COLETÂNEA POÉTICA DE BENTO JÚNIOR - VOLUME QUARTO - DE 1804 A 2404
1804. BAÚ DE SAUDADE
a Marcos Brito (Amigo Musical)
esse silêncio
que paira
nesse tempo
é baú de saudade
e um homem distante
se encontra tão perto
dando riso ao vento
vivendo na esperança
da nossa fiel amizade
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de maio de 2002
1805. VOU ENCHER O MEU BAÚ
preciso encher o meu baú
por que encher o meu baú?
preciso encher o meu baú
de alegria e fantasia
de amor e sensibilidade
e por tudo isso
eu quero, eu preciso
encher o meu baú
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de maio de 1980
1806. ESTÁ FICANDO LOUCA?
Louca, louca
Onde andas?
Por que não falas?
Louca, louca
Onde te escondes?
Louca, louca
Eu sei que estás ficando louca...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de maio de 1980
1807. VOU DORMIR
preciso dormir
para acordar mais cedo
tomar o café da manhã
andar pelo quintal
sorrir para a vida
cantar com os pássaros
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1981
1808. ESTOU CANSADO
Tenho que dormir
Estou cansado
Tenho que sorrir
Estou estafado
Tenho que mentir
Estou tarado
Tenho que permitir
Estou atarefado
Tenho que coibir
Estou terminado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de maio de 1980
1809. ENQUANTO ELA NÃO VAI
ELA está tomando banho
É um banho por demais cheiroso
Destes que você quer dormir e não consegue
Só quer fazer amor
E no amor que é feito
O cabra não consegue dormir
Estou aqui
Na tela da vida
Porque por enquanto ela banho está tomando
Perfumada no cheiro da pele
Enquanto ela não vai se deitar
Eu aqui vou sorrindo
Esperando ela passar
Porque quando ela passar
Eu estarei lá, sorrindo entre pernas e beijos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de maio de 1980
1810. A BARATA E A FORMIGA
Filhas de pais diferentes
Andantes da vida errante
São as mesmas que emprestam
As asas da imaginação
Uma barata traquina
A minha casa invadiu
Olhou para mim e falou
Cuidado com a sujeira
O doce é da formiga
Falou e saiu pela porta
Como se fosse minha amiga
Soltou um cheiro estranho
Comeu o pão lá da mesa
Sorriu e deu adeus
A barata cascuda
Do tamanho do mundo
Vive a entrar lá em casa
Se diz a dona de tudo
A barata é amiga
Da formiga que come
As duas são moradoras
Não pagam aluguel
E ainda ficam tristonhas
Quando o dono da casa
Colocam veneno na estrada
Onde a formiga passou
Onde a barata pisou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de janeiro de 1982
1811. LITERATURA DE CORDEL
Seu moço eu vou lhe contar
Três coisas que eu tenho vontade
Uma é fazer uma mulher me amar
Outra é sair daqui e ter liberdade
E a terceira que eu tenho vontade
É não mentir e dizer a verdade.
Seu moço preste atenção
Em tudo que eu vou lhe dizer
Uma coisa é ter bom coração
Outra coisa é coração se aborrecer
Quanto mais o cabra sofre
Muito mais ele quer viver.
Quando o cabra é frouxo na vida
Não merece respeito e admiração
Por tudo o amor lhe causa ferida
Sempre anda na contra-mão
Melhor é esquecer o tempo
Deixar ficar a emoção.
O senhor sabe o que é sofrer
Sofrer não é da conta de ninguém
Se eu sofro é porque quero viver
E se vivo é porque estou de bem
Canto no ato da vida
Vivo como se fosse no além.
Seu moço preste atenção
Depressa que eu vou finalizar
A literatura de cordel é paixão
Adeus eu tenho que chorar
Mas resolvo ser forte
Adeus que tenho que terminar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de agosto de 2000
1812. SAPO PAPUDO
Papudo, papudo
Tu és um sapo papudo
Tu és um sapo papudo
Se vangloreia de tudo
És um sapo papudo
Acha graça em tudo
Não ouve e diz que é surdo
Quando ouve diz que é mudo
Tu és um sapo papudo
Já te conheço e não me iludo
Tu és um sapo papudo
Nariz de onça e barrigudo
Come galinha e gosta de miúdo
Tu és um sapo papudo
Se mete em tudo
Acha-se elegante e sortudo
Tu és um sapo papudo
Uma boca grande e linguarudo
É bem fraquinho e quer ser parrudo
Não agüenta nada porque é olhudo
Tu és um sapo papudo
Não gosta de grave e prefere o agudo
Sabem porquê: ele é um sapo papudo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de novembro de 1979
1813. MÃOS ABENÇOADAS
Veja você o que é que pirralho faz
Usa sua santa e bendita mão
Para conhecer o prazer da paz
Cansou uma, usa a outra mão.
Muitos pirralhos criavam calos
Eram calos enormes nos garotões
O fechar do olho e sentir os abalos
O vício debaixo dos calções.
Hoje, bem crescidinho e safado
Ouço vozes das mãos abençoadas
As mocinhas do nosso passado
Benzo Deus, eram todas desejadas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de abril de 1980
1814. MEU LUGAR DE FICAR É ESTE
Você quer que eu saia
Como posso sair?
Você quer que eu fique
Como posso ficar?
Você quer me deixar
Como posso ir embora?
Você quer confusão
Só sei que aqui é meu lugar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1979
1815. O ABC DOS APAIXONADOS
A é amor desgovernado
Que qualquer dia me deixa sem luar,
O Amor é uma arma quente
Vitorioso é quem sabe usar.
B é bondade atrapalhada
Que não serve para dizer o que pensa,
Quanto mais se apaixona
Mas o coração só busca recompensa.
C é cuidado pela vida
Se apaixonar e não ter o que fazer,
Neste sonho desgonvernado
O amor nasce, mas logo quer morrer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 dezembro de 1978
1816. O ANTES E O AGORA
Quando tu eras pequena
Meus olhos se encheram de canto,
Minha mente era calma e plena
Hoje por ti perdi o encanto.
Quando lembro de você tão cheia de vida
Meus olhos se encheram de piedade,
Antes tu eras a minha ilusão perdida
Hoje ao te ver, uma sombria saudade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de abril de 1979
1817. MISTÉRIOS DO LOBO MAU
Lobo Mau, Lobo Mau
Sabe por onde anda a Chapeuzinho?
- Sei... Ela ganhou na loteria
Mudou de endereço, vendeu um pedaço da mata
Sua vó morreu, hoje a Chapeuzinho é dona dos espigões
Sou porteiro dela, dez salários atrasados.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de abril de 1980
1818. OS AMIGOS QUE NOS FAZEM INIMIGOS
O meu avô dizia, dizia e eu ficava puto
Ao ver um cabra dentro de um buraco
Pedindo e implorando para sair
Não lhe dê a mão
Este cara ao sair do buraco
O primeiro a lascar
É você...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de setembro de 1983
1819. AS BOLSAS DA PREFEITURA
Um menino brigou
Uma menina sorriu
A aula já terminou
A bolsa escapuliu
O aluno apostou
A aluna mentiu
A Secretária entrou
Foi bolsa que todo mundo viu.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 29 de maio de 2007
1820. A SORTE DA ESPECIALISTA
Sou especialista em vender peixe na praia
Sei de todos os nomes dos peixes do mar
Sou especialista em peixe de água salgada
Sei do nome de todos os predadores.
Sou especialista na área social
Conheço a profundeza do oceano
Quando a maré não está pra peixe
O especialista não precisa fazer plano.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de julho de 1987
1821. COM JUSTIÇA NINGUÉM BRINCA
Com justiça ninguém brinca
Nem que seja de brincadeira
Quem brincar se trumbica
A escrivã vai dar uma rasteira
Porque com a justiça ninguém brinca
Ninguém pode mais brincar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1980
1822. QUADRILHA DE SÃO PEDRO AMÉRICO
na quadrilha tem
arrasta pé a noite inteira
na quadrilha tem
a mulata brasileira
alunos e alunas
da Pedro Américo
dançam quadrilha
diz que é legal
curte a quadrilha
tudo é normal.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de maio de 2007
1823. O TREM E A CHUVA
Essa chuva miúda
Que cai sobre os trilhos
Molha o meu sono
Penso nos meus filhos
É chuva fina
Nos trilhos do trem
Molha o meu sono
Lembro do meu bem
O vagão é longo
O trem da estação
Não consigo me sentar
Nesta contra-mão
O trem e a chuva
Parceiros do inverno
O trilho escorregadio
Pinga chuva no meu terno
A chuva que aumenta
Está ficando forte
A estação lotada
Esperam a sorte
O transporte d`água
No trilho é carregado
A chuva é linda
Meu sono já é passado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de maio de 2007
1824. EU NÃO TENHO CULPA DE NADA
Não tenho culpa
Por ser tão triste assim
Se eu fosse ruim
Não estaria aqui
Queria emoção sentir
Ter teu corpo todo pra mim
No vem e vai da vida
O trem é tão bom
A criança chupa bombom
O vagão fica lotado
Um pedinte chega de lado
Pede a moça o seu batom.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1982
1825. MADRINHA
Lá dentro de casa
Onde madrinha escondeu
Há feitiços de bolo
Guardado que rato roeu
Meu passado tristonho
Pedaço de mal caminho
Onde o gato passou
Das garras de um passarinho
Madrinha toda sorrateira
Zombava do meu padrinho
Comia escondido tudo
Sorria e me dava carinho
Madrinha era inteligente
Sonhava com dias melhores
Lutou na segunda guerra
Os dias foram os piores
Lá dentro de casa
Onde madrinha escondeu
Há feitiços de gente
Sonhos de quem já morreu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de julho de 1979
1826. SOCIEDADE DAS PUTAS VIRGENS
Umas putas que vivem em sociedade
Desafiam quem passa, na rua dos pecados
Assobiam para as mulheres, são virgens em realidade
Umas putas medonhas, cansam todos os recados...
... que são dados na noite, felizes pela virgindade
infelizes pelo sonho de não mais serem moças
por que tanto mistério nesta mocidade?
em vez de chorar, cantem aos céus com suas bocas...
bocas malditas pelas bocas das meretrizes
que são putas virgens, porém bem capitalizadas
a sociedade se organiza, os homens são apenas aprendizes
as putas dão risadas, no mundo são felizardas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1980
1827. LONGE DOS MEUS CABELOS
Piolho que é bom
Meus cabelos, expulsou
Não mora nenhum inseto
O cabelo o dono raspou
Raspou porque doía
Tanta dor nos meus cabelos
Rezo a Deus nas alturas
Rogo aos santos os meus apelos
Meus apelos são vícios
Desequilibrados no olho
Se hoje eu sou feliz
Não tenho nenhum piolho.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983
1828. DOEU, AH SE DOEU!
Tanta vontade de dizer
De dizer frases prontas
Entre mim e você
As mulheres são todas tontas
São tontas porque são infelizes
Fazem broncas
Fazem fofocas
Fazem intrigas
Fazem brigas
Doeu, ah se doeu...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de janeiro de 1983
1829. ASSUMA SE ÉS HOMEM
Por que assumir?
Por que mentir?
Por que sorrir?
Por que fingir?
Por que pedir?
Por que reagir?
Por que fugir?
Por que conseguir?
Por que corrigir?
Por que permitir?
Por que atrair?
Por que assumir?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 1980
1830. ARTIFICIAL
um cara que não é daqui
mora a cem metros daqui
um cara que não come aqui
mora a cem metros daqui
um cara que é artificial
mora num lugar de marginal
um cara que não é normal
não se junta com um pardal
vai até o fim com o namoro
um cara que entra no choro
dá risada e quer coro
vamos acabar agouro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983
1831. A DISTÂNCIA DE NÓS DOIS
Um toque na alma
Na alma não se vê
Um toque no sonho
O sonho não se vê
Um toque na mente
Na mente não se vê
Um toque no pensamento
No pensamento não se vê
Um toque no espírito
O espírito nunca vi
Um toque no corpo
Este eu já vi
Um corpo distante
Melhor ser amante
Um tesão constante
Não um corpo inerme
Como se fosse verme
Da poesia de Augusto
Um toque na alma
Na alma não se vê
Um toque nos seios
Ela não se mexe
Um toque nos cabelos
Ela não se mexe
Um toque na face
Ela não se mexe
Um toque nos olhos
Ela não se mexe
Um toque no umbigo
Ela não se mexe
Um toque nos braços
Ela não se mexe
Um toque nas coxas
Ela não se mexe
Um toque na nádegas
Ela não se mexe
É um corpo estático
Um sexo lá tão simpático
À espera de toque
Mas o toque no sexo
É corpo e se vê...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de janeiro de 1985
1832. O CAFÉ DAS FILHAS
Elas estão tomando café
Falam alto e querem dá no pé
A mãe perdeu toda a fé
Na mesa é grande o olé
É o café das filhas
Correndo as duzentas milhas
Para pegar o melhor
Pena que fica o pior
Elas estão tomando o café
De manhã logo cedo
É a ousadia de enfrentar o medo
E eu cá com todos os meus segredos
Não quero café
Vou dá no pé
Sei que falta fé
Pego a bola e dou olé.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de junho de 2007
1833. OS AMORES ANTIGOS
De vez em quando
Bem de vez em quando
Ouço uma voz que me chama
Vejo um amor que reclama
Da minha pouca atenção
São os amores antigos
Quando são velhos tão antigos
Que ainda guardo as recordações
E como todo ser dar as atenções
Os amores em meu coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de junho de 1986
1834. ESSA CRIANÇA
Ela é uma criança especial
Fala dos outros
Às vezes finge ser louco
É uma criança normal
Finge que é cego
E quando me entrego
Ela vem tão fraternal.
É uma criança especial
Beija minha boca
Finge ser louca
É uma criança sensacional
Finge que é morta
E quando fica torta
Ela vem com um sonrisal.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1979
1835. MISTERIOSO MAR DE ÁGUAS CLARAS
Daqui de cima desta montanha imensa
Avisto o mar, calmo e sereno, ondas gigantes
São os mistérios das águas, tão claras e belas
Molhando o cabelo do surfista, tão amantes
Entre as espumas das ondas, a brancura que ela faz
São jovens que nadam de costas, de frente, de trás
E realizam seus encantos, seus vícios, suas fantasias
E o mar de águas claras, tão misterioso mar...
Daqui de cima desta montaha imensa
Vejo o mar de águas claras e belas
Beber o surfista com sua prancha pelos ares
É incapacidade de nada poder fazer, não mesmo
O mar furioso e rasteiro, levou um monte de gente
Gente que a pouco admirava o mar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de junho de 1979
1836. ACEITO A SUA ACEITAÇÃO
Ela brinca e diz que não gosta de mim
Ela ri e diz que não gosta de mim
Ela corre e diz que não gosta de mim
Ela apronta e diz que não gosta de mim
Ela luta e diz que não gosta de mim
Ela sonha e diz que não gosta de mim
Ela ama a todos e diz que não gosta de mim
Ela adormece e diz que não gosta de mim
Ela libera a todos e diz que não gosta de mim
Ela fala dos outros e diz que não gosta de mim
Ela encerra e diz que gosta de mim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1980
1837. A BRIGA DO GATO AFONSO COM O CACHORRO JOSÉ
Afonso saia do meu caminho
José saia do meu caminho
Afonso você comeu o meu queijinho
José você não pode ser o meu benzinho
Afonso por que você é tão safafinho?
