COLETÂNEA POÉTICA DE BENTO JÚNIOR - VOLUME PRIMEIRO - DE 2405 A 3005

2405. O SOL DO POVO

O sol está no pano da casa

E todo povo quer amar

O SOL.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 2001

2406. MALANDRA NO ASFALTO

Ela vem

Ela vai

Ele vem

Ela vem

Os dois se chegam

Três se formam

É a vida

Vida a três

Uma não sabe

É a vida

Vivida

E sentida

Pela emoção do asfalto

Da malandra que

Cruza a casa

Anda pela casa

Sabe o que faz

E tudo que faz

Pisa no asfalto

Dá um beijo

Dá um abraço

É minha emoção em jogo

É jogo que faço

É amor que laço

É tudo que tenho

Neste ambiente

Cheio de detergente

Desinfetante

Decisões

Emoções

Sensações

É ela que amo

E quando a chamo

É ela que dá sossego

É meu medo

É meu segredo

É vida na vida

Da gente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de janeiro de 1991

2407. O QUE QUEREMOS? É ISTO REGINA

Reze um Pai Nosso

E sonhe comigo. Gosto do seu corpo, seu umbigo

Imagine, mulher, o resto Nestas curvas corporais

Amar-te-ei como todos os mortais...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1983

2408. TRAUMA DA GENTE...

Tantas cadeira de rodas

Tantas macas de gente

Um sem fala adentrando

Outro de longe gritando

Uns que vêm de fora

Outros que saem de fora

Tudo a nada se compara

Outro com a perna na vara

Outra de lenço na mão

Chora a morte do irmão

É trauma de tanta gente

É senador, é hospital

Trauma de muita gente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de agosto de 2008

2409. PENSANDO, PENSANDO...

Pensando, pensando

O pensamento vai a mil

Nela se pensa

Nenhuma recompensa

Vou pensando

A vida passando

Feliz se fica

Tudo se complica

O coração vai a mil

É esta linda mulher

Que trouxe a fé

O lugar ficou feliz

Quando ela sorriu!

Pensando, pensando

O pensamento dispara

Por ela eu tenho tara

É o amor impossível

Que meu coração

Assim tão reversível

Encheu-se de paz

Azarou a minha paz...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988

2410. ROGO A DEUS

rogo a

Deus

enquanto o coração existir

gosto demais de ti. imagine o que é a dor

nesse sonho sempre a sorrir, amando-te pelo puro amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988

2411. UMA RAPARIGA ATRIZ REGINA

RAPARIGA LINDA QUE É ATRIZ

ESTOU VIDRADO EM VOCÊ. GOSTOSA DOS MEUS SONHOS

IMAGINAÇÃO FÉRTIL. NÃO SEI O QUE VAI DAR

AMOR, TU ÉS MINHA PAIXÃO.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988

2412. BRASIL OLÍMPICO

Pequim, capital da China

Brasil em cena, pouca medalha

Brasil Olímpico, pouca história

Futebol, bronze, prata e pouquíssimo ouro

É o Brasil tão sem vida na vida de tanto dinheiro

COB é um, CBF é outro, Brasil em guerra

Pouca medalha, pouca história, vergonha nacional.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de agosto de 2008

2413. SAUDADE DE TAPIOCA

Temos saudade do Tapioca

Vendia tapioca das boas

Com sua boca enorme

Enveredou pela cachaça

Não se ouve mais o grito

Olha a Tapiocaaaaaaa...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1990

2414. ELA TEM QUE PARTIR

Ela tem que ir embora

Dar o fora e ir embora

É uma mulher que vive fora

É uma mulher que dá o fora...

Ela tem que partir

Ir pra longe e se mandar

É uma mulher que quer sorrir

Ser feliz e apenas amar...

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 21 de agosto der 2000

2415. POLIVALENTE, POLIVALENTE

Polivalente

saudade tão grande

o peito em chama

a saudade reclama

é Polivalente Escola

Escola de aprendizagem

Lá aprendemos a terra cultivar

ir ao fogo cozinhar, plantar e colher

jogar, estudar e interpretar

a arte na veia da gente

Polivalente de tantos sonhos

Tantos sonhos cultivamos

nas trilhas da educação

tantos planos planejados

no planejar de cada espera

é Polivalente, saudade profunda

O Polivalente do meu tempo

o Polivalente de hoje em dia

é só saudade física, é só ilusão vencida

tantos já se foram, tantos já chegaram

Polivalente, Polivalente

minha escola amada, meu pensamento de outrora

meu pensar de agora, é Polivalente...

saudades e saudades a toda hora.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de agosto de 2008.

2416. POBRE DESTE MOMENTO...

Este momento

Pobre

Pobre tão sem história

Uma história sem vida

Na vida de tanto momento

Um momento pobre

Pobre de história pouca

De tão pouca lida

Na lida deste momento

Pobre, pobre, pobre.

Pobre é o sistema

Que o momento se encontra

E por nada poder fazer

O momento se torna pobre

Pobre de tanto sofrimento.

Bento Júnior

Santa Rita-PB, 23 de agosto de 1982.

2417. NA PRAÇA DO MEIO DO NADA

Aqui na praça tão sem graça

Encontra-se o poeta tão sem poema

E o poema que dele sai tão sem sentido

É sentido na pele daqueles que passam

Daqueles que na praça vão sentando

Nos bancos tão sem estrutura

E por não ter estrutura a poesia acha graça

É que a praça quase no meio do nada

Acha graça no calar deste poeta.

Bento Júnior

Santa Rita-PB, 23 de agosto de 1982.

2418. MULHER SUPERA O SONHO...

Mulher

Supera este sonho de nunca sonhar

Sonhe um sonho que me tenha por perto

E nada vier a dar certo, mulher

É que o sonho tão superado, supera a mulher

E a mulher tão sonhada, supera o sonho...

Bento Júnior

Santa Rita-PB, 23 de agosto de 1982

2419. MISTERIOSO CANAVIAL

Canavial

No tempo do meu avô

Terra se perdia de vista

Avistava o canavial

Hoje a cana do açúcar

É só vastidão neste lugar

Quem é o dono?

Ninguém se arrisca

Só sabe dizer:

- Canavial, verde de tanta história...

Bento Júnior

Santa Rita-PB, 23 de agosto de 1982

2420. NÃO A QUERO...

Não a quero perdida no sonho

Quero comigo sonhando

Um sonho de quem tem saudade

Saudade de quem está amando

Um amor assim tão discreto

Um discreto assim tão passageiro

É um amor que não quero

É um amor que me desespero

Não a quero em vida, morta

Não a quero morta, em vida

Quero por inteira, inteirinha

Quero todinha, minha...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988

2421. VIAJANDO NA MAIONESE...

Se toque, minha irmã

Pegue o beco, descendo

Vá catar coquinho, morrendo

Se toque, chupe manga em vez de maçã

Por que ser viajante desta maionese

Se todo mundo muito bem te conhece?

Viaje e não conte comigo, minha irmã

Pegue o beco, até amanhã de manhã...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988

2422. FALTA DE COMPREENSÃO

Ela

Falta compreensão em tudo

Em tudo falta compreensão

A mulher é autêntica

Autenticidade é parte dela

Dela tudo é permissível

Ao outro nada possível

Ela

Tão sem compreensão

Não compreende o fato

O fato de ser mulher

Sensibilidade, afetividade

Mulher, mulher, mulher

Tri palavreado de nomes

Mulher em três

Três mulheres que andam comigo

Comigo, comigo, comigo

É pela falta de compreensão

Que ela compreende este poema.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988

2423. NÃO VEJO A HORA

Não vejo a hora

A hora do encontro

O encontro com ela

Com ela quero me encontrar

Um encontro a dois

Dois é o que importa

Não queira bater a porta

Deixa a porta aberta

Para que eu possa entrar

E dentro dela dar-te um beijo

E saciar o desejo

De dois dias de espera

E quando o encontro encontrar

Matarei o encontro ao ver-te

Linda como o nascer do sol...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988

2424. NÚMERO ÍMPAR

Um pode

Três pode

Cinco pode

Sete pode

Nove pode

Par não chega perto

Ímpar é o que pode

Desta existência tomar-me conta

Desta conta tão ímpar

Desta vida tão ímpar

Desta religião tão ímpar

Desta frescura tão ímpar

É fundamental o benzer...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988

2425. EPITÁCIO, CARROS, BICICLETAS E MOTOS

Dedicado para a passeata de Ricardo Coutinho e Bira

Na Epitácio Pessoa, no circular da Lagoa

Parque Solon de Lucena

Cartão Postal de João Pessoa

A passeata rumo à Praia de Tambaú

Tantos candidatos... Tantos números...

Tantas buzinadas... Bicicletas e motos

Carros e bandeirolas... Tantas buzinadas.

Bira candidato... Um lugar na Câmara

Um lugar de chegada... Um iniciante.

A campanha está quente

Ricardo Coutinho na frente

Buzinas e gente falante...

Trio elétrico puxando, o tele jegue animando

A campanha está forte

Aos vereadores candidatos

Ganhar é uma questão de sorte!

O domingo de sol, a parada no Chinês

O almoço a preço de mês, gasolina está cara

Tudo é preço bem caro, fica quem tem razão

Passeata calma e sem confusão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988

2426. FICA FIADO

Fica fiado o que comprei

Bota no caderno o que gastei

Me perdoa se eu errei

Me empresta o que nunca emprestei.

Bota tudo no pendura

Deixa lá na altura

A senhora me jura

Que eu pago e não é loucura.

Fica fiado madame

Sei que abelha dá enxame

E sangue só quando o exame

Dá outro nome no certame.

Fica fiado que eu pago

Uma notícia eu te trago

Sei o que é embargo

Trato bem e não te estrago.

Vai ficar tudo no fiado

Não me chame de veado

Pendure bem pendurado

O saldo deste número cobrado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1988

2427. DIFÍCIL DE SE APAIXONAR

Uma mulher é uma mulher

Que avança o sinal

Que freia o carro

Estaciona na hora h

Faz do marido um bobo

E bobeando a vida

Vai levando

Vai levando

É essa mulher difícil

Tão problema na vida

Tão na vida um dilema

Minha mulher

Mulher de outro...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1981

2428. ESTANDO SÓ NUM LABIRINTO DE ILUSÃO

Estando só

Me sentindo só

Totalmente só

Encontro-me só

Porque sou só

Somente só

Sozinho...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1985

2429. RESIDIR NO MAIS PURO E SECRETO OLHAR

Na beleza doce do teu olhar

Reside o néctar do teu querer

Da felicidade e do meu prazer

Do bem estar e do cheiro de amar

No teu sorriso suave

Reside a força do bem

Da amizade sincera e do amor

Entre tantas que nos convém

Na tua forma escultural

Reside o perigo das curvas

O aroma das pétalas e o perdão

Fatalmente mais que sensual

Nas tuas mãos suaves

Reside o carinho dos beijos

Totalmente na asa das aves

Nas garras de todos os desejos

A beleza, o sorriso,

A forma escultural

E tuas mãos que preciso

São únicas em mim

Como você, algo tão normal.

Bento Júnior e Alberto Black

João Pessoa-PB, 26 de agosto de 2008

2430. PALAVRAS DE LIVRO

Eu sou um livro

Como você pode ver

Eu gosto de ensinar

E você gosta de aprender

Eu sou um objeto

Muito útil para você

Você me cuida com carinho

E eu lhe ajudo a aprender

Eu sou um objeto

Um objeto muito importante

Mas sou desprezado aqui

No canto dessa estante

Não me deixe aqui sozinho

Sozinho eu não quero não

Me leve contigo menino

Dentro do seu coração.

Bento Júnior

Areia-PB, 15 de fevereiro de 1980

2431. O QUE SE PASSOU

Ontem deu vontades mil

Ela nem olhou

Cruzou as pernas e se mandou

Não deu ouvido

Hoje é outro dia

Houve a fala dos dois

A resolução da biblioteca

na sala do pré – escolar

ela não topou

- como é que a gente vai sair?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de março de 1980

2432. UM CORAÇÃO EM PECADO

coração pecado

pecado tem o coração

se o pecado do coração não é pecado

então o pecado de cada coração

se torna pecado porque pecar é coisa de coração

e sendo coisa de coração, pecar só de coração

não tem essa de criar barreira para o coração pecar

porque se peca o coração da gente o pecado

é de coração pecador, porque no amor de tantos pecados

o coração é só pecado nos pecados da vida de tantos homens

2433. A ALEGRIA DE TODOS OS SERES

O Ser Humano é por natureza bom

É bom porque o homem é bom

O Ser Humano nasceu bom

O Ser Humano tem bondade

Sua bondade transparece no rosto

No rosto de sua mais pura alegria

É o Ser Humano que tem mania

Sua mania maior quebrar o desgosto

O desgosto não deve conter mágoa

É um rio que transborda a pura água

Que invade os mares de todos os seres

Causa ao Ser Humano apenas prazeres

O prazer de ser feliz na felicidade eterna

O prazer de amar no mais puro amor

O prazer de trocar a vida pela vida do outro

O prazer de dizer verdade sem sentir pavor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de setembro de 2008

2434. O MOMENTO SOBRE O TEMPO

Sobre o tempo ele mora

sobre a morada ela faz tempo

entre o tempo e a morada

os dois se perdem

e perdidos no tempo

não há como fugir da morada

o tempo os deixou em contratempos

ele a amou

ela o amou

os dois foram felizes

romperam o silêncio do tempo

e sobre o momento do tempo

a morada dos dois foi embora

com o tempo que não havia tempo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de março de 2000

2435. A PAIXÃO PELO ATO FAZER

A paixão tão radiante no céu de lua brilhosa

perdeu de vista o amor, entrou firme no samba,

sambou a noite inteira, quando querer ir embora

já era tarde, morria a paixão do poeta perdido...

tão perdido a dormir na cadeira da noite, uma noite

entre tantas noites de noites sangrentas...

sangrou o coração do poeta, pela menina que chorava

um choro triste de quem quer ir embora, só que não foi

ficou para desespero da poesia. Morte aos poetas loucos

que de tanta loucura inferniza os outros. Os outros

são ferramentas para outros. A paixão fica e vai

e quando vai nunca mais quer volta, e quando volta

nunca mais quer sair, é um pouco de história

de uma paixão mal resolvida, porque se resolvesse

o poeta já teria morrido, e morrendo o poeta

não deve contar o que sucedera em tão poucas linhas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de março de 2000

2436. A FESTA NA CASA FESTIVA

Seis horas da noite

não é hora de Ave Maria

é hora de espera. Uma chega,

outro vem chegando, enfim todos chegaram...

A festa já era festa desde a manhã,

e sendo manhã a espera por todos

se deu por toda tarde. O caminho é confuso

e a distância tão longa. Uns queriam vir,

outros já iam saindo. A casa só tinha Raimundo,

outro nome não existia, era tanta festividade.

O candidato chegou e não mais quis voltar,

se voltasse não teria como chegar, ficou.

Abraçou e falou, comeu e bebeu

e gostou. Foi embora coletivamente

nos braços ardentes de quem quer o melhor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de setembro de 2008

2437. EM CADA ESQUINA DA VIDA

Já passou, quisera um dia, na esquina da vida,

Acompanhada de homens, sozinha, intolerante,

Quem sabe, arrogante, ou mesmo, inconstante,

Era assim a meretriz, buscando guarida

Na casa de um ou de outro, o qual pudesse

Dar-lhe o alimento do dia, pois não tinha

Conseguido o sustento, como a vida minha

Que vai pelos caminhos que me interesse.

A meretriz está em cada esquina

E quer comprar o corpo dos senhores,

Sei que eles são confusos sedutores,

Comem as de casa, querem a menina

Que nos seus dezoitos anos vividos

É explorada e explora aqueles

Que saciam carnes, que não são deles

E sim, desta sociedade dos metidos

Que busca o aconchego alheio

E não sabe qual o futuro aperreio

Pois a meretriz por mais que se esforce

Não conseguirá viver, aos poucos vai-se com a tosse.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de março de 1983

2438. FONE AUDACIOSO

Tocava...

Tocava...

Tocava...

Um, dois, três, quatro, cinco...

Tocava...

Fone zuada, zuava os ouvidos

Zuava tudo, tudo no silêncio

Pairava para ouvir o toque...

Tocava... diversas vezes

A menina foi atender

Não era ninguém

Era um trote...

Tocava...

Tocava... um, dois...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de setembro de 1986

2439. PELE DOS OLHOS

Já por volta das onzes horas da noite

Um sono dava e queria morar aqui,

Com os olhos cansados, confusos

Buscava na pele o ficar...

Cansava cada vez mais,

Pois não havia motivo para o querer

Lutar com a abertura que custava

Chegar... Era tarde... Fazia bastante frio...

E num poemeto augustiano, pensei

Na carnificina apodrecida dos funerais

E da língua cuspida de escarro...

Era um sonho tipo sono

Que invadia a pele dos olhos

E cobria de angústia meu ser.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1985

2440. CESSANDO E INDO EMBORA

Parei e não olhei para trás

e nem tampouco fui avante,

queria mesmo era dormir

e tomar um belo calmante.

Fui dormir. Não consegui

pensava constantemente

em como não dormir naquele

momento tão sufocante.

Acordei e pensei em voltar

para o lugar que antes

estava a me desabafar.

Não contive as lágrimas

e pensei em tudo deixar,

pura covardia.

Voltei ao sono e tive sonhos

que me mostravam como

ser autêntico na hora de dormir.

Bento Júnior

Guarabira-PB, 08 de março de 1981

2441. CINCO ESTROFES

Vou fazer um poema que fale de amor,

Não esse amor dos que amam na noite

E sonham com a felicidade dos outros,

Meu poema é caso de novela.

Vou fazer um poema dos tristes

Que cantam para serem ouvidos,

Mesmo que suas vozes sejam horríveis

Eles cantam e querem paz ao mundo.

Meu poema tem estrofe em cinco

Que é para alimentar meu ego maquiavélico,

Assombrado com o mundo de lá,

Canta no mundo de cá para ser feliz.

O amor que o poeta tanto se expressa

Cabe numa palma de mão pequena,

E ainda sobra espaço para mais amor,

Mesmo que o dissabor se faça presente.

As cinco estrofes escritas em papel

Branco como a névoa dos entristecidos,

São lares perdidos na multidão

Que sonham encontrar o amor nesse poema.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de março de 1988

2442. PARTIDA FERIDA

Partida é como

ferida que se rompe.

A partir da despedida

não se tem paz,

alegria, tranquilidade,

contentamento,

enfim, só tormento.

Mas no sofrimento

há esperança, graça a Deus.

Tenho calma

na Minh ‘alma

de algum dia,

com certeza,

com minha

Luz acesa

conquistar todos os meus sonhos.

Mas no sofrimento há esperança,

onde o sofrer faz parte da vida

e a vida é uma criança,

criança que de mim fez partida...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1982

2443. SAUDADE DOLOROSA

Essa palavra saudade, ouço desde criança.

Saudade do amor ausente não é saudade,

É lembrança. Pois a saudade é herança

Dos sonhos que tive na mocidade.

Saudade só é saudade quando

Morre a esperança. Quando a esperança morre

Nosso amor vai muito mais amando,

O amor de quem numa corrida, corre...

Quando a esperança morre, tudo

Se complica, fica só na cabeça,

A saudade e o passado, não há fala, só mudo

Pode amar a saudade. Aconteça o que aconteça...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de junho de 1983

2444. UM SONHO ILUSÓRIO É UM SONHO

Sonho...

Grande ilusão...

Viver de sonho

É fugir da realidade...

Viver de sonho é não ter o que querer,

É querer o que não se pode,

É cochilar e a vida esquecer...

Afinal, para que viver se sonhar é melhor?

Viver tudo que se deseja

Nas noites que se dorme,

Com quem quer que esteja

Ao acordar tudo morre...

Dizem que sonho é pesadelo

Quando se acredita nas coisas boas do amor,

Um amor de coisas inexplicáveis,

Realidade e sonho na nossa sã consciência...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de julho de 1983

2445. ILUSÃO - ILUSÃO

Por um momento pensei

Pensei por um momento

No amor que nascia em mim

No amor que deixei em ti

Sei que deves saber

Do meu amor em ti

É bom e bom é saber

Que o amor se fez em mim

Quando aquele amor

Foi confundido, tornou-se uma ilusão,

Ficou as feridas profundas,

Desagradáveis recordações...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983

2446. DOCUMENTO FALSO

Achou um pacote lacrado

na ladeira do bairro,

abriu e foi morar em Cairo,

como tudo que se tem falado.

Encontrou e disse que não achou,

apenas botou o nome na dor

que simplificava todo amor.

Era amor de poeta louco,

desses que se casa e tem culpa

até mesmo quando leva um soco.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1988

2447. LUA TÍMIDA

As nuvens embaçadas; sobre elas,

Ela desponta; aponta sua cauda.

Nublado o tempo, Ela se perde e

Com o ofuscar do tempo fica nublada.

As nuvens pedem passagem; passam assim

Entre o riso celeste e a força nua,

O Astro de poemas e canções tantas,

Esta inspiradora é uma tímida Lua.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de março de 1989

2448. GIRA PALCO

Gira palco, gira mundo,

Gira povo, gira espaço,

Girando neste giro profundo,

Balanceou a moça de amasso.

De amasso girou o mundo,

Girou num intenso compasso,

Assim, girando, porém bem fundo

O palco de tanto girar virou aço.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1985

2449. VÍCIO

Bebi. Envelheci de beber,

e bebendo assim tanto,

virei prostituto do vício,

e não mais seria santo.

Fui santo de beber bebida

para beber o gole do vício,

era de ser beber nesse mundo,

para então cair no ofício

de ser viciado em cana

que embriaga, vício diversos

no caixote de tantos versos.

Sou como pobre, aquele da lama,

entre água e barro, diz “tudo é meu”.

Meu pesar viciado que me entristeceu!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de outubro de 1984

2450. TRINTA E QUATRO

Em meio a todos

e rompendo

o absurdo

desfilo meu rosto

alegre um pouco.

Não penso nas rugas

que futuros trarão

penso no agora

e vou à forra

gozando assim

e amando por mim

com trinta e quatro vidas

sacando as virtudes

e curando as feridas.

Bento Júnior

São Paulo-SP, 04 de abril de 1995

2451. ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS...

Antes que seja tarde

e o silêncio rompa

com a bomba

existente em nós

é preciso encontrar

com a verdade

e buscar clareza

enquanto as palavras

ainda se movem.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de maio de 1982

2452. ACORDA

Quem está dentro

tem uma outra visão

a visão de dentro

é a mesma do coração.

Ele arrebenta

com as expectativas

corrói o sangue

e contamina a cabeça

de quem espera

a volta da fera.

É a fera sem ser bela...

Acorda olho fechado

de vício

sem ofício.

Acorda sonho vã

e devolve o silêncio

desse outro olho fechado.

Quando se volta

não tem olho

não tem preguiça

todos os adjetivos

são claras evidências

e meras coincidências.

O melhor seria

encontrar com a verdade

que distanciou a postura

do determinante.

Fica para próxima vez...

Quer dizer

se ainda existir outra expectativa.

Bento Júnior

Campinas-SP, 20 de outubro de 1987

2453. PREZADO COMPANHEIRO

Prezado companheiro

De jornada traçada

Nas calçadas do tempo

O tempo é sonho

E a vida é companhia

Que atinge o peito do irmão...

Bento Júnior

Teresina-PI, 24 de junho de 2000

2454. A ZANGA

Zangada

ela sempre esteve

sorrindo ela nunca esteve

sofrendo ela nunca esteve

morrendo ela sempre esteve

zanga por zanga

zanga por tudo

zanga da vida

zanga do riso

zanga do sofrer

zanga da morte

zanga por zanga...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de setembro de 2008

2455. QUERO-QUERO

Quero um riso forte

nesta cara de safada

quero mais que isso

quero-quero o teu amor

quero-te como uma flor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de março de 1990

2456. MEDO DAS PAIXÕES PROIBIDAS

Estou com medo

muito medo eu estou

sei que o medo atrapalha

sei que o medo me estraçalha

gosto do medo de ter medo

das paixões proibidas

das proibições de cada medo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1993

2457. ESTAVA SEM NADA FAZER...

Estava sentado

Sem nada fazer

Fazendo silêncio

Rompendo o prazer

Fazendo desordens

Contornando as ordens

Sei que nada sei

Dizia a filosofia

Sei que nada sei

Isso aqui é casa de orgia...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1990

2458. OBRIGADO PELA LEMBRANÇA

Obrigado pela lembrança

pela lembrança de aniversário

ele completa ano, eu quase um desconhecido

sofri com a arrecadação da poupança

sofri como um otário

sofri meramente como um desguarnecido.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1993

2459. A LUA E A ÁRVORE

a lua chora porque gosta da árvore que

não a deixa ver o mundo que de tão mundo

sufoca a árvore e a lua chora, chora, chora...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de setembro de 1990

2460. BEBO TODAS AS GOTAS

Ele bebe todas

eu bebo poucas

nós tiramos nossas roupas

elas são por demais todas loucas

sei que bebemos todas as gotas

o pingo de soro entrou na veia

levei do pai uma peia

porque bebi todas, todas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983

2461. A PAIXÃO DO POETA LOUCO

o poeta tão louco se apaixonou

não foi correspondido

morreu o seu amor primeiro

ficou em silêncio seu amor amortecido

ficou em silêncio a sua vida louca.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983

2462. MOÇA BONITA DE TRANÇA LONGA

A MOÇA BONITA

de tranças longas

invadiu meu ser

fez gato e sapato

se mandou

me lascou

de tanto de me lascar

ainda por cima me amou

ainda por cima de lascou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983

2463. A LUTA PELA TERRA

o homem lutou

a terra conquistou

a mulher toda enfeitada ficou

o menino logo chorou

a menina se encantou

com a história da terra e do amor

o ancião que se chamava senhor

foi na esquina e com a anciã se casou

é uma luta pela terra

é uma história que nunca se encerra

é tema de montanha e de serra

é lugar que se anda e nunca se emperra.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983

2464. O MOÇO DE CABELO BRANCO

O moço de cabelo branco cantou

uma canção triste e se mandou

ele cantando todo mundo se encantou

sua melodia profunda de puro amor

seu cabelo tão branco ele nunca gostou

e por força do destino ele pintou

a pintura dos cachos ele enfeitou.

Bento Júnior

Santa Luzia-PB, 22 de junho de 1986

2465. NÃO HÁ COMO FUGIR

Não há como fugir das inverdades deste amor

sei que o amor não manda recado e quando manda

fica o sabor de quem nada quer e quando quer

fica o desejo de nada poder dizer...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983

2466. MUNDO DAS INVERSÕES

O mundo tão sem vida

inventou de inventar o amor

o homem de cabelo já branco brincou

é inversão de valores, são os amores

é a controvérsia dos valores, tudo pelo amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983

2467. O VÍCIO DE BEBER POR BEBER...

Bebo

e em cada gota bebida

bebo

bebo pelo prazer de beber

e sei que cada bebida

é dose única no sangue de quem bebe

bebo...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983

2468. MULHER AMADA AMANTE

Mulher amada e amante

como Roberto falou

uma amante à moda antiga

tudo pelo mais puro amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983

2469. MUITO PRAZER EM TÊ-LA

Sonhei que eu era um sonhador

e no meu sonho o sonho me dava prazer

o prazer de tê-la como o meus mais puro amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983

2470. PAIXÃO PELO QUE FAZ

O homem se apaixonou pelo que fazia

e de tanto fazer até hoje ainda faz pela pura paixão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983

2471. O BEIJO DAS LUAS

O beijo que vi com estes olhos

encheram de ternura meu pensamento

vi um beijo longo e longo vi o beijo

trocado pelas luas em noites de luas cheias

era um beijo molhado de duas luas

as luas que tantas outras luas

viveram luas pelas noites de Jampa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1983

2472. O BEIJO DE TODAS AS MENINAS

beijei todas as meninas que amei

e amando todas eu me vi tão só

tão só sem beijo e sem elas

porque beijei todas quando devia

ter beijado uma e não todas

como beijei e só fiquei...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1983

2473. PAIXÃO DE VELHO PELA MOÇA NOVA

O velho cheio de vida

esperou a sua paixão

essa quando chegou

um beijo no velho deu

e sem mais e nem menos

foram felizes para sempre.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1983

2474. MEDO E PAIXÃO

Tenho medo

muito medo eu tenho

sei que o medo

é pura paixão

e quando vem a paixão

o medo se perde em cada esquina.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1993

2475. O SOLDADO DO BRASIL

Dedicado a todos os militares do exército brasileiro

Marcha soldado, marcha que o tempo é curto

marcha pela direita, marcha pela esquerda, marcha

canta pelos campos, canta uma cantiga de luta

luta se preciso for, se preciso for foge das incertezas

puxa o comando para o teu lado, para o teu fuzil.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1993

2476. CORAGEM CORAÇÃO MEDROSO

Coragem...

O coração precisa de coragem

Para subir a ladeira do Miramar

Lá tem uma moça branca

Tão branca que desperta ciúme

É a moça que faz bater o coração

Faz tremer as pernas e braços

E quando fala é fala mansa

Dessa que invade todo o ser

E faz uma bagunça com os nervos

E sacode os cabelos ao vento

E ainda por cima zomba de cada palavra

Coragem...

O coração não se acostuma

Chora e lágrimas rolam por um triste coração

É coração que não cansa de ser medroso

E se medroso não fosse já teria matado

Todas as verdades deste pobre e sincero coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1980

2477. AS MÃOS DA INOCÊNCIA

as mãos tão frágeis e sensíveis rolavam mundo

amavam mulheres e saciaram desejos entre tantas

era assim que as mãos se tornaram famosas

acostumadas ao toque leve do se esconder

porque no esconde – esconde do tempo

o tempo era bom e como era bom cada fotografia

seja no preto e branco ou no colorido da vida

foi assim que as mãos viram pela primeira vez

a inocência da puberdade no friccionar

um membro noutro membro e era assim

que o tempo passava e cada gota saída

era a matança de tantas visões que os olhos

na infância sucumbiram na ideia de esquecer

de cada momento pelo momento em cena

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de março de 1991

2478. AS MÃOS DA MINHA INFÂNCIA

Minhas mãos

eram só minhas

minhas virtudes

minhas ações

minhas ilusões

minhas condições

minha falta de condições

Minhas mãos

batiam em tudo

em tudo batia

e quando batia

se repreendia

era assim que minhas mãos

aprenderam a ser gente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de setembro de 1987

2479. SÓ SAUDADE DELA...

Tenho

e como tenho

tenho saudade

saudade dela eu tenho

e quando a vejo

sinto que meu desejo

se completa...

é esta mulher, seus pouco mais de vinte

a mexer com a ruptura da minha vida

a mexer com a conjuntura dos meus olhos

a encher de encantos meu silêncio

é só saudade, só saudade eu tenho dela

e nela pus os meus pés no mundo

e no mundo entre tantas saudades eu gritei

e gritando um grito lento fiz dela a minha mulher

a mulher que vive comigo no meu mais puro amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de setembro de 1987

2480. LIÇÃO DE PÁSSARO CANTADOR...

O passarinho condicionado ao ninho

buscou entre galhos e ripas

a completude da sua esposa

sua esposa cantando alimentou o filho

o filho bem alimentado cantou

e cantando os três saíram

a vagar mundo pelo mundo das lições

era uma lição de vida na vida

de todos os pássaros cantadores

o ninho acobertado pelo tempo

foi ninho por muito e muito tempo

o tempo desprovido de inundações

foi tempo por muitos e muitos séculos

o pássaro construiu outros ninhos

e nos ninhos construídos uma certeza brotou

a de que todos os pássaros são companheiros

na mais terna companhia eterna...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de setembro de 1987

2481. PENSANDO NO QUE FAÇO COM ELA...

Faço tudo que você quiser

faço tudo até pelo amor de Deus

faço tudo enquanto vida tiver

por você eu faço tudo

fica calma. não me iluso

com palavras ao vento

com ares de sofrimento

sou eu que mando nela

é ela que manda em mim

somos dois mandados

eternos apaixonados

pela vida, pela norma de viver

só vivo pensando nela, meu eterno prazer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de setembro de 1987

2482. FALTA POUCO

Falta pouco, muito pouco falta

para encobrir o silêncio de ti

para encobri o desejo de si

falta pouco, pouco falta muito

para viver o momento, um momento

em que o tempo se perderá

enquanto o tempo nada mudará

enquanto o tempo sobrar

falta pouco, tão pouco falta

e por mais que falte, nunca me mate

vai chegar o que falta, só me exalta

um pouco de mim dentro de você...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de setembro de 1987

2483. FIM DE MUNDO

Fim de mundo é o que se fala

Fim de mundo ninguém se cala

Com esta história de mundo se acabar

O medo toma conta só de pensar.

Fim de mundo, previsão

Assunto de televisão

Fim de mundo, que história

Vamos viver com muita glória.

Fim de mundo, fim de mundo

Razão e emoção - emoção e razão

Fim de mundo, fim de mundo

Vou cantar minha canção

Feita com muito amor

Silêncio e sinceridade

Assim o mundo continuará

Num canto que dá saudade.

Bento Júnior

Santa Rita-PB, 09 de maio de 1983

2484. NÃO DEMORE MUITO...

Se você tem compromisso e se sente bem

sente aqui comigo, incomode meus ouvidos

conte tudo, não me faça ficar surdo

diante do que queres falar, fala tudo...

não demoras que não te espero

e eu te espero é porque me desespero

é porque te quero muito, meu amor

minha eterna emoção de vive...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 1983

2485. EROS-ERECTO DO PRAZER

Entre um beijo

e um abraço

me condeno

por pensar

que o beijo

mal dado

é causa de

um abraço

bem meigo

que atinge

os seios

enquanto

as línguas

roçam uma a uma

entrelaçadas nos olhos

de que presencia essa cena

e encena o anseio do pecado de

tocar o sexo

e bem no âmago do gozo

debruçar os braços e variar beijos e abraços

que se camuflam durante uma

porção de tempo

no momento em duas feras se contracenam

na penumbra de um silêncio

saciando o prazer do fazer

Por sentir PRAZER.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de maio de 1986

2486. DESFILE

Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)

Todos na frente

Banda a tocar

Carolina desfilando

Estrelinha do Mar

Fotos e fotos

Alegria dos pais

Marcha soldado

Pelas ruas do bairro

Mostra teu patriotismo

Os meninos querem desfilar

E Carolina na frente vai...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de setembro de 2000

2487. OS MEUS OLHOS

Os meus olhos, ah meus olhos que choram

Por que não tendes piedade da minha visão

Tanto fiz para ver o mundo assim

Assim sem guerra, com paz e todos dando as mãos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de maio de 2007

2488. TROCADO DIÁRIO

Todos os dias de todas as tardes

os mendigos fazem fila

e pedem trocados a todos

que servem de base

para o sustento diário...

