
Tenho fé, não dar
Vê-la assim
Um riso tão assim
Um rosto tão assim
É assim que te amo
É assim que amo
Amar-te, mas assim
+Não dar... Mas assim
Não dar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1989
2558. ESTRAGOS
se há estragos em mim
muito mais havia em ti
é que os estragos de amor
acabam por matar a dois
não um como entende-se...
é que os amores estragados
estragam a alma, a alma
estragada, estraga a vida,
a vida estragada deixa
estragos em mim, em ti...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de outubro de 1989
2559. BOMBANDO O CORAÇÃO
Sofrer
Querer
Ter
Ser
Bom em tudo
Bom em tudo que faz
Bom na cama
No trato com o outro
Na dormida com a outra
Uma outra
Bombando o seu coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1989
2560. ESTRANHO SENTIMENTO
Me parece, entre tantos atropelos
Que a vida apontou um caminho,
Este caminho por mim citado
É o mesmo que antes pisei,
E pisando assim como pisei
É estranho demais para mim
O simples fato de perceber no olhar
O olhar escaldante de sonhos...
É que os sonhos são ilusões passageiras
Que passam como os aviões em chama,
Na chama ardente de uma batida,
Na batida contagiante de um mandatário
E neste pisar mandante, quer dizer,
Na visão cega da humanidade desprotegida
O olhar é fantasma de víbora
Na víbora perdida dos sentimentos...
Estranho em mim é razão de ser
O ser tão sem destino a sentir
O prazer de nada sentir
E apenas no encalço do sentimento
Ser estranho para quem quer que seja
Seja na terra, no mar, no céu, no infinito.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de novembro de 1989
2561. ESTRANHO ANIMAL
Um animal mais animal do que todos
Que meus olhos já viram
Entrou na minha casa e comeu meu alimento
Eu sem nada entender e entendendo tudo
Coloquei o animal para fora e fiquei de fora
De toda situação que chegou aos meus conhecimentos...
Era um animal alegante e vestido
Seus pouco mais de trinta anos
Com barba e bigode para fazer
E conhecia a todos da casa que moro...
Entrou e de garra de uma arma
Matou o cachorro e o gato
Disparou seis tiros que não pegaram em mim
Mas passaram rente à minha testa
E para desespero daquele animal
Tomei sua arma e dei dois tiros
Na sua boca, ficou sem fala
E nada falando, ainda hoje se ouve
- Tira-me daqui, não sou irracional
Sou racional.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de novembro de 1989
2562. PROFESSOR
Professor venha cá e se sente
Conte a sua história que nunca se mente
Enfatize os sonhos e plante a semente
Professor sua vida sempre foi decente
O ensino é tudo assim tão de repente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de outubro de 2010
2563. CHEGADA
Cheguemos vivos
vivos cheguemos
é Fortaleza em cena
é cena de chegar
é chegada da boa
é amigo pessoa
das boas
é chegada de todos
todos que no ônibus estão
estão a ficar
a ficar no Beira Mara
é Meireles que é bairro
dos bons que se tem
é praia de Iracema
é bebida à vista...
Bento Júnior
Fortaleza-CE, 08 de outubro de 2010
2564. NÓS OUTROS...
Nós outros
somos outros
Nos outros
que são tantos
Nos tantos outros
que somos
E neste somos
que somos
Somos um
tanto quanto gente
Com tanta
gente que somos
Neste mundo
que habitas
Que desejamos
Que sonhamos
Que pelejamos
Que cantamos
Nos tantos outros que somos...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de setembro de 2010
2565. PAZ PELA PAZ...
A Paz no mundo começa em mim
Se eu tenho amor com certeza sou feliz
Se eu faço o bem ao meu irmão
Tenho a grandeza dentro do meu coração
Chegou a hora da gente construir a paz
Ninguém suporta mais o desamor
Paz pela paz pelas crianças
Paz pela paz pela floresta
Paz pela paz pela coragem de mudar
Paz pela paz pela justiça
Paz pela paz pela liberdade
Paz pela paz pela beleza de te amar
Paz pela paz por um mundo novo
Paz pela paz pela esperança
Paz pela paz pela coragem de mudar
Paz pela paz pela beleza de te amar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de outubro de 2010
2566. SENTIMENTO QUE MAGOALMA
Tenho um sentimento que me sufoca
E quando me sufoco não aguento
E quando já quase aguentando grito
É esta mágoa que me deixa aflito
E nessa aflição de espera eu estaciono
Todos os meus verbos na mais triste alma
A alma que entra em mim e me deixa assim
Cansado sem nada entender
E quando menos espera o sentimento foge
E fugindo neste labirinto chamado vida
O homem vai habitando seus vícios
E de tanto ser viciado em viver
O homem tem mágoa profunda
Na mais estranha mágoa que se finda
Em querer muito mais do que se tem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 2010
2567. SOBRE TODOS OS PECADOS
O pecado é talvez por força da expressão
O que mais se tem para explorar no tempo
Num tempo em que viver é velocidade
De quem chega primeiro
De quem pula primeiro
Todos os degraus do tempo
O pecado é quem sabe talvez
O resultado de todas as esperas
E nessas esperas de tantas vidas
Quem sabe o pecado é efêmero
E de tanto ser passageiro no tempo
O tempo do pecado é curto
E aí sem nada entender
Toda poesia tem um pê de pecado...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 2010
2568. QUERO LER-TE AMANHÃ
Criei este poema diante desta espera
A espera do proibido de ser vida
Nesta vida tão repleta de pecado
Criei este poema como pecado
De todas as esperas do proibido
É que viver é assim meio sem jeito
Criei este poema na espera
Que me faz pensar em ter o prazer
No prazer de ser pecado em mim
Criei este poema nas tantas crias
Que o poeta se permite
Que a criação coincidentemente pensou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 2010
2569. VICIADO NELA
Sou viciado nela
Nela eu sou viciado
E de ser viciado nela eu canto
Canto porque o amanhã
Vai chegar nessa espera
De ser viciado nela
É um vício que não tem fim
E fim já se devia ter dado
Porque nela o sonho fica
E ficando um sonho meio triste
Viver viciado nela
É prazer de apenas viver...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 2010
2570. QUINTO POEMA
O quinto poema que minha alma
Explora neste momento é de sofrer
E sofrendo a minha alma tem pena
Tanta pena deste poeta triste
É que a tristeza do poeta já se espera
E nessa espera do poeta tanto esperar
Sofre sua mente e seu corpo padece
E nesse padecer de tanto poema fazer
O poeta faz o quinto e dar pulo
E neste pulo pulado brota o poema puto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 2010
2571. CONGESTIONANDO O ESPAÇO DO AGORA
Catalogando documentos
E perseguindo encontrá-los
Não há como fugir da incerteza
De nunca encontrá-los...
Buscando nas multidões a ata
As anotações voaram pelo espaço
Na sala não há o agora
O antes ainda se faz presente
Melhor será sorrir...
Congestionei todo tempo
Resta-nos esperar pelo acontecido
Se aconteceu algo o tempo dirá
E nesta idas e buscas não há hoje
Só o ontem existe em toda multidão...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de dezembro de 2012
2572. JOÃO PESSOA CONQUISTA QUEM NASCE AQUI
a Herbert Viana
Sem que as luzes se apaguem
Paguem as contas do mês
Usufruem do sistema
De uma só vez...
Conquistem espaço
No passo de cada esquina
Sintam Herbert, Jackson e Zé
E debrucem seus laços
No lapso de cada sucesso...
O Paralamas no Rio
No mês de janeiro
João Pessoa, município primeiro
É sonho, é Paraíba, é Brasil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de janeiro de 2012
2573. ESCOLA AMADA
Hino da EMEF Jornalista Raimundo Nonato Batista
Raimundo Nonato, homem de fibra e valor
jornalista, dramaturgo e ator
nome de escola, educação de qualidade
uma estrela que brilha na eternidade
és homenagem na paz e no amor...
Escola amada, eis a nossa razão
estudar na Raimundo é questão de paixão
disciplina no ato, sentimento que reluz
escola querida, ao bem nos conduz
viva a Raimundo Nonato dentro do coração...
Minha escola amada, berço de sabedoria
quando a saudade apertar num belo dia
venham caminhar na pedagogia de uma criança
Raimundo Nonato é escola de esperança
educação, arte, esporte e alegria...
Bento Júnior e Leonardo Souza
João Pessoa-PB, 22 de maio de 2011
2574. LAGOA, LAGOA
No Parque Solon de Lucena, João Pessoa
a lagoa no centro, carros passam
as águas da lagoa borbulham
os transeuntes em congestionamento
passam na lagoa e por um momento
seus olhos brilham.
é a luz ofuscada do poder
que emana do ser o olfato
é a lagoa da nossa infância
dos sonhos e viradas
do exército em comemoração
da mãe que chora o filho
perecido nas águas em compulsão.
a lagoa do parque que todos passam
que todos olham, cantam e inspiram-se
a lagoa de tantas histórias
de tantas vidas que sucumbiram
é a lagoa de nossa cidade
de nossa eterna mocidade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de junho de 2006.
2575. NÃO ESCONDA O RISO NO PRANTO DE ALEGRIA
Não esconda o riso, meu amor
neste pranto coberto de dor...
não esconda o pranto no riso
saiba que a dor é alegria
na alegria de tantas dores...
Não esconda a dor
nos prantos de alegria
e se algum dia voltar o amor
não esconda dele a dor
dê-lhe alegria na mais terna euforia...
Não esconda do mundo o sofrer
sofra com todas as dores
e se as dores de amor se acabarem
plante a semente da paz nesta vida
e saia por aí a cantar...
Não esconda o riso no pranto de alegria
sacuda seus nervos em cada sonho
e ame ao mundo no mundo de dor
e crie consigo alegria
distribuindo riso e amores...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de dezembro de 2012
2576. LUA CHEIA
à Lua Cheia
Ela cheia
Linda saindo do mar
Ela incendeia
Os olhos do poeta
Ela me contesta
Eu a vejo em todo andar
Ela cheia
Linda lá nas alturas
Ela é sangue na veia
Do andar em frente
Do vê-la de repente
No ser das minhas partituras
Ela cheia
Dentro das nuvens chuvosas
Ela é lenda de sereia
Que minha avó contava
Junto dela eu olhava
Uma bola no céu nas noites assombrosas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de janeiro de 2006
2577. AS MARATONISTAS
a Norma, Neide, Rejane, Mônica e Eliane (Moradoras da Capitão )
De manhã logo cedinho
Lá vão elas para uma caminhada
Vestem o short, botam a blusa
Saem pela rua, e tome pernada!
Os maridos ficam em casa
Elas vão para sua maratona
Tomam um bronze na cara
Das casas cada uma é a dona.
As maratonistas são fortes como ninguém
Cada uma tem um jeito meigo de ser
Palavras de todos os maridos
Que as querem livres para viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2004.
2578. DOMINGO
Hoje é domingo
Dia de bingo
Do vinho no quintal
Da pedida de óleo
Por cima do muro
Porque hoje é domingo
Dia de futebol
O alvinegro no campo
Quer subir na tabela
Gol por todo o mundo
Aqui na Paraíba
O domingo é de expectativa
Na Capital do Estado
Já é noite pra mais de oito
Hoje é domingo
A família reunida
Espera outra família
Falam de Teresina
O Nordeste está seco
A Amazônia pede socorro
Hoje é domingo
Dia de reflexão
Dia de dormir e sonhar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de novembro de 2005
2579. DOMÉSTICA
Não vale ser moderninho
Ela de nada entende
E quando entende
Faz-se de esquecida
É uma atrevida
Não se arrepende
Dos atos cometidos
Chega às vezes de oito
Quando o horário
É às sete da manhã
Ela é demais
Ainda quer aumento
Quer férias
Porque todos os feriados
Ela resolve ficar em casa.
Vale a pena ser moderninho
Quando tudo isso acontece?
Está me tirando do sério
Fazendo-me perder o trabalho
Fazendo-me ficar mal-humorado
Diga-me ao menos
Por que chegastes às 09h30minh?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de novembro de 2005
2580. O CAJUEIRO E O BEM – TE - VI
O Bem-Te-Vi
No cajueiro subiu
Cantou seu canto matinal
As folhas dançaram
E os cajus de tão alegres
No chão caíram
Sorriu o cajueiro
Abraçou seus frutos
E a todos deu uma função
Um foi ser picolé
O outro foi ser sorvete
Enquanto outros que ficaram
Tristes se perguntaram
Para que eles serviam
O cajueiro respirou fundo
Pediu licença ao Bem-Te-Vi
Deu um sopro forte
Que se ouviu a queda
Bem ao longe
Caíram ao chão
Crianças saboreavam
O gosto de cada caju
O cajueiro foi dormir
E só acordou ao
Canto do Bem-Te-Vi.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de novembro de 2005
2581. SANFONEANDO
Um sanfoneiro é bom
Dois é bom demais
Três é mais que bom
Os três fazem desordem
Dedo pra lá
Dedo pra cá
Dedo no meio
Coitada da sanfona
Nas mãos dos sanfoneiros
Ninguém conhece
Um Sivuca
Outro Dominguinhos
O outro um tal de Oswaldinho
Um trio desconhecido
E muito mais ainda
Quando os três resolveram
Tocar um tal de
Luiz Gonzaga
Onde já se viu!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de novembro de 2005
2582. SÃO FRANCISCO
ao Rio São Francisco
Que venha a transposição
De Chico para este sertão
Que traga esperança ao povo
Água farta neste torrão.
Velho Chico, Rio Nordestino
Onde mergulha a menina e o menino
Divisas de cidades nordestinas
A cartilha do ABC bem que nos ensina.
Rio São Francisco nos desvios
As águas claras e limpas dos rios
A transposição num oásis de prosperidade
São Francisco vai trazer o verde à cidade.
Que venha a política dos papéis
Tirar proveito, velhos coronéis
Em defesa das águas sem agredir ao meio ambiente
Deixem as águas de o rio salvar a vida de muita gente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2005
2583. PIRRALHAS
Dedicado para Carolina, Camila e Catarina
As pirralhas que eu tenho
Dão um trabalho tão grande
Que quando penso que venho
Volto ao topo da stander.
É que uma quebrou o mostruário
A outra chorando ficou
A terceira entrou num planetário
E a mãe desesperada o preço pagou.
As pirralhas deram um espetáculo
Foi o show que gostaríamos de ver
Um senhor colocou um obstáculo
Aquele livro não era para pirralha ler.
Não se pode mais sair de casa
Com estas pirralhas brigonas
Brigam por tudo e tudo se arrasa
Ainda por cima são mandonas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2005
2584. VIVER NO MUNDO SEM SER DO MUNDO
É difícil ou quem sabe fácil
conduzir o homem ao raciocínio
dessa lógica louca
desse mundo vivo
nesse mundo sem ser desse mundo
pergunto ao mundo
qual razão de tudo
perco toda lógica
dou de troco um ser talvez
quem sabe da vida
resta um pergaminho
mesmo contido de pérolas
tomba no caminho
de viver no mundo
e não se pertencer
qual sentido faz
ser desse mundo
se não é desse mundo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de abril de 1999
2585. PRÉ-TENSÃO
a Norma Sueli
Depois de muitos anos
Entre o convívio e o aprender
Existe um período na mulher
Os nervos à flor da pele
Sossego e calma são verbos
Por ela almejados
Só que muitas vezes é o inverso
A mulher então quebra o pau
Grita e roda a baiana
É tensão na mulher
É pré-menstruação à espera
Tensão pré-menstrual
A mulher na sua fase
Umas fazem análise
Outras querem distância
Criam nos parceiros uma ânsia
Os casos são os mais diversos
E qual deve ser a nossa pretensão
Entender o período vivido
Até acabar o tempo
Na mulher a pré-tensão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2005
2586. HOJE É DOMINGO
Hoje é domingo
Dia de reflexão
O que se fez no dia
Se analisa com o coração
Porque hoje é domingo
Dia de alegria
Pulsa um ar forte no pulmão
Porque o dia foi domingo
Amanhã é outra canção
Domingo primeiro dia da semana
Mas em casa o cidadão
Domingo é diferente
Farra, festa e confusão
Tudo no domingo é pensado
Ainda mais quando vem um imprensado
Domingo é só emoção
A emoção de beber e festejar
Tudo se faz pelo ato de amar
Domingo tem que ter condição
Condição de ser melhor no outro dia
De ser vizinho como uma poesia
Que faz o domingo ser mais sensação.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2005
2587. SETEMBRO
Chega setembro
O mês que promete
E prometendo muito
Muito tem-se o que fazer
E fazendo muito
Muito tem-se que se ligar
E ligando muito, muito
Tem-se o que se cuidar
É que cuidando da vida
A vida cuida do outro
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de setembro de 1989
2588. SER AMIGO NA REAL E NO VIRTUAL
Ser amigo é ser real
Ser amigo é ser virtual
Nunca faz mal
Ninguém vai cair de pau
Ser amigo é normal
Nunca diga adeus
Apenas dê um xau
Biu Cabeça de Boi
Poeta imortal.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1986
2589. SEMPRE SAUDADE
SEMPRE sentindo
Saudade em cena
Em plena lua cheia
Seja em que lua for
A saudade vem
Vai e volta com mais força
É que quando a lua cheia
Invade o coração de poeta
A saudade se aloja e quando se aloja
Grita e pede passagem
É saudade do olhar
Tão olhar que me faz
Belo pela vontade de viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de maio de 2000
2590. SEMPRE EM MIM, SEMPRE EM TI
Sempre em mim
Há um desejo
Em ti
Sempre em ti
Há um desejo
De mim
Somos dois em um
E sendo assim
Sou um em ti
E tu és único
Em mim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de novembro de 1989
2591. SEM NUNCA NADA TER SENTIDO
Sentindo frio
Meu corpo uniforme
Sente vontade
E que vontade é essa
Que meu corpo sentindo frio
Se sente perdido nesta multidão
Multidão esta que me faz cantar sem nunca ter nada falado
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1979
2592. SEGUNDO ENCONTRO
O pagamento
Esta semana a gente sai
Passa quarta, quinta discussão
Sexta pela manhã diálogo
Sexta tarde telefone toca
O encontro
O preparo
Nada de saída
Linda em cena
Figurino pronto para o encontro
Casa dos pais
O encontro com dois
Os olhares de quem quer algo
Sábado nunca se vê
Domingo também
Segunda o nada encontrar
Terça na manhã o cheiro
A vontade de ver
O almoço bem pago
A ida na ida de tanta espera
É quinta chamada
O segundo encontro
A água que molha
O corpo que sente
O sentir do prazer
Pelo prazer de viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de novembro de 1989
2593. POSTERIOR
Ao amor dos outros
Na quarta-feira, feira
Ela se encontra, linda
Ele e ela, a família
Vão à feira, compras
O poeta fica, solitário
Na quinta o almoço num recanto
Na sexta, desencontro, perguntas de amigo
Sábado e domingo, como sempre, ausência
Na segunda, a fala do trabalho dele, temporário
Na terça, o encontro tarde, almoço do signo de peixes
Na quarta, noite, o filho, o encontro, o amasso
A chave que fica, a ida com outra, a fala do trabalho dele
Na quinta, o desencontro, na sexta, manhã, o toque das mãos
O amigo no amasso, a visão do poeta, a pergunta dela
O prêmio que o poeta ia, a volta do poeta, a ausência dela...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de dezembro de 1989
2594. SAUDADE IRMÃ
Dedicado para minha irmã Lola
tantos
sonhos
se transformam em saudades
que nossos olhos espreitam
nas esquinas de cada espera
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de novembro de 1990
2595. REVIRANDO O TEMPO
Tempo de vez em quando
Quando o tempo tem vez
A vez é do tempo que sem tempo
Não tem vez de vez em quando
E quando a vez do tempo chega
É porque chega o tempo de
Dizer adeus ao tempo do quando
Tem de se esperar para resolver
O tempo entre tantos tempos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1989
2596. ZÉ, O VENCEDOR
Zé, paraibano
Zé, cidadão do mundo
Zé, antes vagabundo
Zé, agora doutor
Doutor de música
Música das boas
Assim é o nosso Zé
O que agrada a todas as pessoas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1989
2597. ZÉ, CABRA VALENTÃO
Valente no sertão dura pouco
Tão pouco na cidade não dura
A duração de um valentão varia
Varia do capital do valentão
Varia da postura do valentão
Da força bruta do valentão
Da vontade de ser forte de cada um
Cada um sabe o valentão que lhe ronda.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1980
2598. TENHO TANTA LÁGRIMA GUARDADA
Tenho tanta lágrima guardada no peito de poeta
Que todas as dores juntas não dariam lágrimas
Porque o amor que o poeta sente
É maior do que todas as lágrimas
Guardadas no peito de quem sofre
A dor de chorar por todas as dores
Por todas as dores de ser fraco.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1982
2599. POESIA EXTENSA
Eu lhe digo e digo como digo
Xucro de todos os burros
Tenho isso em mim e sou assim
Enquanto amo sofro como os burros
No capim que come, na água que bebe
Sendo xucro em todos os sentidos
Os sentidos de ser burro na vida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de novembro de 1979
2600. VOCABULÁRIO DE PAIXÃO
A é a letra do amor
B é a letra do sofrer
C é a letra do pavor
D é a letra de nada saber
E é a letra de tudo eu sei
F é a letra de nada querer
G é a letra do já sei tudo
H é a letra de todas as dificuldades
I é a letra de nada procurar
J é a letra de ser maior em tudo
K é a letra estrangeira que me ama
L é a letra de ser o que nunca foi
M é a letra de toda maioria
N é a letra de sempre querer mais
O é a letra de parar em cada esquina
P é a letra de discutir para nada se resolver
Q é a letra tão difícil mais foi encontrada
R é a letra do meu maior dicionário
S é a letra que já foi minha
T é a letra que nunca se interessou
U é a letra de sempre se esconder
V é a letra que gosta de criar história
X é a letra que se anda para encontrar
Y é a letra que foi o maior de todos os amores
W é a letra que bagunçou com todos os vocabulários
Z é a letra que se tornou tão fácil
São letras que entraram
São letras que saíram
São letras que fazem festa
São letras que morreram
São letras que contrariam
São letras que criaram lúdicas em mim
São letras que passaram
São letras que ficaram
São letras de todos os amores
Que um dia passou na vida de cada poeta.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1989
2601. EU CHORO PORQUE O AMOR SE VAI...
Choro
Choro porque sei chorar
Canto porque sei cantar
Luto porque tenho que lutar
Amor que o amor é sonho
Sonho porque o sonho é amor
Que faz o homem chorar
E chorando assim tanto
O homem luta por nada saber
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1980
2602. LIGAR PARA ELA...
Ligo
Todas às vezes que falo com ela
Meu coração morre de amor por ela
Minha voz fica feliz em falar com ela
Meus olhos ficam felizes em ouvir ela
Ligo para ela e falo com ela
Porque sou feliz quando falo com ela
Se não ligo é porque não quero falar com ela
E se falo com ela é por que
Morro de amor por ela...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1980
2603. CANSADAMENTE NA MENTE
DOS QUE NÃO TÊM MENTES
Somos vítimas
De um passado
De um passado presente
No presente de tantas vítimas
E sendo vítimas do presente
Somos passados de tantos lugares
Lugares são como saudades
Se veem, porém não os temos
E na prerrogativa de termos
Não somos nem um lugar
Neste lugar de tantas mentes
É que a mente na mente da gente
Não acredita no que somos
No que devíamos ter sido
E por nunca termos sido nada
Somos nada na mentes dos que mentem
É cada mentira que nos cansa
E nos cansando é tempo demais
É que nossa esperança nunca pede tempo
É que o tempo é apenas um tempo de espera
E sendo espera, por que esperar?