José não é da conta do seu rabinho
Afonso por que você é tão fresquinho
José vai embora pro teu cantinho
Afonso eu estou tão sozinho
Você não quer dar um jeitinho
Fale com a gata do vizinho
Que eu já tenho a cachorra pro seu sarrinho
Me ajude só um pouquinho
Que eu lhe chamo até de meu anjinho
Eu não quero papo com o mestrinho
Sei que o senhor é tão mesquinho
Não divide o queijo nem com seu irmãozinho
Come tudo e é um gulosinho
E fica com esta história de gata do vizinho
Eu mesmo morando aqui tão pertinho
Me chamo José e já andei até de cavalinho
Me respeite e saia de fininho
Na lei da natureza e do vinho
O senhor é muito espertinho
Sei lá se o senhor não é doidinho
Pra me lascar assim de mansinho.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de maio de 1983
1838. A PATROA E A EMPREGADA
A Patroa quando quer sair
A Empregada bota queixo
A Patroa então resolve ficar
A Empregada come queijo
O queijo do patrão
Que a Patroa tão cuidadosa guardou
A Emprega comeu tudo
O patrão logo implorou
Deram as contas da Empregada
Só porque ela comeu queijo de coalho
A Patroa mesmo gostando da Empregada
Deu aviso prévio por caus do brilho do assoalho.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1982
1839. LÁBIOS CARNUDOS, BOCA SEDENTA
Os lábios carnudos
A boca carnuda
Sedenta de ânimo
O ânimo foi dado
Deu a todo mundo
Menos ao soldado
Até um vagabundo
Sem nada na vida
De vez em quando uma saída
Os lábios carnudos
A boca sedenta
O povo diz que ela arrebenta
Na cama os lábios
Na cama a boca
Na cama o sexo
Ela se chama Benta.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 dezembro de 1987
1840. FIM DE LINHA
Fim de linha
O trem chegou
Corre moleques na rua
O trilho é perigoso
O trem não
Está parado
O maquinista é gente fina
É fim de linha
Cuidado que o trem vai sair...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983
1841. AH, SE EU FOSSE O QUE QUERIA SER
Eu queria ser um mendigo
Para andar de casa em casa
Ou ficar parado no meio da rua
Esperando a morte chegar
Eu queria ser uma prostitura
Para andar de mão em mão
Ou ficar amando um só
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um ladrão
Para andar de cadeia em cadeia
Ou ficar numa cela isolado
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um analfabeto
Para andar de cartilha em cartilha
Ou ficar parado sem nada entender
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um jogador de futebol
Para andar de time em time
Ou ficar numa só agremiação
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um cantor
Para andar de palco em palco
Ou ficar numa só gravação
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um médico
Para andar de hospital em hospital
Ou ficar numa clínica particular
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um mentiroso
Para andar de enrolação em enrolação
Ou ficar devendo a todo mundo
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um gerente
Para andar de empresa em empresa
Ou ficar sem nada fazer
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um desempregado
Para andar de porta em porta
Ou ficar dormindo em casa
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um empresário
Para andar de banco em banco
Ou ficar sem nada depositar
Esperando a morte chegar
Eu queria ser fiscal
Para andar de cobrança em cobrança
Ou ficar sem nada cobrar
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um professor
Para andar de escola em escola
Ou ficar sem número de aluno
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um moleque
Para andar de briga em briga
Ou ficar apanhado na vida
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um advogado
Para andar de cadeia em cadeia
Ou ficar no escritório do amigo
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um turista
Para andar de país em país
Ou ficar no país curtindo
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um presidente
Para andar de palácio em palácio
Ou ficar num gabinete alugado
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um soldado
Para andar de prisão em prisão
Ou ficar na sede distrital
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um homossexual
Para andar de corpo em corpo
Ou ficar numa cama sonhando
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um investigador
Para andar de procura em procura
Ou ficar na tocaia do pasto
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um bêbado
Para andar de bar em bar
Ou ficar tomando em casa
Esperando a morte chegar
Eu queria ser um amigo
Para andar de afeto em afeto
Ou ficar em casa esperando
O amigo e a família chegar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de outubro de 1986
1842. FILHO DELA
o filho dela é cretino
não gosta de menino
só vive tocando o sino
o padre por nome Severino
já escolheu o seu destino
tirou de Francisco o intestino
deu ao cachorro Sabino
e hoje aquele menino
é um homem e não um cretino.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de fevereiro de 1984
1843. A BONECA ENFEITADA
Boneca, boneca
Onde você se meteu?
Boneca, boneca
A filha sofreu
Não achou a boneca
E chorando desapareceu!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983
1844. O CAFÉ BONZINHO
Café
Café
Café
Trás logo este pretinho
Bote aqui neste copinho
Pingue mais um bocadinho
Café
Café
Café
Que bicho bom este tal cafezinho
Enche minha boca de mansinho
Deixe para mim mais um tiquinho
Café
Café
Café.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de outubro de 1985
1845. SÉTIMO DIA
É um tal de mexe e mexe na Ladeira do Castelo
Dança pai e dança filho no Oitão de Cabedelo
O melhor dessa jornada é dançar em Monte Horebe
Lá não tem doutor de caneta é todo mundo da plebe
A plebe que eu estou falando não é plebe de pobreza
É pobreza na pouca dança dos caras do cabaré
Quanto mais o cabra dança, mais dança tem que dançar
Se não a mulher espanta e canta e vai procurar
Um parceiro para dançar no sétimo dia de vida
Se não quem dança na dança não tem nada haver
Por isso que é bom ter paz no paz do amanhcer
Quando amanhece o dia o dia é de partida
Quem não dançou na noite a próxima noite tem que ser
No sétimo dia que vem só vai lá quem vai mexer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983
1846. NÃO TENHO ESTÔMAGO
Não tenho estômago
Não tenho estômago
Para suportar esta vida
Para esta vida suportar
Não tenhoe estômago
Estômago eu não tenho mais
Para suportar esta vida
Para esta vida suportar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983
1847. O PRESIDENTE DO BRASIL
dois mil e dois a eleição
o presidente LULA ganhou
a eleição proletariada
LULA paz e amor
Lulinha se vendeu
Ao capital estrangeiro
Foi escândalo de toda natureza
A vergonha do povo brasileiro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 2006
1848. SIMPLES E HUMILDE, EIS O HOMEM
Ia passando pela Praça da Independência
De longe, bem longe vi um homem de barba
Aparentava cerca de cinqüenta anos
Ele salvou um passarinho, levou e colocou-o no ninho
O homem chorava, se lamentava e no mesmo tempo sorria
Dizia uma frase que esqueço de memória, uma frase longa
O passarinho lá estava no ninho, poucos segundos sua mãe chegou
Tudo isso é visto de longe, o homem até hoje mora junto do passarinho.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983
1849. NESTE CHÃO DE POUCA TERRA
Ele morreu
Ela também se foi
Os dois foram felizes
Dois ficaram sem os dois
Ela morreu
Ele se foi
Os dois estão no chão
Os dois que ficarm estão na terra
Os dois que ficaram também estão no chão
Fugiram da cela, furaram um buraco
Dez metros de profundidade, foram pegos
E hoje
Ele morreu
Ele se foi...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983
1850. AS CRIANÇAS DE JACARÉ
Tio
O Senhor vai dar aula?
É Aula de Artes...
As Crianças brincam e cantam
O som está ligado
As crianças riem e vão muito mais além
Uma briga de amigos
Um conversadeiro de amigos
Falta espaço às Crianças
Elas precisam brincar
Elas precisam cantar...
Tio
A Aula foi boa
Quando vai ter a próxima?
Falta em mim viver o vazio
Do vazio preencher o espaço
E do espaço criar um sonho
Não sou da família
Sou apenas Tio.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 08 de março de 2007
1851. AS AVENTURAS DE UM MENDIGO
Me dê uma esmola
Pelo amor de Deus
Tenho filho a sofrer
Me dê uma esmola
Pelo amor de Deus...
Me dê uma esmola
Me dê uma esmola
Pelo amor de Deus
Preciso de esmola
Estou desempregado
Sei que sou mal-acostumado
Pelo amor de Deus.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de junho de 2007
1852. VENEZUELA
Venezuela
América do Sul
O teu Presidente
Deixa os States um tanto nu
Venezuela
Celeiro petrolífero
O teu Presidente
Enfrenta o mundo presbítero
Venezuela
Liberdade capitalista
O teu Presidente
Defende o modelo humano Socialista.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de junho de 2007
1853. QUE SEJA LÁ O QUE FOR
Não sei de nada
De nada menino eu sei,
Se sei de algo
Juro menino que eu errei
E se errei meu senhor
Foi culpa exclusiva minha,
Pois de nada, de nada eu sei
Só sei que não ando na linha
E ainda tem mais meu velho
Ainda continuo sem de nada saber,
Quando eu souber de algo
Juro menina que eu tenho ter com você.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de junho de 2007
1854. DESENHO DOMINICAL
Estamos todos neste frio domingo
Desenhando Simone e sua casa,
É uma casa bastante modesta
Que tem ao lado uma floresta
Dentro dela Simone faz a festa
O desenho das filhas
A orientação do pai
Um domingo de giz de cera
As cores primárias
Liberação de cores
Simone está linda
Feliz estamos todos
Todos nós estamos felizes
A floresta está verde
O céu está escuro
O sol não apareceu
Chove chuva na casa de Simone.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de junho de 2007
1855. ACRÓSTICO COM DATAS
Corajosas
Amigas
aTivas
CAmila
NoRma
SábIas
CaroliNa
Admiráveis...
Doze de julho de 1997 – Carolina Dias de Carvalho
Vinte de Duas Horas e Vinte Minutos
Quatorze de outubro de 1999 – Camila Dias de Carvalho
Treze Horas e Trinta Minutos
Vinte e Um de Fevereiro de 2003 – Catarina Dias de Carvalho
Quatro Horas e Vinte e Cinco Minutos
Hospital e Maternidade Lady Center
Hospital e Maternidade da UNIMED
Câncer
Libra
Peixes...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 2003
1856. SASSARICO CANTOU
Vinhemos de muito longe
Cantar para os senhores
Minha senhora dê licença
Vocês todos são uns amores
O circo do Sassarico
Tem palhaço de montão
Em cada esquina que passa
O povo solta foguetão
Não fique assim tão triste
Que o espetáculo vai começar
Sassarico é nosso palhaço
Prestem atenção no que vou contar
Vinhemos de muito longe
Cantar com bastante alegria
Somos crianças da vida
Vivemos de pura fantasia
Vinhemos de muito longe
Chegamos nesta lugar
Queiram prestar atenção
Na história que vamos mostrar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de novembro de 2003
1857. A ÁGUA QUE ENCANTA
A ÁGUA que nós trabalhamos
É fonte de vida, é correnteza
Que corre pela terra, é alimento
Divino doado pela natureza
Essa ÁGUA que bebemos
Passa por fases, fica hidratada
É silêncio nas noites,
É verso de cada madrugada
ÁGUA que encanta, é paz
Que faz o mundo mais vivo
O Homem muitas vezes a polui
Mas diz todos os dias: de ÁGUA eu preciso.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de junho de 1989
1858. OLHAI, SENHOR!
Olhai, senhor
Os lírios
De quanto vendido foi
No mercado
Debaixo da rua
Esquerda dos rios
Marrons a cheiro de barro
Onde peixe que morto é
Hoje ausentes pescam
Nem os lírios vivem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de janeiro de 2000
1859. NA CALADA DA NOITE
Na calada da noite
Este senhor dos lírios
Precisou comer
Comeu lírios
E se perguntou
Andou por águas barrentas
E peixes pescou
Não mais ouvirás falar
Nesse senhor dos campos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de janeiro de 2000
1860. ESTRANHA NO MEU CONVÍVIO
Estranha ao meu convívio e sábia no
no meu apelo, acaso eu fosse um caso
de contos contados, apenhas estranha
era, um semblante de pedras no
caminho desigual do poeta estranho.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de janeiro de 2000
1861. PEDRA E PEDRA NO CAMINHO
Onde existir uma pedra
Você vai pegar
Onde existir um caminho
Vou passar
E por este caminho vou jogar
Esta pedra no lugar
Que você pegou
Este mundo é um círculo
Tem quem faz aqui, aqui
Paga, já diz o ditado popular
Você que entende de música
Depois iria cantar
É cada caminho dessa vida
Vai passar
E eu aqui nesse lugar
Vou citar meus poemas
Por você ouvir...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de janeiro de 2000
1862. A PASSAGEM DO MENINO QUE ROUBA
Sob um céu escaldante
de calças curtas
sem pai, sem mãe
sem Pátria
correm os mares
e sobre os mares navegou
na cidade estranha
o menino chorou
chorou, mas encontrou a solução
roubou
roubou um pedaço de bolo
num restaurante granfino
um contra-mestre de capoeira
vendo tal cena
atrás do menino pôs a correr
mas não encontrou
com o menino
encontrou com policiais
que no menino bateu
o contra-mestre chorou
e sob suas lágrimas
ao restaurante voltou
e com o maitre falou
a cozinha era farta
e bolo tinha de porção
o menino fora jogado
de volta
mãe, pai, onde se encontram?
Onde estão?
Minha voz é cansada
meu coração é farto de esperança
mas tenho fome
quero uma camisa vestir
mesmo que seja emprestada
ou mesmo, dada de coração bom
é preciso, pois, ter camisa para
ser confundido com quem come
bolo
é preciso, pois, navegar sobre os mares
para enfrentar turbulentos dias
de glória ou de miséria
e a fome sendo companheira
minha de dias longos
encalça meus pergaminhos de
vida,
é triste, ao homem ter que chorar
em busca do que comer
e o governo o que faz?
Sem panfletarismo
sem ismos
ao ferro o que der na cabeça
e a cabeça deles
é muito mais do que a minha
e eles fazem o que determina
a cabeça
e eu sabia, que peso seria
ser julgado no banco dos
réus estaria, porque conduziram algo
para meter, algo que
me atormentava
é preciso, pois, navegar sobre
os mares para atravessar sob um sol
escaldante e comer bolo
lembro-me dos tempos de criança
palmatória nas mãos, aprender
o beabá , educação ultrapassada
e hoje? A educação como está?
Por causa de um bolo perdi
minha vida
nesses rios foram de água
abaixo, sobre um barco a navegar
sobre um barco a cair nas águas
profundas, mas vou nascer de novo,
e quando nascer de novo, serei a
eternidade de luta constante
do menino que rouba
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de janeiro de 2000
1863. SINA DE JANGADEIRO
Um jangadeiro
Com mais de cinqüenta
Sua jangada deixou
E o mar tão calmo
Por ele passou
Ficou o jangadeiro a pensar
Nos dias de mares
Que dentro de afoitou
Sua sina era aquela
De percorrer águas
E nelas um dia ficou
Pensou o jangadeiro
São as artimanhas do tempo
Que isso tudo me ensinou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de março de 2000
1864. AS MÃOS DA MUDANÇA
As mãos da mudança
Fazem uma direção legal,
Querem derrubar a ditadura
O bicho faz muito mal
As mãos da mudança
Pedem a todos explicação
A ditadura se acabou
Querem a renovação
As mãos da mudança
Confiam nas amizades
Uma direção nova
É a nossa liberdade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de novembro de 2004
1865. EU, IMBECIL DE MIM
Eu, entre tantos apelidos
Fui apelidar o homem,
Que não gostou do ato
E contra mim desabafou.
Sua voz rouca de dor
Pois cada palavra
Que da sua boca saiu
Eu, entre tantas defesas
Não me defendi
Escondi a minha fala
A face quase oculta
Numa sociedade intransigente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de novembro de 1982
1866. HOJE E HOJE
Hoje
Se parece com
Antes de Ontem
Nada de bom
Apareceu...
Hoje
Tudo mudou
Foi tudo ilusão
Meu bem, meu amor mostrou...
Hoje
Era como
Se fosse antigamente
Mas infelizmente
É hoje...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de julho de 2003
1867. QUANDO O CAOS SE ESTABELECE
o trabalho coletivo é de tamanha importância, quando por três
existe uma liderança que determina, e faz com que este coletivo
face trabalhista desempenhe suas funções dentro de uma normalidade
disciplinar. Caso contrário, e que poderes observamos
neste ato coletivo é uma desordem social, onde
todos irão opinar e ao mesmo tempo impondo
para ações coletivas serem aceitas. Se isto não preencher, aí
está formado o caos social.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de novembro de 1982
1868. O SER QUE NÃO É
Dedicado a uma temporada no Teatro Ednaldo do Egypto
Ser pobre é não ser rico
Não significa ser sujo
Ser sujo é coisa de rico
É coisa de pobre
Não se pode ser relapso
Ignorante, alheio a tudo, como
Resposta ao não ser,
O que a comunicação passa.
Sejamos pobres, mas limpos
De espíritos, educados, humildes,
Sensíveis e sempre buscando
O melhor.
Ser amador é não ser profissional
Ser amador é amar a dor
Através da dor o Ser Humano
Encontra o caminho em direção
A Deus.
Ser amador é ser simples,
Com a cabeça erguida, estudando
E discutindo para o melhor aperfeiçoamento.
Ser amador não é sinônimo
De coisa feia, de coisa estragada,
De coisa mal elaborada.
Ser amador é ter certas qualidades,
Que talvez o profissional não os tenha.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de julho de 2002
1869. A PALAVRA RECORDAR
Dedicado para Maurina do Egito (No seu velório na EMEF Olívio Ribeiro Campos – In Memória)
Nós, professores, alunos, todos
Que fazem parte desta escola, sentimos
A sua falta, e para sempre a termos, aqui segue
Uma pequena homenagem:
Maurina, vida em nossas vidas
Paz no caminho dos nossos corações
Maurina é recordação em nós
E que a guardemos em orações...
Vai com Deus, Maurina
Leva contigo a paz em vida
Receba de todos nós
A luz em tuda despedida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de maio de 2004
1870. TÃO PEQUENO
Dedicado para Jéferson Carvalho (Meu Sobrinho – Filho de Gerson e Ellen)
Tão pequeno
Semblante pueril
De puro e suave amor
Face olfegante
No aconchego
De corpos dis-sintonizados
É assim que o pequeno vive
Entre beijos e sonhos
E sonhando entre paredes
Dorme meu pequeno pássaro
De asas cortadas, e quando
Crescer é assim: um homem
Mais um em busca do mundo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de março de 2004
1871. GRAVAÇÃO
Dedicado para o pessoal do Grupo de Teatro Circo Sem Pano da Paixão de Cristo
Estamos gravando
Silêncio no estúdio
Tanta falta de preparo
Os popeiros em ação
O tempo correndo
Tanta confusão
O dono ganhando
O elenco ganhando
O diretor contornando
Os popeiros em ação
E assim de nove às doze
Eis a gravação...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de março de 2004
1872. NUNCA SENTI SAUDADE
Nunca senti saudade
Como o agora que em mim desponta,
Rasga o peito, rompe barreiras
E diante das maiores asneiras
Tudo enfim me afronta.
É saudade da vida
Um adeus e um ir embora,
Saudade do ontem que fui
Remanescente que se flui
Num pensar que ri e chora.