Tem sociedade de mendigo

vivendo de trocado das ruas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de junho de 1981

2489. BATENDO NA PORTA ALHEIA

Na porta alheia bati

E achei companheiros

Companheiros da arte

Companheiros dos bares

Dormi sossegado em companhia

Do amigo que a tanto tempo conhecia.

Bento Júnior

Campina Grande-PB, 18 de julho de 1986

2490. CIDADE

Esta cidade de amplos terraços

e gente humilde, guarda no semblante

a saudade de ser fantasma

por nada existir de formosura.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de março de 1985

2491. LAGOA SECA

O clima de bom tamanho

Tem verde de encher vista

A cidade toda se agita

Na Lagoa vou tomar banho.

Bento Júnior

Lagoa Seca-PB, 08 de maio de 1986

2492. POEMA ENTRISTECIDO

Malditos os poetas que cantam

na vida sem amores nos corações

cansados são palavras ditas

quase ocas de emoções.

Bento Júnior

Alhandra-PB, 03 de março de 1999

2493. A CIDADE PEDE SILÊNCIO

Dorme cidade que a noite já vem

Vem carregada de flores para o meu amor dormir

Dorme cidade, dorme um sono de criança

Sonha com aqueles anjos

Pede silêncio ao meu bem querer...

Bento Júnior

Alhandra-PB, 16 de setembro de 1991

2494. UM ELEFANTE

Desde que, por via das dúvidas

o monstro de bondade, patas alongadas,

cruzou minha felicidade,

tive que apelar a todos, inclusive

jogar dado à noite. O resultado foi-se na janela,

enquanto aquela mulher de óculos

na cara usava seu lápis para espantar elefante,

que de tão enorme o bicho obrigou a mulher

a construir um castelo de sonhos e do sonho se acordar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de março de 1999

2495. O RATO E O SAPO

O rato dizia: eu quero ser sapo,

nadar nestas águas e jogar xadrez.

Levou um zero e voltou a ser rato outra vez.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de março de 1999

2496. TATU NO BURACO

Tatu no buraco

vaca no pasto

meu pai de óculos

escuros na cara,

cuida da plantação

a uva tá farta

nada se compara

ao coração do

meu pai.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de março de 1999

2497. CARO AMIGO

Caro amigo

de perguntas tantas mil

que envaidece meu coração desvairado

qualquer dia desse vou sambar na avenida

de pés ao vento esperar a Mangueira passar

pra ver se curo esta ferida

bem dentro do peito

que não quer sarar

não não quer me dar vida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de março de 1999

2498. VONTADE DE DORMIR

Estou com sede

Estou com sono

Estou na rede

Não tenho dono

Sou um animal

Racional

Nacional

Estou com medo

Estou a perigo

Estou em segredo

Estou contigo

Nesta batalha

Neste momento

Ele é canalha

Ela é tormento

Estou com sono

Quero dormir

Estou no trono

Quero sair

Deste lugar

Deste recinto

Que não é meu

Que não é seu

Estou com sono

Já vou dormir

Boa noite imagens

Já vou sair.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de março de 1999

2499. UM BEIJO

Um beijo

ardente

com gosto

de aguardente

tocou-me a língua

mexeu os dentes

e me deixou contente

contente demente

por nada poder fazer

se a cachaça

feita lá no alambique

me deu trambique e caí de quatro

pra minha sorte virar fumaça.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de março de 1999

2500. BOM DIA

A todos um bom dia

Bom dia para todos

Para todos bom dia

Bom dia - bom dia

Dia bom - dia bom

A todos que me ouvem

A todos que estão em casa

Bom dia - bom dia

Dia bom para todos

Para todos dia bom

Dia mais do que melhor

Um melhor dia bom

Se por acaso

Não for bom dia

Procure o seu bom dia

Encontrará junto de ti

Bom dia - bom dia!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de março de 1980

2501. ÚLTIMO POEMA

Quando escrevo

sei o que escrevo

quando amo

sei a quem amo

quando penso

sei o que penso

quando escrevo e penso

sei o que sai da cabeça

quando me aperreio

sei da minha cabeça

quando nada sei

sei que nada sei

quando tudo sei

sei que sempre errei

quando apedrejo uma alma

sei que fui apedrejado

quando sou apedrejado

sei que escrevo o que amo

o que penso

o que escrevo

o que sai da cabeça

o que de nada sei

o que sempre busquei

enfim, amo a vida

e por fim, a vida me ama.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de março de 1981

2502. ESTOU VIVO

Estou vivo

Entre paredes e obstáculos

Entre vícios e sonhos

Entre pecados e desejos

Entre eu e você

Somos a vida

E por isso estou vivo

Vivo é berço de vida

Na vida que levas

Na vida que levo

Estou vivo

Porque vivo

Entre paredes e vícios

Entre sonhos e obstáculos

Entre eu e desejos

Entre pecados e você

A vida é você

Eu sou a vontade

Entre a vontade e eu

Eu sou apenas você

Eu sou apenas a vida

De viver por viver...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de outubro de 2008

2503. VIVO ENTRE SONHOS E VÍCIOS

Vivo entre sonhos e vícios

Entre os amores do presente

E os amores do passado

Entre as esperas do tempo

E o tempo do meu pecado

Entre as esperas do meu tempo

E entre o tempo de todas as minhas esperas

Vivo entre sonhos e vícios

Entre os vícios de todas as minhas feras

Viver é pecado quando o pecado

É abusado no pecado de todos os amores

Entre o pecado de todas as minhas dores

Viver é permitir ser ultrapassado

Vivo entre sonhos e vícios

Entre os vícios de cada mulher

Entre as mulheres de cada vício

Sou o vício em busca da fé

Essa fé que me leva onde eu for

Onde o amor se preza

Onde o amor é reza

Onde o amor é totalmente amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de maio de 1986

2504. SOU O QUE TENTAM DIZER...

Sou o que sou

Quando tento dizer

Que o amor é partida

Quando o amor é vida

Quando o amor é amor

Quando o sonho é dor

Quando a tentativa é sonho

Quando a batata é quente

Quando a vida é linda

Quando o cálice é sagrado

Quando o sagrado é santo

Quando o santo é diabo

Quando o vício é espera

Quando a espera é tanta

Quando a luz é fraca

Quando a fraqueza

É forte na morte de cada vida

E que cada vida se torne paz

E que a paz se torne ternura

E a ternura se torne vida

Na vida de cada um...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de setembro de 1980

2505. BRAVO BRASIL BETERRABA

Bravo

Bravo Brasil

Brasileiro de tanta bravura

Bravo Brasil Bacana

Terra de banana

Babaçu e batata doce

Batatinha e beiju

Berinjela e boi zebu

Brinquedo infantil

Boneca de pano

Brasil de Baía de todos os santos

De Beethoven e Baden

Brasil de Belinha que é beleza

A mais pura de toda boite

A mais linda de toda banda

A Banda Brasil Bacana

Bela de Bate Batucada

No Morro Bagunça

No alto do bonde

No começo da serra batida

Batendo coração batedor

No encanto dessa boiada

Que assume a luz de cada brinco

Na orelha furada de Bernadinho

Nas pernas peludas de batatinha

Na coxa pintada de dona Benta

No sito do banco do Brasil.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de setembro de 1980

2506. EU TE AMO ENTRE TANTOS AMORES

Meu amor

Não se incomode

Pro mode

Falar assim...

Porque querem destruir

O que construí

Tão bom

Querem deixar ruim...

Meu amor

Eu te amo entre tantas

Entre tantas que passaram

Na minha pacata vida de poeta

Entre tantas passagens

Dos amores encantados

De cada imagem...

Eu te amo e sabes bem

Que o amor é fonte de vida

Na vida que tenho

No sonho que trazes

Na espera que guardas...

Eu te amo

Entre tantos

Amores...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de setembro de 1980

2507. SÓ UM INSTANTE PARA PENSAR...

Pensando é instante que não passa

e quando passa é momento que não se esquece

e quando se esquece é vida que vem e vai

é um sonho entre tantos amores

é um sonho puro e poucos sabores

é um instante que não passa

e quando o amor passa

o fracasso se estabelece

meu amor não merece

um instante se quer para pensar em você....

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de setembro de 1980

2508. ELEIÇÃO... ELEITOS...

Dedicado para Ricardo Coutinho e Bira

Eles se elegeram...

Um já se esperava

Ricardo Coutinho

O outro expectativa

Bira...

Os dois se elegeram

O eleitor agradece

A população merece

Ricardo e Bira...

É a voz brotando

No alto da serra

Ricardo e Bira

Prefeito, Vereador

Esse mandato ninguém tira.

Os eleitos são tantos

Uns diabos, outros santos

Ricardo e Bira

A cidade do gira-gira...

A eleição passou

Fica a história para ser contada

Ricardo e Bira em ação

A política também faz emoção...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de outubro de 2008

2509. MINHA AMADA

Dedicado para a impossibilidade do encontro

Eles se conheceram...

Eles se amaram...

Eles se beijaram...

Eles se reconheceram...

Eles se posicionaram...

Eles se atracaram...

Eles se deixaram levar

Pelo mais bruto amor

Que existiu...

Eles se envergonharam

De ter feito o que fizeram...

Eles se moldaram na frente

Do outro

Na frente da outra

Um homem

Uma mulher

Dois amores

Dois sonhadores

Que se mataram

Por causa de um

Grande Amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de outubro de 1988

2510. MINHA METADE ACORDADA

Dedicado para a impossibilidade do encontro

Estava como quem nada querer

Estava como quem quer saber

Estava encantado com o nascer

Estava nascendo sem nada entender

Estava sorrindo querendo obter

Estava em transe doidinho pra te ver

Estava partindo querendo correr

Estava bebendo pra tudo esquecer

Estava morrendo sem nunca viver

Estava sofrendo querendo morrer

Estava perdido pois queria sofrer

Estava louco pra tudo perder

Estava rebelde sem nunca ter

Estava fumando sem ter prazer

Estava chumbado e queria ler

Estava transando e queria você

Estava mandando e não tinha poder

Estava acordado querendo mexer

Estava dormindo sem adormecer

Estava sensato pelo verbo ser

Estava com tudo assistindo tv

Estava adulto e queria um bebê

Estava criança e queria crescer

Estava apanhando e queria bater

Estava confuso querendo deter

Estava preso sem um porquê

Estava discreto pra nunca percorrer

Estava assumindo e queria reter

Estava metade pra nunca mais se conter...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de outubro de 1988

2511. O OUTRO EM CENA

Dedicado para a impossibilidade do encontro

Perante todas as minhas indagações

fiquei pasmo com tantas afecções

é que não agrado a certos corações

sou fagulha diante das emoções

sou carrasco nas teses e dissertações

amo a vida e apelo às ingratidões

ao mal que se faz das falações

aos sonhos das poucas maldições

aos vícios escuros dessas mansões

enfim aos supremos e aos mandões

por tudo que falamos nos portões

pela natureza de todos os perdões

por estar pelado usando calções

é sabedoria na hora das relações

esforço contínuo de todas as ações

labirinto de camisas nas trepações

é silêncio medido das medições

é viver apenas pelas obrigações

de fazer o certo nas ocasiões

perder de vista o som das canções

e cantar sorrindo sem condições

permitir ao outro as colocações

juntos alado nas lamentações

conto de vigário em todas missões

espírito rebelde de várias explosões

caminhos de segredos e sensações

lugares encantados sem permissões

do entrar e ficar nas alisações

é calça íntima das ejaculações

que brota do gozo dos porões

é silêncio em transe das sensações

é canto de ema e de gaviões

é rastro de sombra e de assombrações

pássaro ligeiro de todos os aviões

ferrando no aço de todas as ferrações

batendo no peito e vivendo nos sertões

como água na seca de todas as estações

é causo contado de todos os ladrões

os que não roubam e tem medalhões

as medalhas compradas nos feirões

é perdão encomendado pelos patrões

nas cartas marcadas das aflições

nas andanças e nas recomendações

no alto onde há mágica dos guardiões

morrer pela morte dos anões

pela simpatia dos mulherões

pela vida em todos os arrastões

assumo a boca e minhas visões

assumo o hálito e pego os bastões

bato no caule das plantações

bato na rede das poucas ilusões

do pecado sofrível dos meninões

da velhice chegando nas precauções

da febre canina das rações

do compadre morto pelas atirações

solta-se a bomba e tome empurrões

solta-se a figa e vai-se aos leilões

compra-se fiado e não tem apelações

é vontade de vencer em cima das indagações...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de outubro de 1988

2512. O BANHO... A ROUPA... A MULHER...

Nas águas sujas das piscinas das festas

era festa e todos queriam festa

na festa de poucas caras nas caras de todas

as gentes que ali se faziam presentes

é que a mulher do lado do seu homem

seu amor primeiro gritava e pedia a todo instante

a roupa do homem molhada de desejo

entrava na água e na água ficava

um ficar meio que desconfiada nas desconfianças

na desconfiança primeiro do beijo mal dado

nas tantas dadas dos foras pela vida a fora...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de outubro de 1988

2513. SOBRE A VIDA...

Entrada franca para o céu

ninguém ouviu, ninguém viu

todo mundo se dirigiu às escondidas

para o mato e cruz credo

era o que se ouvia...

A vida tão bela, tão simples

era vivida por centenas de seres

os mesmos seres que tiraram tantas vidas

e nestas vidas tiradas um sonho ficou:

- É melhor viver apesar dos pesares!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de outubro de 1988

2514. TELEFONO...

Eu telefono

Ouço uma voz meiga

A sussurrar nos meus ouvidos

Ouço um sonho lindo

A cantar nos meus pensamentos

Você não se despediu de mim

Foi embora e não falou comigo

Eu sou especial

Eu queria que você me notasse

Eu queria que você ficasse

Não posso ficar

Tenho algo a fazer

Não posso ficar

Vivo de amor por viver...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1988

2515. A DOR

Sinto dor

Que calor

Sinto amor

Que sabor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983

2516. COMO PENSO, ELA É MEU APENSO

Como penso nela

Não sei se ela pensa em mim

Ela é meu apenso

Vive junto de mim

Pertence aos meus sonhos

Anda colada junto de mim

Penso nela, nela penso

Ela é o meu apenso.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de novembro de 1989

2517. COMO ELA FICA BRAVA

Ela fica brava

Brava ela fica

Quando dizem coisas

Que ferem sua postura

É uma mulher de fibra

Fibra de nordestina

Nascida de oito meses

Parto normal, uma menina

Uma menina linda

Que nasceu de suas entranhas

Chora quando não lhe dão

Ri quando se acaba suas manhas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1990

2518. COMO EU ESTOU

Estou triste

Muito triste estou

Estou porque ela não existe

A mulher ideal que me amou

Sou triste

E como triste sou infeliz

Sou infeliz porque ela não existe

E se existisse eu seria infeliz

Estou triste

Não sou

Estou apenas

Sei que é passagem

E como passagem sou célere

Como o vento a passar nos meus cabelos...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1980

2519. VEJO UM VULTO

Um vulto ontem de noite

Passou no quarto vizinho

E mandou lembranças...

Este vulto era a imagem

De Nossa Senhora

Vertida em prantos

Aos quatro cantos

Gritei, acordei...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1980

2520. AS MÚSICAS DA MINHA INFÂNCIA

Ah! Que saudades eu tenho

Da infância da minha vida

Vivia perambulando

Velhos e moços, encabulando

Era assim a minha infância

Peia no lombo em casa chegando

Ah! Que saudades eu tenho

Da infância da minha vida

Pobre de família conhecida

Vivia de bola jogando

Pedra no mundo atirando

Peia no lombo em casa chegando

Ah! Que saudades eu tenho

Da minha infância da minha vida

De amores acima da idade

Traquinagem sem nenhuma maldade

Vivia brigando, matéria de aula ia estudando

A infância da minha vida

Hoje recordo nas músicas que estou escutando...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 2005

2521. A ESPERA NESTA ESPERA É TRISTE

Quem espera sempre alcança

diz o ditado popular

e quem quer ter esperança

é a última que morre

já dizia o ditado que não

mais é popular.

A ciência que se explica

não é ciência popular

o povo todo se complica

e não quer mais esperar

a espera dessa gente

vem assim tão de repente

é tristeza popular

quem espera esta tristeza

não sabe o que esperar

quanto mais se espera triste

mais triste o povo há de ficar

e ficando assim tão triste

já virou mania popular...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 2005

2522. AMIGO UNIVERSITÁRIO

Pela nossa vida

Pelo nosso espaço

Surge cada amigo

Surge cada peça

Surge cada escolha

Na universidade feita

O amigo se aconchega

Falta de amores e médias

Cadeiras e créditos, professores e greves

Governo Federal...

O amigo ultrapassa e se torna uma

Eternidade

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 2005

2523. BOLACHA SORDA

Bolacha da minha infância

Sorda da venda de seu Juvenal

Sorda no café da manhã

Sorda no lanche da tarde

Saudade de tanta sorda

A pretinha que tanto gosto

A pretinha comprada na feira

A pretinha no saco guardado

Eu de garra da sorda

Tive grandes acontecimentos

O menino que fui

O homem que sou

A sorda nos acompanha

A sorda está em todo lugar

No supermercado a sorda

Vive e me deixa a levar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 1195

2524. SODA LIMONADA

Traga para mim

Uma soda limonada

Uma de tamanho grande

Soda limonada

Mata a minha sede

Soda refrigerante

A bebida que não faz mal

Soda limonada

Que gostosa é esta danada

Bebo tanta soda

Já virou até moda

Soda é que é norma.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 1995

2525. A SOLDA PARA O CONSERTO

Estás a precisar de conserto

Leva para Seu Antenor

Ele passa solda

O bicho fica bom

É solda que está faltando

É solda para melhorar

Passa solda Seu Antenor

Deixa a solda cuidar do ferimento

Deixa a solda curar o tampão

Depois que passar a solda

Pinta no lugar

Graças a solda o buraco se fechou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1980

2526. TANTA SAUDADE DAQUELA MULHER...

Estou

Pensando em chegar

E quando

E quando eu chegar

Eu quero ela encontrar

É que estou com tanta saudade

Amo esta mulher

A esperança traduzida na minha fé

De algum dia poder

Cair nos braços dela

Em toda eternidade...

Estou

Pensando em chegar

E quando eu voltar

Voltarei cantando o amor

E quando o amor eu cantar

Eu quero a mulher encontrar

O encontro de poucas palavras

Viverei em berço estampado

As cores da minha alma

A alma que sente saudade

Da mulher

Esta mulher desta minha eternidade...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982

2527. DIANTE DO PRIMEIRO

diante do primeiro começado

diante do espaço planejado

diante do motivo o descabelado

diante do tarefeiro o atarefado

diante do parafuso o desparafusado

diante do deitar o deitado

diante do plantio o trabalhador parado

diante do solto o domado

diante do professor o ditado

diante do enfermo o tratado

diante do falante o calado

diante do triunfo o assustado

diante do vestido o agasalhado

diante do pomar o estragado

diante do inibido o desengonçado

diante do viver sem ética o povo freiado

diante do nudismo o corpo esculturado

diante do sermão o boi no cercado

diante do pedaço de carne o faminto gado

diante do durão o folgado

diante do prazer o beijo tragado

diante do luxo o imundo drogado

diante do tempo dado

diante do sonho sonhado

diante do bocejo o pega alisado

diante do casarão o mal cheiro cheirado

diante do caminho traçado

diante do vício do viciado

diante do fumo drogado

diante do gole sugado

diante do coito o abraço forçado

diante do brilho apagado

diante do vestir roubado

diante do liso o aperto apertado

diante do canto o abraço ofertado

diante do carro pintado

diante do andar atrapalhado

diante do filme filmado

diante do olhar focado

diante do amigo adiantado

diante do pai endividado

diante do homem embriagado

diante do jogo jogado

diante do povo de cada povoado

diante do futebol rebaixado

diante do moleque malvado

diante do moço pisado

diante do marido abestalhado

diante do país arrasado

diante do estado desmiolado

diante do feirante lascado

diante do movimento parado

diante do milho esbugalhado

diante do fruto criado

diante do caminhar esburacado

diante do lar encharcado

diante do assunto passado

diante do piso cimentado

diante do sexo tentado

diante do nascimento empareiado

diante do esposo corneado

diante do filho acabrunhado

diante do alarme disparado

diante do caso vivenciado

diante do sertão secado

diante do mágico malcriado

diante do mês mesclado

diante do menino pelado

diante do banho tanto banhado

diante do medo truncado

diante do ágio do Estado

diante do peso pesado

diante do maior melhorado

diante do ano continuado

diante do padre abençoado

diante do altar ao lado

diante do bruto o mal-amado

diante do místico do deus sagrado

diante do degrau errado

diante do beijo o pecado

diante do mal o amaldiçoado

diante do gozo o gozado

diante do leão o bicho penado

diante do bicho o mandar brotado

diante do macaco o grito enroscado

diante do jeito o mesmo ajeitado

diante do som o passo quadrado

diante do melhor o bom tão errado

diante do quadro um ver criticado

diante do leite o bode enciumado

diante do pavão um voo rastejado

diante do lixo o monturo despejado

diante do livro um ler desrespeitado

diante do grupo um milhar sem sorteado

diante do mala um outro mala apenado

diante do assalto um tiro acertado

diante do guarda uma promoção de soldado

diante do rádio um noticiar encontrado

diante do patrão um roubo deixado

diante do músico um bastão orquestrado

diante do ator um público atordoado

diante do pedido um não desmiolado

diante do louco um comprimido controlado

diante do quartel um cantil arrombado

diante do mel um zangão matado

diante do médico um enfermeiro zangado

diante do cactos um cangaceiro arremessado

diante do Lampião um fuzil disparado

diante do bando um coronel apagado

diante do festejo um animal festejado

diante do pátio um pároco satanizado

diante do navegar um avião apedrejado

diante do correr um parar melhorado

diante do casamento apenas um casado

diante do mistério um santo enrugado

diante do comprimido um corpo encharcado

diante do ônibus que nunca foi rodado

diante do motorista ferrado

diante do ferro encarado

diante do casal que vive amigado

diante do hospital levado

diante do vento soprado

diante do ralo um inseto alado

diante do inseto um matar matado

diante do tráfego um carro descontrolado

diante do nada falado

diante do falar atado

diante do todo picado

diante do nome livrado

diante do assédio padronizado

diante do palácio fiscalizado

diante do governo enrabado

diante do machão enviado

diante do amor apaixonado

diante do cabo apressado

diante do lago endiabrado

diante do cão enraivado

diante do mendigo castrado

diante do orgulho colocado

diante do sentimento atarefado

diante do cínico condenado

diante do prédio ultrapassado

diante do tudo empoeirado

diante do burro selado

diante do dono danado

diante do mangueiral tão brotado

diante do jegue que fora montado

diante do quente assado

diante do chato pachado

diante do dançarino sambado

diante do ímpeto penetrado

diante do cantor mal cantado

diante do pobre caçado

diante do agente malcriado

diante do lapso enjoado

diante do sapo chacoalhado

diante do lençol deitado

diante do rebuliço do coitado

diante do cego cegado

diante do mundo tão desencontrado

diante do lírio no chão marcado

diante do noveleiro atormentado

diante do bronco machado

diante do cortar não cortado

diante do leitor letrado

diante do dia tão assombrado

diante do sol ensolarado

diante do doutor não concursado

diante do europeu enfrentado

diante do exército despreparado

diante do fogo apagado

diante do quero ingenbrado

diante do gelo quebrado

diante do caçador interessado

diante do interesse desinteressado

diante do rei desgovernado

diante do riso podado

diante do chapéu chapado

diante do leigo desletrado

diante do querido gripado

diante do limpo limpado

diante do quartel fiapado

diante do carteiro descadeirado

diante do cartaz na porta pregado

diante do nariz o sopro ventado

diante do melhor tão melhorado

diante do fraco o texto inventado

diante do grande o moço fracassado

diante do preço o aumento aumentado

diante do sei de tudo o sorrir desdentado

diante do ser humano o povo desumanizado

diante do maquinista um trem desembestado

diante do escritor fantasiado

diante do figurino listrado

diante do saco ensocado

diante do teto o telhado

diante do técnico treinado

diante do relógio ponteirado

diante do queijo degustado

diante do almoço almoçado

diante do samba tocado

diante do urso o leopardo

diante do corvo o atirado

diante do sogro azougado

diante do sótão o achado

diante do mago o deus encaminhado

diante do taxi o caminho emaranhado

diante do viver o morrer acompanhado

diante do espelho o rosto enrugado

diante do cacho o parreiral parreirado

diante do modelo o pé modelado

diante do remédio o adoentado

diante do doente o amante amamentado

diante do amante o rejeitado

diante do dirigente o mandado

diante do símbolo o mastro embandeirado

diante do mar o colorido colorado

diante do navegante o barco embargado

diante do andar o jeito andado

diante do vinho o copo quebrado

diante do poeta tão poetado

diante do vidro enfeitado

diante do avião encaixotado

diante do jornal imprensado

diante do jornaleiro enfurnado

diante do transporte transportado

diante do sino badalado

diante do trator empurrado

diante do câncer mal curado

diante do concerto concertado

diante do belo embelezado

diante do corpo tão tatuado

diante do chamego chamegado

diante do tecido cortado

diante do algodão tragado

diante do planeta aterrado

diante do poder apedrejado

diante do goleiro vazado

diante do passe lesado

diante do sítio intrincado

diante do retrato fotografado

diante do time esfacelado

diante do catador descartado

diante do servo destrambelhado

diante do escravo libertado

diante do português escravizado

diante do clima suavizado

diante do desemprego o empregado

diante do anel o formado

diante do mentor o desempregado

diante do livre arbítrio o tempo dado

diante do gravador o som gravado

diante do espetacular o espetado

diante do labirinto o azucrinado

diante do barulho o maltratado

diante do polegar o ser policiado

diante do telefone o ouvido escutado

diante do querer ser o sepultado

diante do campo santo o descuidado

diante do nunca tentar o tentado

diante do bem de vida o mal olhado

diante do pescoço o assediado

diante do torcedor o quebrado

diante do santo o louvado

diante do doente o gripado

diante do filho o malamanhado

diante do modesto o forçado

diante do pouco o bom bocado

diante do analfabeto o escolarizado

diante do sensível o cajado

diante do seguro o engebrado

diante do tudo o sintetizado

diante do fato o caso enfocado

diante do carrasco o enforcado

diante do remédio o medicalizado

diante do pedido o remediado

diante do dinheiro o bonificado

diante do ligeiro o aceitado

diante do morador o desagregado

diante do liberto o leopardo

diante do jeito o aluado

diante do moço o viçado

diante do pegajoso o segregado

diante do melindroso o louvado

diante do liso o interpretado

diante do desaforo o aloprado

diante do bêbado o embriagado

diante do aluno o professorado

diante do professor o alunado

diante do pouco o muito bocado

diante do jogador o mistificado

diante do cantor o babado

diante do arrogante o moralizado

diante do inteiro o quebrado

diante do clarão o ligado

diante do símbolo o reinado

diante do frouxo o arrochado

diante do vício o metrificado

diante do matagal o podado

diante do cortante o cortado

diante do rápido o ancorado

diante do solto o amparado

diante do par o amputado

diante do triste o alegrado

diante do corrente o ensocado

diante do perdido o achado

diante do sumiço o procurado

diante do rebuliço o encontrado

diante do misterioso o empacotado

diante do lutador o lutado

diante do faltoso o apoiado

diante do abrigo o assentado

diante do cansaço o sentado

diante do altar o ajoelhado

diante do papa o abençoado

diante do conforme o ajuntado

diante do enterro o enlutado

diante do pedreiro o petrificado

diante do palavrão o insultado

diante do sozinho o enviuvado

diante do enxuto o molhado

diante do tudo ou nada o simplificado

diante do fala tudo o ponderado

diante do poder o reitorado

diante do fraco o entojado

diante do andar o direcionado

diante do óbvio o modificado

diante do apenas o logrado

diante do técnico o computadorizado

diante do utensílio o aparelhado

diante do deixa disso o repassado

diante do policial o tarado

diante do libidinoso o sexualizado

diante do pé de coco o trepado

diante do capital o local lenigrado

diante do sexo oposto o encabeçado

diante do aplauso o lixado

diante do rosto o enrugado

diante do mato verde o limpado

diante do bom o malvado

diante do tronco o machado

diante do firme o amassado

diante do feliz o minado

diante do eletricista o eletrocutado

diante do poste o eletrificado

diante do sentimento o despatriado

diante do sistema o qualificado

diante do aluguel o alugado

diante do contrato o empreitado

diante do acaso do tempo o danificado

diante do lixo o acúmulo reservado

diante do seio materno o seio sugado

diante do fugitivo o preso amarrado

diante do pegajoso o preço agarrado

diante do adiantar o adiantado

diante do linguarudo o linguado

diante do enxame o empestado

diante do campo o matado

diante do dorme dorme o mijado

diante do azougue o azougado

diante do menor preço o solidificado

diante do prazo o sincopado

diante do solto o outorgado

diante do fala fala o mecanizado

diante do carteiro alegre o selado

diante do operário o operado

diante do casamento o arruinado

diante do outrora o tempo passado

diante do socialismo o capitalizado

diante do completo o despedaçado

diante do goleiro o emplacado

diante do casal feliz o amigado

diante do material escolar o socializado

diante do mestre o doutorado

diante do doutor o mestrado

diante do gradual o especializado

diante do mosca morta o desbaratado

diante do justo o humilhado

diante do ganha tudo o empatado

diante do fura barreira o goleado

diante do deixa disso o forçado

diante do solto o desterrado

diante do carro ligeiro o locado

diante do homem sério o desprezado

diante do honesto o torturado

diante do tem de tudo o precisado

diante do falta tudo o coletado

diante do fabricante o fabricado

diante do sujo o engomado

diante do moço chorão o gamado

diante do papel o picotado

diante do preciso disso o pebado

diante do junto o separado

diante do homem da caverna o civilizado

diante do patrão fulano de tal o elencado

diante do fogoso o espiritualizado

diante do sentido o incriado

diante do paga-se bem o antecipado

diante do matador o sentenciado

diante do apontador o peneirado

diante do ajuste o disjuntado

diante do feiticeiro o enfeitiçado

diante do belo o sagrado

diante do veloz o atropelado

diante do sal o adocicado

diante do pensa nisso o imaginado

diante do patrono o empregado

diante do faminto o jantado

diante do separa-se o unificado

diante do fala-se pouco o mesclado

diante do fala-se muito o misturado

diante do moço bandido o experimentado

diante do fugir o tentado

diante do ordem e progresso o vistoriado

diante do corredor o chispado

diante do deixa disso o reparado

diante do comediante o satirizado

diante do solto o liberado

diante do europeu o americanizado

diante do pede-se demais o cismado

diante do livre-se quem puder o libertado

diante do treinador o bombeado

diante do menor de idade o aliciado

diante do dorme fora o jogado

diante do sou feliz o embirrado

diante do bêbado o embriagado

diante do cismador o cismado

diante do futuro o estrangulado

diante do salário o beatificado

diante do organizar o reorganizado

diante do musical o musicalizado

diante do observador o notado

diante do porta aberta o desproporcionalizado

diante do trepador de coco o castrado

diante do roupeiro o engomado

diante do fiscal o vigiado

diante do dançarino o xaxado

diante do hospital o hospitalizado

diante do mestre o zerado

diante do trapaça o tapeado

diante do alegórico o coreografado

diante do fantástico o endemoniado

diante segredo o falado

diante do grupo teatral o cortinado

diante do concerto o orquestrado

diante do consertador o consertado

diante do plebeu o problematizado

diante do saco de pancada o sacado

diante do cheiro de erva o trancafiado

diante do pedido o resultado

diante do medo de tudo o estadualizado

diante do município o municipalizado

diante do mangador o cheiro desconsolado

diante do fim o poema terminado

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de setembro de 1999

2528. A PERGUNTA

Por que toda esta pergunta, se tu sabes que eu só tenho olhos para você?

Por que toda esta pergunta?

Não posso ficar em paz com sua face desse jeito...

Eu te quero, eu te quero...