Por que ser o que nunca se tem sido na vida
É que a vida aprende com a mente de todos
De todos os lugares...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de julho de 1989
2604. CANSADO DE DIZER SIM
Cansado de dizer sim
E sempre recebendo um não
Cansado de sofrer de emoção
Sempre sofrendo por coisa ruim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de novembro de 1989
2605. COMO PENSO, ELA É MEU APENSO
Como penso nela
Não sei se ela pensa me mim
Ela é meu apenso
Vive junto de mim
Pertence aos meus sonhos
Anda colada junto de mim
Penso nela, nela penso
Ela é o meu apenso.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de novembro de 1989
2607. COMPANHEIROS & COMPANHEIRAS
Companheiros e companheiras de trabalho
Muito nos justifica este momento que estamos vivendo
É um momento de plena democracia
Com respeito e dignidade para todos
Buscamos o entendimento de todos
Todos nós somos donos de si
E por sermos donos de nós mesmos
Companheiros e companheiras
Arregacem as mangas e mãos à obra.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 2000
2608. CONSCIÊNCIA HUMANA
Ao dia da Consciência Negra
Zumbi morreu
Vivem os adeptos
Zumbi resiste
Vivem os intelectos
É consciência humana
Na raça de tantos negros
É consciência negra
Na raça de tantos zumbis
Na raça
Na bravura
Eis o dia
A liberdade
O silêncio
Nasceu um dia
Dedicado ao povo brasileiro
Ao povo da consciência negra.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 novembro de 2009
2609. CRIANÇA CAMILA, CRIANÇA
Dedicada à Camila Dias de Carvalho (Minha Filha)
Ser criança é ser feliz
Andar descalça, pelada
Brincar de disse me diz
Sorrir e ser amada
Ser criança é ser responsável
Estudar e ter respeito
Viver contente e amável
Saber do dever e ter direito
Ser criança é viver em paz
Ter um lar para viver
Lazer nunca é de mais
Criança todo mundo quer ser...
Bento Júnior
Conde-PB, 25 de outubro de 2009
2610. DE VOLTA AO TEMPO
Ouvindo esta música, canso-me
Cansado, sofro de saudade,
Nostálgico eu pulo corda de agave
E canto canção de ninar, gozo
E gozando eu volto ao tempo
É que o tempo que o poeta fala
Não é tempo de medir pressão
É pressão queimando a raiva
Que fica por dentro de quem
Tudo hoje ver, nada pode resolver...
Bento Júnior
Pilões-PB, 19 de setembro de 1989
2611. DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Às funcionárias da E.M.E.F. Jornalista Raimundo Nonato Batista
Mulheres que fazem a vida
A vida de cada mulher
Mulher de fé e atrevida
Mulheres que nos fazem
Tanto bem na vida
Mulher que não conheço
Mulher que já é tão conhecida
É esta mulher que nos ama
É esta mulher que nos tira o sono
É esta mulher às vezes tão perdida
Oh! Mulher de santa em pecado
De pecado por ser tão santa
É esta santa que nos encanta
E quando se canta
O mundo todo adormece
A mulher não se entristece
Arranca da sua memória um sonho
E neste sonho de tantos sonhos
É esta mulher que emana educação
É esta mulher de Raimundo
É esta mulher de escola
E viva essa mulher da Raimundo Nonato.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de março de 2009
2612. CABO BRANCO DOS COQUEIROS
Cabo Branco
Ponto Oriental das Américas
O sol nasce mais cedo
Mais cedo me acordo
Ligo o carro e saio correndo
Com as filhas a mergulhar
Cabo Branco
Águas claras e cristalinas
Minha cidade, meu jardim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de novembro de 1989
2613. PRAIA DO POÇO
Poço, praia das minhas filhas
Uma
Duas
Três
Lá estava
Eu
A esposa
A família
Uma de cada
Na Praia do Poço
Quando a maré está baixa
Vai-se longe
As filhas amam esta praia
Domingos e feriados
Praia do Poço.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de novembro de 2009
2614. DOIS ENCONTROS
UM DE CADA VEZ
um de cada vez
O SEGUNDO ENCONTRO
um de cada vez
no segundo encontro
de tantos desencontros
e nos desencontros
busca-se o encontro
porque este encontro
é prova final
de todos os encontros
de um HOMEM
de uma MULHER
no encontro do ponto de vista
dos encontros...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de março de 1985
2615. NADA NO MUNDO É MAIS TRISTE
Nada no mundo é mais triste
Do que a tristeza do mundo
Se nasce, vive e morre
Se morre por nada ter
E tendo tudo na vida
Se vive para morrer
E morrendo a Deus pertence
Não há como viver
Nada no mundo é mais triste
Do que a tristeza do mundo
Quando se vive por amor
O amor mata a vida da gente
A gente por nada entender
Morre por nada fazer
E fazendo da vida um viver
É sonho que nunca se vai ter
Nada no mundo é mais triste
Do que a tristeza do mundo
É pai batendo em filho
É filho matando pai
É triste ver o mundo triste
Na tristeza deste mundo
Quanto mais se morre gente
Nasce gente para viver
Nada no mundo é mais triste
Do que a tristeza do mundo
Quando o homem tem família
É mais um para carregar
Se trabalha, se conquista
Se demite, se assusta
É mundo da tristeza
Na tristeza de tanta gente
Nada no mundo é mais triste
Do que a tristeza do mundo
É filho para criar
É criar para não ter filho
Se tem filho, sofre pai
Se não tem, sofre a mãe
É tanta tristeza no mundo
Para dar de comer a tanta gente
Nada no mundo é mais triste
Do que a tristeza do mundo
Tem pai que não se cuida
Tem mãe só para cuidar
Quanto mais se cuida na vida
A vida não cuida do mundo
Tem mundo que vive solto
É solto que vive para morrer
Nada no mundo é mais triste
Do que a tristeza do mundo
O homem quando trabalha
Espera ter capital
Com o capital que ganha
Ganha o mundo da tristeza
É triste ver o seu pai
Na amargura deste mundo
Nada no mundo é mais triste
Do que a tristeza do mundo
É triste ver um poema
Sem rima e sem virtude
Tem poema que nos inspira
Inspiração vem e logo vai
Nasce uma palavra solta
Na morte de cada poema.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de junho de 1993
2616. NADA EM MIM É VISTO
Faço vista grossa
Porque sou grosso
Sou grosso e faço vista grossa
Grossa porque me engrosso
E engrossando sou vista
A vista que avista tudo e todos
E todos estão engrossando a fila
A fila do pão e do leite
Do gás e da vida
É grosso gostar de ser grosso
Porque a pobreza é grossa
E engrossa a fila da política
A política é grossa
Porque é grosso o que se elegeu
O que votou era grosso
E engrossou a fila do desemprego
E do desempregado surgiu a grosseria
Viva todos os grossos do Brasil
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de setembro de 1983
2617. BONITO E SUAS CACHOEIRAS...
Essa cidade pernambucana
Vendo as fotos, que riqueza
É cachoeira, que beleza
Qualquer dia eu vou lá...
Mergulhar nessas águas claras
Tomar a água, matar a sede
Meu Nordeste, meu Brasil
É bonito de se ver...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 2003
2618. HOJE, EM SONHO, UM CASO
Tive em sonho
Tantos sonhos que tive
E deste sonho sonhado
Um sonho me marcou
Era noite, a lua bonita
Espreitava todo o meu ser
E entre seres opostos fiquei
Conheci mulheres
E das mulheres conhecidas
Fiz meu verbo único de amor
Amei, desejei, beijei
Um beijo que valeu dez
Era beijo
E por ser beijo
Valia muito mais que dez
Mas dez era importante
Mais importante talvez
Do que a sombra da lua
No quarto sem varanda
Amei e saciei
O desejo de macho
Grudado na pele
Ardente da humanidade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1989
2619. MORRENDO EM CENA
O ATOR
Vive seu papel
De morrer e morrendo o ator vive
E vivendo o ator é aplaudido
E aplaudido o ator sofre
E sofrendo o ator chora
E chorando o ator MORRE.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1989
2620. QUERIDO PAI, QUERIDA MÃE
Dedicado ao meu pai e à minha mãe (Bento Carvalho e Vitória Carvalho)
Cada música antiga que ouço
Nela está contida um pouco
Do meu pai
Da minha mãe
Seja lá como for
O filho de onde está
Tem consigo amor
E amor é o que não falta
Na letra
No poema
Na rima
Na vida
Amo meu pai
Amo a minha mãe
Dois seres humanos
Que me aguentaram
Me aguentam
Me amam
Nas brigas
Nas indiferenças
Nos olhos de viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1994
2621. JACUMÃ, JACUMÃ
Na terra de um tal de Conde
No Estado da Paraíba
Neste mesmo local
Tem Jacumã
Uma praia bela e formosa
Gente de todo lugar
Amo Jacumã
De coração aberto
Feriado e dia santo
Jacumã, Jacumã...
Bento Júnior
Conde-PB, 16 de fevereiro de 2004
2622. LUGARES
Em Intermares
No Poço
Duas praias lindas e belas
Bonitas e gostosas
Da gente banhar
De manhã logo cedo...
Assim caminha o pai
Com a esposa e filhas
Avistam Areia Vermelha
Um banho de sol
Um mergulho na água de sal.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 15 de novembro de 2009
2623. MARCADO PELO TEMPO
sempre sorrindo
meus olhos riem
sempre chorando
minha boca chora
sempre atento
meu olhar se cala
sempre calado
meu andar se curva
sempre curvando
minhas pernas giram
sempre girando
meu dedo enrugado
sempre enrugado
meus dentes pisam
sempre pisando
meu pensamento pára...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de março de 1990
2624. MAX, CACHORRO VOADOR
Voa meu cachorro
Max é o nome dele
Ele em cena é ator
Atencioso
Tentador
Girador
É o nosso Max, o cachorro voador
Voando nas nuvens, voando na terra
Max é cachorro que conquistou a gente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 2009
2625. MENARCA
Dedicado à Carolina Dias de Carvalho (minha filha)
Chegou
Chegou o dia
O dia chegou
E como chegou o dia
Chegou a certeza
Da menarca da filha
Da menarca que chegou
Era manhã e como manhã
Chegou a incerteza
Da menarca que ora chegava
E chegando devagarinho chegou
A menarca da filha
A filha primeira
Doze em cena
É ano por cima de ano que vos espera
Menarca que chegou e chegando hoje
Hoje é dia de festa na casa da Carol.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de agosto de 2009
2626. MEU SOFRER
meu sofrer
de quem sofre
não é nada
é sofrer de homem
que ao chorar reclama
sua masculinidade
é paixão
um apaixonado em cena
a cena de todas as noites
fazia frio
na rua apenas lágrimas
iam continuando o seu córrego
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de outubro de 1989
2627. MEXENDO NAS COISAS ALHEIAS
Um bandido,bom,bonito, bacana,
Desses que a gente logo se apaixona,
Músculos longos, um olhar de sacana,
Entrou na casa, comeu,bebeu,caiu na cama
Na cama que o bandido caiu, ficou,
O moço triste vendo o roubo, pensou,
Queria dar queixa, não, não, não deu,
Deixou as coisas, o bandido se fodeu,
A polícia duas horas depois, eis a chegada,
O bandido acabara de se acordar, que mancada,
Levou o bandido, as joias, o dinheiro, a herança,
Era pessoa de família da mais inteira confiança,
E que confiança pairou no coração do bandido,
Que, diante dos olhares de todos, morreu
E não reagiu à prisão, mas como estava fodido
Resolveu deixar todo o acontecido,
A cena de bandido que me no alheio, sofreu,
Hoje ele sofre, chora porque está para lá de esquecido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de março de 2000
2628. MINÉRIO QUE TRANSBORDA
Existe um minério
Um minério existe
No fundo de cada poço
Um minério em calabouço
Existe um minério
Um minério enfadonho
É que o minério é transbordante
É que o minério é aconchegante
Existe um minério
Um minério que se vende
É que a venda deste minério
É esqueleto montado em cemitério
Existe um minério
De cada lado um oposto
No lado esquerdo de cada cruz
É que minério se faz através da luz
Existe um minério
Em cada esquina, em cada vício
Nosso sonho é minério que transborda
É minério que se planta e que engorda.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 18 de março de 2007
2629. MINHAS FILHAS, VIDAS MINHAS
amar assim como amo
sinalizar o crescimento
amar é do jeito que chamo
um tal de pai bento
suas filhas em número de três
no amor e nas brigas
no sonho e nas intrigas
cada uma buscando sua vez
amar assim como amo
é lugar onde se mora
é canto de sabiá a cada ano
mulheres sábias que não deixo de fora
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 2008
2630. MISTERIOSO PÁSSARO
Pássaro
Cantador
Enganador de gente
Sobe no coqueiro
Canta o ano inteiro
É um pássaro
Talvez, talvez
Sim ou não
É um pássaro
Incapaz de ser pego.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983
2631. MÍSTICO POETA
O poeta é simplesmente poeta
Faz poesia e espera recompensa
A recompensa que o poeta fala
É recompensa de aplauso
Assim como o artista faz
Canta, dança e recita
Um verso alegre de cantor
Dançarino e ser poeta é ver
O amanhã daqui de cima
O chegar daqui de baixo
Ser poeta é ser místico
Assim como Buda
No seu altar a fala
Ser poeta é alguém
Que de tanto verbo
Se cala...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1999
2632. MORTE MORRIDA
Um dia no alto da serra
Entre barrancos e troncos
A morte bateu as botas
É que a morte não matou
O amor de morte matada
Morreu sim, morte morrida...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983
2633. SEMPRE EM MIM, SEMPRE EM TI
Sempre em mim
Há um desejo em ti
Sempre em ti
Há um desejo de mim
Somos dois em um
E sendo assim
Sou um em ti
E tu és único
Em mim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de novembro de 1989
2634. MEDO DE SOFRER
Um medo de sofrer, minha cabeça
Pairava, era tarde, fazia calor,
Na rua apenas a puta mal paga
Ia continuando a sua história
Era noite, na rua os vaga-lumes
Iam cantando o seu cantar,
Minha mãe, lá dentro gritava
Era um grito de quem morre...
Meu pai, viúvo de filhos casados
Ia vivendo no cemitério,
Recordava minha mãe, sofria
E eu daqui deste outro lado
Vou continuando o meu caminhar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de outubro de 1989
2635. JACARÉ E O AMOR
Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)
Nós dois...
Na cama
Na banheira
No chuveiro
Na cama
Na banheira
No chão
No piso
Na cama
Na cama
Na cama
Ida e volta
Volta e meia
Indo embora
Chegando
Saindo
Vivendo
Gozando...
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 05 de novembro de 2009
2636. DESCOMPROMISSO
Foi marcado
Foi agendado
Foi marcado
Foi explicado
Cada detalhe
Cada vírgula
Cada momento
Falta de compromisso
Gera descompromisso
Falta de caráter
Gera descompromisso
Um toque no fone
Um toque no convencional
Um toque na casa
É algo anormal
De manhã a fala
De manhã a falta de carro
Tarde compromisso de homenagens
Noite a batida na casa
A ausência da telefonista
A putaria do artista
Não dar mais para suportar esse jogo
Ela joga demais e envolve o jogador
Tudo é falta de compromisso
d e s c o m p r o m i s s o...
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 09 de dezembro de 1989
2637. MUNDO ESTRANHO
estamos em guerra
nesta guerra fria
onde sofro e calo-me
onde choro e morro
quero e nada posso
quero e sinto falta
a falta de viver em mundos
estranhos ao mundo que moro
ao mundo que imploro
ao mundo que se desfaz
um mundo intransigente
de sonhos e mediocridades
de sonhos de permissividades
um mundo estranho
um mundo sem mundo
um mundo simplesmente
estranho
Bento Júnior
Conde-PB, 31 de outubro de 1989
2638. CANTANDO PELOS CAMINHOS DO MUNDO
No canto do mundo
No mundo do canto
Eu canto e sou mundo
Sou mundo no canto
No canto de cantar
E quando canto no mundo
Sou mundo mais mundo
Tão mundo eu sou
E sendo este mundo
Sou mundo no canto
No canto do mundo
Nos caminhos do mundo
Sou caminho do mundo
Abro passagem para o mundo
No mundo de tantos mundos
Nos caminhos do tempo
No tempo do mundo
Do mundo sem tempo
Nos caminhos em que o tempo
Não sendo tempo
Se perde na ida
Se encontra na volta
Na volta há o tempo
O tempo de todos os caminhos...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1989
2639. MULHER ÁGIL
Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)
A Mulher
Tão ágil
No tempo
De todos
Os tempos
Que se tem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1989
2640. MORTO NO ABISMO DO NADA
Morri
Na imensidão do oceano
Na lentidão dos corpos
Na pureza da alma feminina
Na simplicidade do pedreiro
Na gratidão do padre
Na virtude da criança
Na saudade estampada
Na vontade de tudo terminar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1980
2641. OS OLHOS DELA
Ao amor proibido
Cada dia que passa
Cada sonho que sonho
Cada momento que vivo
Cada instante que passo
Cada ilusão que avisto
Cada leitura que faço
Cada foto que vejo
Cada lembrança que fica
Cada palavra que ouço
Cada beijo que dou
Cada pegada que finjo
Cada lugar que eu vou
Cada desejo que tenho
Cada tecla que meto
Cada pensar que me atormenta
Cada música que toca
Cada olhar que me atrai
Cada riso que jogo
Cada sentimento que discordo
Cada pilantragem que sei
Cada toque que levo
Cada de cada em cada quase nada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1989
2642. PALAVRAS SIM, FAZER EIS A QUESTÃO...
Fazer
Como fazer
Se o fazer custa à alma do poeta
Ser prática eis a questão
Fazer outra questão
Ficar como está, eis a questão
Melhor é ficar só
Eis a questão...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de julho de 1999
2643. PASSANDO PELO PASSADO PRESENTE
Olho-me no espelho do tempo
e como o olhar me pertence
pertenço ao tempo do meu olho
esse olho que olha o passado
num presente tão distante
tão sem jeito de espiar
e espiando no espelho do tempo
o que me cabe é pouco
e sendo pouco
muito tenho que fazer
é que o passado a mim anda distante
de distância entende o meu presente
de tão presente que é
não me sobra tempo para escrever
sobre o passado que tenho passado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1989
2644. PASSADO
Estou passado
Passado para trás
Eu estou quebrado
Quebrado por
Amar demais...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1989
2645. OS INCONFIÁVEIS
Confio no amor
Na fome
Na dor
No nascer
Confio na morte
No peito e no coração
Confio neste homem
Neste traçado
Confio até nos inconfiáveis.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1989
2646. O TOQUE E A FALA
O toque
A fala
Falo
Me calo
E quando falo
A fala me cansa
A fala se acalma
É que o toque
É algo sutil
E sendo sutil
É sutileza de voz
Na voz rouca
De um poeta
Que nunca se cala.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de março de 1990
2647. O TEMPO PENSADO
Você não pode exigir tempo
De mim...
Pois você é quem não tem para mim...
O tempo que eu tenho é muito
No seu pouco, pense em mim...
Você para mim é mais que especial
Já mora no meu coração
Já faz parte da minha vida
É o pensar de minha paixão...
Tenho sentimentos em forma de
desejo, atração, sexo e ternura
amo-te de todas as formas
sou capaz de qualquer loucura...
São alguns dos sentimentos
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983
2648. NÓS DOIS, PAI E FILHA
Dedicado para Carolina Carvalho (Minha Filha)
Nós dois
Pai e filha
O sabor
De nossas
Vidas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de março de 2007
2649. NÓS DOIS
Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)
Nós dois...
Vermelho em cena
Na cena de um pai
Na cena de uma filha
Tão pequena, passado
Tão grande, presente
É que nós dois, hoje
Resolvemos usar vermelho
É que o vermelho dos
Nossos corações são frágeis
Como a semente que da terra
Brota o sangue de nossas veias.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de setembro de 2009
2650. NOSSA HISTÓRIA
Eu
Você
Nós dois...
A história em cena
Encrencas à parte
Nossa vida é uma arte
Um homem
Uma mulher
Nossa história é assim
Você comigo
Você em mim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de novembro de 1989
2651. NÓS, NUM SÓ PENSAR EM CONFUSÕES
Nós dois, num pensar torto
De olhar morto
Sem planos e sonhos
De olhares medonhos
Um vício das funções
Ai que dor neste coração
As cabeças só as ilusões
De não se ter nada
De ser bandida
De ser atrevida
De dar esperança
De ser só criança
Viva o medo e as emoções
Nós dois já cansados
Olhamos um para o outro
E chamamos de loucos
Este falar agoniante
De quem é
E não quer ser errante
É o desejo dos pensares
É o silêncio dos amantes
Loucos em cena
Amor de Madalena
É pecado, é ilusão
É cena aberta, é cantar
A vida lhe espera, cante...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de setembro de 1999
2652. O BRILHO DAS LUZES
As luzes brilham no palco
No palco da desilusão,
A desilusão de ser fraco
O fraco de coração.
Meu coração sofre,
Sofre como sofre o teu,
É que meu coração
Ama e é ateu
E sendo ateu
Meu mundo é perverso
E sendo perverso
Atrapalha toda cena
A cena do teu amor
Esse amor que é somente meu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de novembro de 1989
2653. O QUE FAÇO?
Não há motivos para desespero
Não há desespero para ter motivos
Se em mim faltou pulso, culpa minha
Se em ti sobrou pilantragem, culpa minha
Não há motivos, por enquanto não
Não há por enquanto, só motivos
Não há perguntas, por enquanto respostas
Não há respostas, por enquanto perguntas
O que faço?
O que faço?
O que faço?
Não há campanha, só derrotado
Não há derrotas, só um vitorioso
Não há vitória, só dúvidas pairando
Não há dúvidas, só perguntas
O que faço?
O que faço?
O que faço?
Não há silêncio em mim, só palavras
Não há palavras, reflexões é o que se tenta
Se em mim faltou diálogo, culpa minha
Se é culpa minha, o que faço?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de novembro de 1989
2654. O RISO EM MÁGOAS
O riso em mágoa
É rio que transborda
No peito a dor
Na dor o amor
Enfim, o amor e a dor
Reclamam do riso
O riso de ser triste
No triste de ser feliz
Ser feliz é ter riso
No rosto, na face
Na cara, no focinho
De cada um
De nós...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de novembro de 1989
2655. O ANTES NO RISO
ri é bom para uma pessoa
tão especial quanto tu és
gostosa, sorridente e amável
imagine uma pessoa que penso
noite e dia
dia e noite amor
de minha vida
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983
2656. QUANDO OLHO NOS SEUS OLHOS
Olho e você finge ser romântica
E ainda dar uma risada de romantismo
É que os românticos amam demais e são egoístas
Eu tiro por mim que sou assim
E quando vejo você através deste olhar
Sinto-me atraído por uma coisa maior em mim
É que você olhando nos meus olhos
Me deixa tão feliz e ao mesmo tempo infeliz
É que não sei me distanciar
Por mim eu queria viver lado a lado com você...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de dezembro de 1989
2657. ELA É VIDA EM MIM...
Ela é vida em mim
Em mim ela é vida
É vida mais do que bela
É bela muito mais que mulher
Ela é vida em mim
Em mim ela é vida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de novembro de 1989
2658. ESTOU BUSCANDO OUTRA...
ando descalço pela vida buscando ela
e ela se esconde e quer me ver e finge não querer
é uma mulher entre tantas mulheres que amei
no entanto poeta é se arriscar para buscar outra
outra eu quero nas tantas que não tenho...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de maio de 1984
2659. LUGARES DIVERTIDOS
Fui a um lugar divertido com várias intenções
É que lá neste lugar havia um sonho de intenções
E busquei neste sonho todas as minhas intenções
Lugares como este fui e nunca tive tantas intenções
São lugares divertidos e me parece que as intenções
De todos que ali estavam morriam em todas as intenções...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983
2660. QUANDO OLHO BEM NOS OLHOS DELA
Quando olho bem nos olhos dela
Eu sinto uma vontade de beijar
É que os olhos dela refletem a paz
É que os olhos dela me apaixonam
É que o amor que tenho por ela
É regado ao som dos olhos dela
Olhos castanho que a vida me deu
Olha bem nos olhos dela
E diz se ainda há amor entre você e ela.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de dezembro de 1986
2661. PENSANDO NO PENSAR EM LETRAS GARRAFAIS
Penso
E de tanto pensar
Penso
E de tanto não encontrar
Sofro
E de tanto dissabor
Peno
E de tanto penar
Penso nas palavras
Tempo, desejo, sexo, atração, ternura...