Ah, saudade imensa
Pedras longícuas de dor,
É assim, os atos são ocasiões
Banhados nas agruras dos peixes
Onde tudo isso recorre ao amor.
Que lugar move esse sentimento
De tão hábil encanta o ser?
É por isso, poeta, é tudo passageiro
Para o coração ser mais companheiro
De tanta saudade de viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de março de 2003
1873. EM CADA GOTA DE SILÊNCIO
Em cada gota de silêncio o homem
Se tranca na sua insensibilidade
E provoca os mais dissabores
Na raça humana.
Três brincantes, três mulheres,
Acompanhadas de um líder
Camponês lutaram com
Uma única vontade: TER DIREITO À TERRA.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de março de 2003
1874. SEGUNDO ALGUNS PESQUISADORES
o HOMEM segundo alguns pesquisadores
é fruto do meio social em que vive. Nesse caso,
numa análise fria e clara, o ioga, ciência eminentemente
bastante salutar à nossa existência, diz ser o homem,
um ser à luz de Deus, onde os acertos e erros fazem
parte de sua carga existencial.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de março de 2003
1875. NA CIDADE ONDE MORO
Na cidade onde moro
Tem fruteiras na estrada
Tem prédios de mil andares
Da gosto de se morar
Tem morenas cacheadas
Falantes e bandoleiras
Na cidade onde moro
Dá gosto de se gostar
Na cidade onde moro
Ninguém rouba e é feliz
Dorme o povo na calçada
Vivem os velhos a cantar
Um canto de excelência
Que todos gostam de ouvir
Na cidade onde moro
As crianças brincam e vão estudar
Na cidade onde moro
O amor é mais presente
A mulher divide tudo
Em casa o homem quer ficar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de julho de 2003
1876. BEBIDA
Bebida boa, é
Cachaça tem, de dar
Bebida é
Um beabá...
Quando a bebida
Que se bebe
Não mais foi bebida
E que jamais seja perdida
O amor do bêbado
A bebida desce
O amor dos boêmios
Bebida boa, é
Que se toma de gole
Acompanhado de
Uma mulher.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1988
1877. CASAMENTO À VISTA
Dedicado para Adilson e Adriana (Genro e Filha de Maurina do Egito)
Antes de tudo é preciso
bastante fé em Deus,
no sentido de aceitar a
realidade que virá pela frente.
Imagens do bem
fortificará o amor de ambos
nessa vida que buscam ser
a melhor possível.
E é por isso que o amor é importante!!!
Amem um ao outro e deixem
o coração falar mais alto.
Isso fará a Luz brilhar na vida de ambos. Vocês
São partículas divinas observadas pelos
olhos da vida desse caminhar
traçado pelo homem
traçado pela mulher.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1998
1878. O QUE SE TEM PARA DAR, SE DAR DE BOM TAMANHO
Tinha uma poesia
Guardada desde ontem
Era para tu
Que pena que não te dei
Me arrependo
Porque foste embora
Morar em outro país
Sinto por não ter te dado
A poesia comigo guardada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1978
1879. OUÇO TIROS
Ouço tiros na imensa escuridão da noite,
E não consigo salvar as crianças
Mortas de balas perdidas
Que caem ao meu lado
Esbarram em minha direção.
Tenho armas, não sei usar
Tenho forças, não sei usar
Tenho artimanhas, não sei usar
Morrem crianças
Morrem senhoras
Ouço tiros e não sei como salvar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de fevererio de 1998
1880. SENTE-SE
Sente-se cumpadre
Sente-se cumadre
Deixem de maldade
Sente-se na cadeira
Sente-se no tamborete
A cadeira cumpadre
É macia e suave
De arame e é pintada
Igual a uma nave
Com luz e toda estrelada
Como estrelas no céu
Que brilham na noite
A noiva que usa véu
O cavalo que solta açoite
É assim que quero que
O cumpadre se sente
Aqui nesta cadeira solitária
E assim com a bexiga cheia
O cumpadre dorme seu sono
Quando criança levava peia
Hoje é o senhor dono
De todos que passam na rua
Das histórias que conta
E a cadeira na cheia lua
Em cima dela o cumpadre apronta
E a cumadre no tamborete
Adormeceu e sua história
Apenas se esqueceu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de maio de 1979
1891. É SEMPRE ASSIM
é assim
é sempre assim
e sendo assim
vou escapando
assim
assim como
quem nada quer
assim meio
meio sem jeito
como assim
hoje estou
assim
de vez em quando
ouço um tiro
um bando
assim
na calada da noite
marginais assim
que eu durmo
pego no sono tranqüilo
invadem assim
meus aposentos
e assim terminam
de levar meu tudo
mesmo assim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de fevereiro de 1978
1892. PEQUENO SHOW
Cansado de viver de show
Fazendo parte de boite
Adeus ao meu amor
Da vida dela não faço mais parte
Adeus minha vida interiorana
Na cidade grande
Sou conhecida Madame Lana.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1983
1893. REQUEBRADO
vou chamar você
quando chegar o dia
sei que está distante
vou chamar deste jeito:
Hoje é dia de carnaval
Venha dançar à noite inteira
Pegue a sua fantasia
Nosso requebrado é de primeira.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de maio de 1979
1894. REQUERIMENTO PARA O PREFEITO
Venho requer de vossa excelência
Sala para o povo trabalhar
Emprego e educação
Para o povo melhorar
Sua renda
Sua saúde
Suas virtudes
Senhor Prefeito
Muito obrigado
Pelo atendimento.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de dezembro de 1981
1895. POUCO TEMPO
vou chamar você
para passar um tempo
o tempo é pouco
mas vai valer a pena
sei que você vai ficar
para passar um tempo
mesmo que seja
nas bases antigas
o tempo é pouco.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1980
1896. CATEDRAL
As catedrais do meu Brasil
Uma se destaca
Pela sua beleza
Pela sua riqueza
É a catedral interior
Que mora dentro de nós
Fala por nós
E responde por nós.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1980
1897. FOSTE O MEU PRIMEIRO E ÚNICO DESEJO
Na boca do moleque
O vermelhão cobria
Era um tal de pirulito
Chupava ele
Chupava ela
E eu pulava de alegria
Pela primeira vez
Quando senti o sabor
Do vermelhão que cobria minha boca.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de detembro de 1980
1898. ESPANTA MEU SONHO
Espanta meu sonho
Meu sonho de etapas contínuas
Mexe com o resultado
O resultado do meu sonho
É alavanca que não tem passado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1980
1899. REQUEBRADO DE MULATA
Requebrado de mulata
Para mulato nenhum botar defeito
Gira a bunda sobre a lata
Requebra longe e mostra o peito.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1980
1900. O MUNDO É BOM...
Até que me prove contrário
O mundo é muito bom
Sei que nele mora um bando de otário
Se liga não, liga esse som...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1980
1901. TODO ARGUMENTO É POUCO
Todo argumento será pouco para comprovar
Sua inocência. Sua inocência é argumento
No meu argumento de provação. Prove
O que falam dos seus argumentos. Ame
O que dizem de sua pouca idade. Ache
A pena adequada para as ações de sua pena.
Uns quinze anos é bom para uma reflexão
Dos argumentos que não foram suficientes.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de abril de 1980
1902. CHUVA TODO DIA
Era uma vez
Um final de semana de chuva
Onde ninguém podia
Das casas sair,
Era tanta chuva
Tanta chuva no chão
Molhava a minha vida
O meu coração.
Chuva que caía
Nos olhos do meu amor
Uma chuva miúda
Arrazando a minha dor.
Era uma vez
Uma chuva pequenina
Tão grande que não passava
Pois a vida da gente
Era em casa assistindo filme
Pintando as unhas da irmã
E desenhando...
Isso é o nosso final de semana
Que chove todo dia...
Bento Júnior, Carolina Dias de Carvalho e Camila Dias de Carvalho
João Pessoa-PB, 03 de junho de 2007
1903. A MORTE DEIXA DE CHOCAR
Um ataúde
Outro ataúde
Lá vem de novo outro ataúde
Ali, bem ali um outro ataúde
E que tanto ataúde é este?
Nossa, lá vem outro ataúde
E que corpos sobre eles?
E assim a história da morte
São tantas que não chocam mais
Morre os sonhos e as esperanças
A morte de todos os animais.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1979
1904. RAPAZ ENCANTADO
Um rapaz, no rosto um tanto de vinte, aparentava quarenta
Era solteiro, vivia na mata, na mata comia, corria a mais de setenta
O rapaz encantado, encantava o lugar, sorria pra tudo, era sortudo
Porque sua mãe, tão cedo se foi, e ficando só, foi enredo de entrudo.
O rapaz encantado, de tão longe ele veio, quando chegou aqui
Uma barraca montou, na mata morou, mas quando caiu em si
Uma lágrima caiu, os cabelos subiram, o rapaz ficou no encantamento
Assim nessa vida, a vida passou, sofreu de malária, amigo do sofrimento.
O rapaz encantado, teu encanto é minha razão
Ah, rapaz encantado, tira de mim esta solidão
Me leva contigo, estica e pega a minha mão.
Rapaz encantado, sei que não és o que se pensa
Sei do que se passa, não é o que publica a imprensa
É um encanto de pabulagem, ao rapaz isso recompensa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1980
1905. DE BEM COM A VIDA
Vou criar um soneto, um soneto de bem com a vida
Um soneto sortudo, que me dê de tudo
Que me livre do mal, do mal dessa vida
Um soneto de paz para a paz do meu tudo.
Sei que é complicado dizer, mas de bem estou
E se estou de bem, de bem vou vivendo
E nessa ladainha de ir e vir, só o amor me restou
E se algo restou, uma esperança vai acontecendo
Acontece que estou de bem com os sonhos
Os sonhos estão de bem comigo
E como estou de bem com a vida, sou um perigo
Sou um perigo sem amedrontar os sonhos
Os sonhos de quem sonha um sonho antigo
Um sonho de bem com a vida e com o amigo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de março de 1982
1906. PAI ZECA DA PAIXÃO
Zeca era um moço, um moço fino e educado
Morava no Ceará, gostava da Paraíba
Não gostava de nada de baixo
Só gostava das coisas lá de riba
Assim era Zeca da Paixão
Um sujeito amigo e bem parecido
Nunca casara, se considerava viúvo
Esse Zeca além de tudo era convencido
Se convencia de tudo
E ai daquele que dele desconfiasse
Assumia postura de ter experiência
Assim era Zeca da Paixão em tudo
Definitivamente quem lhe atrapalhasse
Se convencia e dizia ser o rei da ciência.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 1983
1907. SER O QUE NÃO É
Imaginem vocês, senhoras do Pasto Grande
Que conheci um cabra pra lá de mentiroso
Dormia com Lampião, nascido em Campina Grande
Sentia-se o dono de tudo, em tudo era pabuloso.
Seu nome até hoje foi esquecido
E nunca mais o mentiroso apareceu
Só sei que ele mora onde o diabo morreu
E se esconde da polícia por que é metido
Em encrencas que são tantas
O bicho se meteu, coitada das santas
Das virgens do Pasto, todas ele passou
Que cabra safado, nojento e seboso
Não tem penitência para esse mentiroso
As senhoras de Pasto Grande, também ele provou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1982
1908. DESENGANO
Já tive tantos deseganos que me entraram pela vida,
Deseganos tantos, tantos foram os maus momentos,
Sempre em contratempos vivi, os desenganos de passagem
Invadiram a minha vida, me fizeram sofrimentos,
Sofrimentos profundos aguçam minhas atitudes,
É como folha solta no chão, valor pode até ter,
Mas quando se descobre o que vale, some na escuridão
Nosso sonho é vida longa, só quero mesmo é viver...
Viver de tudo claro, um claro na luz da vida,
Ser como a semente batida, é laço que se agarra,
É força forçando o que nunca se amarra...
E se amarra dá um nó na vida,
Deixa o muito sem pouco para distribuição,
Faça como o ditado, fora desengano desta minha aflição.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de junho de 2007
1909. FALTA DE VERGONHA NA CARA
Imagine uma pessoa sem personalidade
E sem amor próprio, eu conheço uma delas,
Mente que só a bexiga taboca
E não se emenda de tanta fofoca.
Acreditem vocês, pois é, não diz coisa com coisa
Diz o que tem e o que não tem,
É uma pessoa descarada e sem vergonha na cara,
Inventa histórias, o pior é dizer que tem tara
Pela educação,quando na verdade não entende
E pelo menos se entendesse não faria o que faz,
É uma semvergonha que gosta de guerra, detesta a paz
Que tanto se busca nesta sociedade desconexa.
É por demais sem ética, auto-intitula-se imbecil,
Talvez seja o que atualmente se vive neste Brasil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de junho de 1997
1910. SOLUÇÃO
Já tive muitos problemas na caminhada de educador,
Uns de pequenos, outros maiores, outros médios.
Busquei em todos a solução, alívio aos meus tédios,
Aos meus sonhos de semear a cultura do amor.
Já tive problemas, tais quais não se comentam,
Que o comentário pode ferir os princípios da defesa.
É um tanto constrangedor ser uma alteza
E de repente se encontrar no grupos que se lamentam.
Nosso tempo é tempo de tantos tempos que virão,
Mesmo que a sombra paira. Nossa ilusão.
Entre um ser e um porquê, desponta uma nova visão
Que vem mostrar, assumir os encalços,
Nos embalos de todos os fracassos,
Por mais que se esforce, a solução vem a pequenos passos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1997
1911. A FOLHA E DA FORMIGA
Corre formiga amiga, pega tua folha,
Deita sobre ela, cochila um cochilo bom,
Roda tua saia, pega água, faz uma bolha
Para a folha pensar que dentro de um bombom.
A folha vendo a formiga toda espriguiçadeira,
Pôs-se a cantar um canto de folha triste,
Tanto foi a tristeza que a formiga já na choradeira
Saiu de cima da folha, ao passarinho foi dar alpiste.
O passarinho de barriga cheia, voou para longe
Como não acreditar naquela história que só Camonge
Poderia contar numa peça de apenas um ato.
Aí a formiga ao perceber tal façanha,
Num olhar de poucos amigos, com um pouco de manha
Subiu na árvore, já em cima, de cima mesmo, perdeu o contato.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1997
1912. AS MÁGOAS QUE FICAM
Tenha cuidado, muito cuidado no que diz
Se por acaso a palavra fere, não diga,
Guarde-a consigo, deixe o outro ser feliz,
Se exclua da mágoa, seja da outra, amiga,
E se a mágoa persistir no tempo, convalesça
De marcas de dor, mesmo que a dor desapareça
Não atrapalhe a vida do outro, dê um tempo à briga
Ame e deixe o outro amar, peça e atenda ao outro
Mesmo que as mágoas invadam teu corpo, tua ira.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1990
1913. MEU OLHO ESQUERDO
De tão longe o longe avistado não mais era longe
Era tão perto que de tão perto não mais era perto
Era tão distante que de tão distante não era distante
Era tão imenso que de tão imenso não era imenso
Era nada mais, nada menos do que um olho esquerdo
Que de tão esquerdo não mais era esquerdo
E de fato o atestado era errado, o olho era mesmo esquerdo
E de tão esquerdo era longe, era perto, era distante,
Era imenso, era o meu olho esquerdo.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 04 de junho de 2007
1914. AS VÍBORAS DO PODER
as víboras do poder são víboras venenosas
e sendo venenosas são víboras perigosas
e sendo perigosas são víboras traiçoeiras
e sendo traiçoeiras são víboras que se vendem
e sendo vendidas são víboras desvalorizadas
e sendo desvaloridas são víboras que trocam
e sendo trocadas são víboras perdidas
e sendo perdidas são víboras em abundância
e sendo abundantes são víboras do poder...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de outubro de 1996
1915. MUSEU DE SÃO FRANCISCO
Monumento barroco
Igreja de São Francisco
Museu de Arte Sacra
Museu de São Francisco
Sua cruz, na frente levantada
É símbolo católico, missa dada
É arquitetura, é arte, é cultura
Uma riqueza artística
Ah, Museu São Francisco
Essa calma, essa paz que nos leva
Ao aconchego, ao chamego
É tão bom, ouvir a voz do som,
Do eco de São Francisco
Abençoando o lugar, benzendo as cruzes,
Movendo a arte exposta, tudo é museu
De tanta arte contida.