Tu sabes o quanto, eu te quero!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983

2529. A PARTIDA DÓI NA ALMA

Quando amar fosse pecado

E pecado pouco é passagem para a morte

Nasce um imbecil em cada esquina

Tenta-se ser forte

É que a morte dos poetas

É partida que dói na alma

É alma ferida

De quem escreve poesias de amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de junho

2530. SOBRE UM PASSADO EM CENA...

Um passado tão presente

Chega em minha frente

E assim tão que de repente

Me aponta da cabeça um pente

E neste apontar tão envolvente

Sou mais que inteligente

Um senhor para lá de indecente

Conhecido pelo nome de indolente

Primo carnal do provocador de enchente

Que pega tudo que vem pela frente

Seja rico, pobre ou pé quente

Não importa, o homem tem uma mente

Super fértil que não se entristece, fica contente

E neste ficar o passado é mais que presente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982

2531. UMA LUZ QUE VEM DO MAR

Estou

Neste exato momento

Em frente ao mar

Catando conchinhas

Ouvindo estrelas

Olhando o céu azul

Imaginando mil coisas

Andando para lá e para cá

Estou

Neste exato momento

Nas profundezas deste mar

Catando ostras, vislumbrando tubarões

Pescando sem rede, abrindo os olhos

E neste abrir de olho fechado

Vejo ou quem sabe, sinto uma luz

Uma luz que vem de todo mar

Uma luz que me envolve em alto mar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982

2532. MUDANÇA NAS ANDANÇAS

Andando pelos caminhos que já andei

Sinto falta de mudar meu rumo

De mudar meus sentimentos

De mudar meus encantos

De mudar meu jogo em cena

Sou cidadão de bem pelas andanças

Que tanto andei pelas andadas dadas

Sempre sonhando nos caminhos percorridos

Sempre cansado nas voltas não voltadas

Sempre perdendo terreno pelos amores vividos

Andando pelos caminhos que já passei

Passei a ser eu nas mudanças que faço

Nas mudanças que virão com o tempo

O tempo de todas as minhas andanças...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982

2533. POSTURA ÉTICA

Tem que se ter

Tem que ser ter

Postura ética

Postura ética

O patrão é quem manda

O patrão é quem manda

Obedece quem tem juízo

Manda quem pode

Tem que se ter

Tem que se ter

Postura ética

Postura ética

Postura ética...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de abril de 1986

2534. ORGULHO DE SER GENTE...

O orgulho quando bem usado

Com a camisa suada

Com o rosto suado

É orgulho e mais nada

Mas quando o homem é amado

Seu orgulho de ser gente

Ultrapassa todo o quadrado...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de abril de 1986

2535. MULHER VIVA...

Existe uma mulher que é viva demais

Viva para enrolar os outros

Os outros que fazem parte de sua vida

A vida que além de ser dela também é do outro

O outro que não enrola a mulher

A mulher que é viva na vida dos homens

Os homens que choram de amor

Pela mulher pilantra

Pela mulher pilantra.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982

2536. UM OLHO ABERTO PARA O MUNDO

um olho aberto para o mundo sorrir

um sorriso de mundo no olho da gente

a gente que se esforça e de nada sabe

um saber como a gente nunca viu

uma visão de mundo no mundo da gente

a gente que ama e deixa o olho aberto

aberto para o resto do povo

o povo não sabe e de nada sabe

no mundo da gente da gente que chora

pelo olho aberto no olhar da gente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982

2537. LIVRE-SE DELA...

ela é perigosa

e sendo perigo

ela causa perigo a todos

todos nós corremos perigo

livre-se dela, livre dela...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de setembro de 1982

2538. O ENCANTO DO TEU OLHAR

Teu olhar

revela segredos

segredos de menina

segredos de mulher

Teu olhar

revela sonhos

magia e encanto

uma vontade de sorrir

Teu olhar

preto tão lindo

invade minha vida

faz reviver o passado

lembranças latentes

um olhar de querer amar

Teu olhar

cantado em verso

poetizado em canto

vivido em momentos

esse olhar negro

me faz perder a cabeça

Teu olhar

de amiga e mulher

falsária no tempo

escorregando no vento

um olhar de quem ama

essa mulher

Essa mulher é encanto

o encanto que vem do

mais profundo olhar

o olhar dessa mulher...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 2000

2539. O CÃO FEIO PARA O BONITO DA VIDA

o cão perambulando pelas ruas

ou preso na sua jaula é feio

é tão feio que espanta quem chega

e assim por tudo espantar

o cão feio se sacode e vai enrolando

e quanto o cão feio conquista

o choro vem e como vem

nas lágrimas brotadas para o cão feio

é que venderam o cão feio para uma madame

e todo mundo sentiu a falta do cão

do cão que de tão feio deixou a nossa vida feia

oh que falta faz aquele cão

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1998

2540. TARDE NO MAR DE CABO BRANCO

Que bela tarde

Que belo esplendor

Que belo visual

Que belo sinal

Que beleza de mar

O mar de Cabo Branco

O mar de ondas longas

O mar de todas as tardes

A praia de Cabo Branco

O mar de Cabo Branco

O edifício gigante

O toque na areia do mar

O mar da minha infância

A infância de ser menino

E quando menino ir para o

Mar de Cabo Branco

Mar de Cabo Branco

Seus coqueiros balançando

O céu que corta o mar

O mar de Cabo Branco.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983

2541. BAR DA TAPA – BAR DA GENTE

Quando não se tinha dinheiro

Se conseguia dinheiro

Se tinha dinheiro

Um de um

Com dois de outro

Três de alguém

Quatro para somar

Era assim que se juntava

Dinheiro de quarta a sexta-feira

Ou quase todo santo dia

O Bar da Tapa era o bar da gente

A gente que estudava

A gente que não tinha dinheiro

E tome cachaça com mel

Para passar o tempo

Cerveja nem pensar

Pé de galinha era o siscador

E na mesa tinha de montão

Tome papo e gíria

paquera e folia

O Bar da Tapa de tantos encontros

De tanta gente boa

O Bar da Tapa que ficou

Na nossa memória...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 2000

2542. UM PEDAÇO DE VERBO

Um pedaço de verbo

Solto na garganta

Arrebenta o poeta

Camufla a festa

E nada empresta

Tudo se dá

É assim que a poesia fala

E ai daquele que se cala

É verbo na cara

Assanhado amor

Explicado amor

Sorridente amor

Assombrado amor

Permitido amor

É poema, é último na lista

A lista da poesia

Está longa

E não haverá mais espaço

Para mais um poema

Para mais um verbo

É poema que chama

A minha vida na letra

Nunca se engana...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1986

2543. QUERO-TE

Quase uma vida

Eu tenho pela frente

Para explicar

Que o amor é importante

Na medida em que

Tempo e espaço

Se confundem

Diante desta pura criação

Do tempo ingrato

Como uma tempestade

Num copo de águas

Cristalinas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de março de 1990

2544. PAIXÃO DO MEDO EM SONHOS...

Espera e sonho

ambos se confundem

quando o assunto

é paixão...

Paixão e medo

ambos se confundem

quando o assunto

é amor...

Amor e viver

ambos se confundem

quando o assunto

é esta espera

esse sonho

essa paixão

esse medo

de amar o amor

e ter por inteira

você...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1990

2545. MEDO DE AMAR E SER FELIZ

Ela quando passa

Meu coração se estraçalha

Meu corpo se despedaça

Meus olhos lacrimejam

Meus olhos te desejam

É esta mulher que amo

Em sonho sempre chamo

Mulher que mora em mim

É coisa boa, não tão ruim

Penso nela, vivo por ela

Quando ela passa e finge não ver

Fico puto e caio o pau a sofrer...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 199º

2546. CADA DIA, CADA HISTÓRIA

Os dias se passam

O encontro distante

As horas se passam

O encontro cada vez mais distante

A história se repete

Um homem apaixonado

Uma mulher tão distante

Cada dia, cada dia

Uma nova história

Uma nova história

Eu distante dela

Ela tão perto de mim

Eu com medo dela

Ela tão sem medo de mim

Eu chorando pelos cantos

Ela nos cantos buscando só a mim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 199º

2547. ACRÓSTICO CAROLINA

Carolina, minha

Amada filha

Rezou um Pai Nosso

Ontem à noite, quando a

Lua brilhou no céu e sua

Imagem iluminou

Nossa casa com muito

Amor.

Bento Júnior

Conde-PB, 25 de fevereiro de 2009

2548. DISTÂNCIAS CASUAIS

Estou distante

E mais distante ainda hei de ficar

E mais distante diante de tudo isso

Irei ficar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1984

2549. DORMIR EM REDE

Dormindo em rede

É bom demais...

Balança o pai, balança a mãe

Meu amor cadê a paz?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1984

2550. AMO-TE PRINCESA DO LITORAL

Eu amo

Tu me amas

Eu chamo

Tu me enganas

Eu choro

Tu proclamas

Eu me irrito

Tu és o dia de todas as semanas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 2009

2551. ANDE COM FÉ NA VIDA SEM PRECONCEITO

Que coisa boa é ser feliz, andar sorrindo

Todo santo dia, não ficar fingindo

E sim, ter alegria, isso é que é coisa boa

Andar com riso e conviver bem

Com cada pessoa, com cada pessoa...

Que coisa boa é ter amigo, viver cantando

Ao mundo dizer: estou amando

Não ser intransigente, e sim, inteligente

O mundo é bom, curta esse som

Numa boa, numa boa...

Aceite o irmão, aceite a vida

Do jeito que ela é, seja homem ou seja mulher

Não tenha preconceito, faça tudo direito

Ande na vida com fé, com fé

Sonhar é bom, não viva atoa...

Não tenha preconceito meu camarada,

Permita ao amigo a caminhada, a caminhada

Não queira viver de arrependimento,

Não faça da vida um tormento

Ame o mundo e viva numa boa...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1989

2552. ESPERANDO, FALHANDO...

Ela espera

Ele falha

Os dois se encontram

Ela se cala

Ele fala

Fica para uma próxima

A espera

Dela

Dele...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 novembro de 1989

2553. ANTES DA IDÉIA FIRMADA

Dedicado à minha própria história de vida

Sou

O que sou

E sendo o que sou

Jamais poderei ser

O que queres que eu seja

Sou um pedaço de lã

Do carneiro estripado

Sou um pedaço de carne

Da vaca tirado

Sou um monte de vício

Da cabeça deixado

Sou um pedaço de mim

Nos outros todos guardados

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1999

2554. ESPERAR COMO SE FOSSE O FIM...

É o fim...

Como se fosse o começo

O começo

De esperar

Esperar o fim

O fim da visão

A visão de um

Ilusionista

Um esperador

Um que espera

Como se fosse o

Fim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1989

2555. ANVISA EM POEMA

Aprenda a se alimentar

Não coma qualquer besteira

Veja o que te faz bem

Imagine alimentação saudável

Saúde é muito bom

Alimente-se do melhor

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de setembro de 2009

2556. ESTA MULHER...

Dedicado à Norma Sueli (Minha Esposa)

Ela

É mais do que próprio, ela

É que ela é mulher

E sendo mulher, de mulher cuida

De mulher educa, uma educação

Que contempla cada uma no seu tempo

Ela

Mais do que mulher, tão minha

Não se tem posse, é que ter posse

É mais do que passado, sendo passado

Temos que passar o tempo

No tempo de nossas discussões

Ela

Mulher que ama

Mulher que odeia

Entre o certo e o errado

Ela caminha para o primeiro

E sendo primeiro em mim

Somos dois vivendo

No hoje, no agora e no sempre.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de setembro de 2009

2557. ASSIM NÃO DAR

Assim não dar

Não dar e pronto

Assim não dar

Tenho fé, não dar

Vê-la assim

Um riso tão assim

Um rosto tão assim

É assim que te amo

É assim que amo

Amar-te, mas assim

+Não dar... Mas assim

Não dar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1989

2558. ESTRAGOS

se há estragos em mim

muito mais havia em ti

é que os estragos de amor

acabam por matar a dois

não um como entende-se...

é que os amores estragados

estragam a alma, a alma

estragada, estraga a vida,

a vida estragada deixa

estragos em mim, em ti...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de outubro de 1989

2559. BOMBANDO O CORAÇÃO

Sofrer

Querer

Ter

Ser

Bom em tudo

Bom em tudo que faz

Bom na cama

No trato com o outro

Na dormida com a outra

Uma outra

Bombando o seu coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1989

2560. ESTRANHO SENTIMENTO

Me parece, entre tantos atropelos

Que a vida apontou um caminho,

Este caminho por mim citado

É o mesmo que antes pisei,

E pisando assim como pisei

É estranho demais para mim

O simples fato de perceber no olhar

O olhar escaldante de sonhos...

É que os sonhos são ilusões passageiras

Que passam como os aviões em chama,

Na chama ardente de uma batida,

Na batida contagiante de um mandatário

E neste pisar mandante, quer dizer,

Na visão cega da humanidade desprotegida

O olhar é fantasma de víbora

Na víbora perdida dos sentimentos...

Estranho em mim é razão de ser

O ser tão sem destino a sentir

O prazer de nada sentir

E apenas no encalço do sentimento

Ser estranho para quem quer que seja

Seja na terra, no mar, no céu, no infinito.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de novembro de 1989

2561. ESTRANHO ANIMAL

Um animal mais animal do que todos

Que meus olhos já viram

Entrou na minha casa e comeu meu alimento

Eu sem nada entender e entendendo tudo

Coloquei o animal para fora e fiquei de fora

De toda situação que chegou aos meus conhecimentos...

Era um animal alegante e vestido

Seus pouco mais de trinta anos

Com barba e bigode para fazer

E conhecia a todos da casa que moro...

Entrou e de garra de uma arma

Matou o cachorro e o gato

Disparou seis tiros que não pegaram em mim

Mas passaram rente à minha testa

E para desespero daquele animal

Tomei sua arma e dei dois tiros

Na sua boca, ficou sem fala

E nada falando, ainda hoje se ouve

- Tira-me daqui, não sou irracional

Sou racional.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de novembro de 1989

2562. PROFESSOR

Professor venha cá e se sente

Conte a sua história que nunca se mente

Enfatize os sonhos e plante a semente

Professor sua vida sempre foi decente

O ensino é tudo assim tão de repente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de outubro de 2010

2563. CHEGADA

Cheguemos vivos

vivos cheguemos

é Fortaleza em cena

é cena de chegar

é chegada da boa

é amigo pessoa

das boas

é chegada de todos

todos que no ônibus estão

estão a ficar

a ficar no Beira Mara

é Meireles que é bairro

dos bons que se tem

é praia de Iracema

é bebida à vista...

Bento Júnior

Fortaleza-CE, 08 de outubro de 2010

2564. NÓS OUTROS...

Nós outros

somos outros

Nos outros

que são tantos

Nos tantos outros

que somos

E neste somos

que somos

Somos um

tanto quanto gente

Com tanta

gente que somos

Neste mundo

que habitas

Que desejamos

Que sonhamos

Que pelejamos

Que cantamos

Nos tantos outros que somos...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de setembro de 2010

2565. PAZ PELA PAZ...

A Paz no mundo começa em mim

Se eu tenho amor com certeza sou feliz

Se eu faço o bem ao meu irmão

Tenho a grandeza dentro do meu coração

Chegou a hora da gente construir a paz

Ninguém suporta mais o desamor

Paz pela paz pelas crianças

Paz pela paz pela floresta

Paz pela paz pela coragem de mudar

Paz pela paz pela justiça

Paz pela paz pela liberdade

Paz pela paz pela beleza de te amar

Paz pela paz por um mundo novo

Paz pela paz pela esperança

Paz pela paz pela coragem de mudar

Paz pela paz pela beleza de te amar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de outubro de 2010

2566. SENTIMENTO QUE MAGOALMA

Tenho um sentimento que me sufoca

E quando me sufoco não aguento

E quando já quase aguentando grito

É esta mágoa que me deixa aflito

E nessa aflição de espera eu estaciono

Todos os meus verbos na mais triste alma

A alma que entra em mim e me deixa assim

Cansado sem nada entender

E quando menos espera o sentimento foge

E fugindo neste labirinto chamado vida

O homem vai habitando seus vícios

E de tanto ser viciado em viver

O homem tem mágoa profunda

Na mais estranha mágoa que se finda

Em querer muito mais do que se tem...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 2010

2567. SOBRE TODOS OS PECADOS

O pecado é talvez por força da expressão

O que mais se tem para explorar no tempo

Num tempo em que viver é velocidade

De quem chega primeiro

De quem pula primeiro

Todos os degraus do tempo

O pecado é quem sabe talvez

O resultado de todas as esperas

E nessas esperas de tantas vidas

Quem sabe o pecado é efêmero

E de tanto ser passageiro no tempo

O tempo do pecado é curto

E aí sem nada entender

Toda poesia tem um pê de pecado...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 2010

2568. QUERO LER-TE AMANHÃ

Criei este poema diante desta espera

A espera do proibido de ser vida

Nesta vida tão repleta de pecado

Criei este poema como pecado

De todas as esperas do proibido

É que viver é assim meio sem jeito

Criei este poema na espera

Que me faz pensar em ter o prazer

No prazer de ser pecado em mim

Criei este poema nas tantas crias

Que o poeta se permite

Que a criação coincidentemente pensou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 2010

2569. VICIADO NELA

Sou viciado nela

Nela eu sou viciado

E de ser viciado nela eu canto

Canto porque o amanhã

Vai chegar nessa espera

De ser viciado nela

É um vício que não tem fim

E fim já se devia ter dado

Porque nela o sonho fica

E ficando um sonho meio triste

Viver viciado nela

É prazer de apenas viver...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 2010

2570. QUINTO POEMA

O quinto poema que minha alma

Explora neste momento é de sofrer

E sofrendo a minha alma tem pena

Tanta pena deste poeta triste

É que a tristeza do poeta já se espera

E nessa espera do poeta tanto esperar

Sofre sua mente e seu corpo padece

E nesse padecer de tanto poema fazer

O poeta faz o quinto e dar pulo

E neste pulo pulado brota o poema puto.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 2010

2571. CONGESTIONANDO O ESPAÇO DO AGORA

Catalogando documentos

E perseguindo encontrá-los

Não há como fugir da incerteza

De nunca encontrá-los...

Buscando nas multidões a ata

As anotações voaram pelo espaço

Na sala não há o agora

O antes ainda se faz presente

Melhor será sorrir...

Congestionei todo tempo

Resta-nos esperar pelo acontecido

Se aconteceu algo o tempo dirá

E nesta idas e buscas não há hoje

Só o ontem existe em toda multidão...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de dezembro de 2012

2572. JOÃO PESSOA CONQUISTA QUEM NASCE AQUI

a Herbert Viana

Sem que as luzes se apaguem

Paguem as contas do mês

Usufruem do sistema

De uma só vez...

Conquistem espaço

No passo de cada esquina

Sintam Herbert, Jackson e Zé

E debrucem seus laços

No lapso de cada sucesso...

O Paralamas no Rio

No mês de janeiro

João Pessoa, município primeiro

É sonho, é Paraíba, é Brasil.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de janeiro de 2012

2573. ESCOLA AMADA

Hino da EMEF Jornalista Raimundo Nonato Batista

Raimundo Nonato, homem de fibra e valor

jornalista, dramaturgo e ator

nome de escola, educação de qualidade

uma estrela que brilha na eternidade

és homenagem na paz e no amor...

Escola amada, eis a nossa razão

estudar na Raimundo é questão de paixão

disciplina no ato, sentimento que reluz

escola querida, ao bem nos conduz

viva a Raimundo Nonato dentro do coração...

Minha escola amada, berço de sabedoria

quando a saudade apertar num belo dia

venham caminhar na pedagogia de uma criança

Raimundo Nonato é escola de esperança

educação, arte, esporte e alegria...

Bento Júnior e Leonardo Souza

João Pessoa-PB, 22 de maio de 2011

2574. LAGOA, LAGOA

No Parque Solon de Lucena, João Pessoa

a lagoa no centro, carros passam

as águas da lagoa borbulham

os transeuntes em congestionamento

passam na lagoa e por um momento

seus olhos brilham.

é a luz ofuscada do poder

que emana do ser o olfato

é a lagoa da nossa infância

dos sonhos e viradas

do exército em comemoração

da mãe que chora o filho

perecido nas águas em compulsão.

a lagoa do parque que todos passam

que todos olham, cantam e inspiram-se

a lagoa de tantas histórias

de tantas vidas que sucumbiram

é a lagoa de nossa cidade

de nossa eterna mocidade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de junho de 2006.

2575. NÃO ESCONDA O RISO NO PRANTO DE ALEGRIA

Não esconda o riso, meu amor

neste pranto coberto de dor...

não esconda o pranto no riso

saiba que a dor é alegria

na alegria de tantas dores...

Não esconda a dor

nos prantos de alegria

e se algum dia voltar o amor

não esconda dele a dor

dê-lhe alegria na mais terna euforia...

Não esconda do mundo o sofrer

sofra com todas as dores

e se as dores de amor se acabarem

plante a semente da paz nesta vida

e saia por aí a cantar...

Não esconda o riso no pranto de alegria

sacuda seus nervos em cada sonho

e ame ao mundo no mundo de dor

e crie consigo alegria

distribuindo riso e amores...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de dezembro de 2012

2576. LUA CHEIA

à Lua Cheia

Ela cheia

Linda saindo do mar

Ela incendeia

Os olhos do poeta

Ela me contesta

Eu a vejo em todo andar

Ela cheia

Linda lá nas alturas

Ela é sangue na veia

Do andar em frente

Do vê-la de repente

No ser das minhas partituras

Ela cheia

Dentro das nuvens chuvosas

Ela é lenda de sereia

Que minha avó contava

Junto dela eu olhava

Uma bola no céu nas noites assombrosas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de janeiro de 2006

2577. AS MARATONISTAS

a Norma, Neide, Rejane, Mônica e Eliane (Moradoras da Capitão )

De manhã logo cedinho

Lá vão elas para uma caminhada

Vestem o short, botam a blusa

Saem pela rua, e tome pernada!

Os maridos ficam em casa

Elas vão para sua maratona

Tomam um bronze na cara

Das casas cada uma é a dona.

As maratonistas são fortes como ninguém

Cada uma tem um jeito meigo de ser

Palavras de todos os maridos

Que as querem livres para viver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2004.

2578. DOMINGO

Hoje é domingo

Dia de bingo

Do vinho no quintal

Da pedida de óleo

Por cima do muro

Porque hoje é domingo

Dia de futebol

O alvinegro no campo

Quer subir na tabela

Gol por todo o mundo

Aqui na Paraíba

O domingo é de expectativa

Na Capital do Estado

Já é noite pra mais de oito

Hoje é domingo

A família reunida

Espera outra família

Falam de Teresina

O Nordeste está seco

A Amazônia pede socorro

Hoje é domingo

Dia de reflexão

Dia de dormir e sonhar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de novembro de 2005

2579. DOMÉSTICA

Não vale ser moderninho

Ela de nada entende

E quando entende

Faz-se de esquecida

É uma atrevida

Não se arrepende

Dos atos cometidos

Chega às vezes de oito

Quando o horário

É às sete da manhã

Ela é demais

Ainda quer aumento

Quer férias

Porque todos os feriados

Ela resolve ficar em casa.

Vale a pena ser moderninho

Quando tudo isso acontece?

Está me tirando do sério

Fazendo-me perder o trabalho

Fazendo-me ficar mal-humorado

Diga-me ao menos

Por que chegastes às 09h30minh?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de novembro de 2005

2580. O CAJUEIRO E O BEM – TE - VI

O Bem-Te-Vi

No cajueiro subiu

Cantou seu canto matinal

As folhas dançaram

E os cajus de tão alegres

No chão caíram

Sorriu o cajueiro

Abraçou seus frutos

E a todos deu uma função

Um foi ser picolé

O outro foi ser sorvete

Enquanto outros que ficaram

Tristes se perguntaram

Para que eles serviam

O cajueiro respirou fundo

Pediu licença ao Bem-Te-Vi

Deu um sopro forte

Que se ouviu a queda

Bem ao longe

Caíram ao chão

Crianças saboreavam

O gosto de cada caju

O cajueiro foi dormir

E só acordou ao

Canto do Bem-Te-Vi.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de novembro de 2005

2581. SANFONEANDO

Um sanfoneiro é bom

Dois é bom demais

Três é mais que bom

Os três fazem desordem

Dedo pra lá

Dedo pra cá

Dedo no meio

Coitada da sanfona

Nas mãos dos sanfoneiros

Ninguém conhece

Um Sivuca

Outro Dominguinhos

O outro um tal de Oswaldinho

Um trio desconhecido

E muito mais ainda

Quando os três resolveram

Tocar um tal de

Luiz Gonzaga

Onde já se viu!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de novembro de 2005

2582. SÃO FRANCISCO

ao Rio São Francisco

Que venha a transposição

De Chico para este sertão

Que traga esperança ao povo

Água farta neste torrão.

Velho Chico, Rio Nordestino

Onde mergulha a menina e o menino

Divisas de cidades nordestinas

A cartilha do ABC bem que nos ensina.

Rio São Francisco nos desvios

As águas claras e limpas dos rios

A transposição num oásis de prosperidade

São Francisco vai trazer o verde à cidade.

Que venha a política dos papéis

Tirar proveito, velhos coronéis

Em defesa das águas sem agredir ao meio ambiente

Deixem as águas de o rio salvar a vida de muita gente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2005

2583. PIRRALHAS

Dedicado para Carolina, Camila e Catarina

As pirralhas que eu tenho

Dão um trabalho tão grande

Que quando penso que venho

Volto ao topo da stander.

É que uma quebrou o mostruário

A outra chorando ficou

A terceira entrou num planetário

E a mãe desesperada o preço pagou.

As pirralhas deram um espetáculo

Foi o show que gostaríamos de ver

Um senhor colocou um obstáculo

Aquele livro não era para pirralha ler.

Não se pode mais sair de casa

Com estas pirralhas brigonas

Brigam por tudo e tudo se arrasa

Ainda por cima são mandonas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2005

2584. VIVER NO MUNDO SEM SER DO MUNDO

É difícil ou quem sabe fácil

conduzir o homem ao raciocínio

dessa lógica louca

desse mundo vivo

nesse mundo sem ser desse mundo

pergunto ao mundo

qual razão de tudo

perco toda lógica

dou de troco um ser talvez

quem sabe da vida

resta um pergaminho

mesmo contido de pérolas

tomba no caminho

de viver no mundo

e não se pertencer

qual sentido faz

ser desse mundo

se não é desse mundo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de abril de 1999

2585. PRÉ-TENSÃO

a Norma Sueli

Depois de muitos anos

Entre o convívio e o aprender

Existe um período na mulher

Os nervos à flor da pele

Sossego e calma são verbos

Por ela almejados

Só que muitas vezes é o inverso

A mulher então quebra o pau

Grita e roda a baiana

É tensão na mulher

É pré-menstruação à espera

Tensão pré-menstrual

A mulher na sua fase

Umas fazem análise

Outras querem distância

Criam nos parceiros uma ânsia

Os casos são os mais diversos

E qual deve ser a nossa pretensão

Entender o período vivido

Até acabar o tempo

Na mulher a pré-tensão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2005

2586. HOJE É DOMINGO

Hoje é domingo

Dia de reflexão

O que se fez no dia

Se analisa com o coração

Porque hoje é domingo

Dia de alegria

Pulsa um ar forte no pulmão

Porque o dia foi domingo

Amanhã é outra canção

Domingo primeiro dia da semana

Mas em casa o cidadão

Domingo é diferente

Farra, festa e confusão

Tudo no domingo é pensado

Ainda mais quando vem um imprensado

Domingo é só emoção

A emoção de beber e festejar

Tudo se faz pelo ato de amar

Domingo tem que ter condição

Condição de ser melhor no outro dia

De ser vizinho como uma poesia

Que faz o domingo ser mais sensação.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2005

2587. SETEMBRO

Chega setembro

O mês que promete

E prometendo muito

Muito tem-se o que fazer

E fazendo muito

Muito tem-se que se ligar

E ligando muito, muito

Tem-se o que se cuidar

É que cuidando da vida

A vida cuida do outro

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de setembro de 1989

2588. SER AMIGO NA REAL E NO VIRTUAL

Ser amigo é ser real

Ser amigo é ser virtual

Nunca faz mal

Ninguém vai cair de pau

Ser amigo é normal

Nunca diga adeus

Apenas dê um xau

Biu Cabeça de Boi

Poeta imortal.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1986

2589. SEMPRE SAUDADE

SEMPRE sentindo

Saudade em cena

Em plena lua cheia

Seja em que lua for

A saudade vem

Vai e volta com mais força

É que quando a lua cheia

Invade o coração de poeta

A saudade se aloja e quando se aloja

Grita e pede passagem

É saudade do olhar

Tão olhar que me faz

Belo pela vontade de viver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de maio de 2000

2590. SEMPRE EM MIM, SEMPRE EM TI

Sempre em mim

Há um desejo

Em ti

Sempre em ti

Há um desejo

De mim

Somos dois em um

E sendo assim

Sou um em ti

E tu és único

Em mim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de novembro de 1989

2591. SEM NUNCA NADA TER SENTIDO

Sentindo frio

Meu corpo uniforme

Sente vontade

E que vontade é essa

Que meu corpo sentindo frio

Se sente perdido nesta multidão

Multidão esta que me faz cantar sem nunca ter nada falado

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1979

2592. SEGUNDO ENCONTRO

O pagamento

Esta semana a gente sai

Passa quarta, quinta discussão

Sexta pela manhã diálogo

Sexta tarde telefone toca

O encontro

O preparo

Nada de saída

Linda em cena

Figurino pronto para o encontro

Casa dos pais

O encontro com dois

Os olhares de quem quer algo

Sábado nunca se vê

Domingo também

Segunda o nada encontrar

Terça na manhã o cheiro

A vontade de ver

O almoço bem pago

A ida na ida de tanta espera

É quinta chamada

O segundo encontro

A água que molha

O corpo que sente

O sentir do prazer

Pelo prazer de viver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de novembro de 1989

2593. POSTERIOR

Ao amor dos outros

Na quarta-feira, feira

Ela se encontra, linda

Ele e ela, a família

Vão à feira, compras

O poeta fica, solitário

Na quinta o almoço num recanto

Na sexta, desencontro, perguntas de amigo

Sábado e domingo, como sempre, ausência

Na segunda, a fala do trabalho dele, temporário

Na terça, o encontro tarde, almoço do signo de peixes

Na quarta, noite, o filho, o encontro, o amasso

A chave que fica, a ida com outra, a fala do trabalho dele

Na quinta, o desencontro, na sexta, manhã, o toque das mãos

O amigo no amasso, a visão do poeta, a pergunta dela

O prêmio que o poeta ia, a volta do poeta, a ausência dela...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de dezembro de 1989

2594. SAUDADE IRMÃ

Dedicado para minha irmã Lola

tantos

sonhos

se transformam em saudades

que nossos olhos espreitam

nas esquinas de cada espera

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de novembro de 1990

2595. REVIRANDO O TEMPO

Tempo de vez em quando

Quando o tempo tem vez

A vez é do tempo que sem tempo

Não tem vez de vez em quando

E quando a vez do tempo chega

É porque chega o tempo de

Dizer adeus ao tempo do quando

Tem de se esperar para resolver

O tempo entre tantos tempos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1989

2596. ZÉ, O VENCEDOR

Zé, paraibano

Zé, cidadão do mundo

Zé, antes vagabundo

Zé, agora doutor

Doutor de música

Música das boas

Assim é o nosso Zé

O que agrada a todas as pessoas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1989

2597. ZÉ, CABRA VALENTÃO

Valente no sertão dura pouco

Tão pouco na cidade não dura

A duração de um valentão varia

Varia do capital do valentão

Varia da postura do valentão

Da força bruta do valentão

Da vontade de ser forte de cada um

Cada um sabe o valentão que lhe ronda.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1980

2598. TENHO TANTA LÁGRIMA GUARDADA

Tenho tanta lágrima guardada no peito de poeta

Que todas as dores juntas não dariam lágrimas

Porque o amor que o poeta sente

É maior do que todas as lágrimas

Guardadas no peito de quem sofre

A dor de chorar por todas as dores

Por todas as dores de ser fraco.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1982

2599. POESIA EXTENSA

Eu lhe digo e digo como digo

Xucro de todos os burros

Tenho isso em mim e sou assim

Enquanto amo sofro como os burros

No capim que come, na água que bebe

Sendo xucro em todos os sentidos

Os sentidos de ser burro na vida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de novembro de 1979

2600. VOCABULÁRIO DE PAIXÃO

A é a letra do amor

B é a letra do sofrer

C é a letra do pavor

D é a letra de nada saber

E é a letra de tudo eu sei

F é a letra de nada querer

G é a letra do já sei tudo

H é a letra de todas as dificuldades

I é a letra de nada procurar

J é a letra de ser maior em tudo

K é a letra estrangeira que me ama

L é a letra de ser o que nunca foi

M é a letra de toda maioria

N é a letra de sempre querer mais

O é a letra de parar em cada esquina

P é a letra de discutir para nada se resolver

Q é a letra tão difícil mais foi encontrada

R é a letra do meu maior dicionário

S é a letra que já foi minha

T é a letra que nunca se interessou

U é a letra de sempre se esconder

V é a letra que gosta de criar história

X é a letra que se anda para encontrar

Y é a letra que foi o maior de todos os amores

W é a letra que bagunçou com todos os vocabulários

Z é a letra que se tornou tão fácil

São letras que entraram

São letras que saíram

São letras que fazem festa

São letras que morreram

São letras que contrariam

São letras que criaram lúdicas em mim

São letras que passaram

São letras que ficaram

São letras de todos os amores

Que um dia passou na vida de cada poeta.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1989

2601. EU CHORO PORQUE O AMOR SE VAI...

Choro

Choro porque sei chorar

Canto porque sei cantar

Luto porque tenho que lutar

Amor que o amor é sonho

Sonho porque o sonho é amor

Que faz o homem chorar

E chorando assim tanto

O homem luta por nada saber

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1980

2602. LIGAR PARA ELA...

Ligo

Todas às vezes que falo com ela

Meu coração morre de amor por ela

Minha voz fica feliz em falar com ela

Meus olhos ficam felizes em ouvir ela

Ligo para ela e falo com ela

Porque sou feliz quando falo com ela

Se não ligo é porque não quero falar com ela

E se falo com ela é por que

Morro de amor por ela...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1980

2603. CANSADAMENTE NA MENTE

DOS QUE NÃO TÊM MENTES

Somos vítimas

De um passado

De um passado presente

No presente de tantas vítimas

E sendo vítimas do presente

Somos passados de tantos lugares

Lugares são como saudades

Se veem, porém não os temos

E na prerrogativa de termos

Não somos nem um lugar

Neste lugar de tantas mentes

É que a mente na mente da gente

Não acredita no que somos

No que devíamos ter sido

E por nunca termos sido nada

Somos nada na mentes dos que mentem

É cada mentira que nos cansa

E nos cansando é tempo demais

É que nossa esperança nunca pede tempo

É que o tempo é apenas um tempo de espera

E sendo espera, por que esperar?