Leio
E de tanto lê-las
Penso
E de tanto pensar no que escrevo
Entrego-me de corpo, alma e sonhos
É que cada palavra dita
Não corresponde à ação refletida
Sofro no tempo de não mais ter tempo...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1989
2662. PENSE NUMA PESSOA QUE QUERO...
Ela chega
Me beija
Me escanteia
Me choca
Me chocalha
Me estraçalha
Me lasca
Me agride
Me chuta
Me lança
E eu
Pense numa pessoa que quero...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1989
2663. PENSO NELA
De todas as maneiras
De todos os sonhos
De todas as falas
De todos os momentos
De todas as brincadeiras
De todas as verdades
De todas as mentiras
De todos os vícios
De todos os pecados
De todos os olhares
De todas as virtudes
De todas as horas
De todos em cena
De todas em cena
De todos modificados
De todas as palavras
Penso nela
Penso nela
Bento Júnior
Conde-PB, 11 de outubro de 1987
2664. PERDIDO NA IMENSIDÃO DO MAR
Perdi meu sonho maior
Navegar no mar aberto
Cantar o hino do marinheiro
E ver o cisne branco
A deslizar pelas águas do oceano
Me perdi e como me perdi
Talvez pelo simples fato de ser mundo
Na imensidão do nada
Na imensidão desse grandioso mar.
Bento Júnior
João Pessoa, 25 de outubro de 1979
2665. PERIGO EM DÓ MAIOR
Perigo
A mulher chegou
O marido atracou
A amiga chorou
O vizinho reclamou
A lua brilhou
O homem se irritou
A menina gritou
O menino pensou
A estrela brotou
O céu fantasiou
A mente espatifou
O cérebro ratificou
A cabeça mostrou
O olhar se firmou
A tempestade passou
O vendaval acalmou
A pirralhada sentou
O filme fotografou
A atriz representou
O figurante quis ser ator
A camareira se desesperou
O jantar já aprontou
A ceia boa ficou
O lugar todo clareou
A chatice do poeta poetizou
O que passa não se concretizou
A coisa mais feia simbolizou
O momento que ninguém esperou
Bento Júnior
Conde-PB, 11 de outubro de 1987
2666. PISE NOS MEUS CALOS
Se você pisar
Pise com força
Pise e não me faça sentir
É que o calo de amor
É dor passageira, a passagem
Que a meu ver se vai...
Se você pisar
Pise e não me faça sofrer
É que este caso de amor
É calo em mim
É saldo negativo em mim
É falta de sorte de ti...
Bento Júnior
Conde-PB, 11 de outubro de 1987
2667. PILANTRAGEM
O amigo está certo
No Bar ele falou:
Ela é pilantra
É pilantra sim, senhor
Gosta de bagunçar
Com a cabeça da gente
Com os nervos da gente
É pilantra, sim senhor
Não cumpre o que fala
Fala o que não sente
Sente o que não entende
Entende o que não quer
Quer o que é certo
Na sua cabeça de mulher.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1989
2668. POR QUE TANTA DISCÓRDIA?
Ao amor proibido
Da primeira vez
Nós três
Da segunda vez
Nós dois
Da última vez
Eu só
É que viver é sofrer
E sofrer é nada saber
E sabendo de nada
De nada sei
E nada sabendo
Vou capengando pelo mundo
Correndo e fingindo ser feliz
Porque ser feliz é encontrar
A resposta para esta pergunta
Tão reprimida e confusa
Na cabeça de um poeta
Que só pensa nela.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1989
2669. POR TRÁS DOS OLHOS DELA...
Os olhos dela escondem segredos
Os olhos dela escondem maldades
Os olhos dela causam medos
Os olhos dela dizem verdades
Os olhos dela escondem desejos
Os olhos dela me faz crueldades
Os olhos dela cheira aos percevejos
Os olhos dela, atrás de tudo
Guarda meus sonhos, deles tenho saudades...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1990
2670. PRESENTE
No presente
A gente se sente
Um sentir na presença
É presença
De gente em mente
É gente que vem
É gente sem crença.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 2009
2671. PRONTIDÃO DE MALANDRO
O cara tinha uma mulher
Pra lá de avião
Chamava gatos e sapatos
Era a condição
De fazer amor
De sentir calor
A mulher mimada
Por todos amada
O cara tinha uma mulher
Pra lá de certinha
Chamava pelo nome de fulana
Casada de papel e tudo
Pena que o marido era mudo
Cidadão de bem
Igual a seu ninguém
O cara tinha uma mulher
Pra lá de organizada
Cheirada todas as noites
Trepadeira em forma de açoite
Conhecida o mundo
Seu primeiro amor, um vagabundo
Nascido no meio da rua
Numa tarde de fria lua
O cara tinha uma mulher
Pra lá de errada
Calada, sorridente
Não valia um vintém
Errava e se arrependia
Tinha o nome de Maria
Achava-se santa no nome
Morreu de boca aberta, a fome
A levou para longe
Esqueceu até o meu telefone
O cara não tinha
Nenhuma mulher
Era certo e objetivo
Não servia para nada
Sofria numa vida condenada
Era mulher no pedaço
Hoje seu eterno companheiro:
Fracasso!
Bento Júnior
Conde-PB, 11 de outubro de 1987
2672. QUANDO O SONO CHEGA...
Quando o sonho chega
Esqueço-me de mim
Dos outros e da vida
Cochilo em estragos
Cochilo em pedaços de dureza
Sou sono, sou sono...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de novembro de 2009
2673. QUANTO TEMPO DURA ESSE AMOR?
Depende poeta
De qual pergunta incomoda
Se o tempo que o amor tem
É pouco tempo no tempo
É o amor durando
Enquanto o tempo dura...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1990
2674. PENSANDO NELA E PESANDO OS SONHOS
Penso nessa mulher
Ela pensa em mim
Ela sonha comigo
Ela vive comigo
Ela quer viver a meu lado
Penso nessa mulher
Por pensar demais nessa mulher
Ela pensa demais em mim
Por pensar demais em mim
Vivo a pensar nessa mulher
Por pensar tanto nela
Por viver somente para ela
Por ser simplesmente dela
Por nunca deixar ela
Por pensar demais nessa mulher...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de maio de 1993
2675. AMANHÃ EU QUERO VER ESTE POEMA
Amanhã eu quero ver e ler este poema
Sei que vou chegar tarde, porém quero ler
Quero saber o que vai acontecer, na tarde
Nós dois, corpos nus, talvez, não, sim, quem sabe
Eu quero ler este poema...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de dezembro de 1989
2676. HOJE EU LI, ESCREVI OUTRO
Eu li este poema, eu quero fazer um outro poema
Aconteceu, os corpos, a banheira, a água, a terra
O poeta e a menina, comprometida
Tão em chama, na cama, depois do banho
Os dois, o lugar, bonito de se ver, o homem e a mulher
Ele o dono, ela querendo ser a dona
Enfim, o acontecido de ser apenas por ser
A leitura deste poema, o acontecido do fato
O fato de ser poema nos tantos poemas que virão
Virão pelo amor, pelo sexo, pela ternura
Por vários sentimentos, por várias histórias
A manhã vendo ela, ela indo embora
Ele indo em busca dela, eles indo ao encontro do amor
Os dois em pleno prazer pelo prazer de ser feliz
E mandar tudo para o espaço... Só uma palavra
A casa da mãe, o café tão bem tomado
O diálogo tão bem dialogado, os dois, vários
O amigo em casa, o pulo, o café da noite, o pedido
A ida ao trabalho, enfim, o término de uma noite
Tão vivida em tarde de um belo poema.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 1989
2677. TRÊS VIDAS EM FORMA DE PRESENTE NATALINO
Dedicado para meu pai, minha mãe e minha irmã
Meu pai, na frente de um comércio, sentado
Minha mãe, lá dentro, chega e a bênção
Minha irmã, dormindo, acorda, saudades
O presente dado a cada um neste Natal
Prova o sentimento de filho, de netos e nora
Ao encontro da minha família, minha família
Meu pai, minha mãe, minha irmã, minha vida
A reza, a alergia, a rezadeira Penha, a inveja dita
A fé em Cristo, o amor de Deus, a casa da minha infância
O bairro que vi crescer, o povo que passa por mim
Meu pai, minha mãe, minha irmã, o presente de coração
O Natal de nossas vidas, muitos anos virão
Um aperto de saudade no coração deste poeta.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 2009
2678. A FORMATURA
Dedicado para todos os concluintes 2009 da Escola Raimundo Nonato Bastiste
Todos eles
Fagulhas em cena
Um depende do outro
O outro depende de tudo
De tudo que se vê
De tudo que se aposta
De tudo que se gosta
De tudo um pouco
Um pouco de tudo
São concluintes
Concluíram uma etapa
Muitas virão
Dores de cabeça, sonhos, pesadelos...
Enfim, a todos o nosso afetuoso agradecimento.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de dezembro de 2009
2679. PENSO A CADA MINUTO...
Dedicado uma grande paixão que explode o peito
O peito explode de paixão
É paixão de homem por mulher
É paixão de sexo de homem por mulher
É vontade de vê-la, é paixão
É sentimento de sentir perto a ilusão
Ilusão pela divisão do espaço
O espaço de dois num só corpo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1985
2680. TRÊS MOMENTOS DE VIVER...
Dedicado para meu coração que pulsa
Meu coração pulsa e não quer parar
Meu coração sofre e não quer sorrir
Meu coração se alegra e não quer partir
Meu coração se entristece e não quer sonhar
Meu coração se estraçalha e não quer permitir
Meu coração adormece e não quer cantar
Meu coração se assusta e não quer assumir
Meu coração acelera e não quer achar
Meu coração controla e não quer ouvir
Meu coração dá risada e não quer moldar
Meu coração se aceita e não quer sair
Meu coração é isso tudo e não quer parar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 1987
2681. VINTE E UM DE DEZEMBRO
Dedicado para minha reflexão dos fatos acontecidos
Depois da terceira vez
Ela vira safada e usa traje íntimo
A poesia invade todo o seu ser
Come da comida feita por ela
Ela é ínfima nos desejos
Fugaz nos beijos e amassos
Uma leoa pronta para o bote
Ela usa o jogo do querer por ter
Dar um riso de quem nada quer
Querendo, querendo
Como um vinte e um de dezembro
De um ano qualquer no sonho do poeta
Que acreditou em cada palavra da musa
Ela diz que tem algo de bom para os dois
O poeta acredita e se dá mal
Ela propõe e mostra a arte visual
Ele tão triste e sem nada dizer
Apenas balança a cabeça e pensa
Um pensar torto nas tantas histórias
Dela, dela, dela, dela...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de dezembro de 1989
2682. MENSAGEM DE TECLA DO CORAÇÃO
Estas mensagens de positivismo que estão
trafegando nos computadores
do mundo, não gosto.
Gosto de teclar e dizer o que vai saindo da cabeça.
Fica melhor. É algo que você cria e manda
para quem está contigo. É isso.
Me faz um bem danado de bom. Agora,
tudo isso foi para dizer que não só este,
mas muito mais natais sejam passados
por ti com bastante saúde, felicidade e
paz neste coração. Um ano novo (2010),
não só este, e sim, todos os outros
que toda vida passar, FELICIDADES.
Um forte abraço e que Deus sempre faça-
e presente em toda a tua caminhada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de dezembro de 2009
2683. DA QUARTA VEZ
Mais solta ela se encontra
O macho a leva para a cama
O beijo, a roupa, o toque
A comida na boca
O desejo de ir
O desejo de querer
A vontade de ser dele por inteira
Ele a leva ao encontro
Ela o deseja muito
O muito de todas as cenas
Afinal de contas é a quarta vez
Que eles se encontram
Os desejos se afloram
Ela se contamina de paixão
O capital em cena
A cena que se repete
O descontrole financeiro
O amor pela quarta tentativa
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 1989
2684. A HISTÓRIA PASSADA E DATADA
O bombardeio invadiu todo o meu ser
Era dezoito de setembro, fazia um calor forte
Ela não morreu, ele muito menos, só viver
Chega o dia vinte e quatro de novembro
Ele queria mais, ela também, só prazer. Não custou e chegou o dia dezesseis
De um mês denominado dezembro. Era o terceiro encontro, somente conhecer
Quando de repente já era quarto. O encontro antes de uma semana...
Era vinte e dois de dezembro, os dois no local do segundo encontro
O prazer vivendo e aprendendo através da história passada e datada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de dezembro de 1989
2685. SAUDADES MEU AMOR, SAUDADES...
Dedicado para a distância de todas as saudades
Saudades doendo em mim
Arrebentam as cordas de todas as solidões,
É que o momento é pecado
E se é pecado, vivo preso em ti
Vivo preso em todos os corações...
Saudades meu amor, saudades
Eu tenho e não sei como explicar
São saudades eternas, eu sei
São saudades do olhar, o olho dela
Crava em mim, é como se faz chorar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de dezembro de 1989
2686. QUERO, ESPERO, ME DESESPERO
Qualquer dia, qualquer instante
Qualquer momento, qualquer hora
Qualquer lugar, qualquer silêncio
Qualquer palavra, qualquer esperança
Qualquer mulher, qualquer homem
Qualquer virtude, qualquer desespero
Qualquer querer, qualquer poder
Eu quero
Eu espero
Eu me desespero
É a mulher que me faz...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1990
2687. REFLETIR NO ANO VINDOURO
alguém já ouviu tanto
falar em refletir
que nossa reflexão
não faz mais sentido
então neste sentido
sem pé e sem cabeça
refletir ainda e preciso
e aproveitando o refletir
perdi o domínio do acento
e refletir e colocar
todos os acentos
no seu determinado momento
assim sendo
vou encerrar esta reflexão
e partir definitivamente
para refletir nisto que estou fazendo
ano novo
vida nova
novos amores
amores antigos que continuam novos
novas esperanças
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de dezembro de 1984
2688. SER AMIGO É COISA SÉRIA
Ser amigo é séria
Muito mais sério é a vida
A vida de ser feliz
Na felicidade de tanta gente
É que ser gente é bom demais
E ser amigo
É coisa séria...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1986
2689. REFLEXOS DE ILUSÃO PASSAGEIRA
QUE EGOÍSMO É ESTE QUE NÃO PERCEBES O OUTRO
QUE EGOÍSMO É ESTE QUE SABES DE TUDO
QUE EGOÍSMO É ESTE QUE NÃO ENTENDES O OUTRO
QUE EGOÍSMO É ESTE QUE NÃO TE COLOCAS NA PELE DO OUTRO
SÃO PERGUNTAS NÃO RESPOSTADAS
MINHA REFLEXÃO, MINHA ILUSÃO
MINHA PASSAGEM, MINHA ILUSÃO PASSAGEIRA
SEI DO QUE FAÇO
SEI DO MEU DESEJO
SEI DO QUE QUERO
SEI DO QUE NÃO QUERO
SEI DO QUE ESPERO
SEI DE ALGO E TU TAMBÉM
É FALTA DE RESPEITO
É FALTA DE CARÁTER
É FALTA DE TEMPO
O QUE É DE FATO
O QUE É DE FATO
SE É ILUSÃO
SE É PASSAGEIRA
SE NÃO SABEMOS DE NADA
SE SABEMOS DE TUDO
ENFIM, SOMOS DOIS BRINCANDO
DE COISA SÉRIA... CHEGA... FIM.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de novembro de1999
2690. REUNIR-SE
Estou em reunião
Traço os destinos
De cada um...
Determino o espaço
De alguém...
É este alguém que chora
E eu junto dele
Choro e sei que sempre
Precisamos nos reunir.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1099
2691. REVIRANDO O TEMPO
Tempo de vez em quando
Quando o tempo tem vez
A vez é do tempo que sem tempo
Não tem vez de vez em quando
E quando a vez do tempo chega
É porque chega o tempo de
Dizer adeus ao tempo do quando
Tem de se esperar para resolver
O tempo entre tantos tempos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1989
2692. QUEIJO DO REINO
quero – te
sempre menina, mulher
inteligente e gostosa
especial
sensivelmente
amada
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1983
2693. A PROVA DO CHEIRO PROIBIDO
Proibir, eis o mistério que ronda
Sorrir, eis o resultado que resta
Permitir, eis a situação que se mostra
Partir, eis o tempo que se contesta
É prova de cheiro, é cheiro proibido
É cheiro do outro, é cheiro ilusão
É prova do escondido, eis o mistério
É resultado permitido, eis a situação
É prova que se mostra, eis cada encontro
É encontro de dois, eis a condição
De ser feliz, de ser amado, de se entregar
Eis a prova desse cheiro proibido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1983
2694. SETEMBRO DEZOITO
O Homem e a Mulher
Encontraram o dia
Era dezoito
O mês era setembro
O primeiro encontro
Ambos tímidos
O início de uma etapa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1099
2695. NOVEMBRO VINTE E QUATRO
O Mês Novembro
O dia vinte e quatro
O segundo em cena
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1989
2696. DEZEMBRO DEZESSEIS
O Mês de dois que se foram
O tempo marcado
O tempo esperado
O local desejado
O amasso apertado
A sensação de sempre
Se querer muito mais...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1983
2697. DEZEMBRO VINTE E DOIS
O mês de dezembro
O ano não se sabe ao certo
Era o segundo no mesmo
Local do depois do primeiro
É saudade de sempre viver
Sempre esperar, eis a questão
Eis o motivo para se ter
Um grande amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1983
2698. O ANO ESTÁ INDO...
Senhores e Senhoras
Patrões e Patroas
O Ano está indo embora
Façam as suas preces
Façam os seus pedidos
É final de ano em cena
É cena de final
É começo de tudo
É tudo começo
É começo
É...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de dezembro de 1989
2699. QUANTA LÁGRIMAS CHORADAS PELO TEMPO
DE SER LIVRE DIANTE DE TODA LIBERDADE
Choro
Danço
Canto
Imploro
Sonho
Ataco
Luto
Controlo
Os meus impulsos
Os meus desejos
A minha vida
A minha amada
Minha mulher
Minha amante
Minha namorada
Meu amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1989
2700. POETA DE POESIA TANTA
Conheci um poeta
De gaveta em gaveta
Botava seus rabiscos
Queria publicar
Não achava editora
Queria ser independente
Tinha medo
Fazia poema como o nascer do sol
Todos os dias
Todas as luas
Um poeta louco
De loucura bonita
De semblante sensível
Era um poeta de tanta poesia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1989
2701. CIDADÃO CONSCIENTE
De cada
Sonho que
Sonhamos,
Educação
É o primeiro passo
Para realizarmos
Nosso sonho
Maior:
SER CIDADÃO CONSCIENTE.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de dezembro de 2009
2702. UM CARRO EM CENA...
Ele está ali
Tão distante
Tão próximo
Um carro em cena
Na cena do tempo
No tempo do nada
No nada de querer
Sem ter, sem ser
Eis a questão deste carro
Um sarro de todos
No todo ou nada
No nada de um todo
É o carro que carro
É carro que muitos querem
Poucos podem
Poucos são os que querem
Porque o sonho não chega a tanto
É um carro tanto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 1985
2704. SETEMBRO DAS FLORES
É mês de setembro
É flor que não se acaba
É amor que nem me lembro
É amor que o mundo se gaba...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de setembro de 1985
2705. DIGA QUE ME AMA...
Eu só quero ouvir de você
A frase mais linda do mundo
O mundo que cai em cima de mim
Em mim só cabe eu e você
É que quero que digas
Que me ama muito
Que me quer muito
Que me deseja muito
Que me tolera muito
Que me ama e sempre vai me amar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986
2706. ASSOLETRANDO TEU NOME
Chegou o momento
de assoletrar o teu nome
juntar nossas partes
e gritar o teu nome
com fé em Deus.
com fé em Jesus
com fé no Senhor
com fé na estrada
com fé no silêncio
com fé no teu passo
com fé na tua vida
com fé no teu nome
porque vou assoletrar
o teu nome
o teu nome
o teu
nome
nome...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 1994
2707. CADA COPO TRAGADO NA BOCA DO MALANDRO
É COPO DE AÇO NOS BEIÇOS DA PUTA AMADA
Ele bebeu
Ele fumou
Ele tragou
Ele sorriu
Ele gemeu
Ele falou
Ele cantou
Ele fugiu
Com um copo na mão, ele bebeu
Tragou a puta que malandragem
Beiçou o poeta que sacanagem
O copo era de aço que raparigagem
A boca da puta era vermelha que bobagem
A puta amada que paisagem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de setembro de 1999
2708. MORTO NA ESTRADA, VIVO NA VIDA
Na estrada a mais de cem
Ele morreu...
Na vida apenas nos oitenta
Ele viveu...
Hoje o riso deste homem
Trafega as estradas do sertão
E em cada carro que passa
Uma mão pede clemência
É que o homem morto de antigamente
Hoje está vivo, feliz da vida
Canta e dança, quando pode
Conta sua história, sua aventura
De morrer na estrada e ganhar a vida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de setembro de 1999
2709. E COMO PENSO...
Todo mundo que me conhece
Sabe que não sou de chorar
Sabe que sou forte
Enfrento até a morte
E sei como me comportar
E neste comportamento forçado
Surge uma mulher que me faz sorrir
E por mais que meu riso se entristeça
Eu amo, amo e nela penso, e como penso...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de setembro de 1999
2710. AS FLORES DE MAIO
Em maio o mês de trinta e um
Numa dessas datas, não me lembro qual
Você nasceu, você sonhou, você cresceu
E crescendo o meu amor também cresceu
E crescemos juntos, eu você, você e eu
E nada melhor do que flores
Flores para mostrar o amor que sinto por ti
O amor que sentes por mim
São flores, simbologia dos amores...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de setembro de 1999
2711. ÚLTIMO DIA...
Trinta e Um de Dezembro
Conhecido como o último mês do ano
Isso todos os anos, nada muda
O mesmo continua, nós não
Continuamos morrendo por dentro
Cada célula, cada tecido comprado
É o último que fica em cena...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de dezembro de 2009
2712. EM CASA...
O cunhado em cena
Na piscina faz a festa
Ouve um tal de Pety
Mergulha e quer ficar
Em casa é assim
As filhas amam o momento
As primas se divertem
A mulher nasce um riso no rosto
É só família materna
Os planos estão em casa
É primeiro de janeiro
O ano dois mil e dez
Em casa é assim
Em casa é assim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 2010
2713. AOS QUE PARTEM ESTRADA A FORA
Eles de posse de um carro
Tipo gol Volkswagen vão estrada a fora
O destino Teresina, capital do Piauí
Depois de ter passado mais de uma semana
Nas terras de nossa João Pessoa, capital da Paraíba
O queimar dos fogos, os abraços de final de ano
A saudade que fica, o cunhado que parte
As meninas que vão, a afilhada que chora
É o vai e vem da vida, nós também vamos lá
Em junho, no São João, na estrada percorrer
Lá se vai uma expectativa, aos que partem
Aos que ficam, esta é a vida, a história de vida
O esperar para depois de meia noite, já outro dia
Todos dormem, a mulher fica na espreita, saudades
Os banhos na piscina, a bebida tomada, a cerveja tragada
É a vida, um carro, uma estrada, um sono, um viajar
Uma ida e volta, uma volta e ida, uma espera...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de janeiro de 2010
2714. O PRIMO DE MARCON
Na roda o primo de Marcon, triste
Cabisbaixo sem nada entender,
Dar um trago e fica de cara,
O resto do povo, em silêncio se agita
É que o primo de Marcon, malandro procurado
Se meteu numa fria e fez a cabeça
E botou todo mundo em cana.
O primo de Marcon, malandro e safado
Não se definia do que procurava
E nesta procura pela coisa, foi coisado
Entrou em cana e abriu o bico:
- Eu sou primo de Marcon...
Aí o povo na roda, ligeiro entendeu,
Que o malandro era Marconheiro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de janeiro de 1990
2715. RENOVADOS JANEIRO
Eles passaram no teste
Elas passaram no teste
Ele aprovou a maioria
Ele aprovou João e Maria
Ele aprovou pelo coração
Ele aprovou pela dedicação.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de janeiro de 2009
2716. DESEJOS CONTEMPLADOS
Ela é um desejo
Ele a deseja
Ela o faz de desejo
Ele simplesmente a deseja
Ela deseja ele por inteiro
Ele a tem por completo
Ambos contemplam o sexo
Na cama, no mar, no rio
Onde houver lugar para o amor
Ela é um desejo
Ele a deseja...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de março de 1083
2717. SAUDADE, MEU BEM, SAUDADE
Saudade, meu bem, saudade
Diante de tanta saudade, diante
Do tempo no tempo de todos
Os tempos, de todas as saudades
Nesta saudade que sinto, diante
Do tempo no tempo que diante
Desta saudade, só saudade meu bem
Saudade são saudades, saudade diante
Do tempo que tenho, que diante
Desta saudade entre todas saudades
Nas saudades que hei de sentir
No sentimento de todas as saudades
Nas saudades que ainda busco em ti.