Ah, Museu São Francisco
Quem me dera viver só aqui,
Sentindo a pureza da brisa
Respirando quando se precisa
É Museu São Francisco...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1987
1916. CIDADE UNIVERSITÁRIA
Cidade, cidade, cidade que não é cidade de Estado
É Cidade Universitária, bem no verde da cidade,
É Universidade Federal da Paraíba
Um Patrimônio Cultural e Educacional
Cidade Universitária, sua Biblioteca Central
Seu verde das matas, sua Estação, ação de prefeito
Quem trabalha, quem é mago, quem trabalha
Engrandece a Cidade Universitária
Local de cursos, departamentos, centros,
Reitoria, Prefeitura Universitária
Bancos, Hospital, Clínica
Arte, biologia, geografia, ciência, letras,
Pedagogia, comunicação, jornalismo,
Graduação, especialização, mestrado,
Doutorado, pós – gradução, é Cidade Universitária...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de maio de 2007
1917. AMORES ABERTOS
Dedicado para às minhas filhas e esposa
Uma conta de e-mail
Um contato que se abre
Informática do lar
Computador do lar
Correio eletrônico
O mundo está mudado
Mudemos nossa forma de pensar
Pense num mundo melhor
Uma conta aberta
Para a comunicação
Para as coisas do coração
De maneira fria e seca
Mas é que o mundo mudou
Mas isso não impede de dizer
Que amo todos os meus amores.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007
1918. MARIA QUE ME CRIOU
Foi tanta Maria que na minha vida passou
Maria Mulher
Maria Menina
Maria Meiga
Maria Magnitude
Maria Modesta
Maria Monstro
Maria Malvada
Maria, Maria
Tantas Marias
No meu coração ficou
Maria de tantas dores
Maria de tão pouco amor
Maria com muito fogo
Maria fria e calculista
Maria nenhuma na minha vida
Maria que um dia me mandou
Maria que um dia se mandou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de junho de 1997
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1997
1912. AS MÁGOAS QUE FICAM
Tenha cuidado, muito cuidado no que diz
Se por acaso a palavra fere, não diga,
Guarde-a consigo, deixe o outro ser feliz,
Se exclua da mágoa, seja da outra, amiga,
E se a mágoa persistir no tempo, convalesça
De marcas de dor, mesmo que a dor desapareça
Não atrapalhe a vida do outro, dê um tempo à briga
Ame e deixe o outro amar, peça e atenda ao outro
Mesmo que as mágoas invadam teu corpo, tua ira.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1990
1913. MEU OLHO ESQUERDO
De tão longe o longe avistado não mais era longe
Era tão perto que de tão perto não mais era perto
Era tão distante que de tão distante não era distante
Era tão imenso que de tão imenso não era imenso
Era nada mais, nada menos do que um olho esquerdo
Que de tão esquerdo não mais era esquerdo
E de fato o atestado era errado, o olho era mesmo esquerdo
E de tão esquerdo era longe, era perto, era distante,
Era imenso, era o meu olho esquerdo.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 04 de junho de 2007
1914. AS VÍBORAS DO PODER
as víboras do poder são víboras venenosas
e sendo venenosas são víboras perigosas
e sendo perigosas são víboras traiçoeiras
e sendo traiçoeiras são víboras que se vendem
e sendo vendidas são víboras desvalorizadas
e sendo desvaloridas são víboras que trocam
e sendo trocadas são víboras perdidas
e sendo perdidas são víboras em abundância
e sendo abundantes são víboras do poder...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de outubro de 1996
1915. MUSEU DE SÃO FRANCISCO
Monumento barroco
Igreja de São Francisco
Museu de Arte Sacra
Museu de São Francisco
Sua cruz, na frente levantada
É símbolo católico, missa dada
É arquitetura, é arte, é cultura
Uma riqueza artística
Ah, Museu São Francisco
Essa calma, essa paz que nos leva
Ao aconchego, ao chamego
É tão bom, ouvir a voz do som,
Do eco de São Francisco
Abençoando o lugar, benzendo as cruzes,
Movendo a arte exposta, tudo é museu
De tanta arte contida.
Ah, Museu São Francisco
Quem me dera viver só aqui,
Sentindo a pureza da brisa
Respirando quando se precisa
É Museu São Francisco...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1987
1916. CIDADE UNIVERSITÁRIA
Cidade, cidade, cidade que não é cidade de Estado
É Cidade Universitária, bem no verde da cidade,
É Universidade Federal da Paraíba
Um Patrimônio Cultural e Educacional
Cidade Universitária, sua Biblioteca Central
Seu verde das matas, sua Estação, ação de prefeito
Quem trabalha, quem é mago, quem trabalha
Engrandece a Cidade Universitária
Local de cursos, departamentos, centros,
Reitoria, Prefeitura Universitária
Bancos, Hospital, Clínica
Arte, biologia, geografia, ciência, letras,
Pedagogia, comunicação, jornalismo,
Graduação, especialização, mestrado,
Doutorado, pós – gradução, é Cidade Universitária...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de maio de 2007
1917. AMORES ABERTOS
Dedicado para às minhas filhas e esposa
Uma conta de e-mail
Um contato que se abre
Informática do lar
Computador do lar
Correio eletrônico
O mundo está mudado
Mudemos nossa forma de pensar
Pense num mundo melhor
Uma conta aberta
Para a comunicação
Para as coisas do coração
De maneira fria e seca
Mas é que o mundo mudou
Mas isso não impede de dizer
Que amo todos os meus amores.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007
1919. ENTRE O RIO E O MAR (A Transposição)
Entre o rio e o mar
Pro debaixo da bananeira
Há um rio escoando
É farta a tamarineira
É vício que vem voando
No sonho de vavá
Sou eu que vou passando
Arrasta as águas do mar
É transposição meu amigo
Nas águas do oceano
É anjo que circula
Nos céus do meu Brasil
Canta alegre o Nordeste
Nas terras do Piauí
Nas terras da paraíba
Nas terras do ceará
Nas terras de Pernambuco
Nas terras do rio grande do norte
É o rio e é o mar
Os dois em contratempos
Invadem o meu país
O nordestino da região
É seca que não se acaba
É fogo na palha da cana
É cana do no rio e o mar
As águas que aqui passeiam
É passeio do mar com o rio.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007
1920. UMA PENSADA DECISÃO
Pensei, refleti
Mudei, conheci
Parei, sair
Entrei, permiti
Chorei, sorri
Cheguei, parti
Lutei, entendi
Achei, assumi
É a Lei, resumi
Libertei, prendi
Lancei, eclodi
Marchei, lambi
Não sei, eu li
As matérias mais lidas
Das páginas contidas
Dos dias nas vidas
Uma decisão decididas
Nas entrelinhas perdidas
Encontrei, decidi.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007
1921. OS COQUEIRAIS
A vida cá de cima de onde estou
É visão de coqueiros
Verdes
Amarelos
A vida cá de baixo de onde estou
É visão de barro batido
Coqueirais
Coqueirais
A vida cá de cima de onde estou
É visão de coqueiros
Abre um pra tomar
Abre um e me dá
É doce a água
Vendida na praia
Nas calçadas das ruas
Nos supermercados
Nos mercados populares
Nos shoping centers
Cada um tem seu preço
Cada um explorar é que faz
A vida cá de baixo de onde estou
É faca no coco
Fruto dos coqueiros
Lá vai o tirador de coco
Com sua armação
Subindo na árvore
Tome coco no chão
É festa de coco
É coco pra molecada
Abre um, Seu João.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007
1922. O MUNDO
O MUNDO é mundo no mundo da gente
Há tantos mundos no mundo
No mundo do mundo
No mundo do universo
No mundo tão mundo que muda o mundo da gente.
A explosão
A espécie
Na divisão do mundo
Na constelação do universo
É mundo tanto que se tem
Se tem tanto mundo do Ocidente e do Oriente
Que é mundo científico
Na descoberta de mundo
São seres extras que vem
De outros mundos
Para o mundo da gente.
O MUNDO
Nosso mundo atual de avanços e contemplações
Que o mundo por mais que seja mundo
É mundo no mundo de tantas aflições.
O MUNDO
Os continentes no mundo
Os países no mundo
As regiões no mundo
Os estados no mundo
As capitais no mundo
As cidades no mundo
E aí é mundo que faz mundo de tanto mundo
Que todo mundo acha que é dono do mundo
Só porque faz parte deste mundo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007
1923. OS CONTINENTES
Os continentes
Asiático
Europeu
América do Norte
América Central
América do Sul
Africano
Oceania
Os continentes
Tem terra gelada
Tem terra quente
Tem vulcão em erupção
Tem vulcão para turista ver
É uma vastidão de água
Doce e salgada
Tantos oceanos nos continentes
Pacífico
Atlântico
Glacial Ártico
Índico
Glacial Antártico
Os continentes
Os continentes
Os continentes
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de agosto de 1988
1924. A AMÉRICA DO SUL
A América do Sul
Argentina
Bolívia
Brasil
Chile
Colômbia
Equador
Paraguai
Uruguai
Venezuela
Cada um com sua cultura
Com sua riqueza
Com sua educação
É América do Sul
O continente do povo do Brasil
América do Sul
Vive gaivotas e cobras
Urubus e peixes gigantes
Vivem nos mares
No oceano da gente
E viva a América do Sul.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de agosto de 1987
1925. O BRASIL
Brasil
Aquarela Brasileira
Aquarela do Brasil
É Brasil
Samba e Futebol
É Brasil
Do Meu Amor
Terra que Deus criou
Brasil
Brasil
Brasil
O Brasil desse povo
Esse povo brasileiro
Que mora aqui no Brasil
Que sai desse Brasil
Para ir para outro Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
É tanto Brasil
Dentro de um só Brasil
Colônia de Portugal
07 de setembro de 1822
O Brasil no dia 09 de janeiro de 1824
Diga ao povo brasileiro que fico
Foi Dom Pedro I
Brasil
Brasil
Brasil
Ari Barroso falou
Pixinguinha confirmou
Que tudo isto é Brasil
Luiz Gonzaga cantou
Jackson do Pandeiro tocou
Foi o Brasil estrangeiro
Que na nossa casa entrou
No futebol de tantas emoções
Garrincha
Pelé
Zico
Romário
Mil gol
Mil gol
Amarildo
Zagalo
Parreira
Tostão
Jairzinho
Gérson
Paulo César Caju
Brasil
Darci Ribeiro na educação
Oscar na arquitetura
Getúlio na política
Luiz Carlos Prestes
Janete Clair na novela
Dias Gomes também
Fernanda no teatro e na televisão
Paulo Gracindo na incorporação
Cecília Meireles na poesia
Machado de Assis na Academia
Ariano Suassuna no movimento cultural nordestino
É tão bom ser Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Martins Penna no teatro
A Semana de 1922
Mário de Andrade
Tarsila do Amaral
Anitta Mafaltti
Maria Margarida Alves
A luta do povo oprimido
Lampião rei do cangaço
Maria Bonita a rainha
É cada coisa neste Brasil
Que chego a pensar
Que às vezes não existe Brasil
Ou não...
Brasil
Brasil
Brasil
Raquel de Queiroz
Literatura de Cordel
Esporte
Arte
Cultura
Tudo isto é Brasil
Com seu imenso espaço territorial
Brasil
Brasil
Brasil
A Amazônia brasileira
Tão de olho nesta mata
O Pantanal que alguém desmata
A preservação da natureza
O Congresso Nacional
Muita gente para pouca ação
A capital federal
É lá que há explicação para o Brasil
Da mídia internacional
Rio de Janeiro
São Paulo
Brasil
Brasil
Brasil
As mulheres brasileiras
Versadas como mulatas
São negras de beiços carnudos
Cruzadas com índios e mamelucos
Com brancos e cafusos
E eis a confusão deste Brasil
A nossa veia
Tem sangue de índio, português e africando
A raça deste Brasil
É polivalente no meio de vida
Está difícil para alguns
Viver aqui neste Brasil
O desemprego
A falta de emprego
O desempregado
O que não consegue emprego
Aquele que procura emprego
Não tem emprego no Brasil
A educação brasileira
Criança come
Tem farda
Brinca
Se diverte
Mas não aprende
Ser Brasil para despontar como brasileiro
É enfrentar um exército de marinheiros em cima de aviões
As Forças Armadas não estão armadas
A campanha do desarmamento
Serviu para desarmar o Brasil
É tanto Brasil
Que cansa ser do Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Vou terminar este longo trabalho
Porque sou brasileiro e me atrapalho
Faço parte deste Brasil
Acerto muitas vezes falho
É Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Terminei e sou Brasil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007
1926. NORDESTE
Nosso Nordeste
Nordeste Brasileiro
A seca do Nordeste
As contradições do Nordeste
O Mandacaru
O Xique-Xique
A Palma
O Nordeste deste Brasil
A hora é de calor
Quentura na vida inteira
A hora é de frio
O turismo agradece
É Nordeste do Brasil
Os Estados Brasileiros
Paraíba
Pernambuco
Piauí
Maranhão
Rio Grande do Norte
Alagoas
Sergipe
Bahia
Ceará
São tantas e tantas riquezas
Que o Nordeste é tão brasileiro
Como o Brasil é Brasil...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de setembro de 1984
1927. O ESTADO DA PARAÍBA
Paraíba Estado do Nordeste do Brasil
Banhada pelo Oceano Atlântico
Terra com águas puras e flutuantes
É Paraíba de tantos amantes...
O Estado da Paraíba
Muita gente por aqui passou
Fez história e trouxe glória
Paraíba vou parar, conte você a vitória.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1982
1928. A CAPITAL PARAIBANA
João Pessoa, capital paraibana
Nascida nas margens do Sanhauá
Banhada pelas águas do Jaguaribe
É João Pessoa com mais de quatrocentos agostos
Viva Nossa Senhora das Neves
Viva João Pessoa
O Jardim das Acácias...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de agosto de 1984
1929. OS BAIRROS DE JOÃO PESSOA
são tantos e tantos bairros
na cidade de João Pessoa
são bairros periféricos, bairros litorâneos
bairros nobres e bairros pobres
os bairros da minha cidade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1982
1930. AS CASAS DA MINHA CIDADE
as casas da minha cidade
são de tijolo, taipa e barro
as casas são belas e artesanais
de alvenarias as casas da minha cidade
minha cidade tem casas e mais casas
a arquitetura é a mais expressiva que há
as casas da minha cidade
são casas de sonhos as casas da minha cidade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1983
1931. SITUAÇÃO ENCONTRADA
Sou um soneto feito para pura explicação,
Sei que serei lido, ou talvez jamais lido.
É fogo na roupa o que enfrento, se me é permitido
Conto até três para tentar explicar esta situação.
É uma situação que encontro e não dou jeito,
E se dou jeito não sou o causador de tal situação.
Assumo que problema se resolve com educação
Só que o dever prevalece diante do direito.
Direito todo mundo quer ter,
Mesmo que o dever não seja executado.
É uma situação que hoje chega o resultado,
O resultado é que a situação do dever
Rompe o tempo e me faz viver o pecado
O pecado de explodir e matar o acusado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de junho de 2007
1932. O MORTO VIVO
Um vivo se fazendo de morto
Porque achava que tinha morrido,
Pedia a Deus e ao mundo socorro
E de tanto socorro ficou desfalecido.
Era um morto tão sem vida
E como sem vida morreu na esquina,
E quem passasse ficava com a dor sentida
De tanto sentir o morto e sua sina.
Era um morto até bem vistoso
E como tal antes de morrer
Achava que era pra lá de gostoso,
Pois é, de tanto convencimento
Restou ao morto mesmo sendo vivo
Morrer e ficar no esquecimento.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1984
1933. CAMPINA GRANDE
Estou aqui em Campina Grande
Triste, sei que a tristeza é Argentina,
Pois a mesma meteu um no Brasil
E o São João em Campina
É o que tem para toda noite,
A noite de fogos de artifícios por todo céu,
É para esquecer o jogo
O jogo que tirou todo o véu
O véu da seleção brasileira
A de Lazaroni agora é só São João,
É forró, festança, é baião
É festa por toda cidade,
Campina Grande nem pensa em futebol
É só baião, festança e forró.
Bento Júnior
Campina Grande-PB, 24 de junho de 1990
1934. FILHOS DA VIDA
Filhos que andam descalços
Os sapatos jogados fora,
Os filhos são frutos dos amassos
Comeu e foi embora
Foi embora para nunca mais voltar
E quando um dia pensou,
O pensamento de um dia chegar
Pediu tanto que não chegou
Não chegou a adoção
Seu pai negou até o fim
Melhor ficar sem pão
Do que ter outro irmão
É assim que são os filhos
Os filhos da ingratidão.
Bento Júnior
Campina Grande-PB, 24 de junho de 1990
1935. AMENIZANDO O AMOR
É fogo que arde no amor de louco
É fogo que arde aos poucos
Invade o fogo que guardam nas entranhas
É fogo do macho e das piranhas
As piranhas andam soltas nos cabarés
Tomam cerveja e posterior os cafés
Os machos ameniza o amor
As piranhas popularizam a dor
A dor de quem sente vontade
Vontade de amenizar o amor
O amor da donzela e da maldade
A maldade do macho amenizador
Aquele que ameniza a contra-gosto
A maldade que resta da dor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de agosto de 1984
1936. EM PÉ DE GUERRA
Em pé de guerra com a guerra já vencida
Os vencedores da guerra pecam pela fé,
Matam inocentes e gentes da mais ralé
E ainda são condecorados de heróis
Porque todos não querem uma guerra perdida
Mesmo que pra isso aprendam a distância
Da razão e da emoção do silêncio de uma ambulância
A passar entre os mortos acendendo os seus faróis.
Em pé de guerra um povo já vibra
Uma vibração pra lá de contraditória
É uma guerra onde só quem se equilibra
É o poder do capital
E assim portanto vem a vitória
É o homem é irracional.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de setembro de 1987
1937. BANDIDO BOM
Bandido bom, invadiu um banco, não matou ninguém
E ainda por cima deu dinheiro a velhinhos,
Pediu perdão por toda maldade causada
E ao sair desejou a todos só o bem.
Pense num bandido bom que não pegou um vintém
Da gente que estava com conta a pagar,
Foi motivo de admiração por todos
Só porque o bandido não roubou homem de bem.