Por que ser o que nunca se tem sido na vida

É que a vida aprende com a mente de todos

De todos os lugares...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de julho de 1989

2604. CANSADO DE DIZER SIM

Cansado de dizer sim

E sempre recebendo um não

Cansado de sofrer de emoção

Sempre sofrendo por coisa ruim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de novembro de 1989

2605. COMO PENSO, ELA É MEU APENSO

Como penso nela

Não sei se ela pensa me mim

Ela é meu apenso

Vive junto de mim

Pertence aos meus sonhos

Anda colada junto de mim

Penso nela, nela penso

Ela é o meu apenso.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de novembro de 1989

2607. COMPANHEIROS & COMPANHEIRAS

Companheiros e companheiras de trabalho

Muito nos justifica este momento que estamos vivendo

É um momento de plena democracia

Com respeito e dignidade para todos

Buscamos o entendimento de todos

Todos nós somos donos de si

E por sermos donos de nós mesmos

Companheiros e companheiras

Arregacem as mangas e mãos à obra.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 2000

2608. CONSCIÊNCIA HUMANA

Ao dia da Consciência Negra

Zumbi morreu

Vivem os adeptos

Zumbi resiste

Vivem os intelectos

É consciência humana

Na raça de tantos negros

É consciência negra

Na raça de tantos zumbis

Na raça

Na bravura

Eis o dia

A liberdade

O silêncio

Nasceu um dia

Dedicado ao povo brasileiro

Ao povo da consciência negra.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 novembro de 2009

2609. CRIANÇA CAMILA, CRIANÇA

Dedicada à Camila Dias de Carvalho (Minha Filha)

Ser criança é ser feliz

Andar descalça, pelada

Brincar de disse me diz

Sorrir e ser amada

Ser criança é ser responsável

Estudar e ter respeito

Viver contente e amável

Saber do dever e ter direito

Ser criança é viver em paz

Ter um lar para viver

Lazer nunca é de mais

Criança todo mundo quer ser...

Bento Júnior

Conde-PB, 25 de outubro de 2009

2610. DE VOLTA AO TEMPO

Ouvindo esta música, canso-me

Cansado, sofro de saudade,

Nostálgico eu pulo corda de agave

E canto canção de ninar, gozo

E gozando eu volto ao tempo

É que o tempo que o poeta fala

Não é tempo de medir pressão

É pressão queimando a raiva

Que fica por dentro de quem

Tudo hoje ver, nada pode resolver...

Bento Júnior

Pilões-PB, 19 de setembro de 1989

2611. DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Às funcionárias da E.M.E.F. Jornalista Raimundo Nonato Batista

Mulheres que fazem a vida

A vida de cada mulher

Mulher de fé e atrevida

Mulheres que nos fazem

Tanto bem na vida

Mulher que não conheço

Mulher que já é tão conhecida

É esta mulher que nos ama

É esta mulher que nos tira o sono

É esta mulher às vezes tão perdida

Oh! Mulher de santa em pecado

De pecado por ser tão santa

É esta santa que nos encanta

E quando se canta

O mundo todo adormece

A mulher não se entristece

Arranca da sua memória um sonho

E neste sonho de tantos sonhos

É esta mulher que emana educação

É esta mulher de Raimundo

É esta mulher de escola

E viva essa mulher da Raimundo Nonato.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de março de 2009

2612. CABO BRANCO DOS COQUEIROS

Cabo Branco

Ponto Oriental das Américas

O sol nasce mais cedo

Mais cedo me acordo

Ligo o carro e saio correndo

Com as filhas a mergulhar

Cabo Branco

Águas claras e cristalinas

Minha cidade, meu jardim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de novembro de 1989

2613. PRAIA DO POÇO

Poço, praia das minhas filhas

Uma

Duas

Três

Lá estava

Eu

A esposa

A família

Uma de cada

Na Praia do Poço

Quando a maré está baixa

Vai-se longe

As filhas amam esta praia

Domingos e feriados

Praia do Poço.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de novembro de 2009

2614. DOIS ENCONTROS

UM DE CADA VEZ

um de cada vez

O SEGUNDO ENCONTRO

um de cada vez

no segundo encontro

de tantos desencontros

e nos desencontros

busca-se o encontro

porque este encontro

é prova final

de todos os encontros

de um HOMEM

de uma MULHER

no encontro do ponto de vista

dos encontros...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de março de 1985

2615. NADA NO MUNDO É MAIS TRISTE

Nada no mundo é mais triste

Do que a tristeza do mundo

Se nasce, vive e morre

Se morre por nada ter

E tendo tudo na vida

Se vive para morrer

E morrendo a Deus pertence

Não há como viver

Nada no mundo é mais triste

Do que a tristeza do mundo

Quando se vive por amor

O amor mata a vida da gente

A gente por nada entender

Morre por nada fazer

E fazendo da vida um viver

É sonho que nunca se vai ter

Nada no mundo é mais triste

Do que a tristeza do mundo

É pai batendo em filho

É filho matando pai

É triste ver o mundo triste

Na tristeza deste mundo

Quanto mais se morre gente

Nasce gente para viver

Nada no mundo é mais triste

Do que a tristeza do mundo

Quando o homem tem família

É mais um para carregar

Se trabalha, se conquista

Se demite, se assusta

É mundo da tristeza

Na tristeza de tanta gente

Nada no mundo é mais triste

Do que a tristeza do mundo

É filho para criar

É criar para não ter filho

Se tem filho, sofre pai

Se não tem, sofre a mãe

É tanta tristeza no mundo

Para dar de comer a tanta gente

Nada no mundo é mais triste

Do que a tristeza do mundo

Tem pai que não se cuida

Tem mãe só para cuidar

Quanto mais se cuida na vida

A vida não cuida do mundo

Tem mundo que vive solto

É solto que vive para morrer

Nada no mundo é mais triste

Do que a tristeza do mundo

O homem quando trabalha

Espera ter capital

Com o capital que ganha

Ganha o mundo da tristeza

É triste ver o seu pai

Na amargura deste mundo

Nada no mundo é mais triste

Do que a tristeza do mundo

É triste ver um poema

Sem rima e sem virtude

Tem poema que nos inspira

Inspiração vem e logo vai

Nasce uma palavra solta

Na morte de cada poema.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de junho de 1993

2616. NADA EM MIM É VISTO

Faço vista grossa

Porque sou grosso

Sou grosso e faço vista grossa

Grossa porque me engrosso

E engrossando sou vista

A vista que avista tudo e todos

E todos estão engrossando a fila

A fila do pão e do leite

Do gás e da vida

É grosso gostar de ser grosso

Porque a pobreza é grossa

E engrossa a fila da política

A política é grossa

Porque é grosso o que se elegeu

O que votou era grosso

E engrossou a fila do desemprego

E do desempregado surgiu a grosseria

Viva todos os grossos do Brasil

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de setembro de 1983

2617. BONITO E SUAS CACHOEIRAS...

Essa cidade pernambucana

Vendo as fotos, que riqueza

É cachoeira, que beleza

Qualquer dia eu vou lá...

Mergulhar nessas águas claras

Tomar a água, matar a sede

Meu Nordeste, meu Brasil

É bonito de se ver...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 2003

2618. HOJE, EM SONHO, UM CASO

Tive em sonho

Tantos sonhos que tive

E deste sonho sonhado

Um sonho me marcou

Era noite, a lua bonita

Espreitava todo o meu ser

E entre seres opostos fiquei

Conheci mulheres

E das mulheres conhecidas

Fiz meu verbo único de amor

Amei, desejei, beijei

Um beijo que valeu dez

Era beijo

E por ser beijo

Valia muito mais que dez

Mas dez era importante

Mais importante talvez

Do que a sombra da lua

No quarto sem varanda

Amei e saciei

O desejo de macho

Grudado na pele

Ardente da humanidade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1989

2619. MORRENDO EM CENA

O ATOR

Vive seu papel

De morrer e morrendo o ator vive

E vivendo o ator é aplaudido

E aplaudido o ator sofre

E sofrendo o ator chora

E chorando o ator MORRE.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1989

2620. QUERIDO PAI, QUERIDA MÃE

Dedicado ao meu pai e à minha mãe (Bento Carvalho e Vitória Carvalho)

Cada música antiga que ouço

Nela está contida um pouco

Do meu pai

Da minha mãe

Seja lá como for

O filho de onde está

Tem consigo amor

E amor é o que não falta

Na letra

No poema

Na rima

Na vida

Amo meu pai

Amo a minha mãe

Dois seres humanos

Que me aguentaram

Me aguentam

Me amam

Nas brigas

Nas indiferenças

Nos olhos de viver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1994

2621. JACUMÃ, JACUMÃ

Na terra de um tal de Conde

No Estado da Paraíba

Neste mesmo local

Tem Jacumã

Uma praia bela e formosa

Gente de todo lugar

Amo Jacumã

De coração aberto

Feriado e dia santo

Jacumã, Jacumã...

Bento Júnior

Conde-PB, 16 de fevereiro de 2004

2622. LUGARES

Em Intermares

No Poço

Duas praias lindas e belas

Bonitas e gostosas

Da gente banhar

De manhã logo cedo...

Assim caminha o pai

Com a esposa e filhas

Avistam Areia Vermelha

Um banho de sol

Um mergulho na água de sal.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 15 de novembro de 2009

2623. MARCADO PELO TEMPO

sempre sorrindo

meus olhos riem

sempre chorando

minha boca chora

sempre atento

meu olhar se cala

sempre calado

meu andar se curva

sempre curvando

minhas pernas giram

sempre girando

meu dedo enrugado

sempre enrugado

meus dentes pisam

sempre pisando

meu pensamento pára...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de março de 1990

2624. MAX, CACHORRO VOADOR

Voa meu cachorro

Max é o nome dele

Ele em cena é ator

Atencioso

Tentador

Girador

É o nosso Max, o cachorro voador

Voando nas nuvens, voando na terra

Max é cachorro que conquistou a gente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 2009

2625. MENARCA

Dedicado à Carolina Dias de Carvalho (minha filha)

Chegou

Chegou o dia

O dia chegou

E como chegou o dia

Chegou a certeza

Da menarca da filha

Da menarca que chegou

Era manhã e como manhã

Chegou a incerteza

Da menarca que ora chegava

E chegando devagarinho chegou

A menarca da filha

A filha primeira

Doze em cena

É ano por cima de ano que vos espera

Menarca que chegou e chegando hoje

Hoje é dia de festa na casa da Carol.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de agosto de 2009

2626. MEU SOFRER

meu sofrer

de quem sofre

não é nada

é sofrer de homem

que ao chorar reclama

sua masculinidade

é paixão

um apaixonado em cena

a cena de todas as noites

fazia frio

na rua apenas lágrimas

iam continuando o seu córrego

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de outubro de 1989

2627. MEXENDO NAS COISAS ALHEIAS

Um bandido,bom,bonito, bacana,

Desses que a gente logo se apaixona,

Músculos longos, um olhar de sacana,

Entrou na casa, comeu,bebeu,caiu na cama

Na cama que o bandido caiu, ficou,

O moço triste vendo o roubo, pensou,

Queria dar queixa, não, não, não deu,

Deixou as coisas, o bandido se fodeu,

A polícia duas horas depois, eis a chegada,

O bandido acabara de se acordar, que mancada,

Levou o bandido, as joias, o dinheiro, a herança,

Era pessoa de família da mais inteira confiança,

E que confiança pairou no coração do bandido,

Que, diante dos olhares de todos, morreu

E não reagiu à prisão, mas como estava fodido

Resolveu deixar todo o acontecido,

A cena de bandido que me no alheio, sofreu,

Hoje ele sofre, chora porque está para lá de esquecido.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de março de 2000

2628. MINÉRIO QUE TRANSBORDA

Existe um minério

Um minério existe

No fundo de cada poço

Um minério em calabouço

Existe um minério

Um minério enfadonho

É que o minério é transbordante

É que o minério é aconchegante

Existe um minério

Um minério que se vende

É que a venda deste minério

É esqueleto montado em cemitério

Existe um minério

De cada lado um oposto

No lado esquerdo de cada cruz

É que minério se faz através da luz

Existe um minério

Em cada esquina, em cada vício

Nosso sonho é minério que transborda

É minério que se planta e que engorda.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 18 de março de 2007

2629. MINHAS FILHAS, VIDAS MINHAS

amar assim como amo

sinalizar o crescimento

amar é do jeito que chamo

um tal de pai bento

suas filhas em número de três

no amor e nas brigas

no sonho e nas intrigas

cada uma buscando sua vez

amar assim como amo

é lugar onde se mora

é canto de sabiá a cada ano

mulheres sábias que não deixo de fora

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 2008

2630. MISTERIOSO PÁSSARO

Pássaro

Cantador

Enganador de gente

Sobe no coqueiro

Canta o ano inteiro

É um pássaro

Talvez, talvez

Sim ou não

É um pássaro

Incapaz de ser pego.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983

2631. MÍSTICO POETA

O poeta é simplesmente poeta

Faz poesia e espera recompensa

A recompensa que o poeta fala

É recompensa de aplauso

Assim como o artista faz

Canta, dança e recita

Um verso alegre de cantor

Dançarino e ser poeta é ver

O amanhã daqui de cima

O chegar daqui de baixo

Ser poeta é ser místico

Assim como Buda

No seu altar a fala

Ser poeta é alguém

Que de tanto verbo

Se cala...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1999

2632. MORTE MORRIDA

Um dia no alto da serra

Entre barrancos e troncos

A morte bateu as botas

É que a morte não matou

O amor de morte matada

Morreu sim, morte morrida...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983

2633. SEMPRE EM MIM, SEMPRE EM TI

Sempre em mim

Há um desejo em ti

Sempre em ti

Há um desejo de mim

Somos dois em um

E sendo assim

Sou um em ti

E tu és único

Em mim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de novembro de 1989

2634. MEDO DE SOFRER

Um medo de sofrer, minha cabeça

Pairava, era tarde, fazia calor,

Na rua apenas a puta mal paga

Ia continuando a sua história

Era noite, na rua os vaga-lumes

Iam cantando o seu cantar,

Minha mãe, lá dentro gritava

Era um grito de quem morre...

Meu pai, viúvo de filhos casados

Ia vivendo no cemitério,

Recordava minha mãe, sofria

E eu daqui deste outro lado

Vou continuando o meu caminhar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de outubro de 1989

2635. JACARÉ E O AMOR

Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)

Nós dois...

Na cama

Na banheira

No chuveiro

Na cama

Na banheira

No chão

No piso

Na cama

Na cama

Na cama

Ida e volta

Volta e meia

Indo embora

Chegando

Saindo

Vivendo

Gozando...

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 05 de novembro de 2009

2636. DESCOMPROMISSO

Foi marcado

Foi agendado

Foi marcado

Foi explicado

Cada detalhe

Cada vírgula

Cada momento

Falta de compromisso

Gera descompromisso

Falta de caráter

Gera descompromisso

Um toque no fone

Um toque no convencional

Um toque na casa

É algo anormal

De manhã a fala

De manhã a falta de carro

Tarde compromisso de homenagens

Noite a batida na casa

A ausência da telefonista

A putaria do artista

Não dar mais para suportar esse jogo

Ela joga demais e envolve o jogador

Tudo é falta de compromisso

d e s c o m p r o m i s s o...

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 09 de dezembro de 1989

2637. MUNDO ESTRANHO

estamos em guerra

nesta guerra fria

onde sofro e calo-me

onde choro e morro

quero e nada posso

quero e sinto falta

a falta de viver em mundos

estranhos ao mundo que moro

ao mundo que imploro

ao mundo que se desfaz

um mundo intransigente

de sonhos e mediocridades

de sonhos de permissividades

um mundo estranho

um mundo sem mundo

um mundo simplesmente

estranho

Bento Júnior

Conde-PB, 31 de outubro de 1989

2638. CANTANDO PELOS CAMINHOS DO MUNDO

No canto do mundo

No mundo do canto

Eu canto e sou mundo

Sou mundo no canto

No canto de cantar

E quando canto no mundo

Sou mundo mais mundo

Tão mundo eu sou

E sendo este mundo

Sou mundo no canto

No canto do mundo

Nos caminhos do mundo

Sou caminho do mundo

Abro passagem para o mundo

No mundo de tantos mundos

Nos caminhos do tempo

No tempo do mundo

Do mundo sem tempo

Nos caminhos em que o tempo

Não sendo tempo

Se perde na ida

Se encontra na volta

Na volta há o tempo

O tempo de todos os caminhos...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1989

2639. MULHER ÁGIL

Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)

A Mulher

Tão ágil

No tempo

De todos

Os tempos

Que se tem...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1989

2640. MORTO NO ABISMO DO NADA

Morri

Na imensidão do oceano

Na lentidão dos corpos

Na pureza da alma feminina

Na simplicidade do pedreiro

Na gratidão do padre

Na virtude da criança

Na saudade estampada

Na vontade de tudo terminar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1980

2641. OS OLHOS DELA

Ao amor proibido

Cada dia que passa

Cada sonho que sonho

Cada momento que vivo

Cada instante que passo

Cada ilusão que avisto

Cada leitura que faço

Cada foto que vejo

Cada lembrança que fica

Cada palavra que ouço

Cada beijo que dou

Cada pegada que finjo

Cada lugar que eu vou

Cada desejo que tenho

Cada tecla que meto

Cada pensar que me atormenta

Cada música que toca

Cada olhar que me atrai

Cada riso que jogo

Cada sentimento que discordo

Cada pilantragem que sei

Cada toque que levo

Cada de cada em cada quase nada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1989

2642. PALAVRAS SIM, FAZER EIS A QUESTÃO...

Fazer

Como fazer

Se o fazer custa à alma do poeta

Ser prática eis a questão

Fazer outra questão

Ficar como está, eis a questão

Melhor é ficar só

Eis a questão...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de julho de 1999

2643. PASSANDO PELO PASSADO PRESENTE

Olho-me no espelho do tempo

e como o olhar me pertence

pertenço ao tempo do meu olho

esse olho que olha o passado

num presente tão distante

tão sem jeito de espiar

e espiando no espelho do tempo

o que me cabe é pouco

e sendo pouco

muito tenho que fazer

é que o passado a mim anda distante

de distância entende o meu presente

de tão presente que é

não me sobra tempo para escrever

sobre o passado que tenho passado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de agosto de 1989

2644. PASSADO

Estou passado

Passado para trás

Eu estou quebrado

Quebrado por

Amar demais...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1989

2645. OS INCONFIÁVEIS

Confio no amor

Na fome

Na dor

No nascer

Confio na morte

No peito e no coração

Confio neste homem

Neste traçado

Confio até nos inconfiáveis.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1989

2646. O TOQUE E A FALA

O toque

A fala

Falo

Me calo

E quando falo

A fala me cansa

A fala se acalma

É que o toque

É algo sutil

E sendo sutil

É sutileza de voz

Na voz rouca

De um poeta

Que nunca se cala.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de março de 1990

2647. O TEMPO PENSADO

Você não pode exigir tempo

De mim...

Pois você é quem não tem para mim...

O tempo que eu tenho é muito

No seu pouco, pense em mim...

Você para mim é mais que especial

Já mora no meu coração

Já faz parte da minha vida

É o pensar de minha paixão...

Tenho sentimentos em forma de

desejo, atração, sexo e ternura

amo-te de todas as formas

sou capaz de qualquer loucura...

São alguns dos sentimentos

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983

2648. NÓS DOIS, PAI E FILHA

Dedicado para Carolina Carvalho (Minha Filha)

Nós dois

Pai e filha

O sabor

De nossas

Vidas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de março de 2007

2649. NÓS DOIS

Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)

Nós dois...

Vermelho em cena

Na cena de um pai

Na cena de uma filha

Tão pequena, passado

Tão grande, presente

É que nós dois, hoje

Resolvemos usar vermelho

É que o vermelho dos

Nossos corações são frágeis

Como a semente que da terra

Brota o sangue de nossas veias.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de setembro de 2009

2650. NOSSA HISTÓRIA

Eu

Você

Nós dois...

A história em cena

Encrencas à parte

Nossa vida é uma arte

Um homem

Uma mulher

Nossa história é assim

Você comigo

Você em mim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de novembro de 1989

2651. NÓS, NUM SÓ PENSAR EM CONFUSÕES

Nós dois, num pensar torto

De olhar morto

Sem planos e sonhos

De olhares medonhos

Um vício das funções

Ai que dor neste coração

As cabeças só as ilusões

De não se ter nada

De ser bandida

De ser atrevida

De dar esperança

De ser só criança

Viva o medo e as emoções

Nós dois já cansados

Olhamos um para o outro

E chamamos de loucos

Este falar agoniante

De quem é

E não quer ser errante

É o desejo dos pensares

É o silêncio dos amantes

Loucos em cena

Amor de Madalena

É pecado, é ilusão

É cena aberta, é cantar

A vida lhe espera, cante...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de setembro de 1999

2652. O BRILHO DAS LUZES

As luzes brilham no palco

No palco da desilusão,

A desilusão de ser fraco

O fraco de coração.

Meu coração sofre,

Sofre como sofre o teu,

É que meu coração

Ama e é ateu

E sendo ateu

Meu mundo é perverso

E sendo perverso

Atrapalha toda cena

A cena do teu amor

Esse amor que é somente meu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de novembro de 1989

2653. O QUE FAÇO?

Não há motivos para desespero

Não há desespero para ter motivos

Se em mim faltou pulso, culpa minha

Se em ti sobrou pilantragem, culpa minha

Não há motivos, por enquanto não

Não há por enquanto, só motivos

Não há perguntas, por enquanto respostas

Não há respostas, por enquanto perguntas

O que faço?

O que faço?

O que faço?

Não há campanha, só derrotado

Não há derrotas, só um vitorioso

Não há vitória, só dúvidas pairando

Não há dúvidas, só perguntas

O que faço?

O que faço?

O que faço?

Não há silêncio em mim, só palavras

Não há palavras, reflexões é o que se tenta

Se em mim faltou diálogo, culpa minha

Se é culpa minha, o que faço?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de novembro de 1989

2654. O RISO EM MÁGOAS

O riso em mágoa

É rio que transborda

No peito a dor

Na dor o amor

Enfim, o amor e a dor

Reclamam do riso

O riso de ser triste

No triste de ser feliz

Ser feliz é ter riso

No rosto, na face

Na cara, no focinho

De cada um

De nós...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de novembro de 1989

2655. O ANTES NO RISO

ri é bom para uma pessoa

tão especial quanto tu és

gostosa, sorridente e amável

imagine uma pessoa que penso

noite e dia

dia e noite amor

de minha vida

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983

2656. QUANDO OLHO NOS SEUS OLHOS

Olho e você finge ser romântica

E ainda dar uma risada de romantismo

É que os românticos amam demais e são egoístas

Eu tiro por mim que sou assim

E quando vejo você através deste olhar

Sinto-me atraído por uma coisa maior em mim

É que você olhando nos meus olhos

Me deixa tão feliz e ao mesmo tempo infeliz

É que não sei me distanciar

Por mim eu queria viver lado a lado com você...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de dezembro de 1989

2657. ELA É VIDA EM MIM...

Ela é vida em mim

Em mim ela é vida

É vida mais do que bela

É bela muito mais que mulher

Ela é vida em mim

Em mim ela é vida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de novembro de 1989

2658. ESTOU BUSCANDO OUTRA...

ando descalço pela vida buscando ela

e ela se esconde e quer me ver e finge não querer

é uma mulher entre tantas mulheres que amei

no entanto poeta é se arriscar para buscar outra

outra eu quero nas tantas que não tenho...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de maio de 1984

2659. LUGARES DIVERTIDOS

Fui a um lugar divertido com várias intenções

É que lá neste lugar havia um sonho de intenções

E busquei neste sonho todas as minhas intenções

Lugares como este fui e nunca tive tantas intenções

São lugares divertidos e me parece que as intenções

De todos que ali estavam morriam em todas as intenções...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1983

2660. QUANDO OLHO BEM NOS OLHOS DELA

Quando olho bem nos olhos dela

Eu sinto uma vontade de beijar

É que os olhos dela refletem a paz

É que os olhos dela me apaixonam

É que o amor que tenho por ela

É regado ao som dos olhos dela

Olhos castanho que a vida me deu

Olha bem nos olhos dela

E diz se ainda há amor entre você e ela.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de dezembro de 1986

2661. PENSANDO NO PENSAR EM LETRAS GARRAFAIS

Penso

E de tanto pensar

Penso

E de tanto não encontrar

Sofro

E de tanto dissabor

Peno

E de tanto penar

Penso nas palavras

Tempo, desejo, sexo, atração, ternura...

Leio

E de tanto lê-las

Penso

E de tanto pensar no que escrevo

Entrego-me de corpo, alma e sonhos

É que cada palavra dita

Não corresponde à ação refletida

Sofro no tempo de não mais ter tempo...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1989

2662. PENSE NUMA PESSOA QUE QUERO...

Ela chega

Me beija

Me escanteia

Me choca

Me chocalha

Me estraçalha

Me lasca

Me agride

Me chuta

Me lança

E eu

Pense numa pessoa que quero...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1989

2663. PENSO NELA

De todas as maneiras

De todos os sonhos

De todas as falas

De todos os momentos

De todas as brincadeiras

De todas as verdades

De todas as mentiras

De todos os vícios

De todos os pecados

De todos os olhares

De todas as virtudes

De todas as horas

De todos em cena

De todas em cena

De todos modificados

De todas as palavras

Penso nela

Penso nela

Bento Júnior

Conde-PB, 11 de outubro de 1987

2664. PERDIDO NA IMENSIDÃO DO MAR

Perdi meu sonho maior

Navegar no mar aberto

Cantar o hino do marinheiro

E ver o cisne branco

A deslizar pelas águas do oceano

Me perdi e como me perdi

Talvez pelo simples fato de ser mundo

Na imensidão do nada

Na imensidão desse grandioso mar.

Bento Júnior

João Pessoa, 25 de outubro de 1979

2665. PERIGO EM DÓ MAIOR

Perigo

A mulher chegou

O marido atracou

A amiga chorou

O vizinho reclamou

A lua brilhou

O homem se irritou

A menina gritou

O menino pensou

A estrela brotou

O céu fantasiou

A mente espatifou

O cérebro ratificou

A cabeça mostrou

O olhar se firmou

A tempestade passou

O vendaval acalmou

A pirralhada sentou

O filme fotografou

A atriz representou

O figurante quis ser ator

A camareira se desesperou

O jantar já aprontou

A ceia boa ficou

O lugar todo clareou

A chatice do poeta poetizou

O que passa não se concretizou

A coisa mais feia simbolizou

O momento que ninguém esperou

Bento Júnior

Conde-PB, 11 de outubro de 1987

2666. PISE NOS MEUS CALOS

Se você pisar

Pise com força

Pise e não me faça sentir

É que o calo de amor

É dor passageira, a passagem

Que a meu ver se vai...

Se você pisar

Pise e não me faça sofrer

É que este caso de amor

É calo em mim

É saldo negativo em mim

É falta de sorte de ti...

Bento Júnior

Conde-PB, 11 de outubro de 1987

2667. PILANTRAGEM

O amigo está certo

No Bar ele falou:

Ela é pilantra

É pilantra sim, senhor

Gosta de bagunçar

Com a cabeça da gente

Com os nervos da gente

É pilantra, sim senhor

Não cumpre o que fala

Fala o que não sente

Sente o que não entende

Entende o que não quer

Quer o que é certo

Na sua cabeça de mulher.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1989

2668. POR QUE TANTA DISCÓRDIA?

Ao amor proibido

Da primeira vez

Nós três

Da segunda vez

Nós dois

Da última vez

Eu só

É que viver é sofrer

E sofrer é nada saber

E sabendo de nada

De nada sei

E nada sabendo

Vou capengando pelo mundo

Correndo e fingindo ser feliz

Porque ser feliz é encontrar

A resposta para esta pergunta

Tão reprimida e confusa

Na cabeça de um poeta

Que só pensa nela.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1989

2669. POR TRÁS DOS OLHOS DELA...

Os olhos dela escondem segredos

Os olhos dela escondem maldades

Os olhos dela causam medos

Os olhos dela dizem verdades

Os olhos dela escondem desejos

Os olhos dela me faz crueldades

Os olhos dela cheira aos percevejos

Os olhos dela, atrás de tudo

Guarda meus sonhos, deles tenho saudades...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1990

2670. PRESENTE

No presente

A gente se sente

Um sentir na presença

É presença

De gente em mente

É gente que vem

É gente sem crença.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 2009

2671. PRONTIDÃO DE MALANDRO

O cara tinha uma mulher

Pra lá de avião

Chamava gatos e sapatos

Era a condição

De fazer amor

De sentir calor

A mulher mimada

Por todos amada

O cara tinha uma mulher

Pra lá de certinha

Chamava pelo nome de fulana

Casada de papel e tudo

Pena que o marido era mudo

Cidadão de bem

Igual a seu ninguém

O cara tinha uma mulher

Pra lá de organizada

Cheirada todas as noites

Trepadeira em forma de açoite

Conhecida o mundo

Seu primeiro amor, um vagabundo

Nascido no meio da rua

Numa tarde de fria lua

O cara tinha uma mulher

Pra lá de errada

Calada, sorridente

Não valia um vintém

Errava e se arrependia

Tinha o nome de Maria

Achava-se santa no nome

Morreu de boca aberta, a fome

A levou para longe

Esqueceu até o meu telefone

O cara não tinha

Nenhuma mulher

Era certo e objetivo

Não servia para nada

Sofria numa vida condenada

Era mulher no pedaço

Hoje seu eterno companheiro:

Fracasso!

Bento Júnior

Conde-PB, 11 de outubro de 1987

2672. QUANDO O SONO CHEGA...

Quando o sonho chega

Esqueço-me de mim

Dos outros e da vida

Cochilo em estragos

Cochilo em pedaços de dureza

Sou sono, sou sono...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de novembro de 2009

2673. QUANTO TEMPO DURA ESSE AMOR?

Depende poeta

De qual pergunta incomoda

Se o tempo que o amor tem

É pouco tempo no tempo

É o amor durando

Enquanto o tempo dura...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1990

2674. PENSANDO NELA E PESANDO OS SONHOS

Penso nessa mulher

Ela pensa em mim

Ela sonha comigo

Ela vive comigo

Ela quer viver a meu lado

Penso nessa mulher

Por pensar demais nessa mulher

Ela pensa demais em mim

Por pensar demais em mim

Vivo a pensar nessa mulher

Por pensar tanto nela

Por viver somente para ela

Por ser simplesmente dela

Por nunca deixar ela

Por pensar demais nessa mulher...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de maio de 1993

2675. AMANHÃ EU QUERO VER ESTE POEMA

Amanhã eu quero ver e ler este poema

Sei que vou chegar tarde, porém quero ler

Quero saber o que vai acontecer, na tarde

Nós dois, corpos nus, talvez, não, sim, quem sabe

Eu quero ler este poema...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de dezembro de 1989

2676. HOJE EU LI, ESCREVI OUTRO

Eu li este poema, eu quero fazer um outro poema

Aconteceu, os corpos, a banheira, a água, a terra

O poeta e a menina, comprometida

Tão em chama, na cama, depois do banho

Os dois, o lugar, bonito de se ver, o homem e a mulher

Ele o dono, ela querendo ser a dona

Enfim, o acontecido de ser apenas por ser

A leitura deste poema, o acontecido do fato

O fato de ser poema nos tantos poemas que virão

Virão pelo amor, pelo sexo, pela ternura

Por vários sentimentos, por várias histórias

A manhã vendo ela, ela indo embora

Ele indo em busca dela, eles indo ao encontro do amor

Os dois em pleno prazer pelo prazer de ser feliz

E mandar tudo para o espaço... Só uma palavra

A casa da mãe, o café tão bem tomado

O diálogo tão bem dialogado, os dois, vários

O amigo em casa, o pulo, o café da noite, o pedido

A ida ao trabalho, enfim, o término de uma noite

Tão vivida em tarde de um belo poema.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 1989

2677. TRÊS VIDAS EM FORMA DE PRESENTE NATALINO

Dedicado para meu pai, minha mãe e minha irmã

Meu pai, na frente de um comércio, sentado

Minha mãe, lá dentro, chega e a bênção

Minha irmã, dormindo, acorda, saudades

O presente dado a cada um neste Natal

Prova o sentimento de filho, de netos e nora

Ao encontro da minha família, minha família

Meu pai, minha mãe, minha irmã, minha vida

A reza, a alergia, a rezadeira Penha, a inveja dita

A fé em Cristo, o amor de Deus, a casa da minha infância

O bairro que vi crescer, o povo que passa por mim

Meu pai, minha mãe, minha irmã, o presente de coração

O Natal de nossas vidas, muitos anos virão

Um aperto de saudade no coração deste poeta.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 2009

2678. A FORMATURA

Dedicado para todos os concluintes 2009 da Escola Raimundo Nonato Bastiste

Todos eles

Fagulhas em cena

Um depende do outro

O outro depende de tudo

De tudo que se vê

De tudo que se aposta

De tudo que se gosta

De tudo um pouco

Um pouco de tudo

São concluintes

Concluíram uma etapa

Muitas virão

Dores de cabeça, sonhos, pesadelos...