Bento Júnior
Conde-PB, 08 de janeiro de 2010
2718. SAUDADE DO MEU ETERNO AMOR
Meu eterno
Amor
Mora de lado
Do lado esquerdo
Do meu coração
Que se foi
E nunca mais voltou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1990
2719. SAUDADE DOS TEMPOS DE MENINO CHORÃO
Quando eu era criança
Chorava por nada fazer
Hoje, homem de barba
Na cara e no rosto safado
Guardo comigo as lembranças
Da feliz criança que fui
No solitário homem que hoje sou...
Bento Júnior
Conde-PB, 23 de março de 1990
2720. SAUDADE DO TEU NOME
Teu nome causa-me um soluçar
De quem nada teve, e se teve
Não se lembra, e se lembra
Não quer esquecer, e quando esquece
Lembra do nome, da distância
E do sonho de ser criança
Na criança feliz que fui
No nome mais lindo que meus
Olhos um dia avistou...
Bento Júnior
Conde-PB, 09 de setembro de 1987
2721. TANTO FAZ COMO TANTO FEZ
(Um grito de dor ao meu estado patético)
Tanto faz como tanto fez
Este é o ditado popular
Que tanto se ouve
Nas bocas malucas do meu coração
Nos gritos ardentes da minha canção
Na dor deprimida do meu sentimento
Na vida oculta do teu pensamento
O homem em si é pedaço de nada
No nada da vida que se despedaça
Nos sonhos benditos de sonho em praga
Da vista sensitiva de cada feição
E que todo momento se transforme em vinho
E que todo vinho seja mais que cachaça
Na cachaça perdida de uma Nação.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de novembro de 1989
2722. MORTO NOS CAMINHOS DO ENCONTRO
Estou morrendo e morrendo
Morro cada vez mais morrendo
Nos morros cadavéricos de cada morto
É que os mortos nos trazem o prazer
O prazer de morrer no mais eterno viver
É que viver desta maneira é morte
Na morte matada de cada matador
No matador que os mortos encaram
Nos túmulos quietos de cada coveiro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de novembro de 1989
2723. BAJULADOR DE NOVELEIRO
Ele bajula e como bajulador
Ele encabula
E como encabulador
Ele derruba
E como derrubador
Ele de tudo um pouco entende
E neste entendimento de nada entender
Ele se pabula
E como pabulador ele descreve
A cena de todas as novelas
Se acha ator e diretor
E nesta dicotomia da arte
Ele vive de bajulações
E das bajulações vividas
Ele se permite a ligar sua televisão
Viver o personagem de cada novela
E ser noveleiro de carteira em punho
E nos punhos fechados de sua vida
Ele reclama, ele se debate, ele ri da desgraça
Ele chora do riso, ele é um espetáculo de homem
Vivendo outros espetáculos, ele é ator
Ele é diretor, ele é telespectador
De tanto perder, de tanto conhecer
Ele não conhece nada, nada ele conhece
Troca nomes, troca títulos, troca novelas
Ele é um bajulador, ele é um assassino
De todas as gramáticas, de todas as línguas
De todas as falações, de todas as mulheres
Que enchem a sua vida de olhos vidrados
Que enchem a sua vida de sonhos
Ele é um sonhador, vive cada cena
Repete todas as cenas
Bajula quem assiste novela
Se diz noveleiro
Se diz o primeiro
A ligar o rádio
A ter a novela
Televisão na sua casa não pode faltar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de novembro de 1989
2724. TENHO VONTADE ÀS VEZES DE CHORAR
(Um choro reclamando da falta de aconchego)
Tenho vontade imensa de chorar
Meu choro chorado, cansado
Chorando de nada poder fazer
Meu choro rebelde, feliz quando te ver
Meu choro suado, perdido, chora
Ao ver que o outro te tem por inteiro
Eu só que fosses a pessoa que eu gostaria que fosse
Livre, desimpedida, solta na vida, liberdade vigiada
Por mim, por mim e mais ninguém...
Tenho vontade, tantas vezes de chorar
Tenho vontade diversas vezes de chorar
Meu pranto faz dó quando tu chegas
Quando tu me abraças, quando tu choras
Um choro calado de quem nada quer...
Tenho vontade, uma vontade tão grande
De ser livre, de lutar pelo amor que tenho
De deixar tudo de lado, ir ao teu encontro
E dizer que tenho vontade de não mais chorar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de novembro de 1989
2725. TENHO VONTADE DE FUGIR DESTE TEMPO
Às vezes no meio do nada e se sentindo um nada
Nada importa ao nada que nos resta,
Porque o nada em mim, nada na piscina do nada
E nada encontrando, busca o nada nos nadas que tenho.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de novembro de 1989
2726. BATE NO PEITO UMA SAUDADE DANADA DE BOA
Amigo
Amiga
Vocês dois...
Ouçam o que tenho neste instante
É que não sei como iniciar. Tudo bem...
Vou tentar explicar, mas que explicação
Que nada, é isso, nada de explicação...
Sabe o que é, é uma saudade, uma saudade,
Mais tão grande que invade toda minha noite
E entra comigo para dormir, é, ela quer dormir comigo
Isso... Ela quer e como quer dormir comigo.
Amigo e amiga, deu para entender o que quero dizer,
Pois é, nem mesmo eu sei o que quero nesta noite
Em que estou noite adentro e nada sei do quero
Só sei que me chega um sono mais maior do que
Toda a saudade que bate em meu peito.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de novembro de 1997
2727. FARÓIS MOTORIZADOS
faróis emplacados
adentram lugares
de apitos esburacados
e travessias
e vias
aceleram direções
no volante as emoções
quatro rodas
todas as bodas
sob faróis iluminados
em cada buzina
na bancada a sina
de todos os povos motorizados
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 2010
2728. UM SAMBA DA COR DA PELE DELA
Samba, oh samba
Canta um samba pra mim
Oh samba, canta um samba Brasil
Do povo que mora em riba
Dos morros cariocas da vida
Oh samba, que samba tu cantas pra mim
Se os sambas que cantam pra mim
São sambas de saudades no peito
E dói meu coração estufado de dor
Nas dores tantas de sambas em vida
Oh vida, que vida são sambas pra mim
Na calada da noite ou na aurora do dia
Se sambas são sambas e cantam pra mim
Cantem samba e que sambas são todos pra mim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 1987
2729. FALSO ERRANTE
Vive-se um dia num dia de tantos dias
E não se sabe ao certo as questões latentes de todas as alegrias.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1980
2730. PASTOR SUECO
Um cachorro vira-lata
Desse que late e quando late
Baba e babando morde gente
Gente que passa e que fica
Gente que vai pro trabalho
Gente que vem do trabalho
Um pastor sueco
Que se passa por cachorro
Um vira-lata em pessoa
Europeu e mau caráter
Prega na igreja em frente de casa
E para encurtar este poema
Ele vive com a mulher que eu mais amei.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de janeiro de 1987
2731. VELOCIDADE...
Ser veloz
É tudo que se quer
Quando o assunto é carro
É tudo que se quer
E na direção do tempo
É tudo que se vê
Um vento que paira
No olho esquerdo de quem dirige
E na direção do dia
É tudo que se quer
Um tempo nublado
Nos limpadores velozes
É tudo que se tem
Na velocidade cronometrada
De freios e aceleradores
Oh que saudade de todos os amores
Na distância cantada nas músicas do vento
É tudo que se quer
A suavidade da brisa nos faróis
Que brilham estradas
Atrapalhando pedestres
É tudo que não se quer
Ser veloz.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de julho de 2008
2732. QUE BELA ESCOLA!
Dedicado para a nossa querida escola Raimundo Nonato
Que bela escola
Que belo lugar
Que lugar que nos consola
Que consolo pra se ficar
É esta escola querida
Amada e desejada
Linda e assumida
Raimundo de nossa caminhada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de novembro de 2009
2733. A RIMA QUE NÃO SE QUER...
Eu vou rimar e vou vê o que vai dar
Vou rimar tristeza com presteza
E vou vê o que vai dar
Vou rimar vida com despedida
Felicidade com bondade
E vou vê o que vai dar
Vou rimar floresta com festa
Apaixonado com abandonado
E vou vê o que vai dar
Se eu rimar vida com vida
Vai dar vida e bem merecida
E se eu rimar morte com sorte
Fique sabendo que ninguém tá morrendo
E vou vê o que vai dar
Vou rimar viver com prazer
Fazer sexo muitas vezes sem nexo
E vou vê o que vai dar
Se eu rimar novo com povo
Gente com detergente
Criança com esperança
Animal com coisa normal
E se eu rimar poesia e alegria
Poema escrito à pena
Lugar com o belo mar
Rimar lua com mulher nua
Não presta, meu amor detesta
Falar da cadela sem falar dela
E vou vê o que vai dar
A rima é coisa séria e não essa de miséria
E se eu rimar assunto com presunto
É comida bem protegida
Come-se e ao mesmo tempo some-se
E vou vê o que vai dar
Se eu rimar amigo com abrigo
Espera com esfera
Carinho com colinho
Genitora com protetora
Pai nosso com tudo eu posso
Eu vou vê o que vai dar
E se eu rimar futebol com arroz e pó
Fluminense com Campinense
João Pessoa com Cidade Boa
Melhor lugar com pôr do sol e mar
Meu amor com alegria e dor
Filho com orgulho e brilho
Morada com telha molhada
Vou vê o que vai dar
Vou rimar tesão com paixão
E vou vê o que vai dar
Vou rimar missa com preguiça
Calejado com um dia trabalhado
Rima é coisa séria e nada de pilhéria
Se eu rimar terminar com acabar
O que escrevo com literário acervo
Eu vou vê o que vai dar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2734. TRISTE DOS QUE SABEM...
Saber é bom
A gente enche o peito e grita
A gente faz de conta que sabe
A gente faz de conta que entende
Se não entende faz de conta
Se faz de conta às vezes entende
O bom era nada saber e sabe
Por que penso desta maneira?
Tristes dos homens que sabem algo
Algo que sabem é algo para lá de triste.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2735. OS VERMES QUE ANDAM POR CIMA DA TERRA
Sois verme que espreita o silêncio da humanidade
E no silêncio da espera se torna verme
Verme que sacia carne morta
Morta de tédio nos desejos ocultos de morrer
E por cima da terra o verme vagueia
Um vagar triste de quem nada entende
E quando entende a humanidade é burra
Por ser tão burra que chora de prazer pela carne do chão
No chão de tantos enterrados
No chão de tantos que choram
Um choro de verme nos vermes cansados
De nossa ingratidão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2736. BAIANO BESTA BOM
Passou um baiano por mim
Cabisbaixo e triste
E como todo baiano triste
Ele sorria de tristeza nos lábios
Foi besta por perder o seu amor primeiro
Zombavam os amigos todas as tardes
Zombavam os inimigos quando podiam
Era um baiano bom de bola
Que bola deixara de jogar
Porque seu jogo sempre foi ser besta
Foi besta até demais
E morreu sendo besta porque os bestas
Fizeram o pobre do baiano
Um besta bom...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2737. BELO PIRRALHO
Um pirralho lindo e cretino
Pousou suas unhas na casa ao lado
Viveu dos dois aos vinte e dois
Deu um golpe e golpeou seu ego
Foi pirralho no antes
E hoje este pirralho belo é saudade, só saudade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2738. SOFRO POR NADA SABER...
Sofro por nada saber
E se de nada sei
Por que me cobram o saber?
Sou um sofredor na vida
E na vida sendo sofredor
Por que me cobram vitórias?
Sou um pensador torto
E sendo um pensador torto
Por que me cobram posturas?
Sofro por nada saber
E de nada sabendo
E de nada entendendo
E de nada querendo saber
E de nada querendo perder
Por que me cobram o querer?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2739. SOU SOLDADO E TENHO HONRA
Sou soldado e tenho honra
Nunca fui à guerra
Nunca subi serra
Nunca enfrentei uma cela
Uso farda engomada
Sou patriota, morro de amores por ela
Sou soldado e tenho honra
Nunca fui a um sepultamento
Nunca montei cavalo e nem jumento
Nunca usei mansidão em dado momento
Uso logomarca e gosto do que faço
Sou cidadão de bem, morro de amores pelo sofrimento.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2740. SEM CONDIÇÕES...
Sem condições
Sem nada
Sem emoções
Sem farda
Com condições
Com tudo
Como emoção
Sem o meu surdo
Sem nada tocar
Sem nada poder ganhar
Sem até deixar de amar
Sem poder viver e atuar
Sem condições de ser feliz
Sem condições de ser aprendiz
Sem condições de ter o que quis
Sem condições de vê-la enquanto atriz
Sem condições de perder o que ganhei
Sem condições de ganhar o que sonhei
Sem condições de querer o que deixei
Sem condições de sorrir pelo que pequei
Sem condições de fazer o que quero
Sem condições de viver o que espero
Sem condições de ser assim tão sincero
Sem condições de lutar porque nunca lutei
Sem condições
Sem condições
Sem condições
A vida é assim sem condições
O riso é assim sem condições
Sem condições é assim que me encontro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2741. AMAR, ASSIM COMO EU AMEI...
Amar, assim como eu amei
De todas as vidas, nas vidas vividas
Amar assim como em tudo
Assim, assim amar mesmo assim
Assim como eu amei
De todas as formas
De todos os vícios
Amar, assim como eu amei...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2742. VÍCIOS DE DROGARIAS
Ele bebe um gole de coca
E na coca ele põe cachaça
É dor de cabeça
E faz cabeça
Toma comprimido
Diz que fica doidão
E quem passa por ele
Ele pega e tome dedão
É um cabra bom quando está bom
Quando se droga é um cabra safado
E tantas algemas já o levaram
Às celas que sempre esperam
O bêbado, o amigo, o cachaceiro
Falta de conselho não é, ele é demais
Bebe todas, se droga, mas mesmo assim
Acredito que ele seja um homem bom...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2743. MULHER BAIXA...
A boca vermelha de ódio
Odeia todos que por ela passa
Odeia o mundo que dele faz parte
É uma mulher baixa, de baixa estatura
Usa vermelho nos lábios, não é batom
Usa saia justa, não é prostituta
É uma mulher baixa, usa calcinha
Às vezes esquece, esquecê-la
É tudo que ela mais quer
É uma mulher de meio metro
Que faz sucesso pelo tamanho
Da vida que ela aguenta.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2744. SEM VÍCIOS...
O menino criado pelo avô
Não adquiro vícios, bebia
Mas nunca foi de dar trabalho
O menino criado pela avó
Nunca deu trabalho
Cantarolava pelos cantos
Brincava de cobra cega
Amava os avós
Eis que numa tarde chuvosa
Devido a quantidade de chuva
O menino morreu, e até hoje
Se ouve os gemidos deste menino
Nas encruzilhadas da curva
De nossa boa esperança.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2745. SORRISO TEM QUEM RI DA VIDA...
Sorriso a mulher dar
Sorriso o homem dar
Sorriso a menina dar
Sorriso o menino dar
Sorriso a anciã dar
Sorriso o ancião dar
Sorriso a vida dar
Sorriso vivendo se dar
Sorriso morrendo se dar
Sorriso no rosto é alegria
Sorriso no rosto é tristeza
Sorriso a humanidade dar
Sorriso o povo da guerra dar
Sorriso a luta é para vencer
Sorriso o rendimento para perder
Sorriso nunca se pode vender
Sorriso nunca se pode obter
Sorriso é pleno e único
Sorriso é da gente
Sorri é do povo
No sorriso da vida
A vida dar riso do sorriso que sempre deu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2746. SEM CHANCE...
O HOMEM tão sem vida não quis ter chance
Pulou do décimo andar e se livrou da peste
A peste da gota serena do istopô balaio
Sem chance de falar corretamente
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2747. CAPRICHADO NO TRAJE DE GALA
Capricha, meu amor, capricha
Capricha no meu traje de gala
Que hoje a noite vai ser de nós dois
Eu e tu, tu e eu, nós dois, o amor dentro da gente
Capricha nesta roupa que engomas
Capricha no teu cabelos que puxas
Capricha no amor que tenho por ti
Capricha na noite que nos espera
É um samba de roda, na roda viva da gente
Capricha nas lembranças que comigo guardarei.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2748. CHEGOU AO FINAL
Chegou o dia em que ela não veio
E eis comigo a resposta na ponta da língua
Ela não veio porque chegou o final
O final de tudo, o final de nós dois
Uma bomba explodiu no terreiro de nossas esperanças
O final chegou, chegou o final de tudo
Tudo que tinha em mim, estavas contigo
Chegou, chegou
O final
O final.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2749. COISANDO...
Um homem
Uma mulher
Coisando não sei bem o quê
Só sei que a mulher coisava
Nas coisas do homem
E o homem com as coisas guardadas
Tinha medo das coisas serem descobertas
Era uma tal de coisa sobre coisa
Coisando a vida do pobre coitado
Que sua mulher vivia coisando
Nas coisas do tempo
Nas coisas do medo
Um homem e uma mulher coisando
Nas tantas coisas que as coisas nos dão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2750. ELA CHEGOU...
Quarta-Feira, chegou ela
Ela chegou no vermelho da vida
Em Silêncio chegou
Aliviou meus ânimos
Minha vida
Minhas esperanças
Minhas vontades
Meus desejos
Chegou como nada quer
A alegria de ser mulher
No mais terno amor
Ela chegou
Sorrindo
Me deixou
Partiu, sorrindo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1990
2751. CAFÉ PÓS ALMOÇO
Um cafezinho pequeno
Um café grande
Não importa o tamanho
De manhã
De tarde
De noite
Pelo dia todo
Um café faz bem
Aos olhos
À alma
À vida de quem bebe
Um café pequeno
Eis o meu vício.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1990
2752. CAFÉ NAS TARDES INTERIORANAS
Café depois de uma andança a cavalo
Pelos sítios dos compadres e comadres
Pelas festas que se vai
Pelos rios que nos corta
Um café em cada casa
No sol quente escaldante
Na chuva que molha o chão
No clima frio das noites interioranas
Um café que enche a boca
Ah que saudades, tomar café
Nas tardes interioranas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1990
2753. SUA INVEJA É A VELOCIDADE DO MEU SUCESSO
Sua inveja que não é sua
Sua vontade que não é sua
Sua vida que não é sua
Sua casa que não é sua
Sua palavra que não é sua
Eis o ditado popular
Estampado na para-choque
Sua inveja é a velocidade do meu sucesso
Quanto mais o cara sente inveja
Mais o invejado se distancia...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1990
2754. É CADA UM QUE CHEGA POR AQUI...
Falou comigo?
Não!
Ohhhhhhhhhhhhhh
É cada um que chega por aqui
Que a gente nem se percebe
Chega e logo quer ficar
É um tal de gente de todo lugar
De todo lugar quer ficar
E quando fica já se sente dono
É um dono de nada
É um dono sem nada saber...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 2008
2755. CHEGOU O GRANDE
Grita o homem e a mulher
Os dois gritam noite adentro
Chegou o grande o grande chegou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989
2756. COISAS QUE NUNCA SAEM DE NOSSAS CABEÇAS
Tive tantos amores que nunca saíram da minha cabeça
Sei que foram amores poucos
Até porque selecionei todos os amores
E sei que eles também me selecionaram
É um jogo de interesse de todos os amores
Mas uma coisa fica cravada na memória
De quem sempre amou e de quem sempre sonhou
É um sonho que invade todo o ser e penetra na medula
Faz o cidadão sentir-se jovem e como jovem
As noites sexuais são eternas orgias em todos os amores.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1990
2757. ELA SIMPLESMENTE ME AMA
Ela
Simplesmente
Me ama
Em todos os sentidos
Em todos os argumentos
E não tem quem dela me separe
É um amor de gente
Desta que a gente se apaixona
É uma cachorra vira-lata
Veio em casa ficar
Late e cada latido que dar
É uma forma de amar
Eu e minha cachorra.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de março de 1985
2758. CAFEZINHO...
Um cafezinho eu quero
Quero e com pouca açúcar
Não quero adoçante
Quero açúcar e da boa
Neste cafezinho bem brasileiro
Que tomo todos os dia
Um cafezinho dado
Um cafezinho pago
Por favor não se esqueçam
De botar o meu cafezinho...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1990
2759. CLIMA TENSO LÁ EM CASA...
Trouxeram um casal de peru
Para morar lá em casa
O clima ficou tenso
A perua não quer se separar do peru
O peru precisa ir pra faca
A perua chora todo dia
Minha vó tão humana que é
Resolveu matar o pato.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1986
2760. ASSALTO DE BANCO
Um assalto de banco existiu
Quando a polícia era pouca
Hoje o banco é assaltado
O moleque pula de lado
As munições são tantas
Morrem santos e santas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1987
2761. O SORRISO ESTAMPADO DESTA MULHER
Eu amo
Eu amo esta mulher
Eu amo
Em todos os sentidos
Eu amo
Seu jeito de dar um riso
Seu riso sem nada dar
É face na face de tanta alegria
É uma mulher que amo
Um amor para lá de riso
Um riso estampado no rosto da gente
É ela a mulher que faz dos meus olhos
O riso célere de brilhar na luz dos olhos dela.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de fevereiro de 1990
2762. FILHAS AMADAS DA MINHA VIDA...
Dedicado para Carolina, Camila e Catarina (Minhas Filhas)
Eu tenho três meninas
Poesias de Zé da Luz
As Frô de Puxinanã
As meninas da minha vida
As filhas que Deus me deu
Lindas, maravilhosas, um flor de gente
Fruto do amor a quatro
Nasceu uma
Nasceu outra
Nasceu outra
Três mulheres, filhas benditas
Mulher geratriz
Três mulheres em cena
Não é teatro, é real
Três: pai, filho e espírito santo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de junho de 2005
2763. FALA DE MULHER...
A mulher fala
A mulher reclama
A mulher se cala
A mulher se proclama
A mulher é mala
A mulher é fama
A mulher anda de opala
A mulher não bate nem a pestana
A mulher é de sala
A mulher é da lama
A mulher é sempre ala
A mulher é de quem emana
A mulher fala
A mulher não se cala
A mulher é mala
A mulher anda de opala
A mulher reclama
A mulher proclama
A mulher é que tem fama
A mulher às vezes não bate nem as pestana
A mulher jamais vive na lama
A mulher é quem nos engana
A mulher é de quem chama
A mulher é quem conquista na cama...
Bento Júnior
João Pessoa-PB , 12 de dezembro de 1987
2764. ESTOU PUTO E NÃO SEI ME REFAZER
Estou puto
Não sei me refazer
Estou de luto
Sem ninguém morrer
Morreu meu eu
Mesmo estando vivo
Morreu meu lado ativo
Mesmo não sendo eu
Estou de luto
Às vezes puto
Estou morto
Acorda, seu escroto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB , 05 de dezembro de 1998
2765. CLUBE DA PAIXÃO ETERNA
Lá no clube da esquina bar
Um apaixonado escreve cartas de amor
A quem endereçar, não importa
O que importa é bater a porta de qualquer uma
Lançar o olhar e dizer: Ficas comigo, mesmo morta!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1984
2766. MEU PÉ DE CAJU
Meu pé de caju
Flores e frutos
O caju que faz suco
O caju que faz doce
É doce de caju
É suco de caju
E haja caju neste mundo
Tome vizinho
Tome compadre
Caju para você
Caju para a senhora
Caju de toda espécie
O que cura ferida
É bom para cicatrizar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de julho de 2004
2767. ESPERANDO O TREM QUE NÃO VEM...
Esperando, esperando
O trem, o trem
Que não vem, que não vem
Lá vem o trem, que mentira
O trem não vem, o trem não vem
Vemmmmmmmmmmmmmmmmm
Nãooooooooooooooooooooooooooo
Cadê o trem que não vem?
Esperando, esperando
O trem, o trem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB , 22 de junho de 1982
2768. SILÊNCIO PARA O QUE SE QUER DIZER...
Silêncio amigo
Preste muito a atenção
Não fale antes de pensar
Pense no que vai falar
Faça silêncio
E conte até dez
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Pensou
Falou
Silêncio antes de abrir a boca
Silêncio.