Era um bandido educado e formado
Na Universidade do estrangeiro
Falava idiomas e era rico seu brasileiro
Um sotaque que causou espando nas mocinhas
Mesmo de máscara no rosto, riu do roubo no banco
E ainda por cima saiu dizendo: seja franco.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de novembro de 1988
1938. OS SAPOS DA CHUVA
Os sapos da chuva
É tanto sapo
Um tão amigo
Chega no pé da gente e diz
Que vida boa de chuva
É um sapo grandão
Um pequeno que rola no chão
É sapo que não acaba mais
É chuva para alegrar os sapinhos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de novembro de 1988
1939. CADA NOME ESQUISITO
É Professor...
Para lidar com tanto nome esquisito
Na caderneta
Na chamada
É tanto nome
É nome tanto
Que troca nome
É nome trocado
É nome esquisito
Na caderneta do professor
Na ficha da secretaria
Por que o pai?
Por que a mãe?
Coloca nome nos seus filhos
Os mais difíceis possíveis
E tome nome
E tira nome
A imitação do artista
Esbarra na chamada
Do Professor...
Bento Júnior
Alhandra-PB, 05 de novembro de 1990
1940. MIL NOVECENTOS E QUARENTA
Em Mil Novecentos e Quarenta
No Sertão de Bodocongó
Um pai embriagado sacou a arma
E de um tiro só matou um mocó
Era um mocó querido
Que não fazia mal a ninguém
Era o animal de estimação do filho
E valia em dinheiro pra mais de cem
Chorou tanto o homem embriagado
Que Bodocongó inteira pra não acontecer o pior
Deu ao filho do bêbado um lindo presente
E para nossa surpresa era um outro mocó.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989
1941. AS PUTARIAS DA VIDA EM CENA
De tanta putaria que o mundo vive
Vive o homem na putaria do mundo
E se a putaria é putaria de sonho
É sonho que se sonha no mundo
E se o mundo de tanta putaria
Viver no mundo da putaria
É sinal que a putaria que o mundo tem
Não tem mund que agüente
Tanta putaria de tanta gente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de abril de 1984
1942. OS VÍCIOS QUE O HOMEM TEM
o HOMEM tem tanto vício
que não se sabe o valor que tem
o Homem é tão viciado
que não dá valor a ninguém
o Homem de tanto vício
é vício que não acaba mais
quanto mais se está viciado
é vício que que tem de tomar
é café, é cerveja, é água de coco
é cachaça, é maconha, é crack
é cocaína, é charuto, é cigarro
é mel, é cana, é aguardente
é tudo que se vicia
o Homem é um viciado...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989
1943. CACHAÇA E SUAS DERIVADAS
Cachaça, ginebra, aguardente, pinga
Me dá mais uma, uma lapada, cana
Da boa, boa demais, ta com a gota
Estou bêbado, deu a bexiga, essa condenada
Istopô balai, gota serena, peste caninana
Infeliz, desce infitete, uma pro santo...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de março de 1983
1944. UM VÍRUS
Bactéria
Virose
Doença
Um vírus
Na Internet
No Computador
Tem tanto vírus
Para se ganhar dinheiro
Um tal de vírus louco
Entrou na minha página
Acabou meu conteúdo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1997
1945. JÁ É TARDE, A CAMA ME ESPERA
Estas horas da noite
Em que o relógio se esquece de tocar
Qualquer dia é como se fosse um dia qualquer
No toque – toque do tempo
Já é tarde, eu tenho que dormir
A cama me espera, já é tarde...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989
1946. OU TUDO OU NADA
Tenho que ter poder
Para poder com você
Tenho que ter poder
Para poder com você
O poder é viver
Viver para o poder
O poder é sofrer
Sofro pelo poder
É de tanto conhecer
Os bastidores do poder
É tentar fazer
Nascer um novo poder
E quando se vai nascer
Brota em nós um novo poder
É tanto poder para poder
Alguma coisa tentar ser
Diante da vida do poder
No alicerce do ser
E que viva o poder
Mesmo sem poder
Eu posso ter
Um multidão de poder
Um lugar para conhecer
Da vida um pouco de poder
Eu só quero é poder...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989
1947. TENTE ME COMPREENDER
Tente me compreender
Acima de todas as razões,
É que a vida é sofrer
E quem sofre são os corações
Os corações sofrem tanto na vida
Que a vida impede o caminhar,
É que o caminho é coisa decidida
No verbo ser e no verbo amar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989
1948. EU RESPONDO PELO QUE FIZ
SE faço alguma coisa erra
SE faço alguma coisa certa
SE faço alguma coisa feliz
SE faço alguma coisa de triste
SE faço alguma coisa indecisa
SE faço alguma coisa perdida
SE faço alguma coisa contente
SE faço alguma coisa decente
SE faço alguma coisa inteligente
SE faço alguma coisa distante
SE faço alguma coisa tão santa
SE faço alguma coisa e vou embora daqui...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989
1949. AS VIDAS DAS BARATAS
Cada barata tem uma vida de tantas vidas
Uma barata é tanta vida na vida da gente
Que quando barata o inseto viver
É barata que de tanto morrer
O nascer é barata que não se acaba mais
E de tanto o avistar ser barata na frente
Muito mais baratas a gente tem de matar
Ela sobrevive à bomba de guerra
Ela sobrevive até na ocasião da paz...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989
1950. A PARTIDA DE TANTAS VOLTAS
As vezes que eu tive de partir
Voltei e cá contigo fiquei,
Fiquei sem nada cobrar
Sem nada em troca pedi
É que tenho tantos compromissos
E longe de casa assumi...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989
1951. VOU DORMIR
a cama me espera
com todos os lençóis
o travesseiro me espera
com toda maciez
na cama o sono
chega de mansinho
empura o cidadão
faz um carinho
a cama me espera
a cama me espera
é sono que vai chegando devagarinho
vou dormir...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de abril de 1985
1952. ESTÁ DOIDO?
Cabra de peia dá peia na gente e conta
Pra todo mundo se tu é doido ou se
No teu lugar algum doido passou?
Me diz filho de uma mãe boa
Será que você está doido
Ouvindo a todo mundo e não me ouvindo?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989
1952. CASCÃO
Eu sou Cascão
Ou melhor dizendo
Colecionava os gibis de Cascão
Diziam que eu não tomava banho
Hoje ganhou o Cascão
Tomo muito banho
Não aprendi com Cascão
Nem com A Turma da Mônica
Eu era Cascão
Hoje queria ser Cascão
O apelido de infância
Cascão do meu coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1985
1953. OLHOS FECHANDO
Estou com os olhos de tanto sono querem fechar
Vou tentar um poema na ponta deste lápis
Apontar o poema dos olhos
Apontar o poema da retina
Apontar o poema da menina
Que mesmo estando com sono
Não morri, isso me anima.
Estou com os olhos fechando de tanto sono
É sono para dar e vender
Quem quer um quilo de sono
Venha aqui e pegue o seu.
Estou com tanto sono
Tanto sono tenho que dormi
Os olhos se fecham de sono
Eu quero ir para cama dormir
Vamos dormir meus olhos
Não feche assim sem permissão
Vamos dormir meus olhos
Veja se na cama aumenta o tesão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980
1954. ESTAS MÚSICAS ME LEMBRAM MEU PAI
É Luiz Gonzaga, o Rei do Baião
Com sua sanfona, puxe o fole
Lembra meu pai, tão passado
Eu calado, sem nada entender
Vendo meu pai, na calçada
A radiola, daquela que suportava
Três bolachões, todos de Luiz Gonzaga
Era tempo de São João
Era música o mês inteiro
Meu pai tão sorridente
Ria de cada música do Rei do Baião
Que distâncias hoje me encontro
Mas trago de volta o passado
O passado do meu pai
Que hoje é presente em mim
As marchinhas juninas
Meu pai junto delas
Era como se meu pai
Tocasse sanfona
Puxasse o fole de Luiz
Era milho, era fogueira, era São João
Era meu pai, a radiola a tocar
Luiz Gonzaga, o Rei do Baião
As músicas de Luiz
Eu quero chá, boi bumbá
Olha pro céu meu amor
Ver como ele está lindo
Olha praquele balão multicor
Que lá no céu vai surgindo
Foi numa noite igual a esta
Que tu me deste o teu coração
O céu estava assim em festa
Pois era noite de São João
Havia balões no ar
Festa e baião no salão...
Dar vontade de chorar
É como se meu pai tivesse cantando
Fazendo um dueto com Luiz
Hoje, sei que não é a mesma coisa
Meu pai já velho, cansado pelo tempo
Não tem mais radiola, só som potente
Que incomoda os ouvidos, a mente e o juízo
Meu pai já não fala com tanta empolgação do Rei do Baião
O Rei do Baião já se foi
O tempo mudou
Meu pai já não é mais o mesmo
Hoje tem filhos e netos para criar
Não sai de casa, quer morrer em casa
Ouço e fico triste, o porquê de tanta mudança
Se meu pai me ensinou a gostar de Luiz
De Nelson, de Vicente, de Augusto, de Francisco
De Marines, de Altemar, de Alcirdes, de Ângela,
De Agnaldo, de Agostinho, de Cantadores de Viola
Da Literatura de Cordel, das histórias infantis
Meu pai só não, minha mãe também
Nas histórias era a Rainha para nos fazer felizes...
E meu pai? Meu pai é passado
Por que a audição de suas músicas estão presentes
Na memória de minhas recordações
Qualquer dia desses eu vou lá em casa
Gravo um cd com as músicas que ouvia no passado
Quero ouvir junto do meu pai
Eu sei que ele vai se emocionar
Coisa que ele não gosta muito
E sei também como faze-lo mudar de idéia
Ou será que eu estou delirando
Porque o meu pai jamais iria mudar em conseqüência
Da minha presença pedindo para ele recordar...
Sei não. Só sei dizer que hoje bateu uma saudade
Danada de boa daquele meu pai querido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de junho de 2007
1955. A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE
Diz o ditado popular
Que a esperança
É a última que morre
E até que provem o contrário
Já enfrentei leões vencedores
Que venci no final da batalha.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980
1956. LUTE MINHA AMIGA
Se queres vencer com poucas pedras na mãos, atira na primeira pessoa
Esta que passa na tua frente. Cuidado. É tua mãe. Queres matar?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980
1957. AS PARTES QUE NINGUÉM VÊ
Ela tem
Uma parte
Esta ninguém
Pode ver...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980
1958. O CHÃO DE CADA DIA
Ele morreu
Se enterrou
Ninguém viu
Ninguém teve pena
Só tive pena
Da mulher dele
Tão velha
Nem deu para aproveitar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980
1959. AS PAZES DOS RAPAZES
Ele estava em guerra
A mulher pediu paz
Os rapazes em coro
Gritavam abestalhados
Inclusive eu
De tão abestalhado
Pedi pazes aos rapazes
Que apenas queriam guerra...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980
1960. AS ASSOMBRAÇÕES DO CASARÃO 46
Quando eu passo naquele casarão, sofre de epilepsia
Caio no chão, estremeço o chão do inexplicável
Dou pulo de melancolia e de medo do casarão 46
Acho que sofro de amnésia e insônia por nada saber explicar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980
1961. ME MANDE UM E-MAIL
Antigamente, bem antigamente
A carta, bem antiga comunicação entre os povos
Servia de base para os encontros e desencontros
A carta dava notícias, demorava mas chegava
Carteiros estraviaram tantas, tantas foram as jogadas fora
Que tantas cartas ficaram pelo caminho
As cartas dos amores perdidos
As cartas dos amantes apaixonados
As cartas das paixões proibidas
As cartas de Augusto
As cartas da mãe de tantos que foram Augusto
As cartas de despedida
As cartas de chegada
As cartas da má notícia
As cartas das boas notícias
As cartas de antigamente
Um mês com o tempo já vencido
Mas era uma carta
As cartas que quando foram abertas
A história já tinha mudado de rumo
As cartas que não servem mais
Os papéis de carta
Tão enfeitados nas mãos das meninas
Nas mãos das madames
A carta enquanto correspondência
Até hoje ainda se comunica entre os povos
Só que as cartas são outros quinhentos
Hoje tem um tal de e-mail
Que mesmo antes mesmo
De você querer mandar
Ele sai da sua mão e vai embora
Na mesma hora o outro já recebeu
Sem emoção, sem vida
Sem razão, sem porquê
O e-mail é comunicação, meu irmão!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1995
1962. AS RAZÕES DAS EMOÇÕES LOUCAS
A razão entre a emoção e o ser querer ter é vício que
Assombra os pensamentos. As razões das emoções
É do louco, é da louca, é de mim, é de você...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980
1963. DIGA LÁ, PAIXÃO
diga lá, paixão
onde estás que não me ouves
e se estás me ouvindo
por que não trazes os couves
os couves para o feijão
sem ele eu não almoço
peço que me tragas
não gosto de alvoroço.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1979
1964. ALMOÇAR
a filha chama
a mulher chama
a barriga chama
o almoço está na mesa
a barriga está roncando
o feijão verde está quente
o arroz está quase frio
a carne é quase nada
a verdura é muita
o macarrão é pouco
o suco está pronto
é melhor almoçar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 2004
1965. SEXTA-FEIRA É DIA DE COMEMORAÇÃO
sexta-feira
nós, ela e outros
o diálogo é passado
os santos são pecados
a razão prevalece
nas emoções dela
ele tem contradição
as outras defendem
a outra se cala
o outro dá um riso
as omissões da lei
é contra o mundo
é contra um todo
é contra o certo
é contra o errado
nosso sonho
vai muito mais além...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de junho de 2007
1966. BENDITO AO VOSSO FRUTO
a religião católica
tem cada uma
que não se imagina a razão
a imaginação que o povo faz
a razão prevalece
na religião
ela tem contradição
as outras também
bendito
que bendito
é uma reza, é uma oração
é um saco, é perdão
está no homem, está em Deus.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de novembro de 1980
1967. TIMBU
Encontre entre paredes e caibos
Ripas e telhas, um tal de timbu
Bicho fedorento, nojento
Fedia igual a cheiro de cu
De cu de gente que não lava
De sebo de pica mal lavada
De xota mal passada
É o timbu
Tão sem graça o bicho
Que mesmo sendo animal
Difícil foi deixá-lo viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de abril de 2007
1968. QUE CONFUSÃO!
Somos um pedaço de chão
Na casa de seu João
Que não querendo confusão
Aí foi que aumentou a confusão
Foi lapa de lapada pelo chão
Um cai e cai na confusão
Lamentava seu João
Pai de Pedro e Sebastião
Sebastiana e Salomão
Ribamar e Paulão
Chorava de coração
Socorro era sua paixão
Que fugiu na confusão
E quem agarrou foi Paulão
Filho adotivo do velhão
Que após a confusão
Amou Maria de Conceição
Uma linda mulher sensação
Parava qualquer estação
E olhe que seu João
Ainda lhe deu o perdão
Apesar de toda confusão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de julho de 1980
1969. CARNE E LENTILHA
a pequena de tão pequena
sua voz pequena
gostava de carne e lentilha
de uns dias para cá
não quer nem ver carne e lentilha
e olhe que lentilha é bom
carne é boa...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de junho de 2007
1970. OS PRAZERES ARTIFICIAIS
Entre uma mão
E cinco dedos
O homem tão inexperiente
No ato do amor
Busca os prazeres artificiais
No pensamento tão fictício
Das realizações não realizadas
E o final é uma cápsula
De arrependimento constante...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de junho de 2007
1971. MIL NOVECENTOS E SETENTA E UM
dez anos eu completei
eu completei dez anos
de tudo que eu errei
só tenho hoje planos
planos de ser alguém
e quando isso acontecer
vou fazer só o bem
bom para minha família ser
este ano é ano de festa
estou com dez anos
muito tempo me resta
só tenho hoje planos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de de fevereiro de 1971
1972. MINI-COPA
Paulo César
Jogador de primeira
Nesta mini-copa
Ele mostrou que é o melhor
O Brasil tem tudo
Para ser na Alemanha
Tetra Campeão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de julho de 1972
1973. MIL NOVECENTOS E SETENTA E TRÊS
Dedicado para o Grupo Escolar Almirante Tamandaré (João Pessoa-PB)
Meu Tamandaré querido
Meu primário em flor
Meu Tamandaré dos mares
Tamandaré meu amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de junho de 1973
1974. MIL NOVECENTOS E SETENTA E QUATRO
Este ano, como todos os anos
Fiz planos e mais planos
Foram vitórias e desenganos
Como todos os anos...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de dezembro de 1974
1975. POLIVALENTE, POLIVALENTE
Polivalente meu amor
Por aqui estou
Quero só fazer amizades
Nesta passagem de estudante
Minha poesia é avante
Polivalente
Quando eu deixar você
Vou sentir só saudade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de março de 1975
1976. FOGO, AMOR E ILUSÃO
Por um momento pensei que estava te amando
Tudo foi ilusão. No decorrer do tempo descobri
Que você não fazia parte da minha imaginação
Porque a minha ilusão era só te amar...
O amor quando se confunde
Torna-se uma ilusão,
Às vezes deixa uma ferida profunda
Mas também agradáveis recordações...
Entre nós dois
Pensei que o amor fosse uma descoberta,
Tudo ilusão. O tempo que tive com você
Nada aconteceu. Minha paz foi ir embora, cantando
Neste mundo afora.