Enfim, a todos o nosso afetuoso agradecimento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de dezembro de 2009

2679. PENSO A CADA MINUTO...

Dedicado uma grande paixão que explode o peito

O peito explode de paixão

É paixão de homem por mulher

É paixão de sexo de homem por mulher

É vontade de vê-la, é paixão

É sentimento de sentir perto a ilusão

Ilusão pela divisão do espaço

O espaço de dois num só corpo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1985

2680. TRÊS MOMENTOS DE VIVER...

Dedicado para meu coração que pulsa

Meu coração pulsa e não quer parar

Meu coração sofre e não quer sorrir

Meu coração se alegra e não quer partir

Meu coração se entristece e não quer sonhar

Meu coração se estraçalha e não quer permitir

Meu coração adormece e não quer cantar

Meu coração se assusta e não quer assumir

Meu coração acelera e não quer achar

Meu coração controla e não quer ouvir

Meu coração dá risada e não quer moldar

Meu coração se aceita e não quer sair

Meu coração é isso tudo e não quer parar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 1987

2681. VINTE E UM DE DEZEMBRO

Dedicado para minha reflexão dos fatos acontecidos

Depois da terceira vez

Ela vira safada e usa traje íntimo

A poesia invade todo o seu ser

Come da comida feita por ela

Ela é ínfima nos desejos

Fugaz nos beijos e amassos

Uma leoa pronta para o bote

Ela usa o jogo do querer por ter

Dar um riso de quem nada quer

Querendo, querendo

Como um vinte e um de dezembro

De um ano qualquer no sonho do poeta

Que acreditou em cada palavra da musa

Ela diz que tem algo de bom para os dois

O poeta acredita e se dá mal

Ela propõe e mostra a arte visual

Ele tão triste e sem nada dizer

Apenas balança a cabeça e pensa

Um pensar torto nas tantas histórias

Dela, dela, dela, dela...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de dezembro de 1989

2682. MENSAGEM DE TECLA DO CORAÇÃO

Estas mensagens de positivismo que estão

trafegando nos computadores

do mundo, não gosto.

Gosto de teclar e dizer o que vai saindo da cabeça.

Fica melhor. É algo que você cria e manda

para quem está contigo. É isso.

Me faz um bem danado de bom. Agora,

tudo isso foi para dizer que não só este,

mas muito mais natais sejam passados

por ti com bastante saúde, felicidade e

paz neste coração. Um ano novo (2010),

não só este, e sim, todos os outros

que toda vida passar, FELICIDADES.

Um forte abraço e que Deus sempre faça-

e presente em toda a tua caminhada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de dezembro de 2009

2683. DA QUARTA VEZ

Mais solta ela se encontra

O macho a leva para a cama

O beijo, a roupa, o toque

A comida na boca

O desejo de ir

O desejo de querer

A vontade de ser dele por inteira

Ele a leva ao encontro

Ela o deseja muito

O muito de todas as cenas

Afinal de contas é a quarta vez

Que eles se encontram

Os desejos se afloram

Ela se contamina de paixão

O capital em cena

A cena que se repete

O descontrole financeiro

O amor pela quarta tentativa

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 1989

2684. A HISTÓRIA PASSADA E DATADA

O bombardeio invadiu todo o meu ser

Era dezoito de setembro, fazia um calor forte

Ela não morreu, ele muito menos, só viver

Chega o dia vinte e quatro de novembro

Ele queria mais, ela também, só prazer. Não custou e chegou o dia dezesseis

De um mês denominado dezembro. Era o terceiro encontro, somente conhecer

Quando de repente já era quarto. O encontro antes de uma semana...

Era vinte e dois de dezembro, os dois no local do segundo encontro

O prazer vivendo e aprendendo através da história passada e datada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de dezembro de 1989

2685. SAUDADES MEU AMOR, SAUDADES...

Dedicado para a distância de todas as saudades

Saudades doendo em mim

Arrebentam as cordas de todas as solidões,

É que o momento é pecado

E se é pecado, vivo preso em ti

Vivo preso em todos os corações...

Saudades meu amor, saudades

Eu tenho e não sei como explicar

São saudades eternas, eu sei

São saudades do olhar, o olho dela

Crava em mim, é como se faz chorar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de dezembro de 1989

2686. QUERO, ESPERO, ME DESESPERO

Qualquer dia, qualquer instante

Qualquer momento, qualquer hora

Qualquer lugar, qualquer silêncio

Qualquer palavra, qualquer esperança

Qualquer mulher, qualquer homem

Qualquer virtude, qualquer desespero

Qualquer querer, qualquer poder

Eu quero

Eu espero

Eu me desespero

É a mulher que me faz...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1990

2687. REFLETIR NO ANO VINDOURO

alguém já ouviu tanto

falar em refletir

que nossa reflexão

não faz mais sentido

então neste sentido

sem pé e sem cabeça

refletir ainda e preciso

e aproveitando o refletir

perdi o domínio do acento

e refletir e colocar

todos os acentos

no seu determinado momento

assim sendo

vou encerrar esta reflexão

e partir definitivamente

para refletir nisto que estou fazendo

ano novo

vida nova

novos amores

amores antigos que continuam novos

novas esperanças

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de dezembro de 1984

2688. SER AMIGO É COISA SÉRIA

Ser amigo é séria

Muito mais sério é a vida

A vida de ser feliz

Na felicidade de tanta gente

É que ser gente é bom demais

E ser amigo

É coisa séria...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1986

2689. REFLEXOS DE ILUSÃO PASSAGEIRA

QUE EGOÍSMO É ESTE QUE NÃO PERCEBES O OUTRO

QUE EGOÍSMO É ESTE QUE SABES DE TUDO

QUE EGOÍSMO É ESTE QUE NÃO ENTENDES O OUTRO

QUE EGOÍSMO É ESTE QUE NÃO TE COLOCAS NA PELE DO OUTRO

SÃO PERGUNTAS NÃO RESPOSTADAS

MINHA REFLEXÃO, MINHA ILUSÃO

MINHA PASSAGEM, MINHA ILUSÃO PASSAGEIRA

SEI DO QUE FAÇO

SEI DO MEU DESEJO

SEI DO QUE QUERO

SEI DO QUE NÃO QUERO

SEI DO QUE ESPERO

SEI DE ALGO E TU TAMBÉM

É FALTA DE RESPEITO

É FALTA DE CARÁTER

É FALTA DE TEMPO

O QUE É DE FATO

O QUE É DE FATO

SE É ILUSÃO

SE É PASSAGEIRA

SE NÃO SABEMOS DE NADA

SE SABEMOS DE TUDO

ENFIM, SOMOS DOIS BRINCANDO

DE COISA SÉRIA... CHEGA... FIM.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de novembro de1999

2690. REUNIR-SE

Estou em reunião

Traço os destinos

De cada um...

Determino o espaço

De alguém...

É este alguém que chora

E eu junto dele

Choro e sei que sempre

Precisamos nos reunir.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1099

2691. REVIRANDO O TEMPO

Tempo de vez em quando

Quando o tempo tem vez

A vez é do tempo que sem tempo

Não tem vez de vez em quando

E quando a vez do tempo chega

É porque chega o tempo de

Dizer adeus ao tempo do quando

Tem de se esperar para resolver

O tempo entre tantos tempos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1989

2692. QUEIJO DO REINO

quero – te

sempre menina, mulher

inteligente e gostosa

especial

sensivelmente

amada

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1983

2693. A PROVA DO CHEIRO PROIBIDO

Proibir, eis o mistério que ronda

Sorrir, eis o resultado que resta

Permitir, eis a situação que se mostra

Partir, eis o tempo que se contesta

É prova de cheiro, é cheiro proibido

É cheiro do outro, é cheiro ilusão

É prova do escondido, eis o mistério

É resultado permitido, eis a situação

É prova que se mostra, eis cada encontro

É encontro de dois, eis a condição

De ser feliz, de ser amado, de se entregar

Eis a prova desse cheiro proibido.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1983

2694. SETEMBRO DEZOITO

O Homem e a Mulher

Encontraram o dia

Era dezoito

O mês era setembro

O primeiro encontro

Ambos tímidos

O início de uma etapa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1099

2695. NOVEMBRO VINTE E QUATRO

O Mês Novembro

O dia vinte e quatro

O segundo em cena

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1989

2696. DEZEMBRO DEZESSEIS

O Mês de dois que se foram

O tempo marcado

O tempo esperado

O local desejado

O amasso apertado

A sensação de sempre

Se querer muito mais...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1983

2697. DEZEMBRO VINTE E DOIS

O mês de dezembro

O ano não se sabe ao certo

Era o segundo no mesmo

Local do depois do primeiro

É saudade de sempre viver

Sempre esperar, eis a questão

Eis o motivo para se ter

Um grande amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1983

2698. O ANO ESTÁ INDO...

Senhores e Senhoras

Patrões e Patroas

O Ano está indo embora

Façam as suas preces

Façam os seus pedidos

É final de ano em cena

É cena de final

É começo de tudo

É tudo começo

É começo

É...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de dezembro de 1989

2699. QUANTA LÁGRIMAS CHORADAS PELO TEMPO

DE SER LIVRE DIANTE DE TODA LIBERDADE

Choro

Danço

Canto

Imploro

Sonho

Ataco

Luto

Controlo

Os meus impulsos

Os meus desejos

A minha vida

A minha amada

Minha mulher

Minha amante

Minha namorada

Meu amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1989

2700. POETA DE POESIA TANTA

Conheci um poeta

De gaveta em gaveta

Botava seus rabiscos

Queria publicar

Não achava editora

Queria ser independente

Tinha medo

Fazia poema como o nascer do sol

Todos os dias

Todas as luas

Um poeta louco

De loucura bonita

De semblante sensível

Era um poeta de tanta poesia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1989

2701. CIDADÃO CONSCIENTE

De cada

Sonho que

Sonhamos,

Educação

É o primeiro passo

Para realizarmos

Nosso sonho

Maior:

SER CIDADÃO CONSCIENTE.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de dezembro de 2009

2702. UM CARRO EM CENA...

Ele está ali

Tão distante

Tão próximo

Um carro em cena

Na cena do tempo

No tempo do nada

No nada de querer

Sem ter, sem ser

Eis a questão deste carro

Um sarro de todos

No todo ou nada

No nada de um todo

É o carro que carro

É carro que muitos querem

Poucos podem

Poucos são os que querem

Porque o sonho não chega a tanto

É um carro tanto.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 1985

2704. SETEMBRO DAS FLORES

É mês de setembro

É flor que não se acaba

É amor que nem me lembro

É amor que o mundo se gaba...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de setembro de 1985

2705. DIGA QUE ME AMA...

Eu só quero ouvir de você

A frase mais linda do mundo

O mundo que cai em cima de mim

Em mim só cabe eu e você

É que quero que digas

Que me ama muito

Que me quer muito

Que me deseja muito

Que me tolera muito

Que me ama e sempre vai me amar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986

2706. ASSOLETRANDO TEU NOME

Chegou o momento

de assoletrar o teu nome

juntar nossas partes

e gritar o teu nome

com fé em Deus.

com fé em Jesus

com fé no Senhor

com fé na estrada

com fé no silêncio

com fé no teu passo

com fé na tua vida

com fé no teu nome

porque vou assoletrar

o teu nome

o teu nome

o teu

nome

nome...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 1994

2707. CADA COPO TRAGADO NA BOCA DO MALANDRO

É COPO DE AÇO NOS BEIÇOS DA PUTA AMADA

Ele bebeu

Ele fumou

Ele tragou

Ele sorriu

Ele gemeu

Ele falou

Ele cantou

Ele fugiu

Com um copo na mão, ele bebeu

Tragou a puta que malandragem

Beiçou o poeta que sacanagem

O copo era de aço que raparigagem

A boca da puta era vermelha que bobagem

A puta amada que paisagem...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de setembro de 1999

2708. MORTO NA ESTRADA, VIVO NA VIDA

Na estrada a mais de cem

Ele morreu...

Na vida apenas nos oitenta

Ele viveu...

Hoje o riso deste homem

Trafega as estradas do sertão

E em cada carro que passa

Uma mão pede clemência

É que o homem morto de antigamente

Hoje está vivo, feliz da vida

Canta e dança, quando pode

Conta sua história, sua aventura

De morrer na estrada e ganhar a vida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de setembro de 1999

2709. E COMO PENSO...

Todo mundo que me conhece

Sabe que não sou de chorar

Sabe que sou forte

Enfrento até a morte

E sei como me comportar

E neste comportamento forçado

Surge uma mulher que me faz sorrir

E por mais que meu riso se entristeça

Eu amo, amo e nela penso, e como penso...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de setembro de 1999

2710. AS FLORES DE MAIO

Em maio o mês de trinta e um

Numa dessas datas, não me lembro qual

Você nasceu, você sonhou, você cresceu

E crescendo o meu amor também cresceu

E crescemos juntos, eu você, você e eu

E nada melhor do que flores

Flores para mostrar o amor que sinto por ti

O amor que sentes por mim

São flores, simbologia dos amores...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de setembro de 1999

2711. ÚLTIMO DIA...

Trinta e Um de Dezembro

Conhecido como o último mês do ano

Isso todos os anos, nada muda

O mesmo continua, nós não

Continuamos morrendo por dentro

Cada célula, cada tecido comprado

É o último que fica em cena...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de dezembro de 2009

2712. EM CASA...

O cunhado em cena

Na piscina faz a festa

Ouve um tal de Pety

Mergulha e quer ficar

Em casa é assim

As filhas amam o momento

As primas se divertem

A mulher nasce um riso no rosto

É só família materna

Os planos estão em casa

É primeiro de janeiro

O ano dois mil e dez

Em casa é assim

Em casa é assim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 2010

2713. AOS QUE PARTEM ESTRADA A FORA

Eles de posse de um carro

Tipo gol Volkswagen vão estrada a fora

O destino Teresina, capital do Piauí

Depois de ter passado mais de uma semana

Nas terras de nossa João Pessoa, capital da Paraíba

O queimar dos fogos, os abraços de final de ano

A saudade que fica, o cunhado que parte

As meninas que vão, a afilhada que chora

É o vai e vem da vida, nós também vamos lá

Em junho, no São João, na estrada percorrer

Lá se vai uma expectativa, aos que partem

Aos que ficam, esta é a vida, a história de vida

O esperar para depois de meia noite, já outro dia

Todos dormem, a mulher fica na espreita, saudades

Os banhos na piscina, a bebida tomada, a cerveja tragada

É a vida, um carro, uma estrada, um sono, um viajar

Uma ida e volta, uma volta e ida, uma espera...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de janeiro de 2010

2714. O PRIMO DE MARCON

Na roda o primo de Marcon, triste

Cabisbaixo sem nada entender,

Dar um trago e fica de cara,

O resto do povo, em silêncio se agita

É que o primo de Marcon, malandro procurado

Se meteu numa fria e fez a cabeça

E botou todo mundo em cana.

O primo de Marcon, malandro e safado

Não se definia do que procurava

E nesta procura pela coisa, foi coisado

Entrou em cana e abriu o bico:

- Eu sou primo de Marcon...

Aí o povo na roda, ligeiro entendeu,

Que o malandro era Marconheiro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de janeiro de 1990

2715. RENOVADOS JANEIRO

Eles passaram no teste

Elas passaram no teste

Ele aprovou a maioria

Ele aprovou João e Maria

Ele aprovou pelo coração

Ele aprovou pela dedicação.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de janeiro de 2009

2716. DESEJOS CONTEMPLADOS

Ela é um desejo

Ele a deseja

Ela o faz de desejo

Ele simplesmente a deseja

Ela deseja ele por inteiro

Ele a tem por completo

Ambos contemplam o sexo

Na cama, no mar, no rio

Onde houver lugar para o amor

Ela é um desejo

Ele a deseja...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de março de 1083

2717. SAUDADE, MEU BEM, SAUDADE

Saudade, meu bem, saudade

Diante de tanta saudade, diante

Do tempo no tempo de todos

Os tempos, de todas as saudades

Nesta saudade que sinto, diante

Do tempo no tempo que diante

Desta saudade, só saudade meu bem

Saudade são saudades, saudade diante

Do tempo que tenho, que diante

Desta saudade entre todas saudades

Nas saudades que hei de sentir

No sentimento de todas as saudades

Nas saudades que ainda busco em ti.

Bento Júnior

Conde-PB, 08 de janeiro de 2010

2718. SAUDADE DO MEU ETERNO AMOR

Meu eterno

Amor

Mora de lado

Do lado esquerdo

Do meu coração

Que se foi

E nunca mais voltou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1990

2719. SAUDADE DOS TEMPOS DE MENINO CHORÃO

Quando eu era criança

Chorava por nada fazer

Hoje, homem de barba

Na cara e no rosto safado

Guardo comigo as lembranças

Da feliz criança que fui

No solitário homem que hoje sou...

Bento Júnior

Conde-PB, 23 de março de 1990

2720. SAUDADE DO TEU NOME

Teu nome causa-me um soluçar

De quem nada teve, e se teve

Não se lembra, e se lembra

Não quer esquecer, e quando esquece

Lembra do nome, da distância

E do sonho de ser criança

Na criança feliz que fui

No nome mais lindo que meus

Olhos um dia avistou...

Bento Júnior

Conde-PB, 09 de setembro de 1987

2721. TANTO FAZ COMO TANTO FEZ

(Um grito de dor ao meu estado patético)

Tanto faz como tanto fez

Este é o ditado popular

Que tanto se ouve

Nas bocas malucas do meu coração

Nos gritos ardentes da minha canção

Na dor deprimida do meu sentimento

Na vida oculta do teu pensamento

O homem em si é pedaço de nada

No nada da vida que se despedaça

Nos sonhos benditos de sonho em praga

Da vista sensitiva de cada feição

E que todo momento se transforme em vinho

E que todo vinho seja mais que cachaça

Na cachaça perdida de uma Nação.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de novembro de 1989

2722. MORTO NOS CAMINHOS DO ENCONTRO

Estou morrendo e morrendo

Morro cada vez mais morrendo

Nos morros cadavéricos de cada morto

É que os mortos nos trazem o prazer

O prazer de morrer no mais eterno viver

É que viver desta maneira é morte

Na morte matada de cada matador

No matador que os mortos encaram

Nos túmulos quietos de cada coveiro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de novembro de 1989

2723. BAJULADOR DE NOVELEIRO

Ele bajula e como bajulador

Ele encabula

E como encabulador

Ele derruba

E como derrubador

Ele de tudo um pouco entende

E neste entendimento de nada entender

Ele se pabula

E como pabulador ele descreve

A cena de todas as novelas

Se acha ator e diretor

E nesta dicotomia da arte

Ele vive de bajulações

E das bajulações vividas

Ele se permite a ligar sua televisão

Viver o personagem de cada novela

E ser noveleiro de carteira em punho

E nos punhos fechados de sua vida

Ele reclama, ele se debate, ele ri da desgraça

Ele chora do riso, ele é um espetáculo de homem

Vivendo outros espetáculos, ele é ator

Ele é diretor, ele é telespectador

De tanto perder, de tanto conhecer

Ele não conhece nada, nada ele conhece

Troca nomes, troca títulos, troca novelas

Ele é um bajulador, ele é um assassino

De todas as gramáticas, de todas as línguas

De todas as falações, de todas as mulheres

Que enchem a sua vida de olhos vidrados

Que enchem a sua vida de sonhos

Ele é um sonhador, vive cada cena

Repete todas as cenas

Bajula quem assiste novela

Se diz noveleiro

Se diz o primeiro

A ligar o rádio

A ter a novela

Televisão na sua casa não pode faltar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de novembro de 1989

2724. TENHO VONTADE ÀS VEZES DE CHORAR

(Um choro reclamando da falta de aconchego)

Tenho vontade imensa de chorar

Meu choro chorado, cansado

Chorando de nada poder fazer

Meu choro rebelde, feliz quando te ver

Meu choro suado, perdido, chora

Ao ver que o outro te tem por inteiro

Eu só que fosses a pessoa que eu gostaria que fosse

Livre, desimpedida, solta na vida, liberdade vigiada

Por mim, por mim e mais ninguém...

Tenho vontade, tantas vezes de chorar

Tenho vontade diversas vezes de chorar

Meu pranto faz dó quando tu chegas

Quando tu me abraças, quando tu choras

Um choro calado de quem nada quer...

Tenho vontade, uma vontade tão grande

De ser livre, de lutar pelo amor que tenho

De deixar tudo de lado, ir ao teu encontro

E dizer que tenho vontade de não mais chorar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de novembro de 1989

2725. TENHO VONTADE DE FUGIR DESTE TEMPO

Às vezes no meio do nada e se sentindo um nada

Nada importa ao nada que nos resta,

Porque o nada em mim, nada na piscina do nada

E nada encontrando, busca o nada nos nadas que tenho.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de novembro de 1989

2726. BATE NO PEITO UMA SAUDADE DANADA DE BOA

Amigo

Amiga

Vocês dois...

Ouçam o que tenho neste instante

É que não sei como iniciar. Tudo bem...

Vou tentar explicar, mas que explicação

Que nada, é isso, nada de explicação...

Sabe o que é, é uma saudade, uma saudade,

Mais tão grande que invade toda minha noite

E entra comigo para dormir, é, ela quer dormir comigo

Isso... Ela quer e como quer dormir comigo.

Amigo e amiga, deu para entender o que quero dizer,

Pois é, nem mesmo eu sei o que quero nesta noite

Em que estou noite adentro e nada sei do quero

Só sei que me chega um sono mais maior do que

Toda a saudade que bate em meu peito.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de novembro de 1997

2727. FARÓIS MOTORIZADOS

faróis emplacados

adentram lugares

de apitos esburacados

e travessias

e vias

aceleram direções

no volante as emoções

quatro rodas

todas as bodas

sob faróis iluminados

em cada buzina

na bancada a sina

de todos os povos motorizados

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 2010

2728. UM SAMBA DA COR DA PELE DELA

Samba, oh samba

Canta um samba pra mim

Oh samba, canta um samba Brasil

Do povo que mora em riba

Dos morros cariocas da vida

Oh samba, que samba tu cantas pra mim

Se os sambas que cantam pra mim

São sambas de saudades no peito

E dói meu coração estufado de dor

Nas dores tantas de sambas em vida

Oh vida, que vida são sambas pra mim

Na calada da noite ou na aurora do dia

Se sambas são sambas e cantam pra mim

Cantem samba e que sambas são todos pra mim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 1987

2729. FALSO ERRANTE

Vive-se um dia num dia de tantos dias

E não se sabe ao certo as questões latentes de todas as alegrias.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1980

2730. PASTOR SUECO

Um cachorro vira-lata

Desse que late e quando late

Baba e babando morde gente

Gente que passa e que fica

Gente que vai pro trabalho

Gente que vem do trabalho

Um pastor sueco

Que se passa por cachorro

Um vira-lata em pessoa

Europeu e mau caráter

Prega na igreja em frente de casa

E para encurtar este poema

Ele vive com a mulher que eu mais amei.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de janeiro de 1987

2731. VELOCIDADE...

Ser veloz

É tudo que se quer

Quando o assunto é carro

É tudo que se quer

E na direção do tempo

É tudo que se vê

Um vento que paira

No olho esquerdo de quem dirige

E na direção do dia

É tudo que se quer

Um tempo nublado

Nos limpadores velozes

É tudo que se tem

Na velocidade cronometrada

De freios e aceleradores

Oh que saudade de todos os amores

Na distância cantada nas músicas do vento

É tudo que se quer

A suavidade da brisa nos faróis

Que brilham estradas

Atrapalhando pedestres

É tudo que não se quer

Ser veloz.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de julho de 2008

2732. QUE BELA ESCOLA!

Dedicado para a nossa querida escola Raimundo Nonato

Que bela escola

Que belo lugar

Que lugar que nos consola

Que consolo pra se ficar

É esta escola querida

Amada e desejada

Linda e assumida

Raimundo de nossa caminhada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de novembro de 2009

2733. A RIMA QUE NÃO SE QUER...

Eu vou rimar e vou vê o que vai dar

Vou rimar tristeza com presteza

E vou vê o que vai dar

Vou rimar vida com despedida

Felicidade com bondade

E vou vê o que vai dar

Vou rimar floresta com festa

Apaixonado com abandonado

E vou vê o que vai dar

Se eu rimar vida com vida

Vai dar vida e bem merecida

E se eu rimar morte com sorte

Fique sabendo que ninguém tá morrendo

E vou vê o que vai dar

Vou rimar viver com prazer

Fazer sexo muitas vezes sem nexo

E vou vê o que vai dar

Se eu rimar novo com povo

Gente com detergente

Criança com esperança

Animal com coisa normal

E se eu rimar poesia e alegria

Poema escrito à pena

Lugar com o belo mar

Rimar lua com mulher nua

Não presta, meu amor detesta

Falar da cadela sem falar dela

E vou vê o que vai dar

A rima é coisa séria e não essa de miséria

E se eu rimar assunto com presunto

É comida bem protegida

Come-se e ao mesmo tempo some-se

E vou vê o que vai dar

Se eu rimar amigo com abrigo

Espera com esfera

Carinho com colinho

Genitora com protetora

Pai nosso com tudo eu posso

Eu vou vê o que vai dar

E se eu rimar futebol com arroz e pó

Fluminense com Campinense

João Pessoa com Cidade Boa

Melhor lugar com pôr do sol e mar

Meu amor com alegria e dor

Filho com orgulho e brilho

Morada com telha molhada

Vou vê o que vai dar

Vou rimar tesão com paixão

E vou vê o que vai dar

Vou rimar missa com preguiça

Calejado com um dia trabalhado

Rima é coisa séria e nada de pilhéria

Se eu rimar terminar com acabar

O que escrevo com literário acervo

Eu vou vê o que vai dar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2734. TRISTE DOS QUE SABEM...

Saber é bom

A gente enche o peito e grita

A gente faz de conta que sabe

A gente faz de conta que entende

Se não entende faz de conta

Se faz de conta às vezes entende

O bom era nada saber e sabe

Por que penso desta maneira?

Tristes dos homens que sabem algo

Algo que sabem é algo para lá de triste.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2735. OS VERMES QUE ANDAM POR CIMA DA TERRA

Sois verme que espreita o silêncio da humanidade

E no silêncio da espera se torna verme

Verme que sacia carne morta

Morta de tédio nos desejos ocultos de morrer

E por cima da terra o verme vagueia

Um vagar triste de quem nada entende

E quando entende a humanidade é burra

Por ser tão burra que chora de prazer pela carne do chão

No chão de tantos enterrados

No chão de tantos que choram

Um choro de verme nos vermes cansados

De nossa ingratidão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2736. BAIANO BESTA BOM

Passou um baiano por mim

Cabisbaixo e triste

E como todo baiano triste

Ele sorria de tristeza nos lábios

Foi besta por perder o seu amor primeiro

Zombavam os amigos todas as tardes

Zombavam os inimigos quando podiam

Era um baiano bom de bola

Que bola deixara de jogar

Porque seu jogo sempre foi ser besta

Foi besta até demais

E morreu sendo besta porque os bestas

Fizeram o pobre do baiano

Um besta bom...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2737. BELO PIRRALHO

Um pirralho lindo e cretino

Pousou suas unhas na casa ao lado

Viveu dos dois aos vinte e dois

Deu um golpe e golpeou seu ego

Foi pirralho no antes

E hoje este pirralho belo é saudade, só saudade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2738. SOFRO POR NADA SABER...

Sofro por nada saber

E se de nada sei

Por que me cobram o saber?

Sou um sofredor na vida

E na vida sendo sofredor

Por que me cobram vitórias?

Sou um pensador torto

E sendo um pensador torto

Por que me cobram posturas?

Sofro por nada saber

E de nada sabendo

E de nada entendendo

E de nada querendo saber

E de nada querendo perder

Por que me cobram o querer?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2739. SOU SOLDADO E TENHO HONRA

Sou soldado e tenho honra

Nunca fui à guerra

Nunca subi serra

Nunca enfrentei uma cela

Uso farda engomada

Sou patriota, morro de amores por ela

Sou soldado e tenho honra

Nunca fui a um sepultamento

Nunca montei cavalo e nem jumento

Nunca usei mansidão em dado momento

Uso logomarca e gosto do que faço

Sou cidadão de bem, morro de amores pelo sofrimento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2740. SEM CONDIÇÕES...

Sem condições

Sem nada

Sem emoções

Sem farda

Com condições

Com tudo

Como emoção

Sem o meu surdo

Sem nada tocar

Sem nada poder ganhar

Sem até deixar de amar

Sem poder viver e atuar

Sem condições de ser feliz

Sem condições de ser aprendiz

Sem condições de ter o que quis

Sem condições de vê-la enquanto atriz

Sem condições de perder o que ganhei

Sem condições de ganhar o que sonhei

Sem condições de querer o que deixei

Sem condições de sorrir pelo que pequei

Sem condições de fazer o que quero

Sem condições de viver o que espero

Sem condições de ser assim tão sincero

Sem condições de lutar porque nunca lutei

Sem condições

Sem condições

Sem condições

A vida é assim sem condições

O riso é assim sem condições

Sem condições é assim que me encontro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2741. AMAR, ASSIM COMO EU AMEI...

Amar, assim como eu amei

De todas as vidas, nas vidas vividas

Amar assim como em tudo

Assim, assim amar mesmo assim

Assim como eu amei

De todas as formas

De todos os vícios

Amar, assim como eu amei...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2742. VÍCIOS DE DROGARIAS

Ele bebe um gole de coca

E na coca ele põe cachaça

É dor de cabeça

E faz cabeça

Toma comprimido

Diz que fica doidão

E quem passa por ele

Ele pega e tome dedão

É um cabra bom quando está bom

Quando se droga é um cabra safado

E tantas algemas já o levaram

Às celas que sempre esperam

O bêbado, o amigo, o cachaceiro

Falta de conselho não é, ele é demais

Bebe todas, se droga, mas mesmo assim

Acredito que ele seja um homem bom...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2743. MULHER BAIXA...

A boca vermelha de ódio

Odeia todos que por ela passa

Odeia o mundo que dele faz parte

É uma mulher baixa, de baixa estatura

Usa vermelho nos lábios, não é batom

Usa saia justa, não é prostituta

É uma mulher baixa, usa calcinha

Às vezes esquece, esquecê-la

É tudo que ela mais quer

É uma mulher de meio metro

Que faz sucesso pelo tamanho

Da vida que ela aguenta.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2744. SEM VÍCIOS...

O menino criado pelo avô

Não adquiro vícios, bebia

Mas nunca foi de dar trabalho

O menino criado pela avó

Nunca deu trabalho

Cantarolava pelos cantos

Brincava de cobra cega

Amava os avós

Eis que numa tarde chuvosa

Devido a quantidade de chuva

O menino morreu, e até hoje

Se ouve os gemidos deste menino

Nas encruzilhadas da curva

De nossa boa esperança.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2745. SORRISO TEM QUEM RI DA VIDA...

Sorriso a mulher dar

Sorriso o homem dar

Sorriso a menina dar

Sorriso o menino dar

Sorriso a anciã dar

Sorriso o ancião dar

Sorriso a vida dar

Sorriso vivendo se dar

Sorriso morrendo se dar

Sorriso no rosto é alegria

Sorriso no rosto é tristeza

Sorriso a humanidade dar

Sorriso o povo da guerra dar

Sorriso a luta é para vencer

Sorriso o rendimento para perder

Sorriso nunca se pode vender

Sorriso nunca se pode obter

Sorriso é pleno e único

Sorriso é da gente

Sorri é do povo

No sorriso da vida

A vida dar riso do sorriso que sempre deu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2746. SEM CHANCE...

O HOMEM tão sem vida não quis ter chance

Pulou do décimo andar e se livrou da peste

A peste da gota serena do istopô balaio

Sem chance de falar corretamente

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2747. CAPRICHADO NO TRAJE DE GALA

Capricha, meu amor, capricha

Capricha no meu traje de gala

Que hoje a noite vai ser de nós dois

Eu e tu, tu e eu, nós dois, o amor dentro da gente

Capricha nesta roupa que engomas

Capricha no teu cabelos que puxas

Capricha no amor que tenho por ti

Capricha na noite que nos espera

É um samba de roda, na roda viva da gente

Capricha nas lembranças que comigo guardarei.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2748. CHEGOU AO FINAL

Chegou o dia em que ela não veio

E eis comigo a resposta na ponta da língua

Ela não veio porque chegou o final

O final de tudo, o final de nós dois

Uma bomba explodiu no terreiro de nossas esperanças

O final chegou, chegou o final de tudo

Tudo que tinha em mim, estavas contigo

Chegou, chegou

O final

O final.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2749. COISANDO...

Um homem

Uma mulher

Coisando não sei bem o quê

Só sei que a mulher coisava

Nas coisas do homem

E o homem com as coisas guardadas

Tinha medo das coisas serem descobertas

Era uma tal de coisa sobre coisa

Coisando a vida do pobre coitado

Que sua mulher vivia coisando

Nas coisas do tempo

Nas coisas do medo

Um homem e uma mulher coisando

Nas tantas coisas que as coisas nos dão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2750. ELA CHEGOU...

Quarta-Feira, chegou ela

Ela chegou no vermelho da vida

Em Silêncio chegou

Aliviou meus ânimos

Minha vida

Minhas esperanças

Minhas vontades

Meus desejos

Chegou como nada quer

A alegria de ser mulher

No mais terno amor

Ela chegou

Sorrindo

Me deixou

Partiu, sorrindo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1990

2751. CAFÉ PÓS ALMOÇO

Um cafezinho pequeno

Um café grande

Não importa o tamanho

De manhã

De tarde

De noite

Pelo dia todo

Um café faz bem

Aos olhos

À alma

À vida de quem bebe

Um café pequeno

Eis o meu vício.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1990

2752. CAFÉ NAS TARDES INTERIORANAS

Café depois de uma andança a cavalo

Pelos sítios dos compadres e comadres

Pelas festas que se vai

Pelos rios que nos corta

Um café em cada casa

No sol quente escaldante

Na chuva que molha o chão

No clima frio das noites interioranas

Um café que enche a boca

Ah que saudades, tomar café

Nas tardes interioranas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1990

2753. SUA INVEJA É A VELOCIDADE DO MEU SUCESSO

Sua inveja que não é sua

Sua vontade que não é sua

Sua vida que não é sua

Sua casa que não é sua

Sua palavra que não é sua

Eis o ditado popular

Estampado na para-choque

Sua inveja é a velocidade do meu sucesso

Quanto mais o cara sente inveja

Mais o invejado se distancia...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1990

2754. É CADA UM QUE CHEGA POR AQUI...

Falou comigo?

Não!