Bento Júnior
João Pessoa-PB , 25 de maio de 1983
2769. AMAR-TE SEMPRE ASSIM...
Serei a primeira a saber
Serei a primeira em tudo
Serei eternamente amada
Serei eternamente cortejada
Te amareis e tu me amarás
Por cima de tudo
De tudo em cima
De tudo em cima
Eu cima de tu
E tu em cima de mim
É assim que te amo
É assim que te quero
É assim que te espero
É assim que a cada posição
Nunca, nunca reclamo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de julho de 2003
2770. SIGA-ME COMO UM PÁSSARO VADIO
Sigo-te em toda ocasião
Sigo-te em toda direção
Sigo-te como eterna opção
Sigo-te pela magia do meu coração
Seguindo-te ei de conseguir
O mais puro e belo amor
É que sou sempre confuso
E na confusão eis que me contento
Me contento com alegria e dor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de maio de 1999
2771. NOSSOS PECADOS
Sou pecador
Tu és pecadora
Nós somos pecadores
Eles são pecadores
E no pecado deu e tu
Somos eternos pecadores
Vamos à missa
Pecamos
Voltamos da missa
Transamos
Somos eternos e procriadores
Pecadores...
Bento Júnior
João Pessoa-PB , 12 de dezembro de 1977
2772. CANTO CANTIGA PARA DORMIR
Canto meu canto triste
Quando durmo e me acordo
Canto para espantar minha raiva
No acordar e no dormir
Sou um cantador de rede em balanço
Canto cantiga para dormir.
Bento Júnior
João Pessoa - PB, 28 de dezembro de 1999
2773. MÚSICAS DE CARRO
O som do carro está ligado
Uma música estranha invade
Os ouvidos, a mente e o coração
É que um tal de axé está em todo canto
Axé para todo lado, funk para outro lado
Cadê os boleros, as valsas?
A música brasileira pede passagem
Desligue este som
Eu quero ouvir o barulho do carro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de dezembro de 1999
2774. VISTAM-SE DE JEANS
Uma menina
Duas meninas
Três meninas
Todas de jeans
Passeiam pela casa
Vão ao cinema
Vão ao shopping
E tome jeans
É a moda que vem de antes
Viva o jeans
Usem trinta dias
Depois se quiser
Pode lavar o jeans.
Bento Júnior
João Pessoa-PB , 01 de abril de 1981
2775. REDE DE TRAVE
Dedicado para um goleiro frangueiro
Lá vem a bola goleiro, olha o gol
Olha o gol goleiro, vivaaaaaaaaa
A rede da trave é grande demais
Faz-se necessário dois goleiros
Para livra a trave do gol
Olha o gol, goleiros.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 1982
2776. OS MONSTROS DO FUNDO DO RIO
Os monstros são monstros
E como monstros que são
Eles saem da água do rio
E destas águas santas
Caminham em direção às casas
Assustam crianças e velhos
Velhos e crianças
E não há quem resiste
Aos monstros do fundo do rio
Eles moram na rua de baixo
Eles moram na rua de cima
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de outubro de 2010
2777. QUERO SEXO
Ela entra e vai
Tirando peça por peça
Ele fica a observar
O corpo escultural
Ela dar um riso
Como quem nada quer
Ele apenas quer...
Bento Júnior
João Pessoa - PB, 29 de dezembro de 1985
2778. QUEDA DE COQUEIRO
Ele subiu no pé de coqueiro e caiu
Caiu uma queda tão grande
Que a grandeza da queda foi filmada
Hoje, meus senhores e senhoras
Estamos velando o corpo
Do gato trepador...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de dezembro de 1997
2779. FILHAS DIVINAS
Dedicado para Carolina, Camila E Catarina (Minhas Filhas)
Três princesas
Vieram habitar no rio das minhas paixões
Estraçalhou todo o meu compartimento de homem
Invadiu todas as minhas histórias
Estas três meninas divinas
São filhas adoradas que Deus me deu...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de julho de 2004
2780. PARAÍBA, TERRA ABENÇOADA
Paraíba
De tantas histórias
Paraíba de tantas guerras
Paraíba de tanto massacre
Paraíba terra adorada
Paraíba meu amor
Estou aqui, cheguei e vou ficar
Paraíba de tanta arte
Um poeta mora em ti...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de abril de 1999
2781. SAMBANDO NUM DOMINGO DE CHUVA
Fora de casa o povo vai à rua e samba
É domingo, não tem sol, chove forte
O povo não quer nem saber, é carnaval
É água que não se acaba mais
Chove chuva, chove e não quer parar
Samba povo, samba bonito que o carnaval
Apenas está começando...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de fevereiro de 1983
2782. PENSO NO QUE PODE ACONTECER...
Penso
Penso
E de tanto pensar
Volto a pensar
É um pensamento aqui
Outro pensamento ali
Penso nela, penso nela
No riso estampado do rosto dela
Penso nesta pessoa
Ao chegar, ao dormir, ao levantar
Ao sair e ao voltar a minha vida...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de janeiro de 1979
2783. RESPOSTA URGENTE
Quero uma resposta urgente
Uma urgência para o nosso amor
Você de branco representa um em mim
Eu sou dois em ti, meu grande amor
Sou feliz e rezo por você
És plenitude em mim, sou louco
Quero uma resposta urgente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de julho de 1999
2784. CANTOR DE MEIA TIGELA
Fui a um show ontem a noite
Para ouvir umas baboseiras de um cantor qualquer
Ele cantava e as meninas dançavam
Era um cantor de meia tigela
Que me deixou puto da vida
Sua voz cansada de nada saber
Cantou até de madrugada, oh que tristeza
Adeus, adeus, és cantor de meia tigela.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de janeiro de 2010
2785. DE TODAS AS VIRTUDES
Dedicado para o amor tão distante em mim
De todas as virtudes
De todas as chances
De todas as manhas
De todas as atitudes
De todas as palavras
De todas as mulheres, os lances
De todas as virtudes, as calmas
De todas as maldições, as chances
De todas as chances, o bater das palmas
De todas as palmas, as virtudes
De todas as virtudes, a paz que nos acalma.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de janeiro de 2010
2786. POEMA CATARINENSE
Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)
Você é minha filha, linda
Você é o meu amor, fraterno
Você é minha amada, tão terna
Você é minha vida, tão filha
Você é o meu encanto, tão meiga
Você é o riso que tenho, tão risonho
Você é a minha filha linda
Você é o meu amor fraterno
Você é a minha amada
Você é a minha vida
Você é o meu encanto
Você é toda a minha meiguice
Você é o riso que dou e nada cobro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de janeiro de 2010
2787. ESPERANDO O TEMPO
Esperando o tempo dado
Esperando o tempo esperado
Esperando o tempo marcado
Esperando o tempo mudado
Esperando o tempo louvado
Esperando o tempo como soldado
Esperando o tempo enrugado
Esperando o tempo esperado
Esperando o tempo passado
Esperando o tempo pisado
Esperando o tempo quebrado
Esperando o tempo consagrado
Esperando o tempo como pecado
Esperando o tempo do homem amado
Esperando o tempo cansado
Esperando o tempo calado
Esperando o tempo achatado
Esperando o tempo atrasado
Esperando o tempo entrevado
Esperando o tempo podado
Esperando o tempo engraçado
Esperando o tempo enfaixado
Esperando o tempo pelado
Esperando o tempo amordaçado
Esperando o tempo como um namorado
Esperando o tempo que nunca foi dado
Esperando o tempo que nunca foi esperado
Esperando o tempo que nunca foi marcado
Esperando o tempo no tempo de ser errado
Esperando o tempo neste tempo contado
Esperando o tempo e vendo se sou contemplado
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de janeiro de 2010
2788. PRIMEIROS DIAS
Os primeiros dias
São eternas alegrias
Os primeiros dias
São passagens para o amor
Os primeiros dias
São fluxos de prazer e paixão
Os primeiros dias
Oh, como eu queria
Voltar ao tempo
Dos primeiros dias...
Bento Júnior
João Pessoa-PB , 28 de agosto de 1998
2789. VERSOS DE SAUDADE PELO OLHAR DELA
Dedicado para o amor ausente
Ela se foi
Não deu um riso
Ficou em silêncio
Abriu a porta e se mandou
Não sei o que ela queria falar
Não sei e fiz por onde nada saber
Ela de saudade não quis ficar
Ele metido a orgulhoso quis enfrentar
A saudade que bate no peito do poeta
É maior do que qualquer ausência
Que nunca bate na porta
Do amor daquela mulher...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1991
2790. MENINAS SOBRINHAS
Dedicado para Gizely, Graziely, Itamara e Ingrid
Tão pequenas, tão lindas
Filhas de irmãos meus
Quero vê-las, ainda
Com Fé em Deus
Amáveis e adoradas
Sorridentes e inteligentes
São minhas sobrinhas
Flores de meninas
Alegrias minhas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de janeiro de 2010
2791. MENINA PELADA
Bebi cachaça da boa
Provei mel de engenho do bom
Senti o cheiro do mato que cheira
Amei o amor primeiro que me chegou
Fui feliz enquanto o amor durou
Minha vida é laço de fita que se desmancha
A vida que tenho
Não chega de perto
A vida de outrora que eu tinha...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de dezembro de 1981
2792. TRÊS MOMENTOS
Primeiro ela chega e se manda
Depois ela chega e quer ficar
Logo em seguida ela chora
Entre o chegar e o ficar
Ela chora por não querer chorar
E entre o choro por nada saber
Ela chama o poeta e quer ficar
E neste fica, fica o poeta chora
Ela vai embora, não quer mais ficar
O poeta se desespera
E neste desesperar, ela espera
O poeta para se reconciliar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1984
2793. TEU POETA PUTO
Chora poeta puto
Chora e não queira ficar
Chora poeta é luto
A mulher que se foi
Te deixa puto
É que ela morreu
Veste preto poeta
Chora, chora
Pelo amor que sentes por ela...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de janeiro de 2010
2794. UMA PAUSA
Tecle meu nome
Delete meu nome
Ouça meu nome
Chame meu nome
Grite meu nome
Fale do meu nome
Pense no meu nome
Sinta o meu nome
Coloque o som nas alturas
E cante o meu nome...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de fevereiro de 2010
2795. POEMA POUCO
Um pequeno poema
Um poema pequeno
Pequeno deve ser este poema
Só quero se for pequeno
Um poema pequeno
Mais do que pequeno...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de maio de 1981
2796. UM PAI
Todo mundo queria um pai
Um pai todo mundo queria ter
E neste querer de querer
Ter um pai ou ter um pai
Assim se foi o pai
Porque não teve filho no mundo
Que aturasse o tal pai que ficou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de março de 1998
2797. PASSADO PARA TRÁS
Ele a convidou
E neste convite tinha flores
E nestas flores, espinhos
E nestes espinhos, amores
No entanto, entre tantos
O poeta foi passado para trás...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 2000
2798. VERMELHO QUE SANGRA
Está sangrando
Como o vermelho que sangra
O sangue de todos os vampiros
Os vampiros que não têm sangue
O sangue da raça humana
A raça humana não tem sangue
E neste sangue por nada ter sangue
Mora um vampiro que usa vermelho...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de abril de 2000
2799. DIA DA PUTARIA
É dia de putaria
A putaria está chegando
Está chegando e quer ficar
Chegou e quis viver
É putaria dali e daqui também
Hoje é o dia, o dia da putaria
E que viva a putaria no mundo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de março de 1983
2800. INDIFERENÇA NO ENCONTRO
Dedicado para uma mulher que marca
Ela chega
Encosta seus olhos em mim
Fica na porta, não sai
Espera a chegada
Não chego
Ela vai embora
A indiferença é grande
Grande é a tristeza do poeta
Porque sua musa, musa em transe
Não consegue enxergar e sofre
Sofre pelo amor impossível
Das indiferenças, indiferenças
De um novo dia, o dia de percebê-la.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de janeiro de 2010
2801. VITÓRIA PRA CIMA DO AMERICANO
O americano, coitado, perdeu o jogo
O jogo que ele estava ganhando
Um ganho de tantos dinheiros
É que o americano, judeu, não gosta de perder
E neste jogo de perdas e danos
Venceu o brasileiro, o placar se perde de vista
É bom nem lembrar... Brasil campeão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de outubro de 1985
2802. POESIA PARA O CACHORRO MAX
O cachorro late
A cachorra tem cio
O cachorro bate
A cachorra dá arrepio
Assim vive o Max nas alturas
Batendo e latindo
Cantando e sorrindo
Late cachorro Max
Tem proveito no cio, cachorro Max
Esta poesia fiz para você
É você meu cachorro
Que tudo que ver que na boca botar
Late cachorro...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 2010
2803. DOIS ANOS DE ESPERA
O tempo está passando
E com ele a tempestade chega
O povo não enxerga
Que dois anos são longos
Anos de espera...
Bento Júnior
João Pessoa-PB - 12 de julho de 1999
2804. SESSENTA SEGUNDOS
Foi dada a largada
O tempo: sessenta segundos
Teve vencedor? Não.
Teve derrotado? Não.
Já se passaram sessenta segundos
É sessenta segundos de angústia
Desespero e agonia...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de janeiro de 2000
2805. MANTENDO A FÚRIA
Ele está furioso
Porque o tempo está se acabando
Ele está furioso
Porque o tempo está terminando
Ele está furioso
Porque o tempo está findando
Ele está furioso
Porque o tempo está cessando
Ele está furioso
Porque o tempo está se acabando...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de janeiro de 1999
2806. RECORDAÇÕES DE MENINO CHORÃO
O MENINO está chorando
Levaram o seu pirulito
E ninguém sabe quem foi
Se foi homem
Se foi mulher
Só se sabe ao certo
São recordações de menino
A percorrer os caminhos
Os caminhos do meu choro...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de fevereiro de 1986
2807. ARTE DE MOLEQUE
O moleque quer fazer arte
Dê um tamborete ao moleque
Que ele quer fazer arte
A arte do moleque é quebrar tudo
Tudo que vê pela frente
O moleque está fazendo arte
A arte de ser feliz
Pois o dando quebrou o tamborete.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de outubro de 1985
2808. O MUNDO DO MOLEQUE
O mundo está igual a um moleque
Sem respeito e sem história
É que o moleque quebrava tudo
E continua tudo quebrar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de novembro de 1982
2809. ANJO MOLEQUE
Subiu aos céus
Um anjo bonito e sarado
Um loque levado
Sapeca e cretino
Amado por todos
Odiado por poucos
Um moleque da cara de anjo
Vivia com asa
A voar pela vida
Moleque assanhado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de abril de 1980
2810. MAIS UMA VEZ EU QUERO
Dedicado para aquele amor
Mais uma vez espero
Mais uma vez eu quero
Eu te quero mais uma vez
Naquele lugar
Beijar-te os seis
Provar do teu gosto
Olhar olho no olho
E gozar com você...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de fevereiro de 1986
2811. MINHA VISÃO
Dizem que sou cego
Cego como todo mundo está
Um cego que nunca se vê
E quando este cego morrer
É esta vida que sua visão quer ver...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de fevereiro de 1986
2812. SAUDOSA PÁTRIA
Pátria que meus olhos viram
Pátria que tanto bem me faz
Pátria Brasil, brasileiros em cena
És minha Pátria, és a minha paz...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de fevereiro de 1983
2813. SIMPLESMENTE FELIZ...
Simplesmente feliz o homem sofre
Sofre porque a felicidade é passageira
E sendo a felicidade passageira
Sofre meu amor, sofre minha vida
A vida que sempre me dá uma rasteira...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de agosto de 1984
2814. ASSIM FALA UM CANÁRIO
Um canário falador
Pedro Malasartes pegou
Vendeu por um bom trocado
Foi preso, solto, mas fez tudo forçado
Pedro Malasartes é fogo, porém amor
Um amor mais ingênuo que para
Sempre ficou marcado...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1982
2815. TEMPO DE ESPERA
Dedicado para o amor que se encontra distante
Tempo de espera
Meu silêncio vive
Tempo de espera
Minha vida revive
E nesta recordação constante
Sofre meu tempo, sofre meu silêncio.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de agosto de 1981
2816. TEMPO DE MENINO VADIO
Meu tempo de criança
É tanta história que não se cabe aqui
Um banho de rio aqui, outro acolá
Uma pelada ali, outra pelada acolá
É esta vida de menino, vadio pelo tempo
Jogar e brincar diariamente, eternamente feliz
Ser criança no tempo de menino.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de agosto de 1985
2817. SER PACIENTE...
Ser paciente
Na vida e no tempo
Ser paciente eternamente
Ser paciente e inteligente
Ser paciente pelo ato de ser feliz
Ser paciente pela vida a dois
Ser paciente por toda estresse
E quem algo dissesse
Jamais algumas coisa fizesse
Era e ainda é ser paciente
No tempo e na vida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1980
2818. SE TODOS OLHASSEM OS OUTROS...
Olhe o outro do lado
Olhe o outro que se foi
Olhe o outro cabisbaixo
Olhe o outro e depois
Olhe o outro logo abaixo
E se nada resolver de fato
Olhe o outro que está sentado
Que está calado, que está tristonho
Olhe o outro que nunca sonhou
Olhe o outro nem que seja em sonho.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de outubro de 1980
2819. MARIA MULHER GUERREIRA
Maria que dorme cansada
Depois de um duro trabalho
Maria que chora calada
Depois de um caminho sem atalho
Maria amada por todos
Maria odiada por muitos
Maria em paz com a vida
Maria que sofre, um sofrer de vez em quando.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de agosto de 1985
2820. TRÊS VIDAS CURTAS
Dedicado para três cachorros
Um nasceu
Respirou
Depois morreu
O outro veio depois
Abriu os olhos
Depois morreu
O terceiro era forte
Queria vencer a morte
Abriu os olhos
Deu um riso triste
Morreu.
Bento Júnior
João Pessoa - PB, 28 de dezembro de 1985
2821. DETERMINADO SER
És fagulha divina
Gostar de ajudar ao próximo
És frase de bondade
És vida pós vida
Sois eternamente grato
Pelo filho que tens
Pela vida que levas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de agosto de 1985
2822. ASSUNTO DE FAMÍLIA
Tens um filho maconheiro
Uma filha respondona
Porém não me meto
Coisa de família
Assunto de sete chaves
Coitado daquele ou daquela
Que meter-se neste assunto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de novembro de 1984
2823. PAI CHORÃO
Chorão foi o pai
Que enterra o filho
E entre tantas areias
Chora o filho
Por nada fazer
Por não poder
Mandar o pai se calar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1982
2824. VERSOS POÉTICOS DE SAUDADE DELA
Dedicado para aquela mulher que usa o jogo
A mulher jogadora
A mulher que bota banca
A mulher sonhadora
A mulher que nunca é franca
Esta mulher que vos falo
Prefiro não falar, me calo
É mulher que joga pesado
É mulher pecadora, destruidora.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de janeiro de 1989
2825. TANTO SONHO
Eu já sonhei
Sonhei num lugar
De amor eterno
Um sonho divino
Talvez de menino
Tanto sonho assim
O viver em si espero.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1989
2826. PEQUENO POEMA DE AMOR DISTANTE
Se um dia em tua casa
Bater-te a porta um estranho
Recebes com amor e paz
Este estranho sou eu
Que te tens distante
É um amor assim como dos amantes
É poema de vida
Na vida de ser feliz ao lado teu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1999
2827. NO NOSSO CAMINHO
Acontecem coisas
Coisas acontecem
No nosso caminho
No nosso caminho
São coisas estranhas
Manias de sonhos
Olhos castanhos e tristonhos
É cada coisa que surge
No caminho de quem quer
Um novo amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de setembro de 1983
2828. SERVIÇO DOMÉSTICO
Lavar o prato que fica na mesa
Varrer a casa que fica suja
Pintar o canário que nunca canta
É trabalho doméstico, a empregada grita
Traga-me o pano, não me enrolem não.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1981
2829. BALÃO COLORIDO DE PAPEL PINTADO
Pintar o balão
Soltar o balão
Acender o balão
Pisar no balão
Apagar o balão
Puxar o balão
Ver o colorido no céu
É meu balão, é meu balão
Que está colorindo o céu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1980
2830. TODAS AS MALDADES
Todas as maldades
Todas as manhãs
Todas as páginas
Todas as lutas
Todas as causas
Todas as luas
Todos os rios
Todos os banhos
Maldades de gente grande
Meus olhos viram
Minha vida já passou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de março de 1987
2831. A MULHER DE VINTE ANOS
Com vinte anos
Ela passa e rebola
Todo rapagão olha pra ela
Ela deita e rola
Uma morena cor de jambo
Das pernas grossas
Do começo ao fim
Ela um dia me deixou feliz
Deu um riso alegre
Ela sorriu para mim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 2010
2832. FAMÍLIA, FAMÍLIA
Dedicado para a família da cachorra da vizinha
Ela deu cria
A uma cachorra
A um cachorro
Uma cachorrada que não tem tamanho
Cachorra linda
Cachorro lindo
Dois filhos de uma vira lata
Late, late e não sabe dizer nada
Chora e late como se fosse
Chamar a atenção de todos
Nasceu o filho que ela esperava
Família, família
A cachorra da vizinha...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de outubro de 1980
2833. PAI DE SANTO SALVADOR
Salvador da Bahia
Bahia de Todos os Santos
Pai José, Pai Joaquim
Pai Mané, Pai Paizim
É Bahia, irmão lá vem o santo
O Santo de todos os pais
Os pais que a Bahia produziu
Viva a Bahia
Viva Salvador
Viva o Pai Santo de São Salvador...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de janeiro de 1980
2834. FAÇA DE CONTA AO MENOS HOJE
Fazes de conta que sou feliz contigo
Faça de conta meu bem
Fazer o que para melhorar?
É que o tempo que me foi dado
É tanto tempo que logo quero falar
É meu tempo de espera
É meu tempo de ser o que sou
Faça de conta meu irmão, faça de conta
Ao menos hoje, ao menos hoje...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de fevereiro de 2010
2835. SOPRO NA VELA DO TEMPO
Dedicado para o meu aniversário
Estou com vinte anos
Vinte anos eu tenho em vida
Sou lugar de todos os lugares
Amo a vida apesar dos pesares
Tenho vinte anos de história
A história que nunca se conta
Tenho em mim a paz de ser feliz
Canto tristeza para esquecer a dor
Gosto de samba, não sou bamba
Sopro a vela do tempo...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1981
2836. GRAVIDEZ INDESEJADA
Ela está grávida
Não sabe ainda de quem é
Se é homem ou se é mulher
Ela não sabe de nada
Se vai fazer tricô
Se vai jogar futebol
Ou se ele vai fazer tricô
Ou se ela vai jogar futebol
O que se tem certeza
É que ela está grávida
O pai escafedeu-se
Gravidez indesejada
Ele por cima dela
Ela toda contrariada...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de agosto de 1979
2837. ONZE DIAS
Um dia
Dois dias
Três dias
Quatro dias
Cinco dias
Seis dias
Sete dias
Oito dias
Nove dias
Dez dias
Onze dias
Tudo isso para esperar uma resposta
A resposta do sim ou do não
A resposta do antes ou do depois
A resposta de quem sabe de tudo
A resposta de quem não sabe de nada
Onze dias de fúria e contratempo
Onze dias de espera sem hora marcada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 1980
2838. POEMA GATO
Um gato cruzou a estrada da Pedro II
A Pedro II em movimento de ida e volta
O gato escapuliu da mão de sua dona
Caiu na pista, o carro freiou, o outro parou
O gato pulou, a dona chorou, o miado estacionou
Viva o gato de Dona Cleonice
Viva o gato que está vivo
Apenas neste poema...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1999
2839. QUANTO VALE SER FELIZ?
Quem me dera ser feliz apenas num dia
Se este dia dentro dele estiver você
Você que tanto bem me faz e quero bem
Um bem muito maior do que a felicidade
De ser feliz apenas por ser feliz
E nesta onda de felicidade a pergunta surge
Quanto vale ser feliz nesta vida?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1987
2840. FELIZ PÁSCOA
Feliz, feliz, feliz
A páscoa é festa em família
A páscoa é festa em vida
A páscoa é Jesus Cristo
A páscoa é teatro profano
A páscoa é religiosidade
Viva páscoa de nossas vidas
Viva a páscoa de minha infância...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982
2841. A FLOR E O POETA
O poeta tão somente é poeta
Pela beleza de criar versos
Às vezes são bons, outras vez
Não presta, não presta
É que o poeta tem flor
No caule de suas raízes
Canta a flor na sua plenitude
Sonha em pé pela flor desejada
É que o poeta tão somente é
Um sonhador plantador
Plantou a flor, a flor brotou
As pétalas de cada flor
É beijada em cena
Pelas mãos suaves de um poeta.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de abril de 1987
2842. SETE CHAVES
A chave está lá intacta
O chaveiro está lá intacto
A fechadura está lá ativa
O ferreiro está lá ativo
A porta quer uma fechadura
A fechadura quer uma chave
A chave quer um abridor
O abridor não quer se comprometer
Com uma chave...