Então a minha ilusão foi só querer te amar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de maio de 1978
1977. MINHA ALMA ESTÁ PARTIDA
a partida é como uma ferida que se rompe
a partir da despedida não se tem paz
alegria
tranqüilidade
contentamento
enfim, só tormento...
mas no sofrimento há esperança
graças a Deus
tenha calma na minha alma
de algum dia, com certeza
com a minha luz acesa
retornar ao que nós dois fomos
no sofrimento há esperança
onde o sofrer faz parte da vida
e a vida é uma eterna criança
criança que de mim fez partida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de setembro de 1976
1978. BAIRRO DOS ESTADOS
Dedicado para a Escola CEBE (João Pessoa-PB)
Uma escola organizada
Com aula de sociologia
Amigos novos
Fiado na sorveteria
Bairro dos Estados
O Científico fazer
Passar no Vestibular
A vida enfrentar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 março de 1978
1979. PALAVRA SAUDADE
Palavra saudade
Eu ouço desde criança
Saudade do amor presente
Saudade do amor ausente
Saudade do amor ausente
Não é saudade
É lembrança.
Pois saudade só é saudade
Quando morre a esperança.
Quando a esperança morre
Tudo se complica
Fica só na lembrança
A saudade e o passado.
Passado doloroso
Triste
Triste é ter que lembrar
Lembrar que não se sente
Saudade de um alguém
Que se podia amar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 março de 1978
1980. UM SONHO ILUSÃO
Sonho
É uma grande ilusão
Viver de sonho
É fugir da realidade
Viver de sonho
É não ter o que querer
É querer o que não se pode
É cochilar e à vida esquecer...
Viver tudo que deseja
Nas noites que se dorme
Com quem quer que se esteja
Ao acordar tudo se morre...
Dizem que sonho é pesadelo
Quando se acredita nele
Mesmo sonhando ele
Sonhar é um desmantelo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 março de 1978
1981. FAMINTO
Eu passei naquela casa
e observei
um homem chorar,
entrei e perguntei:
- O que houve meu senhor?
O homem em tom de profecia
baixou a cabeça e falou:
- Nada não, seu moço, eu estou apenas
com fome.
Com dúvidas, perguntei-lhe:
- Que fome?
O homem sem muita pressa, arregalou os olhos,
deu dois suspiros, planejou os músculos
e despencou no silêncio e sem muita pressa falou:
- Fome de Paz
- Fome de Justiça
- Fome daquilo que é mais sublime ao homem:
A VERDADE!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 março de 1983
1982. SANGRANDO
Dor
infinita dor
quando haverás
de sarar o som
do meu pecado?
Doeu o toque de recolher
de tudas palavras...
Falta saber desta linha
que hora contradiz
meu silêncio
todo sangue jorrado
nas incertezas
inadequadas do meu
sentido de viver...
dor
infinita dor
quando haverás
de sarar o som
do meu pecado?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 março de 1983
1983. CARTA AO AMIGO
Dedicado aos meus vinte anos
Amigo
não queira saber
o sentido de ter vinte anos.
correr uma vida marcada, dando
mancada e fazendo sempre planos...
perpetuam de um indivíduo decente
buscando melhores caminhos, que se infiltram
nos pensamentos inadequados de um
sentimento deixado por frases repletas de carinho.
Todo mundo canta como quer, eu canto
como bem quero. Na vida sou apenas o exagero
nascido de um desespero confuso e bem romântico.
Dou pesada nos aços dos meus fracassos, pois, só quero
o bom, curtir o som e andar pelos interiores da vida.
É, Amigo, isso tudo é o amor, ou seja:
Vinte Anos de Vida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 março de 1981
1984. EU ERA BEM FELIZ
Eu era bem feliz
Tamanho de um coração,
Levava dinheiro no bolso
Sexo, amor e paixão.
Portanto surge a hora
Que logo mudo de parceira,
Estou feito o vírus
Da real crise brasileira.
Dizem que estou com AIDS
Sei que logo vou morrer,
Não me deixe assim tão triste
Preciso muito de você.
Eu quero um beijo
Com beijo ninguém pega não
Eu quero um cheiro
Com cheiro ninguém pega não
Eu quero um abraço
Com abraço ninguém pega não
Eu quero um aperto
Com aperto ninguém pega não
Eu quero sentir teu afeto
Não importa o resto
Confesso que estou
Precisando tanto do teu amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 março de 1982
1985. OS MÉRITOS FEMININOS
Dedicado para diretoras eleitas da E.M. E. F. Cícero Leite (João Pessoa-PB)
Com mérito e bastante simplicidade,
Inteligência e competência, Deus deu o poder
A quatro mulheres amadas, sensíveis e conscientes.
Imaginem uma escola construindo
O saber com idéias coletivas, assumindo
Um papel educacional, inteligência e competência,
Social e político – esta é a nossa busca...
Observar a claridade existente na escola,
Realizando o ensino-aprendizagem como
Uma oração de ternura e participação,
Esta é a nossa busca.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de outubro de 2005
1986. CHEGOU NATAL
Caro amigo
Espero poder contar contigo
Com tua significante amizade
Para toda a eternidade.
O natal está chegando
Com ele chega os meus votos
De um feliz momento
Na espera desse ano
Que vai ser maravilhoso
Felicidades meu amigo
São os votos do grande amigo de sempre.
Chegou natal, felicidades
Ano novo, tudo de bom
Festas boas, realidades
Comes e bebes, dia de som.
Que neste natal, um ano novo surja em
Teu caminho, eu teu caminho...
Que bom poder contar com tua amizade
Essa vida é tão agitada e necessitamos
Plenamente de amigos. No entanto, és um dos tais.
Você faz parte do meu currículo de amizades.
Aproveito de todo coração para te dizer que
Não só esse, mas sim, que todos os outros
Que se aproximam sejam de tremendas alegrias
Em tua vida, em tua VIDA.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de dezembro de 1980
1987. O PENSAMENTO INFELIZ DO FILHO
Mamãe
Às vezes o filho
Sente vontade
De jogar suas mãos
Na face da sua mãe
Mas ele se conforma
Apenas com a palavra
Do seu pueril cérebro.
Hoje
Mamãe sinto que as palavras
As palavras antigas são falsas
O filho ama sua mãe.
Às vezes o filho
Sente uma vontade e reprime
Volta de novo ao passado
E sente na pele
Mil razões para ficar calado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1981
1988. O TRAGO DO CIGARRO
Dedicado para o palavreado de um evangélico
Não sei tragar nenhum cigarro
Também não sei tomar um copo
Isso antes de te conhecer
Hoje sou um momento sombrio
De uma vida bem vivida
Traguei cigarros estranhos
Tomei diversos antibióticos
E cair na gandaia com você.
Hoje sou evangélico
O Senhor é Meu Pastor
E nada me faltará
A não ser falta de ar.
Nunca fui maconheiro
Nem tampouco fumei charuto
Eu tinha um companheiro
Que fumava e hoje está de luto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de dezembro de 1980
1989. SÓ DEUS...
Só Deus sabe
Da melancolia
Que trago
Dentro do peito.
Estou sempre
Predestinado
A saber de todas
As coisas
As que são capazes
De elevar a minha
Cabeça para um
Momento onde
As coisas permanecem
Inertes...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de janeiro de 1980
1990. TU ÉS PARA MIM...
Tu és para mim
um careca baixinho
feio e sizudo
banguelo e narigudo
olhão e testudo
pesão e cabeçudo
testão e filho da puta
cachaceiro e político
ladrão e miserável
patrão e dono do poder
corno e nojento
fedorento e imundo
sujismundo e fala baixo
anda descalço
passa fome e gosta de homem
vira lobisomem e apanha de mulher
sofre da vista e tem filho veado
quer ser artista e joga futebol
fala dos outros e seu pai é louco
só vive rouco e a sua mãe é puta
tem emprego no Estado e na Prefeitura
quer um melhor na Universidade
tem focinho da cara de vaca
joga milhar e é fã de bingo
não gosta de brincadeira
vive com a cara fechada
coitado desse cara
que se lasque e se lasque
Tu és para mim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1981
1991. MUITO DINHEIRO NO BOLSO
Trabalho o ano inteiro
De janeiro a janeiro
Não vejo a cor do dinheiro
Só vejo o patrão
Comprando munição
Cheio de capital estrangeiro.
Sou de bolso furado
Sou um desgraçado
Pé de chinelo
Mas eu apelo
Ao dono do poder
Que possa me devolver
Todo o meu dinheiro.
De dia e de noite
De noite e de dia
Me chega o patrão
Trazendo na mão
Um saco de dinheiro
Sou um brasileiro
E me vendo por um tostão.
Eu me arrependo
De ser o que sou
Tomei foi no cano
Me lasquei, que horror
Vivo de um tiquinho
Essa mincharia
E o patrão?
Vive de chamego
E de carinho...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1980
1992. REDIMIR
Ah, que morram todos os loucos
Os loucos, os quais pediram remissão
A todos foram negadas. O sal da boca
Dos loucos mal remunerados.
Contrapondo as vísceras
Dos deuses libertos
Assalariados, discriminados
Em busca do talado
Solo desta terra.
Como se fosse taio
O bezerro do meu país
Ainda hoje sobrevive
De remissões. Quero mais
Loucura nessa salada
De vida, para que possamos
Deduzir cada sílaba
Escrita em várias asas.
Queremos voar...
De volta contarei os casos
Obtidos em cada
Subida/descida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1981
1993. MISTÉRIOS DE TODOS OS MALES
Dentro
Desta mulher há um mistério
Um mal que atormenta
De quem mora no cemitério
Um mal que alimenta
De quem não tem critério
Só há uma razão para saber
É amar esta mulher, sofrer
Aí, sim, acabou-se este mistério.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de dezembro de 1979
1994. BOCA CALEJADA
Boca
Calejada
Mistério
Abençoada
É assim que a boca do mundo
Se encontra entre tantas bocas
Falantes, arrogantes, pedantes...
É uma boca calejada
Que me deseja a sorte amaldiçoada
É uma boca
De tempo em tempo
Calejada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1980
1995. QUERO E SEI PORQUE QUERO
Quero VOCÊ
Acima de tudo e de todos
E se todos de ti me distanciar
Ainda vou querer-te
Mesmo por um minuto
Só sei que quero
Lá fora te espero
É vício de quem saiu da puberdade
E hoje tem plena liberdade
Para dizer-te o quero VOCÊ.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 1981
1996. AGONIA DE COVEIRO
O coveiro de garra de sua enxada
Cavou a última terra
E lá botou
Seu caçula
Que tanto o amou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de dezembro de 1980
1997. EU NÃO PRESTO PARA NADA
Dedicado para um fracassado jogador de futebol
Eu não presto para nada
Eu não jogo nada
Nunca fiz um gol
Nunca fiz amor
Eu não valho nada
O time me dispensou
A bola na arquibancada
A trave o chute errou
Eu não presto
Eu não sou de nada
Me passe a bola ligeiro
Que o gol vai ser certeiro
Ele passou a bola
O chute saiu rasteiro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de maio de 1980
1998. O EROTISMO DE HELOÍSA
Heloísa por que me tratas assim
Com esse jeito malandro
De quem nada quer?
Heloísa por que me olhas assim
Com esse olhar de pilantra
De quem nada quer?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de maio de 1980
1999. CRIANÇA BALIADEIRA
a baliadeira pegou
uma pedra jogou
um passarinho se safrou
da morte que o menino deixou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de maio de 1979
2000. MARIA ENTRE TANTAS MARIAS
Maria, Maria
Beija-me com prazer
Um prazer de quem pagou
De quem pagou para beijar
Um beijo bem bom, Maria
Maria de muito amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 1979
2001. SONHOS DE INFÂNCIA
No passado eu tinha sonhos
Sonhos que não voltam mais
Hoje já sou rapaz
Já não tenho tantos sonhos
Era bom demais
Sonhos de criança
Na minha infância feliz
Ainda sou um aprendiz
Dos sonhos que a vida me fez.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de maio de 1980
2002. LINDO BAILE
Lindo baile meus olhos presenciaram
E neste presenciar malandro de quem
Nada quer, querendo ela
Dei de cara com ela, dancei
E no baile da noite, transei
Uma transa de quem fala de baile
E de cada baile falado
Um amor esquecido
Um amor matado
Um amor já morrido
Um sexo sem compromisso.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 1980
2003. NOME DE SANTO
Nome de santo
O homem da esquina tem
Nome de santa
A mulher da esquina tem
Nome de santo
O homem levantou-se primeiro
Ganhou da santa o direito
De falar e receber a água benta
Que o santo lhe deu por direito.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de outubro de 1980
2004. PELADA NA FRENTE DE CASA
Um campinho com tantas recordações
Guarda meus sentimentos de menino
Vizinhos brincam de saudações
Saudades dos meus tempos de menino
Uma pelada com Pelé
No irmão se dá olé
Tome gol na cara
E deixe de tomar café.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1979
2005. SEMENTES FRUTÍFERAS
Sementes plantadas
Água botadas
Frutas que vão nascer
Sementes plantadas
Terras colocadas
Frutas que vão florescer
Sementes no chão
Frutos do pé de limão
Frutas que vão alimentar
Sementes no chão
O alimento de cada cidadão
Frutas que a fome vai saciar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de junho de 1980
2006. ABUSO DE MENINO
Menino deixa de abusar
Se não eu te dou uma surra
O menino quis chorar
Montou na sua burra
Montou e foi embora
A mãe ficou a chorar
O pai ainda hoje chora
Para o menino voltar
O menino voltou depois de crescido
Rico e com muito dinheiro
A mãe, o pai já bem envelhecidos
Abençoaram o filho
O pai de tanta emoção
Deu um suspiro derradeiro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de junho de 2007
2007. NOSSA COMO TEM ZÉ...
Dedicado para Jackson do Pandeiro ( o rei do ritmo)
Eu aceito o desafio por morrer de saudade
e ser feliz, aqui topo tudo na vida.
Sou Paraíba, cabeça chata e tenho liberdade
de gritar o nome não em vão.
O nome dele é Zé do Sabão
primo de Chico, o do Olhão,
nossa como tem Zé lá na Paraíba.
E assim cantou Jackson do Pandeiro
Com seu pandeiro e sua mão
E todo mundo saiu para aplaudir
Mas voltou atrás quando descobriu
O cabra também se chamava Zé
Jackson saiu na contra-mão...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1990
2008. TE AMO NESTA ONDA BREGA
Te amo neste onda brega
Visto calça comprida e blusa jeans
Para você sou como um pega
Nunca diz não, só fala os sins.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1990
2009. DISTÂNCIA NO SILÊNCIO DA NOITE
a noite encanta e é nostalgia em mim
o silêncio me mata entre a distância do tempo
entre a vida e a morte a distância corrói
meu silêncio de vida, viver em plena morte
a morte da distância, a noite entre a minha vida
e a vida do outro no outro modo de ser nostalgia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1990
2010. MISTERIOSO ENCANTAMENTO
Misterioso mar
Entre as ondas do mar
Mar do mistério das ondas
Entre as ondas espumadas
É o mar dessa vida
Acabando com vidas
Quem vai no alto mar
Ele já matou gente
Já fez gente viver
É o mistério dos encantos
Da vida de quem vive no mar
O mar
O mar
Assombrando pescadores
Desejando morte aos amores
Matou minha Maria das Dores
Numa noite de luar
Ah, se eu pudesse ir no mar
Eu traria Dorinha
Com sua bela carinha
Para junto de mim
Mas sem deixar o mar
É encantado o mar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1990
2011. POR QUE PERDI TANTOS POEMAS?
Eu perdi tantos poemas
Tantos poemas não foram salvos
Por causa de uma tecla
Eu perdi quase todos os poemas
Todos os poemas
Para mais de quarenta
Por causa de uma tecla
Não foram salvos
É isso que dá nada salvar
O computador não tem recursos
Se por acaso o cidadão não salvar
Deveria ter um mecanismo
Para o cidadão ir buscar
Na intimidade do computador
Por exemplo
No meu caso, que já existe
Um arquivo com mais de quinhentas páginas
E eu estou digitando poemas
E de repente fecho sem salvar
Deveria ter um mecanismo para que eu fosse buscar
Lá na intimidade do computador
Algo que ajudasse o cidadão procurar
Era mais ou menos assim, suponhamos
Este poemas de número 2011
O qual estou neste momento digitando
Se por acaso eu fechar o arquivo e não salvar
De repente noto que o poema número 2011
Não foi salvo, e ai?
Abro o arquivo e digito o número 2011
E lá vai mostrar onde se encontra este número
O cidadão vai lá e resgata o que estava fazendo
Porém, muitas coisas seriam retomadas
Aí neste momento eu teria mais de quarenta poemas
Todos comigo aqui na tela sem precisar
Novamente todos digitar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 2007
2012. DIA DOS NAMORADOS
Hoje, doze de junho
Do ano de dois mil e sete
Dia dos namorados
De manhã logo cedo
A mulher na cozinha
Curso a fazer
Crianças para a escola
Ela tem que levar
Ela é a minha eterna namorada
A mãe das minhas filhas
Hoje é dia dos namorados
Viva o santo casamenteiro
Santo Antônio e o menino
Já me casei de corpo inteiro
A filha se acordou
A mulher diz que estiou
A chuva já passou
A vida só vale se tiver amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 2007
2013. MINHA FILHA SE ACORDOU
Carolina se acordou
Está aqui com o pai
A cara de sono
O aparelho na boca
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 2007
2014. O MENINO E A BICICLETA (É com essa bicicleta que eu vou)
Dedicado para Igor Dias (Filho de Zé Humberto e Zélia – sobrinho de Norma Sueli – minha esposa)
Tenho fama de artista
Físico de atleta
Rondo o espaço
Em cima de uma bicicleta
Não estou nem aí
Porque de calaçada em calçada
Dou gargalhadas
E nela vou pedalando...