Ohhhhhhhhhhhhhh

É cada um que chega por aqui

Que a gente nem se percebe

Chega e logo quer ficar

É um tal de gente de todo lugar

De todo lugar quer ficar

E quando fica já se sente dono

É um dono de nada

É um dono sem nada saber...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 2008

2755. CHEGOU O GRANDE

Grita o homem e a mulher

Os dois gritam noite adentro

Chegou o grande o grande chegou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1989

2756. COISAS QUE NUNCA SAEM DE NOSSAS CABEÇAS

Tive tantos amores que nunca saíram da minha cabeça

Sei que foram amores poucos

Até porque selecionei todos os amores

E sei que eles também me selecionaram

É um jogo de interesse de todos os amores

Mas uma coisa fica cravada na memória

De quem sempre amou e de quem sempre sonhou

É um sonho que invade todo o ser e penetra na medula

Faz o cidadão sentir-se jovem e como jovem

As noites sexuais são eternas orgias em todos os amores.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1990

2757. ELA SIMPLESMENTE ME AMA

Ela

Simplesmente

Me ama

Em todos os sentidos

Em todos os argumentos

E não tem quem dela me separe

É um amor de gente

Desta que a gente se apaixona

É uma cachorra vira-lata

Veio em casa ficar

Late e cada latido que dar

É uma forma de amar

Eu e minha cachorra.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de março de 1985

2758. CAFEZINHO...

Um cafezinho eu quero

Quero e com pouca açúcar

Não quero adoçante

Quero açúcar e da boa

Neste cafezinho bem brasileiro

Que tomo todos os dia

Um cafezinho dado

Um cafezinho pago

Por favor não se esqueçam

De botar o meu cafezinho...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1990

2759. CLIMA TENSO LÁ EM CASA...

Trouxeram um casal de peru

Para morar lá em casa

O clima ficou tenso

A perua não quer se separar do peru

O peru precisa ir pra faca

A perua chora todo dia

Minha vó tão humana que é

Resolveu matar o pato.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1986

2760. ASSALTO DE BANCO

Um assalto de banco existiu

Quando a polícia era pouca

Hoje o banco é assaltado

O moleque pula de lado

As munições são tantas

Morrem santos e santas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 1987

2761. O SORRISO ESTAMPADO DESTA MULHER

Eu amo

Eu amo esta mulher

Eu amo

Em todos os sentidos

Eu amo

Seu jeito de dar um riso

Seu riso sem nada dar

É face na face de tanta alegria

É uma mulher que amo

Um amor para lá de riso

Um riso estampado no rosto da gente

É ela a mulher que faz dos meus olhos

O riso célere de brilhar na luz dos olhos dela.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de fevereiro de 1990

2762. FILHAS AMADAS DA MINHA VIDA...

Dedicado para Carolina, Camila e Catarina (Minhas Filhas)

Eu tenho três meninas

Poesias de Zé da Luz

As Frô de Puxinanã

As meninas da minha vida

As filhas que Deus me deu

Lindas, maravilhosas, um flor de gente

Fruto do amor a quatro

Nasceu uma

Nasceu outra

Nasceu outra

Três mulheres, filhas benditas

Mulher geratriz

Três mulheres em cena

Não é teatro, é real

Três: pai, filho e espírito santo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de junho de 2005

2763. FALA DE MULHER...

A mulher fala

A mulher reclama

A mulher se cala

A mulher se proclama

A mulher é mala

A mulher é fama

A mulher anda de opala

A mulher não bate nem a pestana

A mulher é de sala

A mulher é da lama

A mulher é sempre ala

A mulher é de quem emana

A mulher fala

A mulher não se cala

A mulher é mala

A mulher anda de opala

A mulher reclama

A mulher proclama

A mulher é que tem fama

A mulher às vezes não bate nem as pestana

A mulher jamais vive na lama

A mulher é quem nos engana

A mulher é de quem chama

A mulher é quem conquista na cama...

Bento Júnior

João Pessoa-PB , 12 de dezembro de 1987

2764. ESTOU PUTO E NÃO SEI ME REFAZER

Estou puto

Não sei me refazer

Estou de luto

Sem ninguém morrer

Morreu meu eu

Mesmo estando vivo

Morreu meu lado ativo

Mesmo não sendo eu

Estou de luto

Às vezes puto

Estou morto

Acorda, seu escroto.

Bento Júnior

João Pessoa-PB , 05 de dezembro de 1998

2765. CLUBE DA PAIXÃO ETERNA

Lá no clube da esquina bar

Um apaixonado escreve cartas de amor

A quem endereçar, não importa

O que importa é bater a porta de qualquer uma

Lançar o olhar e dizer: Ficas comigo, mesmo morta!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1984

2766. MEU PÉ DE CAJU

Meu pé de caju

Flores e frutos

O caju que faz suco

O caju que faz doce

É doce de caju

É suco de caju

E haja caju neste mundo

Tome vizinho

Tome compadre

Caju para você

Caju para a senhora

Caju de toda espécie

O que cura ferida

É bom para cicatrizar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de julho de 2004

2767. ESPERANDO O TREM QUE NÃO VEM...

Esperando, esperando

O trem, o trem

Que não vem, que não vem

Lá vem o trem, que mentira

O trem não vem, o trem não vem

Vemmmmmmmmmmmmmmmmm

Nãooooooooooooooooooooooooooo

Cadê o trem que não vem?

Esperando, esperando

O trem, o trem...

Bento Júnior

João Pessoa-PB , 22 de junho de 1982

2768. SILÊNCIO PARA O QUE SE QUER DIZER...

Silêncio amigo

Preste muito a atenção

Não fale antes de pensar

Pense no que vai falar

Faça silêncio

E conte até dez

Um

Dois

Três

Quatro

Cinco

Seis

Sete

Oito

Nove

Dez

Pensou

Falou

Silêncio antes de abrir a boca

Silêncio.

Bento Júnior

João Pessoa-PB , 25 de maio de 1983

2769. AMAR-TE SEMPRE ASSIM...

Serei a primeira a saber

Serei a primeira em tudo

Serei eternamente amada

Serei eternamente cortejada

Te amareis e tu me amarás

Por cima de tudo

De tudo em cima

De tudo em cima

Eu cima de tu

E tu em cima de mim

É assim que te amo

É assim que te quero

É assim que te espero

É assim que a cada posição

Nunca, nunca reclamo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de julho de 2003

2770. SIGA-ME COMO UM PÁSSARO VADIO

Sigo-te em toda ocasião

Sigo-te em toda direção

Sigo-te como eterna opção

Sigo-te pela magia do meu coração

Seguindo-te ei de conseguir

O mais puro e belo amor

É que sou sempre confuso

E na confusão eis que me contento

Me contento com alegria e dor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de maio de 1999

2771. NOSSOS PECADOS

Sou pecador

Tu és pecadora

Nós somos pecadores

Eles são pecadores

E no pecado deu e tu

Somos eternos pecadores

Vamos à missa

Pecamos

Voltamos da missa

Transamos

Somos eternos e procriadores

Pecadores...

Bento Júnior

João Pessoa-PB , 12 de dezembro de 1977

2772. CANTO CANTIGA PARA DORMIR

Canto meu canto triste

Quando durmo e me acordo

Canto para espantar minha raiva

No acordar e no dormir

Sou um cantador de rede em balanço

Canto cantiga para dormir.

Bento Júnior

João Pessoa - PB, 28 de dezembro de 1999

2773. MÚSICAS DE CARRO

O som do carro está ligado

Uma música estranha invade

Os ouvidos, a mente e o coração

É que um tal de axé está em todo canto

Axé para todo lado, funk para outro lado

Cadê os boleros, as valsas?

A música brasileira pede passagem

Desligue este som

Eu quero ouvir o barulho do carro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de dezembro de 1999

2774. VISTAM-SE DE JEANS

Uma menina

Duas meninas

Três meninas

Todas de jeans

Passeiam pela casa

Vão ao cinema

Vão ao shopping

E tome jeans

É a moda que vem de antes

Viva o jeans

Usem trinta dias

Depois se quiser

Pode lavar o jeans.

Bento Júnior

João Pessoa-PB , 01 de abril de 1981

2775. REDE DE TRAVE

Dedicado para um goleiro frangueiro

Lá vem a bola goleiro, olha o gol

Olha o gol goleiro, vivaaaaaaaaa

A rede da trave é grande demais

Faz-se necessário dois goleiros

Para livra a trave do gol

Olha o gol, goleiros.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 1982

2776. OS MONSTROS DO FUNDO DO RIO

Os monstros são monstros

E como monstros que são

Eles saem da água do rio

E destas águas santas

Caminham em direção às casas

Assustam crianças e velhos

Velhos e crianças

E não há quem resiste

Aos monstros do fundo do rio

Eles moram na rua de baixo

Eles moram na rua de cima

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de outubro de 2010

2777. QUERO SEXO

Ela entra e vai

Tirando peça por peça

Ele fica a observar

O corpo escultural

Ela dar um riso

Como quem nada quer

Ele apenas quer...

Bento Júnior

João Pessoa - PB, 29 de dezembro de 1985

2778. QUEDA DE COQUEIRO

Ele subiu no pé de coqueiro e caiu

Caiu uma queda tão grande

Que a grandeza da queda foi filmada

Hoje, meus senhores e senhoras

Estamos velando o corpo

Do gato trepador...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de dezembro de 1997

2779. FILHAS DIVINAS

Dedicado para Carolina, Camila E Catarina (Minhas Filhas)

Três princesas

Vieram habitar no rio das minhas paixões

Estraçalhou todo o meu compartimento de homem

Invadiu todas as minhas histórias

Estas três meninas divinas

São filhas adoradas que Deus me deu...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de julho de 2004

2780. PARAÍBA, TERRA ABENÇOADA

Paraíba

De tantas histórias

Paraíba de tantas guerras

Paraíba de tanto massacre

Paraíba terra adorada

Paraíba meu amor

Estou aqui, cheguei e vou ficar

Paraíba de tanta arte

Um poeta mora em ti...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de abril de 1999

2781. SAMBANDO NUM DOMINGO DE CHUVA

Fora de casa o povo vai à rua e samba

É domingo, não tem sol, chove forte

O povo não quer nem saber, é carnaval

É água que não se acaba mais

Chove chuva, chove e não quer parar

Samba povo, samba bonito que o carnaval

Apenas está começando...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de fevereiro de 1983

2782. PENSO NO QUE PODE ACONTECER...

Penso

Penso

E de tanto pensar

Volto a pensar

É um pensamento aqui

Outro pensamento ali

Penso nela, penso nela

No riso estampado do rosto dela

Penso nesta pessoa

Ao chegar, ao dormir, ao levantar

Ao sair e ao voltar a minha vida...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de janeiro de 1979

2783. RESPOSTA URGENTE

Quero uma resposta urgente

Uma urgência para o nosso amor

Você de branco representa um em mim

Eu sou dois em ti, meu grande amor

Sou feliz e rezo por você

És plenitude em mim, sou louco

Quero uma resposta urgente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de julho de 1999

2784. CANTOR DE MEIA TIGELA

Fui a um show ontem a noite

Para ouvir umas baboseiras de um cantor qualquer

Ele cantava e as meninas dançavam

Era um cantor de meia tigela

Que me deixou puto da vida

Sua voz cansada de nada saber

Cantou até de madrugada, oh que tristeza

Adeus, adeus, és cantor de meia tigela.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de janeiro de 2010

2785. DE TODAS AS VIRTUDES

Dedicado para o amor tão distante em mim

De todas as virtudes

De todas as chances

De todas as manhas

De todas as atitudes

De todas as palavras

De todas as mulheres, os lances

De todas as virtudes, as calmas

De todas as maldições, as chances

De todas as chances, o bater das palmas

De todas as palmas, as virtudes

De todas as virtudes, a paz que nos acalma.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de janeiro de 2010

2786. POEMA CATARINENSE

Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)

Você é minha filha, linda

Você é o meu amor, fraterno

Você é minha amada, tão terna

Você é minha vida, tão filha

Você é o meu encanto, tão meiga

Você é o riso que tenho, tão risonho

Você é a minha filha linda

Você é o meu amor fraterno

Você é a minha amada

Você é a minha vida

Você é o meu encanto

Você é toda a minha meiguice

Você é o riso que dou e nada cobro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de janeiro de 2010

2787. ESPERANDO O TEMPO

Esperando o tempo dado

Esperando o tempo esperado

Esperando o tempo marcado

Esperando o tempo mudado

Esperando o tempo louvado

Esperando o tempo como soldado

Esperando o tempo enrugado

Esperando o tempo esperado

Esperando o tempo passado

Esperando o tempo pisado

Esperando o tempo quebrado

Esperando o tempo consagrado

Esperando o tempo como pecado

Esperando o tempo do homem amado

Esperando o tempo cansado

Esperando o tempo calado

Esperando o tempo achatado

Esperando o tempo atrasado

Esperando o tempo entrevado

Esperando o tempo podado

Esperando o tempo engraçado

Esperando o tempo enfaixado

Esperando o tempo pelado

Esperando o tempo amordaçado

Esperando o tempo como um namorado

Esperando o tempo que nunca foi dado

Esperando o tempo que nunca foi esperado

Esperando o tempo que nunca foi marcado

Esperando o tempo no tempo de ser errado

Esperando o tempo neste tempo contado

Esperando o tempo e vendo se sou contemplado

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de janeiro de 2010

2788. PRIMEIROS DIAS

Os primeiros dias

São eternas alegrias

Os primeiros dias

São passagens para o amor

Os primeiros dias

São fluxos de prazer e paixão

Os primeiros dias

Oh, como eu queria

Voltar ao tempo

Dos primeiros dias...

Bento Júnior

João Pessoa-PB , 28 de agosto de 1998

2789. VERSOS DE SAUDADE PELO OLHAR DELA

Dedicado para o amor ausente

Ela se foi

Não deu um riso

Ficou em silêncio

Abriu a porta e se mandou

Não sei o que ela queria falar

Não sei e fiz por onde nada saber

Ela de saudade não quis ficar

Ele metido a orgulhoso quis enfrentar

A saudade que bate no peito do poeta

É maior do que qualquer ausência

Que nunca bate na porta

Do amor daquela mulher...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1991

2790. MENINAS SOBRINHAS

Dedicado para Gizely, Graziely, Itamara e Ingrid

Tão pequenas, tão lindas

Filhas de irmãos meus

Quero vê-las, ainda

Com Fé em Deus

Amáveis e adoradas

Sorridentes e inteligentes

São minhas sobrinhas

Flores de meninas

Alegrias minhas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de janeiro de 2010

2791. MENINA PELADA

Bebi cachaça da boa

Provei mel de engenho do bom

Senti o cheiro do mato que cheira

Amei o amor primeiro que me chegou

Fui feliz enquanto o amor durou

Minha vida é laço de fita que se desmancha

A vida que tenho

Não chega de perto

A vida de outrora que eu tinha...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de dezembro de 1981

2792. TRÊS MOMENTOS

Primeiro ela chega e se manda

Depois ela chega e quer ficar

Logo em seguida ela chora

Entre o chegar e o ficar

Ela chora por não querer chorar

E entre o choro por nada saber

Ela chama o poeta e quer ficar

E neste fica, fica o poeta chora

Ela vai embora, não quer mais ficar

O poeta se desespera

E neste desesperar, ela espera

O poeta para se reconciliar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1984

2793. TEU POETA PUTO

Chora poeta puto

Chora e não queira ficar

Chora poeta é luto

A mulher que se foi

Te deixa puto

É que ela morreu

Veste preto poeta

Chora, chora

Pelo amor que sentes por ela...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de janeiro de 2010

2794. UMA PAUSA

Tecle meu nome

Delete meu nome

Ouça meu nome

Chame meu nome

Grite meu nome

Fale do meu nome

Pense no meu nome

Sinta o meu nome

Coloque o som nas alturas

E cante o meu nome...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de fevereiro de 2010

2795. POEMA POUCO

Um pequeno poema

Um poema pequeno

Pequeno deve ser este poema

Só quero se for pequeno

Um poema pequeno

Mais do que pequeno...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de maio de 1981

2796. UM PAI

Todo mundo queria um pai

Um pai todo mundo queria ter

E neste querer de querer

Ter um pai ou ter um pai

Assim se foi o pai

Porque não teve filho no mundo

Que aturasse o tal pai que ficou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de março de 1998

2797. PASSADO PARA TRÁS

Ele a convidou

E neste convite tinha flores

E nestas flores, espinhos

E nestes espinhos, amores

No entanto, entre tantos

O poeta foi passado para trás...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 2000

2798. VERMELHO QUE SANGRA

Está sangrando

Como o vermelho que sangra

O sangue de todos os vampiros

Os vampiros que não têm sangue

O sangue da raça humana

A raça humana não tem sangue

E neste sangue por nada ter sangue

Mora um vampiro que usa vermelho...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de abril de 2000

2799. DIA DA PUTARIA

É dia de putaria

A putaria está chegando

Está chegando e quer ficar

Chegou e quis viver

É putaria dali e daqui também

Hoje é o dia, o dia da putaria

E que viva a putaria no mundo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de março de 1983

2800. INDIFERENÇA NO ENCONTRO

Dedicado para uma mulher que marca

Ela chega

Encosta seus olhos em mim

Fica na porta, não sai

Espera a chegada

Não chego

Ela vai embora

A indiferença é grande

Grande é a tristeza do poeta

Porque sua musa, musa em transe

Não consegue enxergar e sofre

Sofre pelo amor impossível

Das indiferenças, indiferenças

De um novo dia, o dia de percebê-la.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de janeiro de 2010

2801. VITÓRIA PRA CIMA DO AMERICANO

O americano, coitado, perdeu o jogo

O jogo que ele estava ganhando

Um ganho de tantos dinheiros

É que o americano, judeu, não gosta de perder

E neste jogo de perdas e danos

Venceu o brasileiro, o placar se perde de vista

É bom nem lembrar... Brasil campeão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de outubro de 1985

2802. POESIA PARA O CACHORRO MAX

O cachorro late

A cachorra tem cio

O cachorro bate

A cachorra dá arrepio

Assim vive o Max nas alturas

Batendo e latindo

Cantando e sorrindo

Late cachorro Max

Tem proveito no cio, cachorro Max

Esta poesia fiz para você

É você meu cachorro

Que tudo que ver que na boca botar

Late cachorro...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 2010

2803. DOIS ANOS DE ESPERA

O tempo está passando

E com ele a tempestade chega

O povo não enxerga

Que dois anos são longos

Anos de espera...

Bento Júnior

João Pessoa-PB - 12 de julho de 1999

2804. SESSENTA SEGUNDOS

Foi dada a largada

O tempo: sessenta segundos

Teve vencedor? Não.

Teve derrotado? Não.

Já se passaram sessenta segundos

É sessenta segundos de angústia

Desespero e agonia...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de janeiro de 2000

2805. MANTENDO A FÚRIA

Ele está furioso

Porque o tempo está se acabando

Ele está furioso

Porque o tempo está terminando

Ele está furioso

Porque o tempo está findando

Ele está furioso

Porque o tempo está cessando

Ele está furioso

Porque o tempo está se acabando...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de janeiro de 1999

2806. RECORDAÇÕES DE MENINO CHORÃO

O MENINO está chorando

Levaram o seu pirulito

E ninguém sabe quem foi

Se foi homem

Se foi mulher

Só se sabe ao certo

São recordações de menino

A percorrer os caminhos

Os caminhos do meu choro...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de fevereiro de 1986

2807. ARTE DE MOLEQUE

O moleque quer fazer arte

Dê um tamborete ao moleque

Que ele quer fazer arte

A arte do moleque é quebrar tudo

Tudo que vê pela frente

O moleque está fazendo arte

A arte de ser feliz

Pois o dando quebrou o tamborete.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de outubro de 1985

2808. O MUNDO DO MOLEQUE

O mundo está igual a um moleque

Sem respeito e sem história

É que o moleque quebrava tudo

E continua tudo quebrar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de novembro de 1982

2809. ANJO MOLEQUE

Subiu aos céus

Um anjo bonito e sarado

Um loque levado

Sapeca e cretino

Amado por todos

Odiado por poucos

Um moleque da cara de anjo

Vivia com asa

A voar pela vida

Moleque assanhado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de abril de 1980

2810. MAIS UMA VEZ EU QUERO

Dedicado para aquele amor

Mais uma vez espero

Mais uma vez eu quero

Eu te quero mais uma vez

Naquele lugar

Beijar-te os seis

Provar do teu gosto

Olhar olho no olho

E gozar com você...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de fevereiro de 1986

2811. MINHA VISÃO

Dizem que sou cego

Cego como todo mundo está

Um cego que nunca se vê

E quando este cego morrer

É esta vida que sua visão quer ver...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de fevereiro de 1986

2812. SAUDOSA PÁTRIA

Pátria que meus olhos viram

Pátria que tanto bem me faz

Pátria Brasil, brasileiros em cena

És minha Pátria, és a minha paz...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de fevereiro de 1983

2813. SIMPLESMENTE FELIZ...

Simplesmente feliz o homem sofre

Sofre porque a felicidade é passageira

E sendo a felicidade passageira

Sofre meu amor, sofre minha vida

A vida que sempre me dá uma rasteira...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de agosto de 1984

2814. ASSIM FALA UM CANÁRIO

Um canário falador

Pedro Malasartes pegou

Vendeu por um bom trocado

Foi preso, solto, mas fez tudo forçado

Pedro Malasartes é fogo, porém amor

Um amor mais ingênuo que para

Sempre ficou marcado...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1982

2815. TEMPO DE ESPERA

Dedicado para o amor que se encontra distante

Tempo de espera

Meu silêncio vive

Tempo de espera

Minha vida revive

E nesta recordação constante

Sofre meu tempo, sofre meu silêncio.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de agosto de 1981

2816. TEMPO DE MENINO VADIO

Meu tempo de criança

É tanta história que não se cabe aqui

Um banho de rio aqui, outro acolá

Uma pelada ali, outra pelada acolá

É esta vida de menino, vadio pelo tempo

Jogar e brincar diariamente, eternamente feliz

Ser criança no tempo de menino.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de agosto de 1985

2817. SER PACIENTE...

Ser paciente

Na vida e no tempo

Ser paciente eternamente

Ser paciente e inteligente

Ser paciente pelo ato de ser feliz

Ser paciente pela vida a dois

Ser paciente por toda estresse

E quem algo dissesse

Jamais algumas coisa fizesse

Era e ainda é ser paciente

No tempo e na vida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1980

2818. SE TODOS OLHASSEM OS OUTROS...

Olhe o outro do lado

Olhe o outro que se foi

Olhe o outro cabisbaixo

Olhe o outro e depois

Olhe o outro logo abaixo

E se nada resolver de fato

Olhe o outro que está sentado

Que está calado, que está tristonho

Olhe o outro que nunca sonhou

Olhe o outro nem que seja em sonho.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de outubro de 1980

2819. MARIA MULHER GUERREIRA

Maria que dorme cansada

Depois de um duro trabalho

Maria que chora calada

Depois de um caminho sem atalho

Maria amada por todos

Maria odiada por muitos

Maria em paz com a vida

Maria que sofre, um sofrer de vez em quando.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de agosto de 1985

2820. TRÊS VIDAS CURTAS

Dedicado para três cachorros

Um nasceu

Respirou

Depois morreu

O outro veio depois

Abriu os olhos

Depois morreu

O terceiro era forte

Queria vencer a morte

Abriu os olhos

Deu um riso triste

Morreu.

Bento Júnior

João Pessoa - PB, 28 de dezembro de 1985

2821. DETERMINADO SER

És fagulha divina

Gostar de ajudar ao próximo

És frase de bondade

És vida pós vida

Sois eternamente grato

Pelo filho que tens

Pela vida que levas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de agosto de 1985

2822. ASSUNTO DE FAMÍLIA

Tens um filho maconheiro

Uma filha respondona

Porém não me meto

Coisa de família

Assunto de sete chaves

Coitado daquele ou daquela

Que meter-se neste assunto.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de novembro de 1984

2823. PAI CHORÃO

Chorão foi o pai

Que enterra o filho

E entre tantas areias

Chora o filho

Por nada fazer

Por não poder

Mandar o pai se calar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1982

2824. VERSOS POÉTICOS DE SAUDADE DELA

Dedicado para aquela mulher que usa o jogo

A mulher jogadora

A mulher que bota banca

A mulher sonhadora

A mulher que nunca é franca

Esta mulher que vos falo

Prefiro não falar, me calo

É mulher que joga pesado

É mulher pecadora, destruidora.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de janeiro de 1989

2825. TANTO SONHO

Eu já sonhei

Sonhei num lugar

De amor eterno

Um sonho divino

Talvez de menino

Tanto sonho assim

O viver em si espero.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1989

2826. PEQUENO POEMA DE AMOR DISTANTE

Se um dia em tua casa

Bater-te a porta um estranho

Recebes com amor e paz

Este estranho sou eu

Que te tens distante

É um amor assim como dos amantes

É poema de vida

Na vida de ser feliz ao lado teu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1999

2827. NO NOSSO CAMINHO

Acontecem coisas

Coisas acontecem

No nosso caminho

No nosso caminho

São coisas estranhas

Manias de sonhos

Olhos castanhos e tristonhos

É cada coisa que surge

No caminho de quem quer

Um novo amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de setembro de 1983

2828. SERVIÇO DOMÉSTICO

Lavar o prato que fica na mesa

Varrer a casa que fica suja

Pintar o canário que nunca canta

É trabalho doméstico, a empregada grita

Traga-me o pano, não me enrolem não.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1981

2829. BALÃO COLORIDO DE PAPEL PINTADO

Pintar o balão

Soltar o balão

Acender o balão

Pisar no balão

Apagar o balão

Puxar o balão

Ver o colorido no céu

É meu balão, é meu balão

Que está colorindo o céu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1980

2830. TODAS AS MALDADES

Todas as maldades

Todas as manhãs

Todas as páginas

Todas as lutas

Todas as causas

Todas as luas

Todos os rios

Todos os banhos

Maldades de gente grande

Meus olhos viram

Minha vida já passou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de março de 1987

2831. A MULHER DE VINTE ANOS

Com vinte anos

Ela passa e rebola

Todo rapagão olha pra ela

Ela deita e rola

Uma morena cor de jambo

Das pernas grossas

Do começo ao fim

Ela um dia me deixou feliz

Deu um riso alegre

Ela sorriu para mim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 2010

2832. FAMÍLIA, FAMÍLIA

Dedicado para a família da cachorra da vizinha

Ela deu cria

A uma cachorra

A um cachorro

Uma cachorrada que não tem tamanho

Cachorra linda

Cachorro lindo

Dois filhos de uma vira lata

Late, late e não sabe dizer nada

Chora e late como se fosse

Chamar a atenção de todos

Nasceu o filho que ela esperava

Família, família

A cachorra da vizinha...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de outubro de 1980

2833. PAI DE SANTO SALVADOR

Salvador da Bahia

Bahia de Todos os Santos

Pai José, Pai Joaquim

Pai Mané, Pai Paizim

É Bahia, irmão lá vem o santo

O Santo de todos os pais

Os pais que a Bahia produziu

Viva a Bahia

Viva Salvador

Viva o Pai Santo de São Salvador...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de janeiro de 1980

2834. FAÇA DE CONTA AO MENOS HOJE

Fazes de conta que sou feliz contigo

Faça de conta meu bem

Fazer o que para melhorar?

É que o tempo que me foi dado

É tanto tempo que logo quero falar

É meu tempo de espera

É meu tempo de ser o que sou

Faça de conta meu irmão, faça de conta

Ao menos hoje, ao menos hoje...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de fevereiro de 2010

2835. SOPRO NA VELA DO TEMPO

Dedicado para o meu aniversário

Estou com vinte anos

Vinte anos eu tenho em vida

Sou lugar de todos os lugares

Amo a vida apesar dos pesares

Tenho vinte anos de história

A história que nunca se conta

Tenho em mim a paz de ser feliz

Canto tristeza para esquecer a dor

Gosto de samba, não sou bamba

Sopro a vela do tempo...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1981

2836. GRAVIDEZ INDESEJADA

Ela está grávida

Não sabe ainda de quem é

Se é homem ou se é mulher

Ela não sabe de nada

Se vai fazer tricô

Se vai jogar futebol

Ou se ele vai fazer tricô

Ou se ela vai jogar futebol

O que se tem certeza

É que ela está grávida

O pai escafedeu-se

Gravidez indesejada

Ele por cima dela

Ela toda contrariada...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de agosto de 1979

2837. ONZE DIAS

Um dia

Dois dias

Três dias

Quatro dias

Cinco dias

Seis dias

Sete dias

Oito dias

Nove dias

Dez dias

Onze dias

Tudo isso para esperar uma resposta

A resposta do sim ou do não

A resposta do antes ou do depois

A resposta de quem sabe de tudo

A resposta de quem não sabe de nada

Onze dias de fúria e contratempo

Onze dias de espera sem hora marcada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 1980

2838. POEMA GATO

Um gato cruzou a estrada da Pedro II

A Pedro II em movimento de ida e volta

O gato escapuliu da mão de sua dona

Caiu na pista, o carro freiou, o outro parou

O gato pulou, a dona chorou, o miado estacionou

Viva o gato de Dona Cleonice

Viva o gato que está vivo

Apenas neste poema...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1999

2839. QUANTO VALE SER FELIZ?

Quem me dera ser feliz apenas num dia

Se este dia dentro dele estiver você

Você que tanto bem me faz e quero bem

Um bem muito maior do que a felicidade

De ser feliz apenas por ser feliz

E nesta onda de felicidade a pergunta surge

Quanto vale ser feliz nesta vida?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1987

2840. FELIZ PÁSCOA

Feliz, feliz, feliz

A páscoa é festa em família

A páscoa é festa em vida

A páscoa é Jesus Cristo

A páscoa é teatro profano

A páscoa é religiosidade

Viva páscoa de nossas vidas

Viva a páscoa de minha infância...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982

2841. A FLOR E O POETA

O poeta tão somente é poeta

Pela beleza de criar versos

Às vezes são bons, outras vez

Não presta, não presta

É que o poeta tem flor

No caule de suas raízes

Canta a flor na sua plenitude

Sonha em pé pela flor desejada

É que o poeta tão somente é

Um sonhador plantador

Plantou a flor, a flor brotou

As pétalas de cada flor

É beijada em cena

Pelas mãos suaves de um poeta.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de abril de 1987

2842. SETE CHAVES

A chave está lá intacta

O chaveiro está lá intacto

A fechadura está lá ativa

O ferreiro está lá ativo

A porta quer uma fechadura

A fechadura quer uma chave

A chave quer um abridor

O abridor não quer se comprometer

Com uma chave...

Este segredo o ferreiro guarda

À sete chaves...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de abril de 1987

2843. OITO SEGUNDOS

Segundo tempo começa a peleja

A peleja de José com João

João quer ganhar mais

José quer apenas o que é seu

Eles apostam e todos saem de perto

João quer apostar sua casa

José quer apostar sua mulher

A mulher de José quer fazer parte da festa

A mulher de João não tem onde morar

José ficou sem casa e sem mulher

João esperto ganhou uma casa

E nesta mesma casa hoje

Mora José, João e suas mulheres...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de junho de 1987

2844. AMIGA É OLHO ESQUERDO ABERTO NO TEMPO

A amiga bem esperta

Convida o amigo para ambos

Tomarem um chop na sua casa

A casa da amiga é alugada

O dinheiro do amigo é ao vivo

Ela pede dinheiro ao amigo emprestado

Não paga no tempo certo

O amigo propõe o pagamento a prazo

Ela tem uma ideia melhor

Leva o amigo todas as noites

Para o pagamento de sua dívida

Em sua casa que é paga pelo amigo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de maio de 1987

2845. JOGADOR DE PELADA DE RUA

Dedicado para a minha infância

O jogador de pelada de rua

É visto como peladeiro

Joga bola em qualquer hora

Joga bola e não se cansa

Não ganha nada e ainda aposta

Lembro do meu tempo de menino

Bola na mão, calção sujo, puxão de orelha

Meu pai, minha mãe, meu avô, minha vó

Gritos e gritos, confusão em cena

Tudo por causa de uma pelada

Lá vem o gol, lá vem teu pai

Perde-se o gol, é expulsão

Levaram o meu calção...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de julho de 1997

2846. MANUAL DO ESTUDANTE

Aqui você não pode ficar

Neste outro lugar também

Lá fora tem perigo

Aqui onde você está é do professor

Saia daqui, cuidado com o inspetor

Tome cuidado, estudante onde vais

Com esta pressa arretada?

Neste lugar o perigo amedronta

Não fique aqui, aqui é perigoso

Cuidado com o extintor de incêndio

Ele pode incendiar...

Não faça nada que lhe chame a atenção

Seja educado, seja inteligente

Seja o futuro deste País

Não caia em briga, fuja dos errados

Estude sempre, mas primeiro de tudo

Aqui você não pode ficar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 1979

2847. DOZE PALAVRAS

Eu tenho tanta palavra guardada

Que tu não sabe de nada

Eu tenho um monte dela

Pronta para dizer para você

Uma é sobre nós dois

Outra é sobre você

A outra é sobre eu

A quarta é não sei o quê

A quinta veio depois

A sexta te conto agora

Baixe o ouvido

E ouça o que vou falar

Sétima palavra já foi de ódio

Oitava em cena, beijo na boca

Nona palavra é cheiro no umbigo

Décima palavra é coisa fraca

Pague o que me deve

Que na décima primeira palavra

Eu vou sorrir com raiva de você

Agora vou terminar, porém antes

Quero te dizer

Palavra doce, doce amor

Palavra linda, queijo e flor

Sorriso constante

És minha amante

Doze vidas temos para viver...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1979

2848. QUERO TERMINAR ESTE POEMA

Este poema eu vou terminar

Este poema está quase no fim

Espere um pouco, mulher

Deite-se, espere-me

Brevemente chego lá

Só quero terminar o dando deste poema

Quero viver mais cem anos

Para multiplicar estes versos que tenho

Mais de três mil, seleciono-os

Sobra-me uma porção, eu

Aos outros, brevemente chego lá...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de fevereiro de 2010

2849. TERMINEI MAIS UM POEMA

Dedicado para minhas palavras

Falo demais quando o assunto é pouco

Falo pouco quando o assunto é muito

Corro muito quando a distância é pequena

Me distancio pouco quando a ida é longa

Sofro pouco quando o sacrifício é grande

Dou risada de felicidade quando a tristeza é muita

Ando depressa na vida quando a vida é passo lento

Dou um passo pequeno quando a saudade nunca se encontra

Falo pouco quando a fala me permite ser curto e grosso

Sou curto e grosso quando a fala se torna cansativa...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de fevereiro de 2010

2850. CASO DE AMOR INACABADO

Eu marco

Ela aceita

Eu chego

Ela não está

Eu quero sair

Ela finge que queria

Pergunto se ela se esqueceu

Ela diz que não

Eu saio puto da vida

Mais uma vez

Mais uma decepção

Como sofre minha vida

Como sofre meu coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de fevereiro de 1980

2851. QUERO BRAÇO DE QUEM ME AMA

Quero braço de quem me ama

Quero braço, eu quero sim

Quero amar e ser amado

Eu quero, eu quero

Quero braço, quero braço

Sou feliz porque tenho um amor

Que me ama de verdade...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de julho de 1980

2852. VELHICE CALMA

Augusto, por que não fazes poema de amor?