Este segredo o ferreiro guarda
À sete chaves...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de abril de 1987
2843. OITO SEGUNDOS
Segundo tempo começa a peleja
A peleja de José com João
João quer ganhar mais
José quer apenas o que é seu
Eles apostam e todos saem de perto
João quer apostar sua casa
José quer apostar sua mulher
A mulher de José quer fazer parte da festa
A mulher de João não tem onde morar
José ficou sem casa e sem mulher
João esperto ganhou uma casa
E nesta mesma casa hoje
Mora José, João e suas mulheres...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de junho de 1987
2844. AMIGA É OLHO ESQUERDO ABERTO NO TEMPO
A amiga bem esperta
Convida o amigo para ambos
Tomarem um chop na sua casa
A casa da amiga é alugada
O dinheiro do amigo é ao vivo
Ela pede dinheiro ao amigo emprestado
Não paga no tempo certo
O amigo propõe o pagamento a prazo
Ela tem uma ideia melhor
Leva o amigo todas as noites
Para o pagamento de sua dívida
Em sua casa que é paga pelo amigo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de maio de 1987
2845. JOGADOR DE PELADA DE RUA
Dedicado para a minha infância
O jogador de pelada de rua
É visto como peladeiro
Joga bola em qualquer hora
Joga bola e não se cansa
Não ganha nada e ainda aposta
Lembro do meu tempo de menino
Bola na mão, calção sujo, puxão de orelha
Meu pai, minha mãe, meu avô, minha vó
Gritos e gritos, confusão em cena
Tudo por causa de uma pelada
Lá vem o gol, lá vem teu pai
Perde-se o gol, é expulsão
Levaram o meu calção...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de julho de 1997
2846. MANUAL DO ESTUDANTE
Aqui você não pode ficar
Neste outro lugar também
Lá fora tem perigo
Aqui onde você está é do professor
Saia daqui, cuidado com o inspetor
Tome cuidado, estudante onde vais
Com esta pressa arretada?
Neste lugar o perigo amedronta
Não fique aqui, aqui é perigoso
Cuidado com o extintor de incêndio
Ele pode incendiar...
Não faça nada que lhe chame a atenção
Seja educado, seja inteligente
Seja o futuro deste País
Não caia em briga, fuja dos errados
Estude sempre, mas primeiro de tudo
Aqui você não pode ficar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 1979
2847. DOZE PALAVRAS
Eu tenho tanta palavra guardada
Que tu não sabe de nada
Eu tenho um monte dela
Pronta para dizer para você
Uma é sobre nós dois
Outra é sobre você
A outra é sobre eu
A quarta é não sei o quê
A quinta veio depois
A sexta te conto agora
Baixe o ouvido
E ouça o que vou falar
Sétima palavra já foi de ódio
Oitava em cena, beijo na boca
Nona palavra é cheiro no umbigo
Décima palavra é coisa fraca
Pague o que me deve
Que na décima primeira palavra
Eu vou sorrir com raiva de você
Agora vou terminar, porém antes
Quero te dizer
Palavra doce, doce amor
Palavra linda, queijo e flor
Sorriso constante
És minha amante
Doze vidas temos para viver...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1979
2848. QUERO TERMINAR ESTE POEMA
Este poema eu vou terminar
Este poema está quase no fim
Espere um pouco, mulher
Deite-se, espere-me
Brevemente chego lá
Só quero terminar o dando deste poema
Quero viver mais cem anos
Para multiplicar estes versos que tenho
Mais de três mil, seleciono-os
Sobra-me uma porção, eu
Aos outros, brevemente chego lá...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de fevereiro de 2010
2849. TERMINEI MAIS UM POEMA
Dedicado para minhas palavras
Falo demais quando o assunto é pouco
Falo pouco quando o assunto é muito
Corro muito quando a distância é pequena
Me distancio pouco quando a ida é longa
Sofro pouco quando o sacrifício é grande
Dou risada de felicidade quando a tristeza é muita
Ando depressa na vida quando a vida é passo lento
Dou um passo pequeno quando a saudade nunca se encontra
Falo pouco quando a fala me permite ser curto e grosso
Sou curto e grosso quando a fala se torna cansativa...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de fevereiro de 2010
2850. CASO DE AMOR INACABADO
Eu marco
Ela aceita
Eu chego
Ela não está
Eu quero sair
Ela finge que queria
Pergunto se ela se esqueceu
Ela diz que não
Eu saio puto da vida
Mais uma vez
Mais uma decepção
Como sofre minha vida
Como sofre meu coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de fevereiro de 1980
2851. QUERO BRAÇO DE QUEM ME AMA
Quero braço de quem me ama
Quero braço, eu quero sim
Quero amar e ser amado
Eu quero, eu quero
Quero braço, quero braço
Sou feliz porque tenho um amor
Que me ama de verdade...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de julho de 1980
2852. VELHICE CALMA
Augusto, por que não fazes poema de amor?
Brecht, por que não fazes poema de guerra?
Sócrates, por que não fazes poema de justiça?
Seu Zé da Esquina dos Pobres, por que não fazes poema de juventude?
Seu Mané, por que não fazes filho que presta?
Seu Juvenal, por que não fazes feira aos sábados?
Meu pai, por que não tens uma velhice calma
Para ficar perguntando a todos e a todas
O porque de tantas coisas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de junho de 1980
2853. CUIDADOS COM A BARATA
A barata está na cozinha
A barata está voando
A barata passou por aqui
A barata está brincando
Pega o pau para a barata
Pega o pau e mata ela
Pega o pau e bate nela
A barata está frescando
Fresca com a barata
Fresca com a cara dela
Dá-lhe uma vassourada
Mata essa peste, que barata!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de julho de 1980
2854. SER SEMPRE ASSIM...
Ser sempre assim
É assim que sempre sou
Sou assim solto na vida
Por um vintém ganho um amor
Sou assim como bem diz a música
É assim dessa maneira que quero
Ser assim por toda existência
Um gostar quadrado no quadrado da gente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1986
2855. TEMPO QUE SE TEM
O tempo é pouco
É tão pouco este tempo
Que não dá tempo para se ter tempo
É tempo pouco eu sei
Eu sei que o tempo é pouco
É enfermagem em cena
É cena de pura fixação
É medicina chegando
A arte engolindo
É tempo que se cabe no bolso
No bolso de um finalmente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de dezembro de 1986
2856. SABOR DE MANGA ESPADA
Manga espada eu te chupo
Subo no pé e te pego
Manga espada é doce demais
Manga espada de minha infância
A infância em Solânea
A infância em Cuitegi
Manga espada me acompanha
Beijo-te hoje com gosto
De manga espada...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de dezembro de 1986
2857. A BAGUNÇA DE DONA CREUZA
A bagunça está aberta
Chama aí Dona Creuza
Para ela me dá um presente
Dona Creuza com sua calma
Dona Creuza não se abala
O que dá não pesa na balança
A bagunça está uma bagunça
Dona Creuza dentro dela está...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de abril de 1987
2858. A MORTE DO MENINO ESTUDANTE
Ele morreu, com ele um quilo de maconha
Ele matou, com ele uma moto e um arrependimento
Os dois estão nos quintos dos infernos
Cada um pagando pelo pecado cometido
Cada um lutou pelo que nada fez
Os dois hoje estão mortos, apenas um morreu em carne
Em espírito um vulto que passa sem deixar saudade...
Bento Júnior
João Pessoa - PB, 20 de janeiro de 1984
2859. MENTIR...
Por que mentes tanto
Se já sei de tudo
E sempre finge mentir...?
Por que mentes sem ter dó
Mente e não se enxerga
Pensa que sou otário
Acredita numa história dessa
Que tu me amas
E não sabes viver sem mim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de dezembro de 1986
2860. PRECE A FREI DAMIÃO
Frei Damião, Sertão
Olhe o santo caminhando, meu padrinho
Frei Damião chegou, passou e ninguém viu
É santo em pessoa, ser de paz e puro carinho
Frei Damião, Sertão
Meu padrinho que tanto amo
Frei Damião, Sertão
O povo de Nordeste te adora...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de outubro de 1980
2861. CUIDADO QUE ELA É ESPECIAL
Dedicado para doida varrida
Ela se complica e quer sexo
Ele lhe aplica e quer nexo
Ela geme de dor
Ele sente prazer
Os dois sentem o orgasmo da vida
Ela se arrepende
Ele quer mais e mais...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de abril de 2000
2862. TIA REGINA
A vida tem cada vida
A tia Regina era fogo
Gritava com os meninos
Se fingia de morta
Na brincadeira era a tal
Corria para pegar os meninos
A tia Regina era gasguita
Vivia se escondendo
Ensinar que era bom
Nem uma vírgula
Mas tenho saudade
De tia Regina...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de setembro de 1985
2863. LEIO ESTE POEMA DE HOJE
Estou lendo
Sei o que estou lendo
Leio tudo aquilo que faço
Este tem um sabor especial
Ela não veio
A hora se passou...
Esperei em vão
Ah, se eu soubesse
Ido embora eu teria
Ficado nunca faria
Leio este poema
Puto da vida estou
Tudo por causa de uma escrota
Roubou minha paciência
Roubou minha condição...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de fevereiro de 1990
2864. QUERO LER ESTE POEMA...
Dedicado para a expectativa do quinto encontro
O 5º Encontro de Casais
Acontecerá ou não
Na casa de nome esquisito
As bênçãos do nosso Pai
Vou levar o meu espirito
A alma e meus sonhos
O olhar no olho
Com meus olhos castanhos...
O 5º Encontro da Antiga Consciência
Do pecado e da carne
Do beijo e dos abraços
Do aconchego e dos amassos
Do poema que precisa ser lido...
O 5º Encontro carnal
Nada de carnaval
Bebida, droga ou lança perfume
Loló, cheira cola ou qualquer ruindade
Maconha e cocaína
Crack e LSD
Comprimido para dor
Tudo isto para conseguir um novo amor...
O 5º Encontro não é nada disso
É apenas a reflexão de quatro anteriores
O poeta precisa ler o que escreveu
E fazer um novo poema
Do 5º Encontro que aconteceu...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de fevereiro de 2010
2865. REMÉDIO DE FILHO
o remédio do filho doente
a compra da móvel, que maravilha
o empréstimo, o homem se atrapalha
o dinheiro para o filho dela, caiu na malha
os cinquenta reais para a compra dos jeans
a renovação da matrícula, ela é estudante
o e-mail do marido, ela sabe de tudo
os abraços nos outros, que ciúme
os esquivamentos nas chamadas
os documentos do irmão, ele quer ajudar
as saídas funcionais para melhorar o quadro
sempre ao lado do marido, grande mulher
não ligando, ligando para mim
e mentido sempre, mentindo para ele
as mentiras do final de ano e ao mesmo
tempo sabe-se que as mentiras são
reflexos do que se diz em relação
a segurar o que se diz porque não
pode voltar atrás do tempo
quando se percebe que o cheiro
no pescoço causando tudo
em mim, em você, nele,
em todos que nos conhece
não há espaço diante das reflexões
não há espaço neste sistema
de cérebro e cabeça pensante
não há espaço aqui
também não há espaço ali
há um lugar dentro de nós
dentro do tempo
o tempo de nós
d o i s
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1997
2866. AGOSTO VINTE E CINCO
Agosto vinte e cinco
É soldado, é guerra, é paz
É artilharia, é engenharia
É infantaria, é mar e terra
É terra é chão, é paz, é vida
É saudade daquele tempo...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de fevereiro de 2010
2867. A LUA NOVA DE MEU QUINTAL
A LUA NOVA
Lá do meu quintal
Brilha mais do que o sol
Lua nova que me faz bem
Lua nova que não é ninguém
Lua nova que dá desejo
Lua nova que é sexo em ação
Lua nova do meu quintal
É paz, ternura, emoção...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 1992
2868. A PADARIA DE SEU JUVENAL
Seu Juvenal
Seu Inácio
Seu Aprígio
Seu Antenor
Seu Feliciano
Seu Luiz
A padaria de cada um
Era pão doce ou salgado
Era bolacha, biscoito
Salgados e festas
A padaria de cada um
Guloseimas em ação
Viva a padaria de Seu Juvenal!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de fevereiro de 2010
2869. A VOZ DO RÁDIO MATINAL
De manhã logo cedinho
Pego o rádio e vou ligando
Ouço a voz do locutor
Que doçura, que fervor
A voz do cara a todo mundo conquista
É um tremendo e competente artista
O bicho é feio, barrigudo, narigudo
Mas sua voz, quanta diferença...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de outubro de 1982
2870. CLIMA QUENTE
O clima está quente
A relação está fria
O namorado é demente
A namorada tem nome de Maria
Maria das Mercês do Amor Divino
Mulher de bigode na cara
Mulher que no bem bom é uma tara
Na frieza é pior do que pimba de menino
O clima está quente
O clima não melhora
O clima cada vez piora
O clima é semente
A semente de uma terminação
Acabou-se o que era doce
Clima frio...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de dezembro de 1982
2871. UM CANTO DE ANIVERSÁRIO
Dedicado para as minhas filhas
Eu canto porque ela completa ano
Eu canto porque todas completam
Eu canto porque os anos se passam
Eu canto porque houve um aniversário
Eu canto porque o riso de cada uma
É riso que brilha no brilho de muita gente.
Canto neste aniversário
Parabéns para todas
Parabéns no seu devido tempo
Eu canto porque o amor que sinto
É amor que dá para as três.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de fevereiro de 2010
2872. PALAVRAS PRECIOSAS
Palavras são palavras ditas
O ditado popular é palavra na certa
A filha entre todas as malditas
Cala-se quando o silêncio vem
O pai tão sem graça se torna palhaço
Ele é mais do que ninguém
Usa a palavra mais preciosa que há
O cuidado do pai pela filha mais velha.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de abril de 1979
2873. VIVER A PAIXÃO EM CADA TEMPO
Dedicado para o amor distante
Ontem ela esteve aqui
Veio montada em sua moto
Guiando a paz que trafega em seus olhos
Olhou, como nada querendo se foi
Voltou, como algo dizendo que quer ficar
Ela vive a paixão no seu tempo
A poesia expressa o tempo de espera
Ela sonha em ser feliz ao lado meu
Eu vivo com ela sem ela saber
Eu vivo a paixão hoje
Ela vive no seu tempo
Amo esta mulher
O amor em cada paixão...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de maio de 1987
2874. POEMA BOTAFOGUENSE
Dedicado para o Botafogo Paraibano
Botafogo
Botafogo
Paraibano de coração
Meu time daqui da terra
Viva o Belo, que emoção
Viva o belo, meu coração
Pulsa pelo Botafogo
Da cidade de João Pessoa
Meu time de coração
Salve o Belo
Que emoção!
Botafogo Belo
Tantas vezes campeão
Botafogo Futebol Clube
A Paraíba em boas mãos...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de março de 1984
2875. FERA TAURINA
Somos o amor em cada signo
Somos signos em cada amor
Somos a astrologia
Somos a paz de José e Maria
Somos a fera de touro e pavor
O pavor de ser levado pelo bote
O pavor de sofrer pela morte
A fera taurina que me causa fervor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de março de 1985
2876. RAZÃO DE SER O QUE NUNCA SE FOI...
Tanta vida se tem pela frente
Tanta vida nos deixa contente
Tanta vida é semblante pedante
Tanta vida é ilusão dos errantes
Tanta vida nos faz bem por espera
Tanta vida nos condiciona e nos desespera
Tanta vida é luz em nossas vidas
Tanta vida é chance de uma segunda vez
Tanta vida nos retalha e nos atrapalha
Tanta vida temos como amor de uma pirralha
Na razão de ser o que nunca foi...
Bento Júnior
Teresina-PI, 22 de junho de 2000
2877. BALANÇO AS PALHAS DO COQUEIRO
Neste coqueiro eu não subo mais
Derrubaram as palhas, não volto atrás
Neste coqueiro eu não subo mais
Derrubaram as palhas, acaba minha paz...
O coqueiro que balança
As palhas tão em balé constante
É coqueiro de criança
É balanço de vida, é vida, é esperança...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de maio de 1975
2878. A VILA DA MINHA INFÂNCIA
Saio de casa
O calção preto e branco
A camisa não se usa
Casa dos meus avós
É Vila Cariolano
Castelo Branco.
Chego na Vila
Amigos aos montes
É sorriso de menino
É travessura de gente grande
É mangueira no tempo
É manga chupada
Vila da minha infância...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de junho de 1980
2879. OS CAMINHOS PISADOS
O piso pisado daquele caminho
É caminho passado, pisado e chutado
Não passo por ele, ele causa sofrer
É caminho conhecido, não se pode viver
Nos caminhos pisados, ele sonha grudado
Na notícia da vila, é só o que se fala
Meu avô tão sem graça, minha vó por pirraça
Não quer que eu saia, não passe no caminho
Das brigas de menino, é só o que se ouve
Os caminhos pisados
Na Vila Cariolano, não se passa sem briga
É moleque sem nada, nada para fazer
É mãe que nos ama, o amor dos meninos
Desta maneira as mangueiras
Servem de esconderijo
Nestes caminhos passados
Pisados por nós
Deus tende piedade da gente
Um atiça daqui
Outro atiça de não se de onde
É briga na certa
Um puxão de orelha
Da minha querida vó...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de junho de 1976
2880. TANTA SAUDADE DE MULHER AMADA
Somente uma ação é necessária
É mulher que se ama, é mulher universitária
Mulher de muitos, uma eterna saudade
Se foi no ano passado, viveu eternamente
Viveu a vida enquanto durou
Foi-se embora e nunca mais voltou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de maio de 1985
2881. TERCEIRA MULHER
Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)
no dia do seu aniversário
Ela chegou sorrindo
Deu-me um ar de felicidade
Completa em vida sete anos
É terceira filha, é sonho, liberdade
De tão sorridente que é,
Uma flor, uma lábio de mulher
Corre campo pelas ruas
Nas calçadas, vaidade
É baton da cor da pele
É minha filha, é pura, linda
Minha menina...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de fevereiro de 2010
2882. VERDE COR DA COR QUE QUERO
Um E.T passou
E sorrindo ele chegou
É animal em extinção
Verde da cor da mata
Mas mata que eu quero ver
No medo estampado
Que vem danado
Esse bicho inteligente
Numa máquina motorista
Ele é artista
Da pele esverdeada
Ele deixa saudade
Com sua palidez estampada
Sumiu numa nave espacial
Como aqui ninguém nunca viu
Sorriu para todo mundo
E depois partiu...
Um E.T tão verde
Verde da cor que quero bem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de fevereiro de 2010
2883. POEMA DE LUA BRANCA
Dedicado para a lua em quarto crescente
Ela vem chegando
Devagarinho vai se escondendo
Minha tristeza é pávida
Minha alegria é nostalgia sofrendo
Neste vai e vem das ondas das palhas
Ela vem brilhando
Devagarinho vai se chegando
E eu depressa pego a luneta
Porque ela se distancia
Meu amor já anuncia
Que ela vem chegando
Tão branca, lunática
Ela vai passando
Por trás do cajueiro ela chega correndo
Tão branca igual a neve
Ela vem de leve
Ela vem de leve
Ela vem de leve...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de abril de 1990
2884. MAR DE CARAPIBUS
Na praia dos caracóis
Ele e elas brincam de passear
Um passeio sobre pedras
As pedras de carapibus
A piscina que se chega
A piscina que se quer
A piscina que meu olho ver
A piscina que engrandece cada visão
A piscina de carapibus
A praia que nos faz para lá de bem
O bem de todos nós...
Bento Júnior
Conde-PB, 16 de fevereiro de 2010
2885. LEMBRANÇAS DE FELICIDADE
Eu me lembro com lágrimas nos olhos
A infância que minha infância nunca teve
A infância de brincar na rua e ser feliz
Eu me lembro das tardes de sábado na praça
Eu me lembro e não posso voltar atrás
Sou assim meio tímido na vida
Um cantor sem microfone
Um cantor sem nunca disco ter lançado
Uma mulher sem nunca ter namorado...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 1990
2886. AMO ESSAS PEQUENAS...
Eu amo e como amo
Eu amo e como amo estas pequenas
Eu amo e como amo estas pequenas mulheres
Mulheres pequenas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1982
2887. SACODE, REBOLA, TREME, GRITA...
Dedicado para uma bailarina de rua
Quando ela dança, os moleques brincam com ela
A dança da bailarina louca, as loucuras de crianças
A bailarina que não tem circo, o circo de todas as esperanças
A esperança daquela mulher
Que sacode, rebola, treme e grita
Em cada esquina, com qualquer um
Com quem melhor lhe conquistar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1988
2888. HOMEM CHARME
Quando ele chega
Toda mulher quer ele
Quando ele canta
Todos os microfones vão até ele
Quando ele chora todos choram com ele
Quando ele ri todos riem com ele
Ele é um show
Ele é charme em carne e osso
O homem que toda mulher quer...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 1989
2889. DUAS PAIXÕES
Dedicado para ela e eu
Uma paixão quando nasce é boa demais
Duas paixões nascidas se tornam perigo
O perigo de ser na vida o que a vida deixou
Uma deixa perdida nos sonhos de paixões
As paixões de todos os poetas
As paixões de todos os cientistas
As paixões de todos os artistas
As paixões de todas as arestas
Duas paixões
Duas paixões
Ela dentro de mim
Eu dentro dela
Nós dois numa só personalidade
Nós dois nus na vida
Nós dois apaixonados
Pelas paixões de ser em cada sonho
Um só sonho dos mal amados...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de março de 1989
2890. CORAÇÃO ABANDONADO
Coração fracassado
Coração mal amado
Coração abandonado
Coração apaixonado
Este que o poeta já escreveu
Este que o poeta descreveu
Este que o músico cantou
Este que a música tocou
Coração abandonado
Por que me causas sofrimento?
Coração abandonado
Por que me fazes sofrer?
Coração abandonado
Por que me fazes tédio em vida?
Coração abandonado
Por que me tens como cólera enfraquecida?
Coração de todos os tamanhos
Por que queres que eu sofra esta dor
Se esta dor em mim é passado?
Por que imploras meu afeto
Quando o riso de minha vida
É solidão apenas em ângulo reto?
Coração abandonado
Coração mal amado
Coração abandonado
Coração apaixonado
Este que o poeta acabou
Este que o poeta sacrificou
Este que o poeta matou
Este que o poeta jamais deixou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de março de 1999
2891. SOMBRAS SOBRE SOMBRAS
Sombras que ardem
No semblante de poeta
Sombras que ferem
No semblante de mulher
Sombras que definham
No semblante de homem
Sombras que desafiam
As atitudes de uma paixão
Ser feliz é poder ceder
Ser feliz é sonho
Um sonho que o poeta sonha
Sonhos sobre sonhos...