Sei que minha bicicleta
Não é tudo
Minha mãe dentro de casa
Me manda estudar
Respondo que já vou...
Não se pode nem brincar
Vou estudar, sei que vou
Amanhã eu volto
Na minha bicicleta a pedalar...
E assim o menino montado
Na sua bicicleta
Vai de rua em rua
Segura que lá o atleta...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de setembro de 1994
2015. CORAÇÃO QUE DESGARRA
Coração desgarra
Esse pedaço cravado
Na membrana do meu pecado
Lindo, capaz de protegê-lo
Porém incapaz de tê-lo
Somente, somente meu...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de agosto de 1991
2016. A FILHA QUER E NÃO QUER DORMIR
a filha caçula com os olhos fechando de sono
não se entrega ao momento e me espera
querendo que eu a coloque para dormir
é uma filha linda que precisa entender
se ela quer dormir que vá
se quer ficar acordada que fique
os olhos dela se fecham
acho que tenho que colocá-la para dormir...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de agosto de 1991
2017. O QUE DEVEMOS FAZER?
O que devemos fazer?
O que queremos fazer?
O que entendemos fazer?
O que merecemos fazer?
O que sabemos fazer?
O que pretendemos fazer?
O que se deve fazer?
O que se quer fazer?
O que se entende fazer?
O que se merece fazer?
O que se sabe fazer?
O que se pretende fazer?
O que mais se pode fazer?
O que mais podemos fazer?
O que mais poderemos fazer?
O que mais poderíamos ter feito?
O que mais pode-se fazer?
O que mais não se deve fazer?
O que mais não se sabe fazer?
O que mais se admite fazer?
O que mais não agüentamos fazer?
O que mais não chegamos a fazer?
O que mais nesse mundo nunca se deve fazer?
O que mais, o que mais, o que mais
Está aqui com o pai
A cara de sono
O aparelho na boca
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 2007
2018. UMA ORAÇÃO PARA O MEU CHÃO
Toda noite vou pedir em oração
Para São Pedro e São João
Mandar água para molhar o meu chão
Molhar o meu sertão
O povo não tem o que comer
O povo só vive a sofrer
Mande água para o povo viver
Chuva ao sertanejo só dá prazer.
O sertanejo morre de fome
Morre mulher e homi
O povo faz tempo que não come
Manda chuva se não o povo some.
Aqui no meu sertão
Já não tem mais plantação
O gado vive de oração
O sertanejo nesta aflição
Não sabe o que fazer
E quando sabe fazer
O que sabe é tão pouco
Na tão pouca água que cai no chão.
O sol quente acabou com tudo
Destruição por todo este sertão
Agora olho para esse povo
É de dar pena no coração.
Vejo tanta gente boa
Morrendo de solidão
Não há comida
Não há água
Nenhum pedaço de pão.
As lágrimas caem dos olhos
Vermelhos do sertanejo
Quando um sertanejo morre no mundo
O mundo chora sem explicação.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1983
2019. CARNÍVORO
a planta carnívora roeu a roupa
do rei da minha luz, enquanto
ele de olhos vedados espiava tudo
na abertura da porta que se fechara
no primeiro ato
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 abril de 1983
2020. PEIXE DO RIO, PEIXE DO MAR
Um dia um peixe do rio conhecido senhor
Das águas doces, ao ver um peixe do mar
No balaio da feira, travou um diálogo
Que até hoje está escrito nos cordéis.
O peixe do mar conhecido senhor das águas salgadas
Ao ver o peixe do rio no balaio da feira, travou um diálogo
Que até hoje está escrito nos livros dos bacharéis.
O peixe do mar
O peixe do rio
O peixe no frio
O peixe no ar
O peixe do rio
O peixe do mar
O peixe do sá
O peixe do cio
O peixe do mar não gostou
O peixe do rio muito menos
Os dois em balaios separados
Os dois já tinham sido comprados
Os donos dos dois peixes
Ao ver tamanha confusão
Disse baixinho aos dois
Quem é a minha primeira refeição?
Os dois de tanto medo
Não mais discutiram o assunto
E para sorte do rio e do mar
O dono encontrou com um defunto
Grande era a choradeira
Os peixes choraram também
O dono deu um vacilo
Os peixes de deram bem
Foram embora para bem longe
Para uma terra chamada Brasil
O peixe do rio foi pro mar
E o peixe do mar foi pro rio
De vez em quando nesta terra do Brasil
Os dois faziam repentes
Lembravam do balaio de feira
Dos olhares de tanta gente
As águas do rio vão pro mar
Um dia as águas se encontram
Diz o famoso ditado popular
O peixe do rio já tem nome
Tem nome o peixe do mar
De tão amigo os dois
Ao ver os dois não se sabe
Quem é do rio
Quem é do mar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 abril de 1983
2021. NO ALTO DO CÉU DA TUA BOCA
na tua boca me calo de boca fechada
tu me olhas e me queres
mesmo com o riso trancado
deste riso de final de mês
ontem pensavas assim
e hoje vives assim
quanto mais se aproxima o verão
mais andorinhas voam à procura de sonhos
quanto mais se experimenta
menos se ganha experiência
no olho cai mais pimenta
viver é parte da ciência...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1981
2022. O ARTISTA SEMPRE É ( Nunca dizer que foi...)
O artista pega na sua mala
Na sua mala tem cobra
Na sua mala tem pombo
O artista sempre é
Nunca dizer que ele foi
Sempre será artista
Porque artista ele é.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1987
2023. FRUTO
Você disputou barreiras
Mas com jeitinho
Conquistou meu coração
Você combina comigo
De tudo me ensina um pocu
Os motivos de uma emoção
Você faz parte do mundo
Em que moro e choro
Das saudades da paixão
Você conhece um pouco
Nossas brincadeiras
De se dar as mãos
Você coloca no mundo
Sua voz feminina
Nós somos irmãos
Você é o fruto do bem
Que floresceu em mim
Me deixaram coisas assim
Que feliz me deixa também.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de junho de 1985
2024. PARTICULAR, PARTICULAR
Quando duas pessoas se falam
E uma chega de mansinho
Rompe-se a barreira do chafudinho
E podem até falar da vida minha
O que importa é ter muita fé
E contar os segredos a qualquer
Fulaninha.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1987
2025. IMAGINE UM MUNDO ASSIM...
Imagine se o mundo fosse o que pensamos
E se você achasse no meio de uma multidão a sua cara-metade?
Olhe que o mundo sempre nos encontra calados à vida
E nunca é tarde para o encontro do amor!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1987
2026. POSSÍVEIS ARGUMENTOS
De todos os meus possíveis argumentos
Vou vasculhar nos meus pertences
Se alguma coisa rompeu
E se rompeu ficarei calado
Porque os sonhos não são necessários
Para o indivíduo mergulhar na saudade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1987
2027. AS CARTAS QUE VOCÊ MANDOU PARA MIM
Olha
Hoje abri o baú das minhas recordaçõe e dentro dele
Um monte de cartas passadas, você era remetente
Mandava semana em semana um monte de cartas
Dizia querer me ver, mas que a resposta já era um vista
Olha
As cartas até hoje estão no baú
Mas no baú do meu esquecimento.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1987
2028. PEDRA NO VIDRO DE SEU JAIME
Tão pequeno era eu que Seu Jaime
Vizinho nosso de muitos anos,
Achava-me tão pequeno
Que de tão pequeno quebrei
Quebrei a vidraça da porta
E não se sabe até hoje quem quebrou
Eu não fui, Seu Jaime me acha pequeno.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1982
2029. AS MÚSICAS DO PARQUE
Tens a beleza da Rosa
A Noiva vai ao altar
Dois copos na mesa
Suely e Verônica
Tristeza Danada
O Parque de Diversões
Divertia a molecada
O Castelo Branco em festa
Festa de São Rafael
Festa de São João
Festa de Fim de Ano
As músicas nos altifalantes
A Roda Gigante no ar
As meninas e o meninos
A vergonha escrita na testa
Tudo para nós era uma
Eterna, uma eterna festa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1990
2030. PEDAÇO DE VIVÊNCIA
Dedicado a uma discussão entre namorado e namorada
Todos nós somos
Pedaços de uma vivência
É preciso ver de perto o que somos
Seremos muito mais felizes
Quando os outros sorrirem para nós
Esta é uma viagem nascida do meu silêncio
Entre na minha porta que se abre
E conte os seus segredos de mulher.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de maio de 1983
2031. PEQUENO ESPAÇO
Um pequenino espaço de tempo
O menino tinha para contar ao pai
Quem foi que matou o gato
O gato no circo ele entregou
Foi uma entrada no circo
Que o leão o gato matou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1980
2032. A IMAGEM DOS TEUS OLHOS
a imagem dos teus olhos, menina
vão ficar de bem comigo, menina
não tenha pressa na vida, menina
que os olhos são fontes divinas
e a saudade adoece as retinas
não há explicação para os olhos
quando ele ver e faz que não ver
é que quando a gente se ama
o mundo parece saber
é coisa tão sem explicação
que mexe o sim e o não
entre na vida do outro e faça
morada aqui no meu coração
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de abril de 1981
2033. AS PALAVRAS SÃO FORTES NA MEDIDA EM QUE AS AÇÕES
SÃO FLEXÍVEIS CONFORME AS REAÇÕES DE UMA MULHER.
Dedicado para Ivone Nunes (Minha Prima Materna – Grande Amiga)
Você de olhar carnívoro e espera contagiante,
Sonha com os mistérios do louco passado jamais desvendado.
É demais o tempo que não cala os corações dos homens.
Você de olhar passando o tempo
Não sabe de nada do outro lado da terra.
O que sabe, menina, já é o bastante
Para controlar um falar delirante.
É demais a espera que rompe com o tempo desta geração.
Sabemos, poeta, a vida se acaba e nova vida nasce.
Resta-nos conquistá-la.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de março de 1988
2034. VOU ME ADARVAR NOS TEUS CABELOS
Vou me adarvar nos teus cabelos
O meu silêncio será tão abu
Vou transfigurar num ser açu
No meu país se predomina a acracia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1985
2035. MACROBIÓTICO
Por ser macrobiótico
Encontrei um tipo zoófilo
É que me chamam amblótico
Sou um bode espiatório.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1985
2036. OS CAÓTICOS E O POETA
Os caóticos vivem a perguntar
A felicidade de um poeta o que é
E veja a resposta da poesia
Na pergunta feita dos caóticos
É que o poeta diz que a felicidade é poder
Descentralizar todo os cósmico de contradições
Que fecunda na retina de qualquer pensamento.
Ouvindo isto, os caóticos insistiram e novamente
Soltou: Poeta, qual sensibilidade transmite um ser
Que no seu tradicional comportamento desnorteou
Todos os paleótipos de sua naturalidade?
Caoticamente o poeta tenta conduzir:
Paleótipos são compartimentos de uma época, onde
Na vanguarda dos nossos certificados, somos uma
Espécie de mosteiro encarcerado pela dinâmica do acaso.
E assim por toda vida perdurou a melancólica história
Do mais famoso poeta caótico.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1985
2037. A HISTÓRIA DO APERTO
Que aperto medonho
Passa o povo brasileiro
O voto desce no maior aperto
Na urna apertada de uma eleição
Os candidatos retribuem
Mandam o maior aperto.
Nosso salário
É o maior aperto
Nossa escola
É o maior aperto
A nossa média geral
É o maior aperto
Nossa condição
É o maior aperto
Nossa dignidade
Está cada vez mais apertada
Nossa segurança
Cada vez o maior aperto
A cidade e a população
Vivem o maior aperto
Em cada encontro do povo
Um maior aperto de mão
O amor no canto do muro
É o maior aperto
E para criar o filho que nasce
É aperto que não se acaba mais
O afeto do aperto
O aperto que todo mundo quer
O aperto do homem amado
O aperto da amada mulher.
Desde o nascer até o morrer
A gente vive esse aperto
O aperto do berço comprado
O aperto do caixão encomendado.
O eleitor brasileiro
Vive no maior aperto
Quando é para sair do aperto
Vota no aperto de mão
É promessa tão apertada
Que não passa de embromação
O aperto que vive o povo
Já é quase uma infeliz tradição.
O aperto da vida
É vida que aperta a gente
A gente que vive apertada
Aperte a vida irmão
Se o aperto apertar sua vida apertada
Faça do aperto uma poesia
Cante aos quatro cantos o aperto
É aperto de nossa triste condição.
A vida nasce
A vida se vai
Por um aperto
Na caixa fúnebre
Nos conduzindo
Apertadamente
O chão tão apertado
Com poucos palmos de terra
Que aperto, meu Deus
Lá se vai a esperança
De viver no aperto.
Esse aperto que o povo suporta
Nós suportamos esse aperto
O aperto que o povo quer
Todo mundo quer esse aperto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de maio de 1986
2038. ESTÉTICA DO PRINCÍPIO
Dedicado para Gabriel Bechara (Professor Universitário)
Partir do princípio da intelectualidade
O compartamento de mestre
É algo estético e ético
Um desses mestres foi meu
O princípio da arte histórica
Tem plena consciência do discernir
É assim que ele vive, vive na estética do princípio.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de novembro de 1985
2039. MEU SERTÃO
Já faz tanto tempo, tanto tempo faz
Que o meu sertão deixou de chover,
Meu Senhor!
As lágrimas rolam nos olhos
Do rosto da gente,
À procura de um novo amor.
Busco todas as palavras
Mas não encontro as respostas
Restam apenas alguns abrigos
A seca levou quase tudo
Devastando o meu sertão.
Deixando em cada um de nós
Marcas no coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de abril de 1983
2040. QUALIDADES DE SER
Dedicado para Hamilton Carvalho (Meu Primo Paterno)
Amigo aberto e franco
Que cala os erros e os acertos
Quero dizer-te em poucas palavras
O que em muitas alguém te diria
Sou teu amigo do peito
Falo das qualidades e dos defeitos
Do riso, da dor e da alegria.
Tu és ainda criança
Tens muito o que aprender
Guarde consigo o que falei
Vamos em frente
Essa vida dizem que é pra valer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de janeiro de 1983
2041. CANTAR COM OS PASSARINHOS
Quando eu era menino
Cantava com os passarinhos
Era um canto melancólico
Mas muito mais melancólico
Era o canto daqueles passarinhos
Cantavam de dor na gaiola
Voavam de um lado para o outro
As asas batiam em cada um deles
Eu hoje entendo a voada
De um passarinho que voou
Quando o dono da gaiola
Abriu a porta para o alpiste botar.
Quando eu era menino
Ouvia o bater do sino
A igreja tocando nas horas
As horas que não me eram cobradas
As brincadeiras na rua
O sino me acompanhava.
Hoje canto com os passarinhos
Na floresta encantada de casa
É grande plantação de árvores
Herança do pai da zona rural
Cada canto que ouço dos passarinhos
É saudade que invade o meu tempo de menino.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1981
2042. FUTURO CHEIO DE MISTÉRIOS
Esse seu jeito
Esse seu mistério
Esse jeito meigo
Vagando loucuras
Atirando pedras
Lapida a beleza
E me faz pensar no futuro
Se o presente já é um mistério
É mistério que rouba
Um pensar no futuro que tenho.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1985
2043. PLÁCITO
Uns contemplam a vida
Com hálitos de hábitos plácidos.
Outros diversificam o que aprenderam
E o que deixaram de aprender
Tudo foi plácito no momento atual de placidez
Não fugidez, calças e saias pelo chão.
Plácito seio
Plácido leito
Nós dois na penumbra
Nosso entender plácito.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de setembro de 1984
2044. ABSTRAÇÃO BURGUESA E PLEBEU METIDO
Acordei e tive idéias
Coisas que a tempo não vinham
Vou ficar aqui, daqui não vou mais sair
Sou simples estudante
Coração alado, restos de emoção
Vou fazer uma canção
Luz, reluz, de cada lado.
Acordei cedo, talvez dormi demais
Levantei com o pé, que dizem ser o da paz.
Encontrei um burguês
Detesta plebeu metido
O pobre corre léguas
Ver a visão de um povo sofrido.
O povo é abstrato no mundo
O mundo é uma abstração
O burguês e o plebeu são fagulhas
Pena que não sabem o valor de uma valorização.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de julho de 1985
2045. FINALIZAR O FIM DESTE PONTO FINAL
O início de uma frase é o início de um raciocínio
E quando a frase é incompleta morre o raciocínio
O final de tudo ao homem falta o raciocínio
O raciocínio tão lógico de uma finalização
É final que merece uma interrogação?