Brecht, por que não fazes poema de guerra?

Sócrates, por que não fazes poema de justiça?

Seu Zé da Esquina dos Pobres, por que não fazes poema de juventude?

Seu Mané, por que não fazes filho que presta?

Seu Juvenal, por que não fazes feira aos sábados?

Meu pai, por que não tens uma velhice calma

Para ficar perguntando a todos e a todas

O porque de tantas coisas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de junho de 1980

2853. CUIDADOS COM A BARATA

A barata está na cozinha

A barata está voando

A barata passou por aqui

A barata está brincando

Pega o pau para a barata

Pega o pau e mata ela

Pega o pau e bate nela

A barata está frescando

Fresca com a barata

Fresca com a cara dela

Dá-lhe uma vassourada

Mata essa peste, que barata!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de julho de 1980

2854. SER SEMPRE ASSIM...

Ser sempre assim

É assim que sempre sou

Sou assim solto na vida

Por um vintém ganho um amor

Sou assim como bem diz a música

É assim dessa maneira que quero

Ser assim por toda existência

Um gostar quadrado no quadrado da gente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1986

2855. TEMPO QUE SE TEM

O tempo é pouco

É tão pouco este tempo

Que não dá tempo para se ter tempo

É tempo pouco eu sei

Eu sei que o tempo é pouco

É enfermagem em cena

É cena de pura fixação

É medicina chegando

A arte engolindo

É tempo que se cabe no bolso

No bolso de um finalmente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de dezembro de 1986

2856. SABOR DE MANGA ESPADA

Manga espada eu te chupo

Subo no pé e te pego

Manga espada é doce demais

Manga espada de minha infância

A infância em Solânea

A infância em Cuitegi

Manga espada me acompanha

Beijo-te hoje com gosto

De manga espada...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de dezembro de 1986

2857. A BAGUNÇA DE DONA CREUZA

A bagunça está aberta

Chama aí Dona Creuza

Para ela me dá um presente

Dona Creuza com sua calma

Dona Creuza não se abala

O que dá não pesa na balança

A bagunça está uma bagunça

Dona Creuza dentro dela está...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de abril de 1987

2858. A MORTE DO MENINO ESTUDANTE

Ele morreu, com ele um quilo de maconha

Ele matou, com ele uma moto e um arrependimento

Os dois estão nos quintos dos infernos

Cada um pagando pelo pecado cometido

Cada um lutou pelo que nada fez

Os dois hoje estão mortos, apenas um morreu em carne

Em espírito um vulto que passa sem deixar saudade...

Bento Júnior

João Pessoa - PB, 20 de janeiro de 1984

2859. MENTIR...

Por que mentes tanto

Se já sei de tudo

E sempre finge mentir...?

Por que mentes sem ter dó

Mente e não se enxerga

Pensa que sou otário

Acredita numa história dessa

Que tu me amas

E não sabes viver sem mim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de dezembro de 1986

2860. PRECE A FREI DAMIÃO

Frei Damião, Sertão

Olhe o santo caminhando, meu padrinho

Frei Damião chegou, passou e ninguém viu

É santo em pessoa, ser de paz e puro carinho

Frei Damião, Sertão

Meu padrinho que tanto amo

Frei Damião, Sertão

O povo de Nordeste te adora...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de outubro de 1980

2861. CUIDADO QUE ELA É ESPECIAL

Dedicado para doida varrida

Ela se complica e quer sexo

Ele lhe aplica e quer nexo

Ela geme de dor

Ele sente prazer

Os dois sentem o orgasmo da vida

Ela se arrepende

Ele quer mais e mais...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de abril de 2000

2862. TIA REGINA

A vida tem cada vida

A tia Regina era fogo

Gritava com os meninos

Se fingia de morta

Na brincadeira era a tal

Corria para pegar os meninos

A tia Regina era gasguita

Vivia se escondendo

Ensinar que era bom

Nem uma vírgula

Mas tenho saudade

De tia Regina...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de setembro de 1985

2863. LEIO ESTE POEMA DE HOJE

Estou lendo

Sei o que estou lendo

Leio tudo aquilo que faço

Este tem um sabor especial

Ela não veio

A hora se passou...

Esperei em vão

Ah, se eu soubesse

Ido embora eu teria

Ficado nunca faria

Leio este poema

Puto da vida estou

Tudo por causa de uma escrota

Roubou minha paciência

Roubou minha condição...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de fevereiro de 1990

2864. QUERO LER ESTE POEMA...

Dedicado para a expectativa do quinto encontro

O 5º Encontro de Casais

Acontecerá ou não

Na casa de nome esquisito

As bênçãos do nosso Pai

Vou levar o meu espirito

A alma e meus sonhos

O olhar no olho

Com meus olhos castanhos...

O 5º Encontro da Antiga Consciência

Do pecado e da carne

Do beijo e dos abraços

Do aconchego e dos amassos

Do poema que precisa ser lido...

O 5º Encontro carnal

Nada de carnaval

Bebida, droga ou lança perfume

Loló, cheira cola ou qualquer ruindade

Maconha e cocaína

Crack e LSD

Comprimido para dor

Tudo isto para conseguir um novo amor...

O 5º Encontro não é nada disso

É apenas a reflexão de quatro anteriores

O poeta precisa ler o que escreveu

E fazer um novo poema

Do 5º Encontro que aconteceu...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de fevereiro de 2010

2865. REMÉDIO DE FILHO

o remédio do filho doente

a compra da móvel, que maravilha

o empréstimo, o homem se atrapalha

o dinheiro para o filho dela, caiu na malha

os cinquenta reais para a compra dos jeans

a renovação da matrícula, ela é estudante

o e-mail do marido, ela sabe de tudo

os abraços nos outros, que ciúme

os esquivamentos nas chamadas

os documentos do irmão, ele quer ajudar

as saídas funcionais para melhorar o quadro

sempre ao lado do marido, grande mulher

não ligando, ligando para mim

e mentido sempre, mentindo para ele

as mentiras do final de ano e ao mesmo

tempo sabe-se que as mentiras são

reflexos do que se diz em relação

a segurar o que se diz porque não

pode voltar atrás do tempo

quando se percebe que o cheiro

no pescoço causando tudo

em mim, em você, nele,

em todos que nos conhece

não há espaço diante das reflexões

não há espaço neste sistema

de cérebro e cabeça pensante

não há espaço aqui

também não há espaço ali

há um lugar dentro de nós

dentro do tempo

o tempo de nós

d o i s

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1997

2866. AGOSTO VINTE E CINCO

Agosto vinte e cinco

É soldado, é guerra, é paz

É artilharia, é engenharia

É infantaria, é mar e terra

É terra é chão, é paz, é vida

É saudade daquele tempo...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de fevereiro de 2010

2867. A LUA NOVA DE MEU QUINTAL

A LUA NOVA

Lá do meu quintal

Brilha mais do que o sol

Lua nova que me faz bem

Lua nova que não é ninguém

Lua nova que dá desejo

Lua nova que é sexo em ação

Lua nova do meu quintal

É paz, ternura, emoção...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 1992

2868. A PADARIA DE SEU JUVENAL

Seu Juvenal

Seu Inácio

Seu Aprígio

Seu Antenor

Seu Feliciano

Seu Luiz

A padaria de cada um

Era pão doce ou salgado

Era bolacha, biscoito

Salgados e festas

A padaria de cada um

Guloseimas em ação

Viva a padaria de Seu Juvenal!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de fevereiro de 2010

2869. A VOZ DO RÁDIO MATINAL

De manhã logo cedinho

Pego o rádio e vou ligando

Ouço a voz do locutor

Que doçura, que fervor

A voz do cara a todo mundo conquista

É um tremendo e competente artista

O bicho é feio, barrigudo, narigudo

Mas sua voz, quanta diferença...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de outubro de 1982

2870. CLIMA QUENTE

O clima está quente

A relação está fria

O namorado é demente

A namorada tem nome de Maria

Maria das Mercês do Amor Divino

Mulher de bigode na cara

Mulher que no bem bom é uma tara

Na frieza é pior do que pimba de menino

O clima está quente

O clima não melhora

O clima cada vez piora

O clima é semente

A semente de uma terminação

Acabou-se o que era doce

Clima frio...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de dezembro de 1982

2871. UM CANTO DE ANIVERSÁRIO

Dedicado para as minhas filhas

Eu canto porque ela completa ano

Eu canto porque todas completam

Eu canto porque os anos se passam

Eu canto porque houve um aniversário

Eu canto porque o riso de cada uma

É riso que brilha no brilho de muita gente.

Canto neste aniversário

Parabéns para todas

Parabéns no seu devido tempo

Eu canto porque o amor que sinto

É amor que dá para as três.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de fevereiro de 2010

2872. PALAVRAS PRECIOSAS

Palavras são palavras ditas

O ditado popular é palavra na certa

A filha entre todas as malditas

Cala-se quando o silêncio vem

O pai tão sem graça se torna palhaço

Ele é mais do que ninguém

Usa a palavra mais preciosa que há

O cuidado do pai pela filha mais velha.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de abril de 1979

2873. VIVER A PAIXÃO EM CADA TEMPO

Dedicado para o amor distante

Ontem ela esteve aqui

Veio montada em sua moto

Guiando a paz que trafega em seus olhos

Olhou, como nada querendo se foi

Voltou, como algo dizendo que quer ficar

Ela vive a paixão no seu tempo

A poesia expressa o tempo de espera

Ela sonha em ser feliz ao lado meu

Eu vivo com ela sem ela saber

Eu vivo a paixão hoje

Ela vive no seu tempo

Amo esta mulher

O amor em cada paixão...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de maio de 1987

2874. POEMA BOTAFOGUENSE

Dedicado para o Botafogo Paraibano

Botafogo

Botafogo

Paraibano de coração

Meu time daqui da terra

Viva o Belo, que emoção

Viva o belo, meu coração

Pulsa pelo Botafogo

Da cidade de João Pessoa

Meu time de coração

Salve o Belo

Que emoção!

Botafogo Belo

Tantas vezes campeão

Botafogo Futebol Clube

A Paraíba em boas mãos...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de março de 1984

2875. FERA TAURINA

Somos o amor em cada signo

Somos signos em cada amor

Somos a astrologia

Somos a paz de José e Maria

Somos a fera de touro e pavor

O pavor de ser levado pelo bote

O pavor de sofrer pela morte

A fera taurina que me causa fervor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de março de 1985

2876. RAZÃO DE SER O QUE NUNCA SE FOI...

Tanta vida se tem pela frente

Tanta vida nos deixa contente

Tanta vida é semblante pedante

Tanta vida é ilusão dos errantes

Tanta vida nos faz bem por espera

Tanta vida nos condiciona e nos desespera

Tanta vida é luz em nossas vidas

Tanta vida é chance de uma segunda vez

Tanta vida nos retalha e nos atrapalha

Tanta vida temos como amor de uma pirralha

Na razão de ser o que nunca foi...

Bento Júnior

Teresina-PI, 22 de junho de 2000

2877. BALANÇO AS PALHAS DO COQUEIRO

Neste coqueiro eu não subo mais

Derrubaram as palhas, não volto atrás

Neste coqueiro eu não subo mais

Derrubaram as palhas, acaba minha paz...

O coqueiro que balança

As palhas tão em balé constante

É coqueiro de criança

É balanço de vida, é vida, é esperança...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de maio de 1975

2878. A VILA DA MINHA INFÂNCIA

Saio de casa

O calção preto e branco

A camisa não se usa

Casa dos meus avós

É Vila Cariolano

Castelo Branco.

Chego na Vila

Amigos aos montes

É sorriso de menino

É travessura de gente grande

É mangueira no tempo

É manga chupada

Vila da minha infância...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de junho de 1980

2879. OS CAMINHOS PISADOS

O piso pisado daquele caminho

É caminho passado, pisado e chutado

Não passo por ele, ele causa sofrer

É caminho conhecido, não se pode viver

Nos caminhos pisados, ele sonha grudado

Na notícia da vila, é só o que se fala

Meu avô tão sem graça, minha vó por pirraça

Não quer que eu saia, não passe no caminho

Das brigas de menino, é só o que se ouve

Os caminhos pisados

Na Vila Cariolano, não se passa sem briga

É moleque sem nada, nada para fazer

É mãe que nos ama, o amor dos meninos

Desta maneira as mangueiras

Servem de esconderijo

Nestes caminhos passados

Pisados por nós

Deus tende piedade da gente

Um atiça daqui

Outro atiça de não se de onde

É briga na certa

Um puxão de orelha

Da minha querida vó...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de junho de 1976

2880. TANTA SAUDADE DE MULHER AMADA

Somente uma ação é necessária

É mulher que se ama, é mulher universitária

Mulher de muitos, uma eterna saudade

Se foi no ano passado, viveu eternamente

Viveu a vida enquanto durou

Foi-se embora e nunca mais voltou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de maio de 1985

2881. TERCEIRA MULHER

Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)

no dia do seu aniversário

Ela chegou sorrindo

Deu-me um ar de felicidade

Completa em vida sete anos

É terceira filha, é sonho, liberdade

De tão sorridente que é,

Uma flor, uma lábio de mulher

Corre campo pelas ruas

Nas calçadas, vaidade

É baton da cor da pele

É minha filha, é pura, linda

Minha menina...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de fevereiro de 2010

2882. VERDE COR DA COR QUE QUERO

Um E.T passou

E sorrindo ele chegou

É animal em extinção

Verde da cor da mata

Mas mata que eu quero ver

No medo estampado

Que vem danado

Esse bicho inteligente

Numa máquina motorista

Ele é artista

Da pele esverdeada

Ele deixa saudade

Com sua palidez estampada

Sumiu numa nave espacial

Como aqui ninguém nunca viu

Sorriu para todo mundo

E depois partiu...

Um E.T tão verde

Verde da cor que quero bem...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de fevereiro de 2010

2883. POEMA DE LUA BRANCA

Dedicado para a lua em quarto crescente

Ela vem chegando

Devagarinho vai se escondendo

Minha tristeza é pávida

Minha alegria é nostalgia sofrendo

Neste vai e vem das ondas das palhas

Ela vem brilhando

Devagarinho vai se chegando

E eu depressa pego a luneta

Porque ela se distancia

Meu amor já anuncia

Que ela vem chegando

Tão branca, lunática

Ela vai passando

Por trás do cajueiro ela chega correndo

Tão branca igual a neve

Ela vem de leve

Ela vem de leve

Ela vem de leve...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de abril de 1990

2884. MAR DE CARAPIBUS

Na praia dos caracóis

Ele e elas brincam de passear

Um passeio sobre pedras

As pedras de carapibus

A piscina que se chega

A piscina que se quer

A piscina que meu olho ver

A piscina que engrandece cada visão

A piscina de carapibus

A praia que nos faz para lá de bem

O bem de todos nós...

Bento Júnior

Conde-PB, 16 de fevereiro de 2010

2885. LEMBRANÇAS DE FELICIDADE

Eu me lembro com lágrimas nos olhos

A infância que minha infância nunca teve

A infância de brincar na rua e ser feliz

Eu me lembro das tardes de sábado na praça

Eu me lembro e não posso voltar atrás

Sou assim meio tímido na vida

Um cantor sem microfone

Um cantor sem nunca disco ter lançado

Uma mulher sem nunca ter namorado...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 1990

2886. AMO ESSAS PEQUENAS...

Eu amo e como amo

Eu amo e como amo estas pequenas

Eu amo e como amo estas pequenas mulheres

Mulheres pequenas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1982

2887. SACODE, REBOLA, TREME, GRITA...

Dedicado para uma bailarina de rua

Quando ela dança, os moleques brincam com ela

A dança da bailarina louca, as loucuras de crianças

A bailarina que não tem circo, o circo de todas as esperanças

A esperança daquela mulher

Que sacode, rebola, treme e grita

Em cada esquina, com qualquer um

Com quem melhor lhe conquistar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1988

2888. HOMEM CHARME

Quando ele chega

Toda mulher quer ele

Quando ele canta

Todos os microfones vão até ele

Quando ele chora todos choram com ele

Quando ele ri todos riem com ele

Ele é um show

Ele é charme em carne e osso

O homem que toda mulher quer...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 1989

2889. DUAS PAIXÕES

Dedicado para ela e eu

Uma paixão quando nasce é boa demais

Duas paixões nascidas se tornam perigo

O perigo de ser na vida o que a vida deixou

Uma deixa perdida nos sonhos de paixões

As paixões de todos os poetas

As paixões de todos os cientistas

As paixões de todos os artistas

As paixões de todas as arestas

Duas paixões

Duas paixões

Ela dentro de mim

Eu dentro dela

Nós dois numa só personalidade

Nós dois nus na vida

Nós dois apaixonados

Pelas paixões de ser em cada sonho

Um só sonho dos mal amados...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de março de 1989

2890. CORAÇÃO ABANDONADO

Coração fracassado

Coração mal amado

Coração abandonado

Coração apaixonado

Este que o poeta já escreveu

Este que o poeta descreveu

Este que o músico cantou

Este que a música tocou

Coração abandonado

Por que me causas sofrimento?

Coração abandonado

Por que me fazes sofrer?

Coração abandonado

Por que me fazes tédio em vida?

Coração abandonado

Por que me tens como cólera enfraquecida?

Coração de todos os tamanhos

Por que queres que eu sofra esta dor

Se esta dor em mim é passado?

Por que imploras meu afeto

Quando o riso de minha vida

É solidão apenas em ângulo reto?

Coração abandonado

Coração mal amado

Coração abandonado

Coração apaixonado

Este que o poeta acabou

Este que o poeta sacrificou

Este que o poeta matou

Este que o poeta jamais deixou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de março de 1999

2891. SOMBRAS SOBRE SOMBRAS

Sombras que ardem

No semblante de poeta

Sombras que ferem

No semblante de mulher

Sombras que definham

No semblante de homem

Sombras que desafiam

As atitudes de uma paixão

Ser feliz é poder ceder

Ser feliz é sonho

Um sonho que o poeta sonha

Sonhos sobre sonhos...

Bento Júnior

Conde-PB, 17 de fevereiro de 2010

2892. POR ONDE ANDA, ILUSTRE?

Dedicado para o encontro mal - resolvido

Hoje, o dia foi de sol

O sol, quase que pegando fogo,

É, um fogo de arder qualquer paixão,

A paixão para lá de esquecida,

É que o esquecimento às vezes cansa

O pensar de quem só pensa,

Um pensar de quem ouve, só ouve

A história que acabo de lhe contar,

Uma história de figuras ilustres,

Estas que entram na vida da gente,

Entram e não pedem licença, invadem

Toda estrutura abalada de nosso ser

Que sonha, acorda, deita e pensa

No encontro com aquele ilustre.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de fevereiro de 2010

2893. ESTAÇÃO CIÊNCIA E ARTE

Dedicado para o monumento arquitetônico da cidade de João Pessoa-PB

Cartão postal da cidade de João Pessoa

A Estação Ciência e Arte Cabo Branco

Localizada no ponto oriental das Américas

Endereço certo de paraibanos e turistas

Um monumento Oscar Niemayer

Fato histórico que marca nossa cidade

Viva esta grande obra

Viva o dinheiro público

Contado mão a mão

Investido e mostrado

Estação Ciência e Arte.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de fevereiro de 2010

2894. MENINA GRÁVIDA

Dedicado para uma criança

Grávida

Ela está grávida

Sua mãe não sabe

Seu pai tão pouco

A amiga é que sabe de tudo

O namorado escapuliu

A menina está grávida

Seu pai tem que saber

Sua mãe acredito que sim

A menina também tem que saber

Que gravidez assim não dar

Com doze anos é para brincar

Estudar e seguir caminho

Gravidez nesta altura

Tira-te a meninice...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de fevereiro de 2010

2895. CONVERSAS PARALELAS

Ouça-me com os olhos abertos

Veja o que está na sua frente

Grite se preciso for, seja gente

Não fale pelos quatro cantos

Viva feliz, seja contente

Não entregue o amigo

Seja inteligente

Seja político

Tenha mais educação

Deixe destas conversas pela sala

São paralelas e não te levam a nada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de outubro de 1980

2896. DOSE DE CACHAÇA BRABA

O amigo numa festa tomou

Uma dose de uma tal cachaça

Fez bagunça e se deu mal

A cachaça era malvada

Bateu em todo mundo

Foi em cana, caiu da cama

Meu amigo se deu mal

Hoje saiu da lama.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de março de 1975

2897. CAPITÃO SEM ESTRELA

Quando o homem pela rua passa

A molecada grita capitão

Ele todo orgulhoso, faça pirraça

Acha graça, pela satisfação

É um homem bom, mal do juizo

Não conhece o abc

É capitão sem farda, gosta da amizade

Viva o capitão, morador daqui do bairro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1979

2898. JULHO É MÊS DE FESTA

JULHO é mês de festa

Isto você viu e acreditou

Na minha casa, todo mundo completa ano

É mês de festa, faça seu plano

Chegue na minha casa, deite e role

Coma do melhor, porque é mês de festa...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de julho de 1980

2899. MINHA FILHA BRANCA

Minha

Filha

Branca

Da cor do céu

Azul

Minha filha

Verde

Da cor do mar

Transparente

Minha filha branca da cor do mar

Da cor do céu

Da cor que o pai quiser...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de janeiro de 2000

2900. SENTADO ENTRE QUATRO PAREDES

sentado

entre

quatro paredes

o homem

está só

sozinho na vida

a outra

com o outro

os dois são divinos

bons

amáveis

assim é a vida

ele sofre

ela ri dele

os três são divinos

sentado

entre quatro paredes

ele reclama o momento

ela distorce o sofrimento

ela é mulher bonita

que encanta ele

ele sofre calado

vai morrendo cansado

sentado entre quatro paredes

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de fevereiro de 2010

2901. O VERDE DA COR DOS OLHOS DELA

Dedicado para uma moça que anda pela praia às cinco da manhã

Corre menina bonita, dos olhos da cor verde

Corre que olho daqui, corre que dali

Onde tu corres, menina, eu também quero correr

Quero correr contigo menina, correr e ver-te de perto

Ver a cor dos olhos, menina da gota serena

Sereno claro do nascer do dia, no dia verde

Da cor do mar, da cor dos olhos dela...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de fevereiro de 2010

2902. NUMA CONFUSÃO DANADA

Estou numa confusão danada de grande

Que não se acaba, que não se acaba

É confusão danada de grande, tão grande

Que não cabe na palavra maldade

Maldade, confusão em si, danada

É o nome dela...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1999

2903. A VITÓRIA DE TODOS NÓS

Todos nós somos vitoriosos

E por que não seríamos?

Todos nós somos a própria vitória

Nome popular, Vitória, nome próprio

A Vitória de todos nós...

Bento Júnior

Vitória de Santo Antão-PE, 05 de julho de 2000

2904. DE NOVO...

Dedicado para um médico incompetente

O menino caiu

Ao médico foi levado

Nada foi feito

O menino sangrava

Nada foi feito

O médico irritava-se

O pai balbuciava

O nome na bata

O verde estampado

Não sabia o pai

Não sabia a mãe

Não sabia o menino

O médico era o mesmo

Aí os três

De novo...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de fevereiro de 2010

2905. SE POR ACASO...

Se por acaso ela chegasse

E o meu dinheiro eu pagasse

Eu juro se eu me entregasse

A este amor sem que me fracassasse

Queria ao menos que todo mundo jurasse

E eu daqui logo afastasse

A ilusão daquele que me encontrasse

Na ladeira e me maltratasse

E se por acaso eu falasse

De tudo isso e nunca passasse

Por tudo isso que passo e tratasse

De encontrar o amor e penetrasse

Fundo na alma e gozasse

A noite inteira e que entrasse

Os sonhos mais lindos e que eu parasse

E se tudo isso for por acaso...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de fevereiro de 2010

2906. MALANDRO DE CHAPÉU PRETO

Um malandro de chapéu preto na cabeça

Ilusão partida de sonhos perdidos

Nas águas claras da mansidão dos oceanos

Um chapéu que rodopia silêncio

No mais profundo sentimento de mulher...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de fevereiro de 2010

2907. ELA CHEGANDO É ALEGRIA NOS OLHOS

Dedicado para o amor que se encontra com outro

Ela chegando é samba no pé

Ela dançando é gingado de mulher

Ela amando é estardalhaço de olé

Ela sambando é promessa e fé

Agora vejam bem como se dá

O samba no pé desta mulher que eu amo

É um disse me disse mais arrogante que se tem

Quando ela chega, alegra os olhos, nada reclamo

É mulher de boa espécie

Como a pouco não se via

É mulher que tem na pele uma marca

Marca o tempo de vez em quando

E quando em quando

É mulher, mulata, Brasil, é samba de nome Maria.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1987

2908. PRENDENDO A BEXIGA

Prender a bexiga

Coisa de criança

É baita intriga

É apenas lembrança

Numa ida a Recife

Prender a bexiga

Não urinar, era aposta

Coisa de menino

Mas que bosta

Quase me mato

Por ter ganho este jogo

Prender a bexiga

Nada de urina...

Bento Júnior

João Pessoa, 05 de julho de 2000

2909. CONTO MAIS UMA...

Quando eu cheguei

Eu juro que a vida era melhor

Só que eu errei

Ao descer deste carro

Cá comigo eu pensei

Que o silêncio da viagem

Nos faz grande por bagagem

É assim que nas esquinas da vida

Sempre conto mais uma história.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1999

2910. PEDRA VERMELHA

Dedicado para uma ilusão de menino

Estando eu escalando a Beira-Rio

Lembro-me como se fosse hoje

O encontro deu com uma pedra

Era vermelha, pensei cá comigo

É ouro, levo ou não levo à escola

Aula de Ciências, laboratório lotado

Coisa de menino, erra barro vermelho

Grudado na pedra, grande gargalhada

Pedra Vermelha, nome de trabalho em grupo

Coisa de menino...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de maio de 1982

2911. PAI CABÔCO

Dedicado para um pai de santo da minha infância

Da minha casa um barulho

Uma batucada alegre

O povo a cantar e a gritar

Era o terreiro do pai caboco

Quem se manifestava tinha farofa

Quem não, da porta da frente olhava

Pai caboco, de estatura mediana

Com seu turbante branco na cabeça

Conduzia homens e mulheres

Era uma alegria só, pai caboco em cena

O batuque do terreiro era contagiante

Hoje guardo saudade, eternas saudades

Por onde anda aquele pai caboco?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de maio de 1994

2912. MEU PAI DA VIDA

Quando criança

Busca-se um pai em cada confusão

No Polivalente, depois de uma briga

A molecada na rua, eu vitorioso

O perdedor, cinco irmãos para me pegar

Foi aí que tive um pai da vida

Chegou e deu nos cinco, o que tinha apanhado

Das minhas mãos, sorriu e disse

Não foi que chamei, eles chegaram sem avisar

E ainda por cima disse: bem feito.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de janeiro de 2010

2913. TANTOS PROBLEMAS

Dedicado para Bento Carvalho (Meu Pai)

Tantos problemas, velho, guardas na lembrança

pessoas piores existem e são felizes

dê a volta por cima velho, sacie o suco da fruta

deixe os problemas morrerem em você...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de maio de 1999

2914. BANCA DELA

Dedicado para Vitória Carvalho (Minha Mãe)

Ela tem banca

bota banca

que é dela

sabe o que faz

minha mãe é demais

feliz ela se encontra

um velho dentro de casa

dar trabalho

minha mãe pega meu pai

e juntos se tornam felizes

na saúde e na doença.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de maio de 1999

2915. OLHOS EM LÁGRIMA

Dedicado para ela

Uma lágrima cai dos olhos

Um sorriso visto pelo computador

Onde queres que eu vá, meu amor

Estou aqui, fitando teus olhos

Comendo da tua comida

Provando do teu hálito

Vivendo e aprendendo

A ser o que aprendi ser

Experimentando...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 2010

2916. ELA QUER OUVIR A VOZ

Solto a voz

Recebo uma chamada

Do outro lado

Outra voz

A voz dela

Querendo me ouvir

Deito e penso

Tudo isso por causa

De uma voz...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de agosto de 1991

2917. NAMORADA ANTIGA

Ela era feliz e não sabia

Usava brinco e dele gostava

Usava charme e sempre saia

Corria na calçada e beijo trocava

Era a namorada que eu sonhava

Era a namorada que todo mundo gostava.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 1989

2918. PENSANDO NAQUELA MULHER

Aquela mulher famosa

De pernas grossas

De olhar leonino

Cruzou meu espaço

Matou meu maior fracasso

Fez de mim um homem

Um homem que hoje me faz pensar

Penso demais naquela mulher...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 1982

2919. SANGUE NA ESTRADA

Sangue partido nas veias

Sangue coalhado nas peias

Sangue grudado, mais leia

Sangue coado, vida cheia

Sangue ralado na teia

Sangue roubado pensando na ceia

É sangue na estrada...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 1982

2920. MULHER SENSÍVEL OU MULHER INVISÍVEL?

Mulher

Tu és sensível

Ou tu és invisível

Neste tempo de espera?

Mulher

Tu és o impossível

Ou tu és o imprevisível

Neste tempo de fera?

Mulher...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 1986

2921. DOR DE DENTE

O homem está com dor de dente

Porque seu dente está doendo

E doendo seu dente, a dor reclama

A dor que o homem sente

É dor de gente grande

É dor, simplesmente dor de dente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de maio de 1987

2922. LUA DE PRAIA

A lua tão linda, daqui da praia

A lua tão bela, daqui da praia

A lua tão clara, daqui da praia

A luta tão meiga, daqui da praia

Daqui da praia, a lua tão linda

Que brilha tão bela

Por ser a lua tão clara

E sendo a lua clara

Ela se torna meiga

É lua que se ver daqui da praia...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de novembro de 1981

2923. HOSPITALIDADE DE SERTANEJO

A hospitalidade do sertanejo

É hospitalidade gente boa

Manda você entrar

E estando dentro de sua casa

Manda você se sentar

E sentando você na casa de um sertanejo

Ele te manda jantar, sendo noite

Te manda almoçar, sendo dia

E em qualquer hora

Tome café

Tome café

Na casa de um sertanejo

É hospitalidade...

Bento Júnior

Recife-PE, 10 de julho de 1983

2924. OLHOS VERDES DE MENINA CHORONA

Menina chorona

De cabelos longos

Chora com teus olhos

Tão verdes, tão claros

São olhos de menina que chora

Menina chorona, olhos verdes

Que nos faz bem...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1983

2925. DEZEMBRO É MÊS DE FESTA

Chegou dezembro

Mês de festa

Natal

Ano Novo

Dezembro natalino

Dezembro festivo

É mês de festa em casa

Na sua casa

Em todo mundo

Dezembro, dezembro...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1981

2926. PEQUENA SEREIA

Pequena sereia

De grandes olhos grandes

Pequena sereia

De grandes orelhas grandes

Pequena sereia

De grandes pernas grandes

Pequena sereia

De grandes vidas grandes...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de setembro de 1982

2927. PALCO DE ARTISTA CHATO

Todo mundo a peça assistiu

Bateu palma e ao camarim se dirigiu

Eis que ele encontra um artista chato

Que no palco é bom moço

Por trás das cortinas é chato

Um ótimo artista

Por trás das cortinas

Um ser irreconhecível...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de junho de 1982

2928. RODA GIGANTE DE PERIFERIA

O menino compra o ingresso

E na roda gigante ele vai

Tem medo o menino de cair

Mas o menino segue viagem

Eu cá comigo olhando a cena

Comprei também um ingresso

E vomitei

E tive inveja do menino

Que toda volta completou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de novembro de 1980

2929. SEU JOSÉ DE TANTAS MARIAS

Seu José tão bem casado

Pai de três moças

Pai de dois meninos

Seu José era safado

Tinha uma amante

E quando esta amante descobriu

Outras ao encalço vieram

Seu José era fogo

Foram tantas as Marias

Que até hoje seu José paga pensão

Não se sabe ao certo

Uma, duas, três, quatro...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982

2930. SONHO DE VACA

Sonhar

Acordar

E no bicho jogar

Sonha-se a noite toda com vaca

Joga-se no outro dia na vaca

E sabe o que no bicho dar

Vaca na certa

Só que se joga pouco

O que se tira

Não dar para comprar

Um quilo de carne de vaca...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 1982

2931. TE DEDICO O MAR E TODO ESTE CÉU

Eu, humilde rapaz, vindo do interior paraibano

Te dedico o mar, e não por te dedicar

Que sinto-me incapaz, pois é

Queria te dedicar muito mais do que o mar

Dedicar-te além do mar

Todo este céu coberto de nuvens pela manhã

Coberto de estrelas pela noite.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de março de 1980

2932. UM AVISO

Dedicado para este amor que comigo está

Um aviso se fosse bom não se daria

Um beijo se fosse mal não de pedia

Um abraço se fosse ruim não se competia

Um amasso se fosse amargo não se repetia

Um amor se fosse avisado

Por si só não se destruiria...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de fevereiro de 2010

2933. BLOCO MURIÇOCAS

João Pessoa é grande cidade

As muriçocas vão passar

João Pessoa é verdade

As muriçocas vão passar

Segura Muriçocas do Miramar

Veste tua folia

Folia de Rua tem cara e nome

Muriçocas do Miramar...