Bento Júnior
Conde-PB, 17 de fevereiro de 2010
2892. POR ONDE ANDA, ILUSTRE?
Dedicado para o encontro mal - resolvido
Hoje, o dia foi de sol
O sol, quase que pegando fogo,
É, um fogo de arder qualquer paixão,
A paixão para lá de esquecida,
É que o esquecimento às vezes cansa
O pensar de quem só pensa,
Um pensar de quem ouve, só ouve
A história que acabo de lhe contar,
Uma história de figuras ilustres,
Estas que entram na vida da gente,
Entram e não pedem licença, invadem
Toda estrutura abalada de nosso ser
Que sonha, acorda, deita e pensa
No encontro com aquele ilustre.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de fevereiro de 2010
2893. ESTAÇÃO CIÊNCIA E ARTE
Dedicado para o monumento arquitetônico da cidade de João Pessoa-PB
Cartão postal da cidade de João Pessoa
A Estação Ciência e Arte Cabo Branco
Localizada no ponto oriental das Américas
Endereço certo de paraibanos e turistas
Um monumento Oscar Niemayer
Fato histórico que marca nossa cidade
Viva esta grande obra
Viva o dinheiro público
Contado mão a mão
Investido e mostrado
Estação Ciência e Arte.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de fevereiro de 2010
2894. MENINA GRÁVIDA
Dedicado para uma criança
Grávida
Ela está grávida
Sua mãe não sabe
Seu pai tão pouco
A amiga é que sabe de tudo
O namorado escapuliu
A menina está grávida
Seu pai tem que saber
Sua mãe acredito que sim
A menina também tem que saber
Que gravidez assim não dar
Com doze anos é para brincar
Estudar e seguir caminho
Gravidez nesta altura
Tira-te a meninice...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de fevereiro de 2010
2895. CONVERSAS PARALELAS
Ouça-me com os olhos abertos
Veja o que está na sua frente
Grite se preciso for, seja gente
Não fale pelos quatro cantos
Viva feliz, seja contente
Não entregue o amigo
Seja inteligente
Seja político
Tenha mais educação
Deixe destas conversas pela sala
São paralelas e não te levam a nada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de outubro de 1980
2896. DOSE DE CACHAÇA BRABA
O amigo numa festa tomou
Uma dose de uma tal cachaça
Fez bagunça e se deu mal
A cachaça era malvada
Bateu em todo mundo
Foi em cana, caiu da cama
Meu amigo se deu mal
Hoje saiu da lama.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de março de 1975
2897. CAPITÃO SEM ESTRELA
Quando o homem pela rua passa
A molecada grita capitão
Ele todo orgulhoso, faça pirraça
Acha graça, pela satisfação
É um homem bom, mal do juizo
Não conhece o abc
É capitão sem farda, gosta da amizade
Viva o capitão, morador daqui do bairro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1979
2898. JULHO É MÊS DE FESTA
JULHO é mês de festa
Isto você viu e acreditou
Na minha casa, todo mundo completa ano
É mês de festa, faça seu plano
Chegue na minha casa, deite e role
Coma do melhor, porque é mês de festa...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de julho de 1980
2899. MINHA FILHA BRANCA
Minha
Filha
Branca
Da cor do céu
Azul
Minha filha
Verde
Da cor do mar
Transparente
Minha filha branca da cor do mar
Da cor do céu
Da cor que o pai quiser...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de janeiro de 2000
2900. SENTADO ENTRE QUATRO PAREDES
sentado
entre
quatro paredes
o homem
está só
sozinho na vida
a outra
com o outro
os dois são divinos
bons
amáveis
assim é a vida
ele sofre
ela ri dele
os três são divinos
sentado
entre quatro paredes
ele reclama o momento
ela distorce o sofrimento
ela é mulher bonita
que encanta ele
ele sofre calado
vai morrendo cansado
sentado entre quatro paredes
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de fevereiro de 2010
2901. O VERDE DA COR DOS OLHOS DELA
Dedicado para uma moça que anda pela praia às cinco da manhã
Corre menina bonita, dos olhos da cor verde
Corre que olho daqui, corre que dali
Onde tu corres, menina, eu também quero correr
Quero correr contigo menina, correr e ver-te de perto
Ver a cor dos olhos, menina da gota serena
Sereno claro do nascer do dia, no dia verde
Da cor do mar, da cor dos olhos dela...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de fevereiro de 2010
2902. NUMA CONFUSÃO DANADA
Estou numa confusão danada de grande
Que não se acaba, que não se acaba
É confusão danada de grande, tão grande
Que não cabe na palavra maldade
Maldade, confusão em si, danada
É o nome dela...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1999
2903. A VITÓRIA DE TODOS NÓS
Todos nós somos vitoriosos
E por que não seríamos?
Todos nós somos a própria vitória
Nome popular, Vitória, nome próprio
A Vitória de todos nós...
Bento Júnior
Vitória de Santo Antão-PE, 05 de julho de 2000
2904. DE NOVO...
Dedicado para um médico incompetente
O menino caiu
Ao médico foi levado
Nada foi feito
O menino sangrava
Nada foi feito
O médico irritava-se
O pai balbuciava
O nome na bata
O verde estampado
Não sabia o pai
Não sabia a mãe
Não sabia o menino
O médico era o mesmo
Aí os três
De novo...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de fevereiro de 2010
2905. SE POR ACASO...
Se por acaso ela chegasse
E o meu dinheiro eu pagasse
Eu juro se eu me entregasse
A este amor sem que me fracassasse
Queria ao menos que todo mundo jurasse
E eu daqui logo afastasse
A ilusão daquele que me encontrasse
Na ladeira e me maltratasse
E se por acaso eu falasse
De tudo isso e nunca passasse
Por tudo isso que passo e tratasse
De encontrar o amor e penetrasse
Fundo na alma e gozasse
A noite inteira e que entrasse
Os sonhos mais lindos e que eu parasse
E se tudo isso for por acaso...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de fevereiro de 2010
2906. MALANDRO DE CHAPÉU PRETO
Um malandro de chapéu preto na cabeça
Ilusão partida de sonhos perdidos
Nas águas claras da mansidão dos oceanos
Um chapéu que rodopia silêncio
No mais profundo sentimento de mulher...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de fevereiro de 2010
2907. ELA CHEGANDO É ALEGRIA NOS OLHOS
Dedicado para o amor que se encontra com outro
Ela chegando é samba no pé
Ela dançando é gingado de mulher
Ela amando é estardalhaço de olé
Ela sambando é promessa e fé
Agora vejam bem como se dá
O samba no pé desta mulher que eu amo
É um disse me disse mais arrogante que se tem
Quando ela chega, alegra os olhos, nada reclamo
É mulher de boa espécie
Como a pouco não se via
É mulher que tem na pele uma marca
Marca o tempo de vez em quando
E quando em quando
É mulher, mulata, Brasil, é samba de nome Maria.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1987
2908. PRENDENDO A BEXIGA
Prender a bexiga
Coisa de criança
É baita intriga
É apenas lembrança
Numa ida a Recife
Prender a bexiga
Não urinar, era aposta
Coisa de menino
Mas que bosta
Quase me mato
Por ter ganho este jogo
Prender a bexiga
Nada de urina...
Bento Júnior
João Pessoa, 05 de julho de 2000
2909. CONTO MAIS UMA...
Quando eu cheguei
Eu juro que a vida era melhor
Só que eu errei
Ao descer deste carro
Cá comigo eu pensei
Que o silêncio da viagem
Nos faz grande por bagagem
É assim que nas esquinas da vida
Sempre conto mais uma história.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1999
2910. PEDRA VERMELHA
Dedicado para uma ilusão de menino
Estando eu escalando a Beira-Rio
Lembro-me como se fosse hoje
O encontro deu com uma pedra
Era vermelha, pensei cá comigo
É ouro, levo ou não levo à escola
Aula de Ciências, laboratório lotado
Coisa de menino, erra barro vermelho
Grudado na pedra, grande gargalhada
Pedra Vermelha, nome de trabalho em grupo
Coisa de menino...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de maio de 1982
2911. PAI CABÔCO
Dedicado para um pai de santo da minha infância
Da minha casa um barulho
Uma batucada alegre
O povo a cantar e a gritar
Era o terreiro do pai caboco
Quem se manifestava tinha farofa
Quem não, da porta da frente olhava
Pai caboco, de estatura mediana
Com seu turbante branco na cabeça
Conduzia homens e mulheres
Era uma alegria só, pai caboco em cena
O batuque do terreiro era contagiante
Hoje guardo saudade, eternas saudades
Por onde anda aquele pai caboco?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de maio de 1994
2912. MEU PAI DA VIDA
Quando criança
Busca-se um pai em cada confusão
No Polivalente, depois de uma briga
A molecada na rua, eu vitorioso
O perdedor, cinco irmãos para me pegar
Foi aí que tive um pai da vida
Chegou e deu nos cinco, o que tinha apanhado
Das minhas mãos, sorriu e disse
Não foi que chamei, eles chegaram sem avisar
E ainda por cima disse: bem feito.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de janeiro de 2010
2913. TANTOS PROBLEMAS
Dedicado para Bento Carvalho (Meu Pai)
Tantos problemas, velho, guardas na lembrança
pessoas piores existem e são felizes
dê a volta por cima velho, sacie o suco da fruta
deixe os problemas morrerem em você...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de maio de 1999
2914. BANCA DELA
Dedicado para Vitória Carvalho (Minha Mãe)
Ela tem banca
bota banca
que é dela
sabe o que faz
minha mãe é demais
feliz ela se encontra
um velho dentro de casa
dar trabalho
minha mãe pega meu pai
e juntos se tornam felizes
na saúde e na doença.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de maio de 1999
2915. OLHOS EM LÁGRIMA
Dedicado para ela
Uma lágrima cai dos olhos
Um sorriso visto pelo computador
Onde queres que eu vá, meu amor
Estou aqui, fitando teus olhos
Comendo da tua comida
Provando do teu hálito
Vivendo e aprendendo
A ser o que aprendi ser
Experimentando...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 2010
2916. ELA QUER OUVIR A VOZ
Solto a voz
Recebo uma chamada
Do outro lado
Outra voz
A voz dela
Querendo me ouvir
Deito e penso
Tudo isso por causa
De uma voz...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de agosto de 1991
2917. NAMORADA ANTIGA
Ela era feliz e não sabia
Usava brinco e dele gostava
Usava charme e sempre saia
Corria na calçada e beijo trocava
Era a namorada que eu sonhava
Era a namorada que todo mundo gostava.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 1989
2918. PENSANDO NAQUELA MULHER
Aquela mulher famosa
De pernas grossas
De olhar leonino
Cruzou meu espaço
Matou meu maior fracasso
Fez de mim um homem
Um homem que hoje me faz pensar
Penso demais naquela mulher...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 1982
2919. SANGUE NA ESTRADA
Sangue partido nas veias
Sangue coalhado nas peias
Sangue grudado, mais leia
Sangue coado, vida cheia
Sangue ralado na teia
Sangue roubado pensando na ceia
É sangue na estrada...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 1982
2920. MULHER SENSÍVEL OU MULHER INVISÍVEL?
Mulher
Tu és sensível
Ou tu és invisível
Neste tempo de espera?
Mulher
Tu és o impossível
Ou tu és o imprevisível
Neste tempo de fera?
Mulher...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 1986
2921. DOR DE DENTE
O homem está com dor de dente
Porque seu dente está doendo
E doendo seu dente, a dor reclama
A dor que o homem sente
É dor de gente grande
É dor, simplesmente dor de dente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de maio de 1987
2922. LUA DE PRAIA
A lua tão linda, daqui da praia
A lua tão bela, daqui da praia
A lua tão clara, daqui da praia
A luta tão meiga, daqui da praia
Daqui da praia, a lua tão linda
Que brilha tão bela
Por ser a lua tão clara
E sendo a lua clara
Ela se torna meiga
É lua que se ver daqui da praia...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de novembro de 1981
2923. HOSPITALIDADE DE SERTANEJO
A hospitalidade do sertanejo
É hospitalidade gente boa
Manda você entrar
E estando dentro de sua casa
Manda você se sentar
E sentando você na casa de um sertanejo
Ele te manda jantar, sendo noite
Te manda almoçar, sendo dia
E em qualquer hora
Tome café
Tome café
Na casa de um sertanejo
É hospitalidade...
Bento Júnior
Recife-PE, 10 de julho de 1983
2924. OLHOS VERDES DE MENINA CHORONA
Menina chorona
De cabelos longos
Chora com teus olhos
Tão verdes, tão claros
São olhos de menina que chora
Menina chorona, olhos verdes
Que nos faz bem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1983
2925. DEZEMBRO É MÊS DE FESTA
Chegou dezembro
Mês de festa
Natal
Ano Novo
Dezembro natalino
Dezembro festivo
É mês de festa em casa
Na sua casa
Em todo mundo
Dezembro, dezembro...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1981
2926. PEQUENA SEREIA
Pequena sereia
De grandes olhos grandes
Pequena sereia
De grandes orelhas grandes
Pequena sereia
De grandes pernas grandes
Pequena sereia
De grandes vidas grandes...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de setembro de 1982
2927. PALCO DE ARTISTA CHATO
Todo mundo a peça assistiu
Bateu palma e ao camarim se dirigiu
Eis que ele encontra um artista chato
Que no palco é bom moço
Por trás das cortinas é chato
Um ótimo artista
Por trás das cortinas
Um ser irreconhecível...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de junho de 1982
2928. RODA GIGANTE DE PERIFERIA
O menino compra o ingresso
E na roda gigante ele vai
Tem medo o menino de cair
Mas o menino segue viagem
Eu cá comigo olhando a cena
Comprei também um ingresso
E vomitei
E tive inveja do menino
Que toda volta completou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de novembro de 1980
2929. SEU JOSÉ DE TANTAS MARIAS
Seu José tão bem casado
Pai de três moças
Pai de dois meninos
Seu José era safado
Tinha uma amante
E quando esta amante descobriu
Outras ao encalço vieram
Seu José era fogo
Foram tantas as Marias
Que até hoje seu José paga pensão
Não se sabe ao certo
Uma, duas, três, quatro...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982
2930. SONHO DE VACA
Sonhar
Acordar
E no bicho jogar
Sonha-se a noite toda com vaca
Joga-se no outro dia na vaca
E sabe o que no bicho dar
Vaca na certa
Só que se joga pouco
O que se tira
Não dar para comprar
Um quilo de carne de vaca...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 1982
2931. TE DEDICO O MAR E TODO ESTE CÉU
Eu, humilde rapaz, vindo do interior paraibano
Te dedico o mar, e não por te dedicar
Que sinto-me incapaz, pois é
Queria te dedicar muito mais do que o mar
Dedicar-te além do mar
Todo este céu coberto de nuvens pela manhã
Coberto de estrelas pela noite.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de março de 1980
2932. UM AVISO
Dedicado para este amor que comigo está
Um aviso se fosse bom não se daria
Um beijo se fosse mal não de pedia
Um abraço se fosse ruim não se competia
Um amasso se fosse amargo não se repetia
Um amor se fosse avisado
Por si só não se destruiria...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de fevereiro de 2010
2933. BLOCO MURIÇOCAS
João Pessoa é grande cidade
As muriçocas vão passar
João Pessoa é verdade
As muriçocas vão passar
Segura Muriçocas do Miramar
Veste tua folia
Folia de Rua tem cara e nome
Muriçocas do Miramar...
Bento Júnior
João Pessoa - PB, 10 de fevereiro de 2010
2934. CRIANÇA SOFRIDA
Ela sonha que é feliz
Sua felicidade enche uma casa
Sua felicidade ganha asa
Ela sonha e ainda é aprendiz...
Bento Júnior
João Pessoa - 12 de junho de 1990
2935. ORGULHO DE CABRA MACHO
O cabra quando é orgulhoso
Se orgulha de tudo que ver
Se tem filha bonita, é orgulhoso
Se tem filho formado, é mais que orgulhoso
Se orgulha até do seu machismo
Diz que é cabra macho, todo cheio de orgulho
Mas se esquece de dizer
Que no passado corria
Mundo acima montado num cavalo
Medo do pai da moça que ele se casou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de maio de 1987
2936. SERTÃO QUE DÁ SAUDADE
Este sertão que o moço fala
É o mesmo sertão de antigamente
Sertão de cabra macho, Lampião passou por lá
Hoje este sertão dá saudade, dar saudade
Danada de boa na vida da gente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1986
2937. PRIMAS DISTANTES
Elas moram tão distantes
Tão distantes minhas primas moram
Moram com a família do outro
Sente falta da gente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de março de 1987
2938. MEUS PAIS QUE DEUS ME DEU
Dedicado para Bento Carvalho e Vitória Carvalho ( Meus pais)
Pai
É pai que Deus me deu
Pai na vida da gente
Mãe
Que Deus me deu
Minha mãe de tantas vitórias
Mãe a gente ama você...
Mãe e pai
Vocês dois são de mais
Vocês dois me enchem de paz
Meu pai
Minha mãe...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de junho de 1983
2939. MENSTRUADA
Dedicado para uma mulher
Ela passa e finge o olhar
Ela passa e rouba um beijo no olhar
Ela passa e mostra um vermelho no andar
Ela passa e é cortejada
Ela passa calada
Se alegra pela vida de estar menstruada...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 1982
2930. MUSA PEQUENA
A MUSA tão em silêncio ficou
O poeta tão agitado quis um poema fazer
A musa sem o poeta não é ninguém
O poeta sem a musa também
Ambos se completam
Ambos têm algo em comum
Amam a vida e querem lembranças
A musa e o poeta morrem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de março de 1982
2931. NAMORADA LINDA
Tive várias mulheres
Todas namoradas minhas
Mas nenhuma entre todas
Era linda como tu...
Bento Júnior
Garanhuns-PE, 26 de março de 1984
2932. SOLDADO DE GUERRA
Soldado que protege rua
Soldado que dá em gente
Soldado que gosta de mulher nua
Soldado que toma aguardente
É este soldado que eu falo
É este soldado que todo mundo fala
És este soldado que foi à guerra
Morreu porque não sabia lutar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de julho de 1990
2933. VOCÊ ME AMA?
Ame a mim em silêncio
E por que foges do que falo?
Por isso que pergunto e volto a perguntar
Tu me amas?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de novembro de 1981
2934. VISÃO DE POETA LOUCO...
Um poeta do século vinte
Um poeta do século dezenove
Um poeta do século dezoito
Todos discutindo qual o melhor
Qual poeta melhor seria na rima
Qual poeta melhor seria
Nesta disputa de três séculos
Venceu o poeta da visão maior
O poeta louco.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 1992
2935. VERSOS BARULHENTOS
Por onde eu ando o barulho me acompanha
Quando chego barulho
Quando saio barulho
É barulho em todo canto
Em todo canto só tem barulho
É barulho que não se acaba
E por não se acabar
Leva contigo meu verso
Barulhento...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1992
2936. VERSOS SILENCIOSOS...
Estou em silêncio
Este silêncio é o meu verso maior
Por que fazer silêncio
Se o silêncio é verso que me faz melhor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de julho de 1992
2937. MISTÉRIOS MUSICAIS
És mistérios aos meus ouvidos
Tu música é mistério em mim
Em mim a tua música me faz bem
Tão bem esta música me faz
Que ela se torna mistério
Em cada mistério que a vida
Nos dá através da música...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de agosto de 1992
2938. VERSANDO E RIMANDO
Se eu rimar verso com rima
Não sei que verso vai dar
Se eu rimar rima com verso
Não sei que rima vai dar
O negócio é ir rimando
Remando a vida
A vida do jeito que dá
Depois dos versos
A rima em cena
Encena os versos de cada rima...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1982
2939. VERSOS DE AMOR PROIBIDO
Estás a amar alguém especial?
Esta pergunta paira na cabeça da humanidade
Quem por não saber para onde ir
Se apaixona por qualquer um
E o chama de amor
Um amor que se diz proibido
Quando o proibido nada pode ser dito
E dizendo passa a ser exclusivo
É um amor de alguém por alguém
E nessa mistura de paixões
O gostar sucumbe com a existência
De um poeta e de uma musa
Razão deste meu fracassado poema
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de janeiro de 2010
2940. VIAJANDO PELO INTERIOR DA PARAÍBA
Viajei por Bananeiras
Passei em Monteiro
Montei meu cavalo em Taperoá
Fui parar no forró em Santa Luzia
Quando dei por mim estava em Souza
Mas foi em Patos que me hospedei
Porque em Cajazeiras não havia mais lugar
Resolvi voltar para Puxinanã
Foi lá que o poeta de Itabaiana se inspirou
Matei minha sede em Pilar
Depois dei uma volta em São Miguel de Taipu
Louco para chegar em Araruna
Conhecer a Pedra da Boca na volta de Arara
Visitar a cidade de Areia
Conhecer as flores da querida Pilões
Subir ladeira de Serraria
Ir em Solânea levar um frio no rosto
Passar em Borborema e ficar feliz
Com as meninas de Cuitegi
Mostrar minha arte em Pirpirituba
Comer rapadura em Conceição
Lavar roupa na barragem de Coremas
Dar uma volta no centro de Ibiara
Dançar forró na praça de Zabelê
Puxar sanfona na festa de Princesa Isabel
Fazer silêncio na descida de Teixeira
Sentir o verde lá de Areial
Abraçar o povo de Parari
Navegar nas águas de São Bento
Fazer parte do time de Catolé do Rocha
Fotografar o fumo de Mari
Descascar o abacaxi de Sapé
Tomar o café torrado de São Mamede
Visitar o filho lá em Pocinhos
Dar a bênção ao Padre de Guarabira
Receber o dinheiro emprestado em Mamanguape
Zelar pelo patrimônio em Rio Tinto
Orgulhar pelo verde de Aparecida
E continuar viajando
Pelos interiores desta Paraíba...
Bento Júnior
Recife-PE, 30 de novembro de 1993
2941. JOGO DE BOLA DE GUDE
JOGUE uma bola de gude
E se sinta mata na história
Nunca seja feda na história
Brinque de triângulo
E saia com sua bola de gude
Tu és na jogada o mata...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1983
2942. VERSOS
Amo a mulher do lado
Amo a mulher de cima
Amo a mulher de baixo
Amo todas as mulheres
As mulheres que amei
Eu amo
As mulheres que eu deixei
Eu amo
As mulheres que me deixaram
Eu amo
As mulheres que me odiaram
Eu amo
Amo todas as mulheres
Meu verso puro e eterno
De amor e amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 1996
2943. ZEBRA DO PRIMEIRO AO DÉCIMO
Primeiro prêmio Zebra
Segundo Prêmio Zebra
Terceiro Prêmio Zebra
Quatro Prêmio Zebra
Quinto Prêmio Zebra
Sexto Prêmio Zebra
Sétimo Prêmio Zebra
Oitavo Prêmio Zebra
Nono Prêmio Zebra
Décimo Prêmio
ZEBRA...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 1986
2944. BONITA ATÉ DEMAIS
Dedicado o amor distante
Linda
Da cor de jambo
Cor de canela com cravo
Minha mulher que vive em outra
Bonita como Deus fez
Mulher boa, bonita e gostosa
És tu, a mulher que eu amo...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de janeiro de 1985
2945. NORMA É PARA SER CUMPRIDA...
Essa história de dizer que não pode
E que não dar e na hora liberar
É isto que incomoda a lei
A norma se acaba
E neste caso tem que ter lei
A norma precisa ser cumprida
Quando ela não é
Deixa-se ao tempo
O que se pode resolver...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1994
2946. ESPERTO ATÉ DEMAIS
Tu és esperto
Esperto até demais
Não é atoa
Que pregas a paz
A paz que o poeta prega
É paz de esperteza
A esperteza de ser paz
Na paz do poeta da vila.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1995
2947. POETISA DOS MEUS SONHOS
Tem uma poetisa que mora dentro de mim
E dentro desta poetisa habita o meu ser
O meu ser de ser poeta apenas para ela
Um poema de paz na paz que ela transmite
Porém, poetisa, fazes parte do meu sonho
Estás no meu sonho, imensa poetisa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de setembro de 1994
2948. FÉ EM CRISTO
Dedicado para Nosso Senhor Jesus Cristo
Tenha fé, meu irmão
Tenha fé na vida
Tenha vida na fé
Seja fé pela vida
Tenha fé e seja feliz
Com Cristo no coração
Com Jesus, nosso Pai Maior
É fé que não se acaba
Tenha fé, tenha fé...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de setembro de 1994
2949. TRIO CORAÇÃO ETERNO
Por que não se afasta de mim, tu
Por que não te afastas de mim, você
Por que não se distancias de mim, você mesmo
Vocês três são demais
Porém, tenho um coração
Que junto do teu
A gente forma um só coração eterno...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de maio de 2000
2950. CHANTAGISTA
Dedicado para uma mulher que se ama
Tu és chantagista
Tu és mesmo chantagista
Tu és e repare bem chantagista
Tu és chantagista e a gente sabe
A gente sabe que tu és chantagista
Não dá para negar chantagista
Que tu és chantagista
Tu és chantagista...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 1990
2951. QUASE UM SONHO
O TEMPO passa
E quando passa este tempo
É tanto tempo que ainda nos resta
Que todos os tempos se transforma
Em sonhos, e aqui a gente fala
Foi quase, quase um sonho...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de abril de 1994
2952. GOSTOSONA
Dedicado para o amor distante
Tão distante estás
Estás tão distante
Que todas as distâncias
São calmaria em meu silêncio
E quando este silêncio que
Ronda meus dias chegar
É sinal que falarei aos quatro cantos
Que tu és simplesmente
A minha eterna e amada gostosona...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de fevereiro de 1990
2953. ZERO É O QUE TU TIRAS...
Zero
Zero
Zero
Três notas que tens em teu boletim
É nota três que não se acaba
E quando acabar me procuras
E quando me procuras
Não me venha com três
Venha-me pelo menos com um...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1994
2954. ELA É O MEU ENCANTO DE MULHER
Ela é o meu encanto de mulher
E sendo mulher vivida
Ela traduz minha dor em silêncio
É esta mulher que eu amo
É esta mulher que me faz bem
É esta mulher que me faz encanto
Em todo canto...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1999
2955. MADRE
Uma madre da igreja dos fundos
Dos fundos da minha casa
Pôs a fitar com o padre da outra igreja
Deu uma confusão danada, suco de cereja
Alimento proibido na relação
Dos dois em cena de madre.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1999
2956. UM ALÍVIO
De tantas palavras passadas
Meu pesar se despreza
És um alívio em mim
Porém, contigo, o mundo me encerra.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de abril de 2000
2957. TANTOS ANOS
Tantos anos se passaram
Com o tempo de tanta espera
É que o tempo não tem era
A era do tempo
Na temperatura do tempo
É tempo nos tantos anos
Os anos de espera
A espera de não ter tempo
E quando tempo se tem
Mais tempo os anos têm...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 2010
2958. BREVE VAMOS À QUINTA...
Em breve vamos à quinta
Cantar o amor quando lá chegar
Na quinta avenida o amor se flui
Fluindo o amor
A quinta vai ter que pedir
E ninguém pode impedir
Vamos à quinta, meu amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 2010
2959. PECADORES E PECADORAS
Tu és pecador
Tu és pecadora
Tu és matador
Tu és matadora.