Bento Júnior

João Pessoa - PB, 10 de fevereiro de 2010

2934. CRIANÇA SOFRIDA

Ela sonha que é feliz

Sua felicidade enche uma casa

Sua felicidade ganha asa

Ela sonha e ainda é aprendiz...

Bento Júnior

João Pessoa - 12 de junho de 1990

2935. ORGULHO DE CABRA MACHO

O cabra quando é orgulhoso

Se orgulha de tudo que ver

Se tem filha bonita, é orgulhoso

Se tem filho formado, é mais que orgulhoso

Se orgulha até do seu machismo

Diz que é cabra macho, todo cheio de orgulho

Mas se esquece de dizer

Que no passado corria

Mundo acima montado num cavalo

Medo do pai da moça que ele se casou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de maio de 1987

2936. SERTÃO QUE DÁ SAUDADE

Este sertão que o moço fala

É o mesmo sertão de antigamente

Sertão de cabra macho, Lampião passou por lá

Hoje este sertão dá saudade, dar saudade

Danada de boa na vida da gente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1986

2937. PRIMAS DISTANTES

Elas moram tão distantes

Tão distantes minhas primas moram

Moram com a família do outro

Sente falta da gente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de março de 1987

2938. MEUS PAIS QUE DEUS ME DEU

Dedicado para Bento Carvalho e Vitória Carvalho ( Meus pais)

Pai

É pai que Deus me deu

Pai na vida da gente

Mãe

Que Deus me deu

Minha mãe de tantas vitórias

Mãe a gente ama você...

Mãe e pai

Vocês dois são de mais

Vocês dois me enchem de paz

Meu pai

Minha mãe...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de junho de 1983

2939. MENSTRUADA

Dedicado para uma mulher

Ela passa e finge o olhar

Ela passa e rouba um beijo no olhar

Ela passa e mostra um vermelho no andar

Ela passa e é cortejada

Ela passa calada

Se alegra pela vida de estar menstruada...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 1982

2930. MUSA PEQUENA

A MUSA tão em silêncio ficou

O poeta tão agitado quis um poema fazer

A musa sem o poeta não é ninguém

O poeta sem a musa também

Ambos se completam

Ambos têm algo em comum

Amam a vida e querem lembranças

A musa e o poeta morrem...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de março de 1982

2931. NAMORADA LINDA

Tive várias mulheres

Todas namoradas minhas

Mas nenhuma entre todas

Era linda como tu...

Bento Júnior

Garanhuns-PE, 26 de março de 1984

2932. SOLDADO DE GUERRA

Soldado que protege rua

Soldado que dá em gente

Soldado que gosta de mulher nua

Soldado que toma aguardente

É este soldado que eu falo

É este soldado que todo mundo fala

És este soldado que foi à guerra

Morreu porque não sabia lutar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de julho de 1990

2933. VOCÊ ME AMA?

Ame a mim em silêncio

E por que foges do que falo?

Por isso que pergunto e volto a perguntar

Tu me amas?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de novembro de 1981

2934. VISÃO DE POETA LOUCO...

Um poeta do século vinte

Um poeta do século dezenove

Um poeta do século dezoito

Todos discutindo qual o melhor

Qual poeta melhor seria na rima

Qual poeta melhor seria

Nesta disputa de três séculos

Venceu o poeta da visão maior

O poeta louco.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 1992

2935. VERSOS BARULHENTOS

Por onde eu ando o barulho me acompanha

Quando chego barulho

Quando saio barulho

É barulho em todo canto

Em todo canto só tem barulho

É barulho que não se acaba

E por não se acabar

Leva contigo meu verso

Barulhento...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1992

2936. VERSOS SILENCIOSOS...

Estou em silêncio

Este silêncio é o meu verso maior

Por que fazer silêncio

Se o silêncio é verso que me faz melhor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de julho de 1992

2937. MISTÉRIOS MUSICAIS

És mistérios aos meus ouvidos

Tu música é mistério em mim

Em mim a tua música me faz bem

Tão bem esta música me faz

Que ela se torna mistério

Em cada mistério que a vida

Nos dá através da música...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de agosto de 1992

2938. VERSANDO E RIMANDO

Se eu rimar verso com rima

Não sei que verso vai dar

Se eu rimar rima com verso

Não sei que rima vai dar

O negócio é ir rimando

Remando a vida

A vida do jeito que dá

Depois dos versos

A rima em cena

Encena os versos de cada rima...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1982

2939. VERSOS DE AMOR PROIBIDO

Estás a amar alguém especial?

Esta pergunta paira na cabeça da humanidade

Quem por não saber para onde ir

Se apaixona por qualquer um

E o chama de amor

Um amor que se diz proibido

Quando o proibido nada pode ser dito

E dizendo passa a ser exclusivo

É um amor de alguém por alguém

E nessa mistura de paixões

O gostar sucumbe com a existência

De um poeta e de uma musa

Razão deste meu fracassado poema

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de janeiro de 2010

2940. VIAJANDO PELO INTERIOR DA PARAÍBA

Viajei por Bananeiras

Passei em Monteiro

Montei meu cavalo em Taperoá

Fui parar no forró em Santa Luzia

Quando dei por mim estava em Souza

Mas foi em Patos que me hospedei

Porque em Cajazeiras não havia mais lugar

Resolvi voltar para Puxinanã

Foi lá que o poeta de Itabaiana se inspirou

Matei minha sede em Pilar

Depois dei uma volta em São Miguel de Taipu

Louco para chegar em Araruna

Conhecer a Pedra da Boca na volta de Arara

Visitar a cidade de Areia

Conhecer as flores da querida Pilões

Subir ladeira de Serraria

Ir em Solânea levar um frio no rosto

Passar em Borborema e ficar feliz

Com as meninas de Cuitegi

Mostrar minha arte em Pirpirituba

Comer rapadura em Conceição

Lavar roupa na barragem de Coremas

Dar uma volta no centro de Ibiara

Dançar forró na praça de Zabelê

Puxar sanfona na festa de Princesa Isabel

Fazer silêncio na descida de Teixeira

Sentir o verde lá de Areial

Abraçar o povo de Parari

Navegar nas águas de São Bento

Fazer parte do time de Catolé do Rocha

Fotografar o fumo de Mari

Descascar o abacaxi de Sapé

Tomar o café torrado de São Mamede

Visitar o filho lá em Pocinhos

Dar a bênção ao Padre de Guarabira

Receber o dinheiro emprestado em Mamanguape

Zelar pelo patrimônio em Rio Tinto

Orgulhar pelo verde de Aparecida

E continuar viajando

Pelos interiores desta Paraíba...

Bento Júnior

Recife-PE, 30 de novembro de 1993

2941. JOGO DE BOLA DE GUDE

JOGUE uma bola de gude

E se sinta mata na história

Nunca seja feda na história

Brinque de triângulo

E saia com sua bola de gude

Tu és na jogada o mata...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1983

2942. VERSOS

Amo a mulher do lado

Amo a mulher de cima

Amo a mulher de baixo

Amo todas as mulheres

As mulheres que amei

Eu amo

As mulheres que eu deixei

Eu amo

As mulheres que me deixaram

Eu amo

As mulheres que me odiaram

Eu amo

Amo todas as mulheres

Meu verso puro e eterno

De amor e amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 1996

2943. ZEBRA DO PRIMEIRO AO DÉCIMO

Primeiro prêmio Zebra

Segundo Prêmio Zebra

Terceiro Prêmio Zebra

Quatro Prêmio Zebra

Quinto Prêmio Zebra

Sexto Prêmio Zebra

Sétimo Prêmio Zebra

Oitavo Prêmio Zebra

Nono Prêmio Zebra

Décimo Prêmio

ZEBRA...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 1986

2944. BONITA ATÉ DEMAIS

Dedicado o amor distante

Linda

Da cor de jambo

Cor de canela com cravo

Minha mulher que vive em outra

Bonita como Deus fez

Mulher boa, bonita e gostosa

És tu, a mulher que eu amo...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de janeiro de 1985

2945. NORMA É PARA SER CUMPRIDA...

Essa história de dizer que não pode

E que não dar e na hora liberar

É isto que incomoda a lei

A norma se acaba

E neste caso tem que ter lei

A norma precisa ser cumprida

Quando ela não é

Deixa-se ao tempo

O que se pode resolver...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1994

2946. ESPERTO ATÉ DEMAIS

Tu és esperto

Esperto até demais

Não é atoa

Que pregas a paz

A paz que o poeta prega

É paz de esperteza

A esperteza de ser paz

Na paz do poeta da vila.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1995

2947. POETISA DOS MEUS SONHOS

Tem uma poetisa que mora dentro de mim

E dentro desta poetisa habita o meu ser

O meu ser de ser poeta apenas para ela

Um poema de paz na paz que ela transmite

Porém, poetisa, fazes parte do meu sonho

Estás no meu sonho, imensa poetisa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de setembro de 1994

2948. FÉ EM CRISTO

Dedicado para Nosso Senhor Jesus Cristo

Tenha fé, meu irmão

Tenha fé na vida

Tenha vida na fé

Seja fé pela vida

Tenha fé e seja feliz

Com Cristo no coração

Com Jesus, nosso Pai Maior

É fé que não se acaba

Tenha fé, tenha fé...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de setembro de 1994

2949. TRIO CORAÇÃO ETERNO

Por que não se afasta de mim, tu

Por que não te afastas de mim, você

Por que não se distancias de mim, você mesmo

Vocês três são demais

Porém, tenho um coração

Que junto do teu

A gente forma um só coração eterno...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de maio de 2000

2950. CHANTAGISTA

Dedicado para uma mulher que se ama

Tu és chantagista

Tu és mesmo chantagista

Tu és e repare bem chantagista

Tu és chantagista e a gente sabe

A gente sabe que tu és chantagista

Não dá para negar chantagista

Que tu és chantagista

Tu és chantagista...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 1990

2951. QUASE UM SONHO

O TEMPO passa

E quando passa este tempo

É tanto tempo que ainda nos resta

Que todos os tempos se transforma

Em sonhos, e aqui a gente fala

Foi quase, quase um sonho...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de abril de 1994

2952. GOSTOSONA

Dedicado para o amor distante

Tão distante estás

Estás tão distante

Que todas as distâncias

São calmaria em meu silêncio

E quando este silêncio que

Ronda meus dias chegar

É sinal que falarei aos quatro cantos

Que tu és simplesmente

A minha eterna e amada gostosona...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de fevereiro de 1990

2953. ZERO É O QUE TU TIRAS...

Zero

Zero

Zero

Três notas que tens em teu boletim

É nota três que não se acaba

E quando acabar me procuras

E quando me procuras

Não me venha com três

Venha-me pelo menos com um...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1994

2954. ELA É O MEU ENCANTO DE MULHER

Ela é o meu encanto de mulher

E sendo mulher vivida

Ela traduz minha dor em silêncio

É esta mulher que eu amo

É esta mulher que me faz bem

É esta mulher que me faz encanto

Em todo canto...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1999

2955. MADRE

Uma madre da igreja dos fundos

Dos fundos da minha casa

Pôs a fitar com o padre da outra igreja

Deu uma confusão danada, suco de cereja

Alimento proibido na relação

Dos dois em cena de madre.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1999

2956. UM ALÍVIO

De tantas palavras passadas

Meu pesar se despreza

És um alívio em mim

Porém, contigo, o mundo me encerra.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de abril de 2000

2957. TANTOS ANOS

Tantos anos se passaram

Com o tempo de tanta espera

É que o tempo não tem era

A era do tempo

Na temperatura do tempo

É tempo nos tantos anos

Os anos de espera

A espera de não ter tempo

E quando tempo se tem

Mais tempo os anos têm...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 2010

2958. BREVE VAMOS À QUINTA...

Em breve vamos à quinta

Cantar o amor quando lá chegar

Na quinta avenida o amor se flui

Fluindo o amor

A quinta vai ter que pedir

E ninguém pode impedir

Vamos à quinta, meu amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 2010

2959. PECADORES E PECADORAS

Tu és pecador

Tu és pecadora

Tu és matador

Tu és matadora.

Pecadores e pecadoras

Mãos aos altos

Que o chumbo já vem

Não saia sem pagar a dívida

Pague a dívida e vá embora.

Tu és pecador

Já foste matador

Tu és pecadora

Já fostes matadora

Tomas o copo pela mão

Mata teu desejo

Pecador

Pecadora...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 1986

2960. ALVINEGRO CARIOCA

Dedicado para o Botafogo de Futebol e Regatas

Nunca é tarde para torcer por ti

Meu glorioso, meu vitorioso

Preto e branco na camisa

Alvinegro do meu coração

Marinho Chagas, Jairzinho

Gérson, Carlos Alberto Torres

Paulo César Caju, Nilton Santos

Gil, Cláudio Adão, Brito

Bebeto, Túlio, Quarentinha

Dodô, Zagalo, Didi

Roberto, Paulo Sérgio, Perivaldo

Donizete, Gonçalves

Amarildo e Garrincha

Meu querido alvinegro

Meu querido alvinegro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1983

2961. NUNCA É TARDE PARA O AMOR

Nunca é tarde para o amor

Nunca é tarde para cantar o amor

Nunca é tarde para ligar para o amor

Nunca é tarde para sentir o amor

Nunca é tarde para fluir do amor

Nunca é tarde para dizer que se ama

Nunca é tarde para explodir o amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de dezembro de 1990

2962. MORRO DE AMORES POR ELA

O homem quando canta espanta multidões

É que o homem não sabe cantar e quando canta

Explode a voz de todos os cantos

Os cantos cantados do homem que não canta

Espanta a vida daqueles que querem cantar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 2010

2963. FALANDO COM ELA...

Ela chega e quer falar

Eu falo e ela distante

O trabalho se ausenta

O desejo aumenta

Meu amor é ilusão

O amor dela é perdão

Ela diz que está com raiva

É raiva e saudade

É saudade e raiva

Mas ela fala sério

E me diz o que queria ouvir

É audição do que quero

O que quero é só vê-la nua

Assim como as estrelas

Assim como a mãe lua.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 1990

2964. UMA HISTÓRIA DE FILHA

Dedicado para Camila Dias de Carvalho (Minha Filha)

Ela é minha filha linda

Tão linda que o brilho dos seus olhos

Floresce a minha vida, a minha vida em ti

Em ti somos dois, esta é a história

De uma filha, contada pelo pai

O pai que ama todas

Todas no coração do poeta

A poesia hoje fala de Camila

A branca que chorou, um choro longo

Mais longo hoje só mesmo o

Meu amor por esta menina...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 2010

2965. DENTUÇO DO MATO

Dentuço do mato

Por que moras no mato?

Por que gostas do mato?

Será que a cidade não importa?

Será que a cidade não te aceita?

É, dentuço, o mato te espera

E nesta espera de flores

És dentuço, um dentuço

Que vives a morar no mato...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de junho de 1985

2966. HÁLITO AROMÁTICO

Ele passando por aqui é cheiro

Um cheiro de quem tem cheiro

Cheiro de coisa cheirada a aroma

O aroma dos cheiros que tens...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de janeiro de 1985

2967. VENTO SUAVE E FRESCO

Nas minhas pernas

No meu semblante

Nos meus olhos

Nos meus braços

Nas minhas cochas

Nas minhas entranhas

No meu pescoço

Na minha testa

Nos meus cabelos

Na minha vida

Um vento suave e fresco

A varrer os pensamentos

De toda minha frieza.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de fevereiro de 2010

2968. DOSE E MEIA DE PAIXÃO

Dedicado para o meu amor impossível

Hoje eu cheguei

Ela eu chamei

Ela veio com um riso

Um riso triste de quem quer me ver

Eu cheguei e parei

Ela deu um riso estranho e parou

Não falou uma só palavra

Ficou em silêncio e se foi

Eu triste fiquei

No meu canto parei

E voltei

A pensar no que faço e deixo de fazer

Ela me ama e quer resposta

É esta dose de paixão

Meia paixão ou meia dose

É dose e meia de paixão

Por ela que tanto bem me faz...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de fevereiro de 1990

2969. NAS ÁGUAS DA PISCINA

Minhas filhas gostam

Minhas filhas adoram

Tomar banho de piscina

Tomar banho de sol

As três mergulham nas águas

Como se as águas fossem tantas

Uma piscina que dá para banho tomar

A felicidade das filhas é tanta

Que a chamo de santas

Santas filhas benditas

Nas águas de toda esperança.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de janeiro de 2010

2970. O CASO DO PADRE FILHO

O Padre José Antônio da Silva e Souza

Um dos primeiros vindos ao Brasil

Namorou, casou e se mandou

Joana da Fonseca Madalena e Silva

Era o seu nome de batismo

Mas, por via das dúvidas o padre

A chamava de Madalena Maria

E com ela teve um filho paralítico

Uma filha cega, dois rejeitados pelo padre

Criados pela Joana com amor e dedicação

Ambos se formaram, ele padre

Ela médica do interior de Minas Gerais

Duas alegrias dadas a Joana

Um paralítico, um dos melhores padres do sertão pernambucano

Ela médica, cega, especialista em pediatria

Fila e mais fila para falar com Maria de Souza

Tanta criança nasceu sob a sua batuta

Ele padre, e como o pai, também se casou

Joana morreu, no velório o padre José chega

Reconhece o filho, reconhece a filha

E junto com ele, trouxe os pecados da vida

Hoje, dia não sei quanto para contar

Acredito eu, o padre pai, o padre filho

A médica Maria, enfim, os três moram felizes

E nesta história contada, não se sabe até hoje

O nome do padre filho.

Bento Júnior

Pilões-PB, 25 de dezembro de 1983

2971. SAMBA DE AMOR AO BRASIL

Caía a tarde na cidade onde o sol nasce primeiro

Saí como quem nada quer

Me acompanhando um menino e uma mulher

Nós três cantando, um samba brasileiro

Um samba de amor ao Brasil

Brasil verde

Brasil amarelo

Brasil branco

Branco azul

Ordem e Progresso

Positivismo em ação

Brasil é samba de gente grande

Brasil, Brasil, Brasil

Meu Brasil Brasileiro

Vou te cantar o ano inteiro

Brasil.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de dezembro de 1984

2972. OLHOS DE PAQUERA

O homem de olhar cristalino

Lindo como assim dizem as mulheres

Mergulhou no mar da desilusão

E nunca mais voltou...

O homem de olhar cristalino

Sabia nadar, enganou a todos

Devia mais do que podia

Enganou a um monte de gente

Saiu pela tangente, e um dia voltou

E eis que ele encontra

A sua paquera na janela

A olhar a volta

E em volta do homem

Ela o beijou

Ela notou

Que o homem não mais tinha olhar

Furaram os olhos do homem

Mas mesmo assim

Os dois se paqueram

E até hoje vivem

Mergulhando em mares

Antes navegados...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 1983

2973. SILÊNCIO NA DESCIDA

O ônibus vindo da Epitácio

Silenciou na curva do Castelo

Bateu no cavalo, matou o jumento

Pisou na senhora, estraçalhou o gato

Surrou o asfalto, desviou para dentro do mato

E todo mundo em silêncio

E todo mundo silenciou

E todo mundo

Desceu, olhou, voltou e viu

Ninguém morreu, silêncio na geral...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de abril de 1983

2974. MISTÉRIOS DA MULHER ENCANTADA

Lá perto de casa, distante um pouco

Mora uma mulher encantada

Assim diz a molecada

Assim diz todo mundo

A mulher mora só

Faz compra só

Vive só

Anda só

Dorme só

A mulher é mesmo encantada

Ninguém até hoje

Quis quebrar o encanto...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1982

2975. A PONTE DO JAGUARIBE

Passar por debaixo da ponte

Andar por debaixo da ponte

Nadar por debaixo da ponte

Brincar por debaixo da ponte

De se esconder, de pega, pega

Era a ponte do Rio Jaguaribe

A ponte da nossa infância

O segredo a sete chave~

A gazeada de aula

A fugida pela chegada tarde

A ponte do Rio Jaguaribe

Guardo saudades, guardo lembranças

Do meu tempo de criança.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de maio de 1990

2976. QUANDO ALGUÉM SE DIZ QUE É FELIZ

Ele é feliz

Ela é feliz

Eles são felizes

Os dois em cena são felizes

A felicidade da dupla é grande

Ser feliz é o que importa

Viver é tudo para os dois

Amar e ser feliz é tudo

Viver a vida a dois

É tudo que este alguém quer...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de janeiro de 2010

2977. RESPIRE FUNDO

Respire fundo e queira partir

Respire fundo e saia deste lugar

Respire fundo e mostre que quer sair

Respire fundo e diga que quer amar

O amor desta respiração é água

O amor desta água é fogo

O amor deste fogo é mágoa

O amor deste amor é jogo

Respire fundo para não morrer

Respire fundo para não fugir

Respire fundo para viver

Respire fundo e só não queira fugir...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de janeiro de 2010

2978. SOMBRAS DA MEIA NOITE

Dedicado para um papa figo da minha infância

Ele passou e um riso deixou

A molecada desconfiada

Um outro riso soltou

Quando ele riu de boca aberta

Os dentes apareceram

Foi aí que a molecada correu

Com o medo entre as pernas

Era um papa fico em carne e osso

Aquele que o pai chamava

Pega aquele menino, seu papa figo

Quando ele na casa entrou

Cada menino com mijo nas pernas

Gritava e pedia socorro

Só por causa de um riso amarelo

De um tal senhor de idade avançada

Batizado pela gurizada

Esse tal de papa figo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 1990

2979. POETA DA PESTE

O poeta finge ser feliz

O poeta finge ter amor

O poeta finge ser falador

O poeta finge acreditar no que o povo diz

Assim é o poeta da minha rua

Assim é o poeta da minha vida

Assim é o poeta de tanta ferida

Assim é o poeta feito carne crua

A carne deste poeta triste

A carne deste poeta infeliz

A carne deste poeta aprendiz

A carne deste poeta que nunca desiste

O poeta não desiste de enfrentar

O poeta é tão somente luz e paixão

O poeta conduz a vida pela emoção

O poeta mistura fogo e depois quer apagar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB,. 30 de janeiro de 1990

2980. SOMBRAS DE PAIXÃO

Dedicado ao amor distante

Tão em silêncio a moça entrou

Tão confuso o poeta entrou

Tão triste a moça entrou

Tão sem entender nada o poeta entrou

E nesta entrada de estranhos

Vive uma esperança no coração do estranho

É que a moça que em silêncio ficou

Deu um adeus, como um final que restou

Tão em silêncio ela entrou na casa

O filho tão educado, com o poeta falou

Ela, tão sem jeito o portão da casa fechou

Ele se foi, quer saber o que houve com ela

Ambos são jogadores desta vida chamada paixão...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de janeiro de 1990

2981. VOU CANTAR MEU CANTO TRISTE

Vou cantar meu canto triste

Uma tristeza que se espalha em todo meu ser

Invade meu querer e esbarra no ponto final

De deixar de ser triste para viver a alegria

Só que a alegria custa chegar

E nesta chega não chega

A tristeza vai morando no meu canto triste.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de janeiro de 1990

2982. PRAIA DO AMOR

No Conde, precisamente em Jacumã

A Praia do Amor está à vista

A paisagem de uma cena de romance

Não é atoa que ela se chama

Praia do Amor

O Amor a percorrer toda praia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de abril de 2000

2983. ELAS

Dedicado para Maristela Dias e Glórias Ismael

Elas

Cumprem uma etapa

E nesta etapa atravessam barreiras

Cruzam fronteiras e esbarram em ladeiras

Estacionam o querer de ser o que desejam ter

Elas em cena

A tinta a escorregar numa pena

A história de vida na vida de duas

Mulheres amáveis

Vívidas e prontas para a luta

De ser apenasmente feliz...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de maio de 2000

2984. PARAFUSO SEM CHAVE DE FENDA

O parafuso precisa de uma chave

Não há chave de fenda

Que abra este parafuso confuso

Não se tem chave de fenda

Aprenda com a vida

És um parafuso

Confuso

Precisas de uma chave

De fenda...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de maio de 2000

2985. SORRIDENTE

Estás a sorrir

Não vejo motivos em rir

Sei que o riso é importante

Mas o sorriso a sós

Causa um riso sem graça.

És sorridente

Inteligente

Competente

Transparente

Um riso na pele

De quem apenas mostra os dentes...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 2000

2986. BUSCAR A RESPOSTA CERTA

Dedicado para os amigos

Chegou ele

Vem com a resposta na ponta da língua

A resposta não é agradável

Porém, verdadeira ela é

É que o amigo de verdade trás a notícia

Em primeira mão, não deixa outro trazer

Busca a resposta e manda a pergunta

Responde a todos, defende com todos

É o amigo do peito, o peito que se fortalece

É a resposta que todos nós queremos...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1979

2987. PARA OS QUE ME OUVEM...

Quem me ouve desta distância pode levantar a mão

Quem levanta a mão desta distância pode me ouvir

Quem me ouve e levanta a mão pode me chamar

Quem me chama e levanta a mão pode me dizer

Quem me levanta e me chama pode me pedir

Quem me pede dessa distância pode me seduzir

Quem me seduz e me chama desta distância pode me ouvir...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de janeiro de 1990

2988. GREVISTAS QUE NÃO FAZEM GREVE

Grevistas, grevistas

Onde anda este pessoal?

Um pega bandeira

E entrega para um senhora

O outro liga para a rádio

E dá uma entrevista

Assim são os grevistas, estes que não fazem greve...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de abril de 2000

2989. CADÊ O ÔNIBUS

O ônibus não passa

Ele não vem

E se vem, vem cheio

Cheio de bêbados

E prostitutas, é um lotação

Do tamanho do mundo

Dono de toda estrada

Senhor não respeitador

É este ônibus, que nunca vem...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de janeiro de 1999

2990. POEMA DE PATRÃO

Posso passar, patrão

Me dê licença que sou de paz

Tenho sangue de bom nas veias

Tenho sangue latindo nos poros

Sou cidadão que não deve

Porque não compra

E se compra não paga

É, meu patrão

A vida ensina e tira da gente

Obrigado patrão, um abração

Aqui do irmão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1986

2991. ALHANDRA DE OUTRORA

Tão bela pela recordação

Tão singela e cheia de gratidão

É Alhandra, cidade famosa

Pela umbanda e fez nascer

Na sua terra, nada mais, nada menos

Do que Zé Pelintra, entidade forte

E que veio trazer para Alhandra

O nome no livro da religião

Alhandra, cultura afro-brasileira.

Bento Júnior

Alhandra-PB, 02 de março de 2000

2992. CHORO DE TÉDIO

Estou chorando

E não me venham perguntar

Qual o motivo deste choro

Sabes muito bem o porquê

E toda trajetória deste tédio

Uma vontade de vomitar

Em cada lágrima que sai

Dos olhos que um dia te viu...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 1986

2993. AQUI, DISTANTE

Dedicado para a pessoa que sente minha pele em chama

Sua pele é como

se fosse minha pele

a pele que queima por dentro

a queima desse sal

o sal que sai

da sua boca

a boca que se deseja

de tantos desejos ocultos.

Aqui, distante

está um poeta

a soletrar toda lembrança

a lembrança dessa sua pele

essa pele que tanto bem

me faz...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 1990

2994. CADA SITUAÇÃO

É cada situação que não se conta

Situação essa, situação aquela

E você tem que enfrentar... ser forte...

Fazer das tripa, coração. É cada situação

Que o caba só tando vivo pra vê...

É situação de desemprego, alguém querendo

Se empregar... é cada uma que acontece

Que só tando vivo pra vê... é isso, só tando

Vivo pra vê o que acontece com cada

Um que vive uma situação, igual, diferente...

Sei lá que tipo, só sei que a minha situação

Não é muito diferente da sua... quer saber?

Estou atolado em dívidas, e você?

Estou sem saber o que fazer, e você?

Notou que não existe nada de diferente

Nas várias situações que se vive...

Fez um empréstimo, pagou

Fez um empréstimo, gastou

Se atolou até o pescoço em contas

E mais contas e tome conta...

Quer dizer, não é muito diferente,

É quase a mesma coisa, a mesma situação.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 1989

2995. QUANDO A MULHER QUE SE AMA VAI EMBORA

Ouvindo Benito a situação é a mesma

Quando se ama e a mulher vai embora

Muita coisa muda nessa hora

Até o mais valente dos homens, chora

Um choro triste de quem perdeu a vida

De quem sofrerá por eternidade

De quem nada ganhará

Apenas o verbo perder é carta magna

No pensamento de quem é abandonado

É como me sinto neste cruel momento

Um abandono como muitas músicas foram cantadas

Um absurdo de fala na fala de tanta gente:

O mundo se acaba quando a mulher que se ama

Vai embora, vai embora, vai embora, vai embora...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 1989

2996. O PURO E DISCRETO AMOR

Ser puro com pureza pura

É ser santo sem nunca ter ido na igreja

Sem nunca ter feito uma caridade

Sem nunca ter desejado a mulher do próximo

Quando este está próximo

Ser puro no mais profundo e terno amor

No mais singelo viver

No mais sagrado de todos os sagrados

Ser puro com pureza divina

É este amor que se espera

E quando não vem

Cai a máscara do desengano

A perda por completo de toda personalidade

O sonho desfeito de quem sempre diz ter amado

Porque o amor maior é fruto de muito sofrer

E sofrendo tanto o amor caminha sem nada pedir

O homem é quem implora

É nesta imploração a humanidade chora

Um choro triste de quem quer e precisa

De um puro e discreto amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 1989

2997. A CASA SEM JANELA

A casa sem janela

Frente para o mar

Um jardim florido

Nas noites de luar

Uma casa assim

Foi feita pra mim

Dentro dela uma beleza

Viver nela é mais do que riqueza

Uma casa sem janela

Morro de amores por ela

É minha casa de praia

Adoro ver as meninas de saia

Saindo desta casa

Meu coração de feliz se esbarra

No jeito da pintura desta casa

Sou feliz vivendo nesta casa

Sem janela.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1981

2998. COISA DE SE COMER...

Coisa de se comer

Seja no café

Seja no almoço

Seja no jantar

É coisa de se comer

Mesmo faltando tudo

Mesmo com tudo em falta

Mesmo que o tempo venha

Mesmo que não haja tempo

É coisa de se comer

Um pedaço de pau

Dentro da mata

Depois de trinta e cinco dias

Sem ver água

Sem ver comida

É coisa de se comer...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de julho de 1980

2999. RAÍZES DO JATOBÁ

Lá detrás da minha casa

Um pé de jatobá

Brotou raízes milagrosas

Cura cego e leproso

Aleijado e ateu

Quem não crê em Deus

Ele cura mas manda um recado

Cura-te e vai te confessar

É o pé de jatobá

Florido e bem querido

Cresce jatobá

Curas dores e males

Cresce e vem me curar.

Bento Júnior

Guarabira-PB, 15 de setembro de 1984

3000. MENINA SAPECA

Menina sapeca

Levada da breca

Brincadeira do cão

Dá-me a tua mão

Menina da mão de creca

Dá-me teu coração

Menina danada

Safada e atrevida

Razão da minha vida

Menina condenada

Menina descabelada

Menina tu és bondade

Menina já estou com saudade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de maio de 1984

3001. ESCOLA RAIMUNDO NONATO

Raimundo nome de gente

Raimundo escola da gente

Raimundo do menino e da menina

Raimundo que nos ensina

A letra de cada palavra

A palavra feita de amor

Raimundo da mãe e do pai

Raimundo da professora

Raimundo do professor

Raimundo da Gervásio Maia

Escola dentro do Gramame

Temos quatro meses de vida

Se estuda lá me chame

Me chame que eu chego lá

Chego com o brilho de um ator

Em verdade só resta à Raimundo amar

Palavras claras da boca de um diretor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de agosto de 2008

3002. PÉ DE BANDA

Dedicado para Daniel Rogério ( Meu sobrinho)

Tu

em carne

és o mesmo

em foto.

Um pequeno

guri

pernas abertas

pé-de-banda

uma pedrada

na certa.

Tu

em carne

és o mesmo

em foto.

Olhos imensos

calça comprida

bem social

calça curta

um moleque.

Teu nome é resultado

do pedaço do meu.

Tu és grande

guri gigante

travesso

bonito

amo-te.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de outubro de 1985

3003. A CENSURADA

Ela está censurada

Ela está enganada

Ela está mal-amada

Ela está maltratada

Ela está enganada

Ela está passada

Ela está marcada

Ela está censurada

Ela é mulher amada

Ela é mulher beijada

Ela é mulher arretada

Ela é mulher sonhada

Ela é censurada

Ela é louvada

Ela é enganada

Ela é assanhada

Ela é de tudo um pouco

Ela é um sonho louco

Ela é do pouco um tudo

Ela é ilusão e não me iludo

Não me iludo com a censura

Não me arrependo de ter loucura

Sou um pedaço de censura no prato

Sou um vício em forma de trapo

Tu és censurada, mulher amada

Tu és censurada, mulher alvejada

Tu és censurada, mulher acanhada

Tu és censurada, mulher acorrentada

Nas correntes do tempo, do tempo censurado

Nas correntes do tempo, do censo do pecado.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 23 de setembro de 1990

3004. AS MULHERES DE MAIO

Elas são suaves

Como a boca do céu

Nos faz silêncio em vida

É beijo gosto de mel

É este mel saboroso

A deslizar por todo anel

É amor louco e amoroso

Pintado por um pincel

As cores de todas as mulheres

Nascidas no mês de maio

É fogo botado dentro de um balaio

Fico contigo se tu me queres.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 12 de maio de 1983

3005. BELO DIA DE CHUVA

Que belo dia

Que chuva bela

Molha o chão da estrada

Molha o meu amor

Que até hoje não veio

Nem nessa chuva

Ela não vem...

Vem chuva caindo

De manhã logo cedinho

Molha o pranto da espera

Molha o chão da terra

Belo dia de chuva

O dia vai ser de espera...

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 12 de maio de 1983

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 14/11/2022
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