Pecadores e pecadoras
Mãos aos altos
Que o chumbo já vem
Não saia sem pagar a dívida
Pague a dívida e vá embora.
Tu és pecador
Já foste matador
Tu és pecadora
Já fostes matadora
Tomas o copo pela mão
Mata teu desejo
Pecador
Pecadora...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 1986
2960. ALVINEGRO CARIOCA
Dedicado para o Botafogo de Futebol e Regatas
Nunca é tarde para torcer por ti
Meu glorioso, meu vitorioso
Preto e branco na camisa
Alvinegro do meu coração
Marinho Chagas, Jairzinho
Gérson, Carlos Alberto Torres
Paulo César Caju, Nilton Santos
Gil, Cláudio Adão, Brito
Bebeto, Túlio, Quarentinha
Dodô, Zagalo, Didi
Roberto, Paulo Sérgio, Perivaldo
Donizete, Gonçalves
Amarildo e Garrincha
Meu querido alvinegro
Meu querido alvinegro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1983
2961. NUNCA É TARDE PARA O AMOR
Nunca é tarde para o amor
Nunca é tarde para cantar o amor
Nunca é tarde para ligar para o amor
Nunca é tarde para sentir o amor
Nunca é tarde para fluir do amor
Nunca é tarde para dizer que se ama
Nunca é tarde para explodir o amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de dezembro de 1990
2962. MORRO DE AMORES POR ELA
O homem quando canta espanta multidões
É que o homem não sabe cantar e quando canta
Explode a voz de todos os cantos
Os cantos cantados do homem que não canta
Espanta a vida daqueles que querem cantar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 2010
2963. FALANDO COM ELA...
Ela chega e quer falar
Eu falo e ela distante
O trabalho se ausenta
O desejo aumenta
Meu amor é ilusão
O amor dela é perdão
Ela diz que está com raiva
É raiva e saudade
É saudade e raiva
Mas ela fala sério
E me diz o que queria ouvir
É audição do que quero
O que quero é só vê-la nua
Assim como as estrelas
Assim como a mãe lua.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 1990
2964. UMA HISTÓRIA DE FILHA
Dedicado para Camila Dias de Carvalho (Minha Filha)
Ela é minha filha linda
Tão linda que o brilho dos seus olhos
Floresce a minha vida, a minha vida em ti
Em ti somos dois, esta é a história
De uma filha, contada pelo pai
O pai que ama todas
Todas no coração do poeta
A poesia hoje fala de Camila
A branca que chorou, um choro longo
Mais longo hoje só mesmo o
Meu amor por esta menina...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 2010
2965. DENTUÇO DO MATO
Dentuço do mato
Por que moras no mato?
Por que gostas do mato?
Será que a cidade não importa?
Será que a cidade não te aceita?
É, dentuço, o mato te espera
E nesta espera de flores
És dentuço, um dentuço
Que vives a morar no mato...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de junho de 1985
2966. HÁLITO AROMÁTICO
Ele passando por aqui é cheiro
Um cheiro de quem tem cheiro
Cheiro de coisa cheirada a aroma
O aroma dos cheiros que tens...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de janeiro de 1985
2967. VENTO SUAVE E FRESCO
Nas minhas pernas
No meu semblante
Nos meus olhos
Nos meus braços
Nas minhas cochas
Nas minhas entranhas
No meu pescoço
Na minha testa
Nos meus cabelos
Na minha vida
Um vento suave e fresco
A varrer os pensamentos
De toda minha frieza.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de fevereiro de 2010
2968. DOSE E MEIA DE PAIXÃO
Dedicado para o meu amor impossível
Hoje eu cheguei
Ela eu chamei
Ela veio com um riso
Um riso triste de quem quer me ver
Eu cheguei e parei
Ela deu um riso estranho e parou
Não falou uma só palavra
Ficou em silêncio e se foi
Eu triste fiquei
No meu canto parei
E voltei
A pensar no que faço e deixo de fazer
Ela me ama e quer resposta
É esta dose de paixão
Meia paixão ou meia dose
É dose e meia de paixão
Por ela que tanto bem me faz...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de fevereiro de 1990
2969. NAS ÁGUAS DA PISCINA
Minhas filhas gostam
Minhas filhas adoram
Tomar banho de piscina
Tomar banho de sol
As três mergulham nas águas
Como se as águas fossem tantas
Uma piscina que dá para banho tomar
A felicidade das filhas é tanta
Que a chamo de santas
Santas filhas benditas
Nas águas de toda esperança.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de janeiro de 2010
2970. O CASO DO PADRE FILHO
O Padre José Antônio da Silva e Souza
Um dos primeiros vindos ao Brasil
Namorou, casou e se mandou
Joana da Fonseca Madalena e Silva
Era o seu nome de batismo
Mas, por via das dúvidas o padre
A chamava de Madalena Maria
E com ela teve um filho paralítico
Uma filha cega, dois rejeitados pelo padre
Criados pela Joana com amor e dedicação
Ambos se formaram, ele padre
Ela médica do interior de Minas Gerais
Duas alegrias dadas a Joana
Um paralítico, um dos melhores padres do sertão pernambucano
Ela médica, cega, especialista em pediatria
Fila e mais fila para falar com Maria de Souza
Tanta criança nasceu sob a sua batuta
Ele padre, e como o pai, também se casou
Joana morreu, no velório o padre José chega
Reconhece o filho, reconhece a filha
E junto com ele, trouxe os pecados da vida
Hoje, dia não sei quanto para contar
Acredito eu, o padre pai, o padre filho
A médica Maria, enfim, os três moram felizes
E nesta história contada, não se sabe até hoje
O nome do padre filho.
Bento Júnior
Pilões-PB, 25 de dezembro de 1983
2971. SAMBA DE AMOR AO BRASIL
Caía a tarde na cidade onde o sol nasce primeiro
Saí como quem nada quer
Me acompanhando um menino e uma mulher
Nós três cantando, um samba brasileiro
Um samba de amor ao Brasil
Brasil verde
Brasil amarelo
Brasil branco
Branco azul
Ordem e Progresso
Positivismo em ação
Brasil é samba de gente grande
Brasil, Brasil, Brasil
Meu Brasil Brasileiro
Vou te cantar o ano inteiro
Brasil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de dezembro de 1984
2972. OLHOS DE PAQUERA
O homem de olhar cristalino
Lindo como assim dizem as mulheres
Mergulhou no mar da desilusão
E nunca mais voltou...
O homem de olhar cristalino
Sabia nadar, enganou a todos
Devia mais do que podia
Enganou a um monte de gente
Saiu pela tangente, e um dia voltou
E eis que ele encontra
A sua paquera na janela
A olhar a volta
E em volta do homem
Ela o beijou
Ela notou
Que o homem não mais tinha olhar
Furaram os olhos do homem
Mas mesmo assim
Os dois se paqueram
E até hoje vivem
Mergulhando em mares
Antes navegados...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 1983
2973. SILÊNCIO NA DESCIDA
O ônibus vindo da Epitácio
Silenciou na curva do Castelo
Bateu no cavalo, matou o jumento
Pisou na senhora, estraçalhou o gato
Surrou o asfalto, desviou para dentro do mato
E todo mundo em silêncio
E todo mundo silenciou
E todo mundo
Desceu, olhou, voltou e viu
Ninguém morreu, silêncio na geral...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de abril de 1983
2974. MISTÉRIOS DA MULHER ENCANTADA
Lá perto de casa, distante um pouco
Mora uma mulher encantada
Assim diz a molecada
Assim diz todo mundo
A mulher mora só
Faz compra só
Vive só
Anda só
Dorme só
A mulher é mesmo encantada
Ninguém até hoje
Quis quebrar o encanto...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1982
2975. A PONTE DO JAGUARIBE
Passar por debaixo da ponte
Andar por debaixo da ponte
Nadar por debaixo da ponte
Brincar por debaixo da ponte
De se esconder, de pega, pega
Era a ponte do Rio Jaguaribe
A ponte da nossa infância
O segredo a sete chave~
A gazeada de aula
A fugida pela chegada tarde
A ponte do Rio Jaguaribe
Guardo saudades, guardo lembranças
Do meu tempo de criança.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de maio de 1990
2976. QUANDO ALGUÉM SE DIZ QUE É FELIZ
Ele é feliz
Ela é feliz
Eles são felizes
Os dois em cena são felizes
A felicidade da dupla é grande
Ser feliz é o que importa
Viver é tudo para os dois
Amar e ser feliz é tudo
Viver a vida a dois
É tudo que este alguém quer...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de janeiro de 2010
2977. RESPIRE FUNDO
Respire fundo e queira partir
Respire fundo e saia deste lugar
Respire fundo e mostre que quer sair
Respire fundo e diga que quer amar
O amor desta respiração é água
O amor desta água é fogo
O amor deste fogo é mágoa
O amor deste amor é jogo
Respire fundo para não morrer
Respire fundo para não fugir
Respire fundo para viver
Respire fundo e só não queira fugir...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de janeiro de 2010
2978. SOMBRAS DA MEIA NOITE
Dedicado para um papa figo da minha infância
Ele passou e um riso deixou
A molecada desconfiada
Um outro riso soltou
Quando ele riu de boca aberta
Os dentes apareceram
Foi aí que a molecada correu
Com o medo entre as pernas
Era um papa fico em carne e osso
Aquele que o pai chamava
Pega aquele menino, seu papa figo
Quando ele na casa entrou
Cada menino com mijo nas pernas
Gritava e pedia socorro
Só por causa de um riso amarelo
De um tal senhor de idade avançada
Batizado pela gurizada
Esse tal de papa figo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 1990
2979. POETA DA PESTE
O poeta finge ser feliz
O poeta finge ter amor
O poeta finge ser falador
O poeta finge acreditar no que o povo diz
Assim é o poeta da minha rua
Assim é o poeta da minha vida
Assim é o poeta de tanta ferida
Assim é o poeta feito carne crua
A carne deste poeta triste
A carne deste poeta infeliz
A carne deste poeta aprendiz
A carne deste poeta que nunca desiste
O poeta não desiste de enfrentar
O poeta é tão somente luz e paixão
O poeta conduz a vida pela emoção
O poeta mistura fogo e depois quer apagar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB,. 30 de janeiro de 1990
2980. SOMBRAS DE PAIXÃO
Dedicado ao amor distante
Tão em silêncio a moça entrou
Tão confuso o poeta entrou
Tão triste a moça entrou
Tão sem entender nada o poeta entrou
E nesta entrada de estranhos
Vive uma esperança no coração do estranho
É que a moça que em silêncio ficou
Deu um adeus, como um final que restou
Tão em silêncio ela entrou na casa
O filho tão educado, com o poeta falou
Ela, tão sem jeito o portão da casa fechou
Ele se foi, quer saber o que houve com ela
Ambos são jogadores desta vida chamada paixão...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de janeiro de 1990
2981. VOU CANTAR MEU CANTO TRISTE
Vou cantar meu canto triste
Uma tristeza que se espalha em todo meu ser
Invade meu querer e esbarra no ponto final
De deixar de ser triste para viver a alegria
Só que a alegria custa chegar
E nesta chega não chega
A tristeza vai morando no meu canto triste.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de janeiro de 1990
2982. PRAIA DO AMOR
No Conde, precisamente em Jacumã
A Praia do Amor está à vista
A paisagem de uma cena de romance
Não é atoa que ela se chama
Praia do Amor
O Amor a percorrer toda praia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de abril de 2000
2983. ELAS
Dedicado para Maristela Dias e Glórias Ismael
Elas
Cumprem uma etapa
E nesta etapa atravessam barreiras
Cruzam fronteiras e esbarram em ladeiras
Estacionam o querer de ser o que desejam ter
Elas em cena
A tinta a escorregar numa pena
A história de vida na vida de duas
Mulheres amáveis
Vívidas e prontas para a luta
De ser apenasmente feliz...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de maio de 2000
2984. PARAFUSO SEM CHAVE DE FENDA
O parafuso precisa de uma chave
Não há chave de fenda
Que abra este parafuso confuso
Não se tem chave de fenda
Aprenda com a vida
És um parafuso
Confuso
Precisas de uma chave
De fenda...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de maio de 2000
2985. SORRIDENTE
Estás a sorrir
Não vejo motivos em rir
Sei que o riso é importante
Mas o sorriso a sós
Causa um riso sem graça.
És sorridente
Inteligente
Competente
Transparente
Um riso na pele
De quem apenas mostra os dentes...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 2000
2986. BUSCAR A RESPOSTA CERTA
Dedicado para os amigos
Chegou ele
Vem com a resposta na ponta da língua
A resposta não é agradável
Porém, verdadeira ela é
É que o amigo de verdade trás a notícia
Em primeira mão, não deixa outro trazer
Busca a resposta e manda a pergunta
Responde a todos, defende com todos
É o amigo do peito, o peito que se fortalece
É a resposta que todos nós queremos...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1979
2987. PARA OS QUE ME OUVEM...
Quem me ouve desta distância pode levantar a mão
Quem levanta a mão desta distância pode me ouvir
Quem me ouve e levanta a mão pode me chamar
Quem me chama e levanta a mão pode me dizer
Quem me levanta e me chama pode me pedir
Quem me pede dessa distância pode me seduzir
Quem me seduz e me chama desta distância pode me ouvir...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de janeiro de 1990
2988. GREVISTAS QUE NÃO FAZEM GREVE
Grevistas, grevistas
Onde anda este pessoal?
Um pega bandeira
E entrega para um senhora
O outro liga para a rádio
E dá uma entrevista
Assim são os grevistas, estes que não fazem greve...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de abril de 2000
2989. CADÊ O ÔNIBUS
O ônibus não passa
Ele não vem
E se vem, vem cheio
Cheio de bêbados
E prostitutas, é um lotação
Do tamanho do mundo
Dono de toda estrada
Senhor não respeitador
É este ônibus, que nunca vem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de janeiro de 1999
2990. POEMA DE PATRÃO
Posso passar, patrão
Me dê licença que sou de paz
Tenho sangue de bom nas veias
Tenho sangue latindo nos poros
Sou cidadão que não deve
Porque não compra
E se compra não paga
É, meu patrão
A vida ensina e tira da gente
Obrigado patrão, um abração
Aqui do irmão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1986
2991. ALHANDRA DE OUTRORA
Tão bela pela recordação
Tão singela e cheia de gratidão
É Alhandra, cidade famosa
Pela umbanda e fez nascer
Na sua terra, nada mais, nada menos
Do que Zé Pelintra, entidade forte
E que veio trazer para Alhandra
O nome no livro da religião
Alhandra, cultura afro-brasileira.
Bento Júnior
Alhandra-PB, 02 de março de 2000
2992. CHORO DE TÉDIO
Estou chorando
E não me venham perguntar
Qual o motivo deste choro
Sabes muito bem o porquê
E toda trajetória deste tédio
Uma vontade de vomitar
Em cada lágrima que sai
Dos olhos que um dia te viu...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 1986
2993. AQUI, DISTANTE
Dedicado para a pessoa que sente minha pele em chama
Sua pele é como
se fosse minha pele
a pele que queima por dentro
a queima desse sal
o sal que sai
da sua boca
a boca que se deseja
de tantos desejos ocultos.
Aqui, distante
está um poeta
a soletrar toda lembrança
a lembrança dessa sua pele
essa pele que tanto bem
me faz...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 1990
2994. CADA SITUAÇÃO
É cada situação que não se conta
Situação essa, situação aquela
E você tem que enfrentar... ser forte...
Fazer das tripa, coração. É cada situação
Que o caba só tando vivo pra vê...
É situação de desemprego, alguém querendo
Se empregar... é cada uma que acontece
Que só tando vivo pra vê... é isso, só tando
Vivo pra vê o que acontece com cada
Um que vive uma situação, igual, diferente...
Sei lá que tipo, só sei que a minha situação
Não é muito diferente da sua... quer saber?
Estou atolado em dívidas, e você?
Estou sem saber o que fazer, e você?
Notou que não existe nada de diferente
Nas várias situações que se vive...
Fez um empréstimo, pagou
Fez um empréstimo, gastou
Se atolou até o pescoço em contas
E mais contas e tome conta...
Quer dizer, não é muito diferente,
É quase a mesma coisa, a mesma situação.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 1989
2995. QUANDO A MULHER QUE SE AMA VAI EMBORA
Ouvindo Benito a situação é a mesma
Quando se ama e a mulher vai embora
Muita coisa muda nessa hora
Até o mais valente dos homens, chora
Um choro triste de quem perdeu a vida
De quem sofrerá por eternidade
De quem nada ganhará
Apenas o verbo perder é carta magna
No pensamento de quem é abandonado
É como me sinto neste cruel momento
Um abandono como muitas músicas foram cantadas
Um absurdo de fala na fala de tanta gente:
O mundo se acaba quando a mulher que se ama
Vai embora, vai embora, vai embora, vai embora...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 1989
2996. O PURO E DISCRETO AMOR
Ser puro com pureza pura
É ser santo sem nunca ter ido na igreja
Sem nunca ter feito uma caridade
Sem nunca ter desejado a mulher do próximo
Quando este está próximo
Ser puro no mais profundo e terno amor
No mais singelo viver
No mais sagrado de todos os sagrados
Ser puro com pureza divina
É este amor que se espera
E quando não vem
Cai a máscara do desengano
A perda por completo de toda personalidade
O sonho desfeito de quem sempre diz ter amado
Porque o amor maior é fruto de muito sofrer
E sofrendo tanto o amor caminha sem nada pedir
O homem é quem implora
É nesta imploração a humanidade chora
Um choro triste de quem quer e precisa
De um puro e discreto amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 1989
2997. A CASA SEM JANELA
A casa sem janela
Frente para o mar
Um jardim florido
Nas noites de luar
Uma casa assim
Foi feita pra mim
Dentro dela uma beleza
Viver nela é mais do que riqueza
Uma casa sem janela
Morro de amores por ela
É minha casa de praia
Adoro ver as meninas de saia
Saindo desta casa
Meu coração de feliz se esbarra
No jeito da pintura desta casa
Sou feliz vivendo nesta casa
Sem janela.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1981
2998. COISA DE SE COMER...
Coisa de se comer
Seja no café
Seja no almoço
Seja no jantar
É coisa de se comer
Mesmo faltando tudo
Mesmo com tudo em falta
Mesmo que o tempo venha
Mesmo que não haja tempo
É coisa de se comer
Um pedaço de pau
Dentro da mata
Depois de trinta e cinco dias
Sem ver água
Sem ver comida
É coisa de se comer...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de julho de 1980
2999. RAÍZES DO JATOBÁ
Lá detrás da minha casa
Um pé de jatobá
Brotou raízes milagrosas
Cura cego e leproso
Aleijado e ateu
Quem não crê em Deus
Ele cura mas manda um recado
Cura-te e vai te confessar
É o pé de jatobá
Florido e bem querido
Cresce jatobá
Curas dores e males
Cresce e vem me curar.
Bento Júnior
Guarabira-PB, 15 de setembro de 1984
3000. MENINA SAPECA
Menina sapeca
Levada da breca
Brincadeira do cão
Dá-me a tua mão
Menina da mão de creca
Dá-me teu coração
Menina danada
Safada e atrevida
Razão da minha vida
Menina condenada
Menina descabelada
Menina tu és bondade
Menina já estou com saudade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de maio de 1984
3001. ESCOLA RAIMUNDO NONATO
Raimundo nome de gente
Raimundo escola da gente
Raimundo do menino e da menina
Raimundo que nos ensina
A letra de cada palavra
A palavra feita de amor
Raimundo da mãe e do pai
Raimundo da professora
Raimundo do professor
Raimundo da Gervásio Maia
Escola dentro do Gramame
Temos quatro meses de vida
Se estuda lá me chame
Me chame que eu chego lá
Chego com o brilho de um ator
Em verdade só resta à Raimundo amar
Palavras claras da boca de um diretor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de agosto de 2008
3002. PÉ DE BANDA
Dedicado para Daniel Rogério ( Meu sobrinho)
Tu
em carne
és o mesmo
em foto.
Um pequeno
guri
pernas abertas
pé-de-banda
uma pedrada
na certa.
Tu
em carne
és o mesmo
em foto.
Olhos imensos
calça comprida
bem social
calça curta
um moleque.
Teu nome é resultado
do pedaço do meu.
Tu és grande
guri gigante
travesso
bonito
amo-te.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de outubro de 1985
3003. A CENSURADA
Ela está censurada
Ela está enganada
Ela está mal-amada
Ela está maltratada
Ela está enganada
Ela está passada
Ela está marcada
Ela está censurada
Ela é mulher amada
Ela é mulher beijada
Ela é mulher arretada
Ela é mulher sonhada
Ela é censurada
Ela é louvada
Ela é enganada
Ela é assanhada
Ela é de tudo um pouco
Ela é um sonho louco
Ela é do pouco um tudo
Ela é ilusão e não me iludo
Não me iludo com a censura
Não me arrependo de ter loucura
Sou um pedaço de censura no prato
Sou um vício em forma de trapo
Tu és censurada, mulher amada
Tu és censurada, mulher alvejada
Tu és censurada, mulher acanhada
Tu és censurada, mulher acorrentada
Nas correntes do tempo, do tempo censurado
Nas correntes do tempo, do censo do pecado.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 23 de setembro de 1990
3004. AS MULHERES DE MAIO
Elas são suaves
Como a boca do céu
Nos faz silêncio em vida
É beijo gosto de mel
É este mel saboroso
A deslizar por todo anel
É amor louco e amoroso
Pintado por um pincel
As cores de todas as mulheres
Nascidas no mês de maio
É fogo botado dentro de um balaio
Fico contigo se tu me queres.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 12 de maio de 1983
3005. BELO DIA DE CHUVA
Que belo dia
Que chuva bela
Molha o chão da estrada
Molha o meu amor
Que até hoje não veio
Nem nessa chuva
Ela não vem...
Vem chuva caindo
De manhã logo cedinho
Molha o pranto da espera
Molha o chão da terra
Belo dia de chuva
O dia vai ser de espera...
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 12 de maio de 1983