O início de uma frase é o início de um raciocínio
E quando a frase é incompleta morre o raciocínio
O final de tudo ao homem falta o raciocínio
O raciocínio tão lógico de uma finalização
É final que merece um ponto na sua finalização.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de maio de 1987
2046. A QUADRILHA
a quadrilha estava animada
animada demais para o gosto
a quadrilha estava bagunça
bagunçada demais no mês de agosto
é que este mês a quadrilha dança mais
sai de um banco e vai para outro
é uma quadrilha perseguida
lá tem um tarado e um louco
os dois fazem a maior quadrilha
na mais pequena quadrilha que houver
de tanto ser procurado
os dois resolveram entrar numa igreja de fé
só que a fé dos dois malandros
morreram na noite da última sexta-feira
roubaram o dinheiro de todos os devotos
tudo em nome da fé e de sua faca peixeira
tanta peixeirada levou o povo devoto
que até o pastor sem nada entender
deu voz de prisão aos bandidos
e quando estes estavam a sofrer
o pastor com sua calma e paciência
pediu para a quadrilha dos dois
paz e amor com muita penitência.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 1987
2047. A QUADRILHA DOS LADRÕES
É noite de São João
Ele está dormindo e não acorda, não
São João está distante
Não está vendo a sua quadrilha
Fantasia de matuto
O matuto veste de ladrão
A quadrilha dos ladrões
Esse é o conhecimento
Quem quiser ver quadrilha boa
Venha cá nesse momento
Dançar quadrilha boa
Somente a dos ladrões.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de junho de 1984
2048. CHORA MENINO, MENINO CHORA
O teu choro de criança me acendeu a esperança
De viver de terra em mar em busca de uma aliança
Na vida sempre ouvi quem espera sempre alcança
Aqui nessa cidade uma arma se quer de lança
Não tem nem para depositar na urna de uma poupança
Se o dinheiro está pouco e a espera é uma criança
O pobre quando é pobre só mesmo uma herança
Aí o menino chora porque não é sua festança
Em vez de cantar sorrindo o choro é uma Constança.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de maio de 1983
2049. AUTO-BIOGRAFIA DE UM BIÓGRAFO
Sou filho de fazendeiro, batedor de gente ruim
Sou biógrafo afamado, conhecedor de putaria
Sou afamado no jogo, rico de mercearia
Sou desligado do mundo, produtor de alecrim
Sou biógrafo, fazendeiro, rei do jogo da vacaria
Sou finalmente um tudo, às vezes bom, às vezes ruim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de maio de 1983
2050. A MERENDA DO MEU TEMPO
Espinafre, espinafre
Suco de goiaba
Doce de jerimun
Mel de rapadura
Leite com chocolate
Espinafre, espinafre
A sopa daquela merenda
Tinha o gosto de quero mais
Dava vergonha na cara
As meninas tão desejadas
Passarem na fila
Encontrarem com o popeye
Espinafre, espinafre.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de fevereiro de 1984
2051. SALTO ALTO
Uma menina de salto alto, com seus quinze anos
Não dar bolas para nenhum guri, assobio para ela
É tempo perdido, é vício de quem não tem o que fazer
E quando alguma coisa faz, a menina a cena congela
É que ela é muito linda, e sendo linda
Ela acha-se no direito de pisar na cara de todo moleque,
Porque em sendo filha de gente metida a merda
É a única que no calor usa um tal de leque
Um leque para assoprar os seus lindos cabelos
Os cabelos da cor das ondas do oceano,
É praia bendita na dita sina de cada ano...
Os anos que passaram aos olhos da garotada
Não deixaram marcas na menina do salto alto,
De tão linda, confundida foi, morreu num assalto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1989
2052. OUTRA RESPOSTA
Existem seres humanos
Vestidos de animais irracionais
Não sabemos a definição dos anos
Mas o que sabemos é demais
É a busca pela resposta
É a busca pela idiotagem
É a busca pela sabotagem
É a busca pela não aceitação da razão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de junho de 2007
2053. O GUAXININ E A RAPOSA
Dentro do partido de cana
Na noite de lua cheia
Uma raposa passa em casa
Querendo falar com o guaxinin
O guaxinim de pouca convesa
Não pode ver fogo por perto
Que corre com medo de tudo
A raposa já meia esperta
Ronca na palha da cana
Parte para cima do homem
Estraçalha quem está por perto
Já o guaxinin malandro
Com cara de gente ruim
Apela para a raposa
Que desligue o fogo dele
É tanta cana que voa
Naquela noite de lua
Ninguém sabe ao certo
Quem venceu esta peleja
Se foi a raposa
Se foi o guaxinin.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de novembro de 1982
2054. A TRAVESSIA DAS VACAS
Dentro das águas nascidas das chuvas
Antes areial, agoras inundadas
Lá se vão as vacas e suas vaquinhas
Atravessam as águas do areial
As águas profundas daqui da estação
O trem está chegando
E as vacas sumindo nas águas que são
Na lagoa artificial
As vacas e bezerros
Atravessam com medo
E guardam segredos
Que a gente da estação
Não sabe se elas e eles vão chegar.
Bento Júnior
Jacaré/Cabedelo-PB, 43 de junho de 2007
2055. MEMÓRIA INSUFICIENTE
Agora não sei mais o que fazer
A memória do computador está insuficiente
Como, se paguei por uma memória para ter
Certeza de que o computador é inteligente
E não iria fazer algo desta natureza
E para minha e grandiosa surpresa
O computador faz tudo, mas não mente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de junho de 1996
2056. CHEGOU A MEMÓRIA
a memória chegou
não sei qual a razão
por que você falhou
quer matar meu coração?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de junho de 2007
2057. NOSSA MÁXIMA RAZÃO
Não temos culpa com e nem é bom falar
Para os ouvidos parecer uma razão
Sou o que sou é emoção de falar
A conter o silêncio, não deu
Tudo em nós teve um ponto final.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de agosto de 1990
2058. EM ALGUM LUGAR DESSA VIDA
Você no trem de cara lisa
Alisando os meus cabelos, Elisa
Era o nome da alisadora
Uma sonhadora
Amante do nada
Uma facilitadora
Para o meu encontro com Nara
Aquela que era Leão
Na batalha do mundo contra o universo
Em lugar tão distante o motivo se cala
E em nós o silêncio apenas abala.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de maio de 1988
2060. GRAVAR UMA MÚSICA QUANDO JÁ SE TEM
As virtudes do gravador
O que grava e o que escuta
O home e seu amor
A gravação e a comida de fruta
É que uma fruta faz bem
Na gravação de um trilha sonora
Sei que só eu e mais ninguém
Grava tão bem e o sono controla.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de maio de 1988
2061. O CANÁRIO E SEUS HOMENS
Os vadios que nada fazem
E quando fazem, fazem com canários
Os que cantam de manhã logo cedo
Com gaiolas nas mãos o homem tem medo
De passar entre os que não são homens
Porque se fossem homens não estariam
De manhã logo cedo com passarinhos
Feitos abestalhados a apostar em quem
Canta melhor e melhor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de março de 2007
2062. O JUIZ E A PILANTRA
Tantos pilantras passam e uma fica
A gozar da cara de todos, inclusive de um juiz
Que país é este sem moral e sem ética
Onde um júri e um patética
O juiz coberto de razão pelo simples fato
De que a pilantra perguntou o porquê
De tanta gente ali naquele salão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de junho de 2007
2063. OUVIDO DE MERCADOR
Tantas palavras foram ditas
Tantos sonhos planejados
Tantas sensações aflitas
Tantos penares desejados.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980
2064. QUE MULHER EU VI!
Não queira saber, meu bem
A mulher que a gente conhece
É uma pilantra de marca maior
É doida, desamada e a gente desconhece
Se ela de fato é louca
Ou se é muita falta de pau
Bate nela que ela não sente dor
No banco dos réus ela era a tal.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de junho de 2007
2065. CASTRO ALVES
o navio negreiro nas praias da Bahia
trouxe Zumbi para Palmares
trouxe Ganga Zumba para o Brasil
Salvador é uma festa
Castro Alves seu poeta
É assim a primeira capital
Desse imenso Brasil
Castro Alves o poeta
O Poeta dos Escravos
Ajudou Chico Rei
A tomar Minas Gerais
Ajudou os quilombos
A formar uma cidade
Hoje Castro Alves
É poeta popular
Do Brasii e exterior
O poeta da voz libertina.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
2066. MACHADO DE ASSIS
Um mulato fluminense
Das letras ele é o maior
Fundador da ABL
Academia Brasileira de Letras
O Rio de Janeiro zela seu nome
Machado de Assis
Criador de Dom Casmurro
Poesia e Teatro
Amou demais sua Carolina
Imortalizou em seu Soneto
O Brasil sente-se honra
Em ter Machado de Assis
Viva o povo que escreve
Viva o povo que ler
Viva o povo que critica
Viva o povo que escuta
Machado de Assis
Literatura para dar e vender.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
2067. FILME, TEATRO E NOVELA
Sinhá Moça
Foi uma novela espetacular
Foi um filme exemplar
Foi um teatro popular
As peças de Dias de Gomes
Do teatro
Do filme
Da novela
As novelas de Janete Clair
As peças de Nelson Rodrigues
Os livros de Machado de Assis
A obra de José de Alencar
A obra de José Américo
A obra de José Lins
A obra de Raquel de Queiroz
A obra de Érico Veríssimo
A obra de Graciliano Ramos
A obra de Guimarães Rosa
A obra de Pedro Bloch
A obra de Viriato Correia
A obra de João Cabral de Melo Neto
A obra de Chico Buarque de Holanda
Sinhá Moça
Helena
A Moreninha
Memórias Póstumas de Brás Cubas
A Bagaceira
Menino de Engenho
Vestido de Noiva
Pai Herói
O Bem Amado
Auto da Compadecida
Ariano Suassuna
Gilberto Freire
Joaquim Cardoso
Orris Soares
Augusto dos Anjos
Dona Xepa
Escrava Isaura
Pacto de Sangue
Coral Som Livre
Orquestra Som Livre
Armorial
A Grande Família
Carga Pesada
Aplauso
São Filmes
Teatro
Televisão
Novela
Seriado
A casa das sete mulheres
Memorial de Maria moura
Capitão Rodrigo
A muralha
Amazônia
A pedra do reino
Hilda furacão
Riacho doce
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 2007
2068. TRIBUNAL DA ATRIZ
Vejam vocês
A atriz no tribunal dá ré
Volta e meia e dá no pé
É uma pilantra de dá olé
Engana autoridade
Engana a todos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de junho de 2007
2069. POR QUE TEMOS QUE FAZER ISSO?
Ainda não sei a resposta desta pergunta que me
Atormenta, me deixa confuso, menos um parafuso
Na cabeça minha, dúvidas passeiam, eu me calo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de junho de 2007
2070. COM QUANTOS PAUS SE FAZ UMA CANOA?
Precisamos de pouco pau para fazer uma canoa ruim
Temos muitos e muitos paus, mas a canoa está furada
Um furo na canoa, fura os outros que estão bons
É preciso cuidado para não empestar os bons
Os bons são sagrados, os males são passados.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de junho de 2007
2071. LOUCURAS SISTEMATIZADAS
Não. Não vais dizer que teu brilho se perdeu
Nos campos do meu pensamento?
Fica. Me pergunta qualquer coisa.
Vais dizer que o tempo que passou
Ainda reflete na imagem dos meus brilhos?
Quero conduzir-ge ao ápice das
Loucuras Sistematizadas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de novembro de 1986
2072. EU SOU VOCÊ...
Eu
Sou
Você quando sinto saudade.
A saudade é tamanha
Que você está sempre
Por perto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de maio de 1983
2073. SERÁ BEM MAIS FELIZ
Seu eu pensasse ficarias contigo
Até o fim, mas quando a cabeça
Não pensa é o corpo que padece.
Porque será bem mais feliz
E o meu pensamento que cresce
E o sentimento que diz:
Será bem mais feliz
O momento da espera
Será bem mais feliz
O momento de aguardar essa fera.
Será bem mais feliz
O meu pensamento
Ele é quem diz
Sou o seu sentimento.
Será ou seria
Bem mais feliz
Quando se diz
O tempo é risco em triz
Quando o amor se cria...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1984
2074. OLHA BEM MINHA GENTE
Olha bem minha gente a história que eu vou contar
Me aconteceu a muitos anos na fazenda Come Mais Um
Veja bem a história, que coisa mais engraçada
Duas mulheres de nomes iguais brigaram até o raiá do sol.
Uma puxava a saia da outra a outra ralava no chão
Veja bem a modéstia de uma delas que doloria o meu coração.
Uma dizia minha nega você não casa com homem nenhum
Porque o seu coração é meu e de mais ninguém
E se você casar um dia nem sei o que será de mim
Meu bem essa é a história que foi pra lá de ruim.
Duas mulheres brigando por homem
E por mulher também, por mulher também...
Essa briga começou exatamente ao meio dia
E foi terminar às dez horas da noite
Quem não conhecia o sexo oposto
Teve o prazer de conhecer.
Essas mulheres brigaram tanto
Que raiou o dia pela noite
Que confusão tremenda essa ninguém viu.
Duas mulheres brigarem por coisa atoa
E um homem rabugento com jeito de egoísta
Que as tripas doíam no peito até adormecer o peito
Correram pelas estradas à fora e cantaram várias melodias.
Amanheceram o dia até ninguém puder agüentar
Que sufoco meu senhor desse tipo briga ninguém nunca viu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1980
2075. A MULHER QUE FAZ A MINHA CABEÇA
a mulher que faz a minha cabeça
não tem cabeça, ela me faz
ver o mundo de outra maneira
é leiga até demais
mas em compensação
eu a amo demais
porque essas coisas têm cada vida entre elas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de dezembro de 1980
2076. SEM NENHUMA INSPIRAÇÃO
Pego a máquina e começo a escrever algo
De repente vem na cabeça
A vontade de fazer uma poesia
Mas cadê essa tal inspiração?
Resolvo de toda maneira concretizá-la.
Pois é. Tento fazer uma poesia e não à obra.
Só que falta o essencial
Essa tal inspiração.
Mas resolvo com todos os méritos
Fazer assim mesmo à mão uma obra.
Será que já deu uma poesia?
Acho que não, ficou um porcaria
Sinceramente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de junho de 1980
2077. FILHOS DA GATA
Coitado dos filhos
Coitada das filhas.
Dei de cara com um homem nu
E uma mulher vestida.
Esse homem
Não era eu,
Esse homem meninos e meninas
É o mesmo que tua mãe usa
Para pagar as contas
Da sua pensão.
Coitado dos filhos
Coitadas das filhas.
Chegam à porta
Saem cabisbaixos.
No rosto está refletido
A real imagem desse espelho
Incandescente.
Risos vezes risos são dados
Pois os mesmos são transfigurados
Pelas concretas paredes de concreto.
Seres ingênuos são comprados também
Por alimentos que servem de base
Para o sustento do eterno sexo.
... Coitado dos filhos, coitadas das filhas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1985
2078. OS FILHOS DA VIDA DOS OUTROS
Eles passam e dão risadas com o riso cheio de cáries
São os filhos dos outros da vida que passa
E quando passam os filhos dos outros o riso se foi
São filhos dos outros e já se encontram em trapaças...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de setembro de 1981
2079. ENTENDER O MUNDO
Entender o mundo de forma coerente
E coração aberto de forma decente
Entender o mundo de forma inteligente
E coração aberto de forma permanente
Para o entendimento der ser
Para o entendimento de ver
Para o entendimento de ter
Para o entendimento de rever
Erros e acertos
Para entender o mundo...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de abril de 1980
2080. O ISOLAMENTO DO OUTRO
Sair porque é importante
Ficar porque é importante
É um divertimento isolado
O computador e você
Você e a máquina
As teclas isoladas
Os dedos em direção às letras
Sair porque é importante
Ficar também porque é importante.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de junho de 2007
2081. A MULHER E A FESTA
a diversão é boa tem que ter mulher porque,
não é preciso dizer mais nada
é bom ter mulher para enfeitar o ambiente
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1980
2082. JOÃO GRILO, CAMONGE E MALASARTE
Os três estão numa praça
João Grilo (num bar atendendo)
Vós micê é um bom freguês
Num precisa se aperriá
Pague quando pude
Si aconchegue e vamo conversar
E você, amigo distante?
Obrigado por me comprar.
Ai, Pedro Malasarte com sua voz estridente
Foi logo dizendo: João Grilo meu amigo
Marquei um encontro
E quero testemunhar,
Camonge já sabe da história
Cancão de Fogo até também pode chegar.
Camonge que ia entrando logo em seguida
Ouvindo, foi logo a resposta: Pedro Malasarte
Não assuste o coitado de João Grilo
O cabra de pálido ficou logo amarelo.
João Grilo – É aquele o tal Cancão de Fogo?
Todos olharam para João e se esqueceram de Cancão,
Só que Cancão de Fogo abriu a porta e só João viu.
Cancão de Fogo – Bom dia amiguinho, foi o destino
Que me quis, botar vocês todos no meu caminho
E como não quero andar muito, daqui não saio
E nunca mais vou viajar por aí sozinho.
João Grilo – Cancão é você mesmo?
Cancão – Tem alguma dúvida, amigo João?
Malasarte – João, acho melhor o amigo
Pedir para ser dispensado, este aqui
Só tem uma proposta: largar tudo
E seguir adiante.
João Grilo – Eita, lascou tudo. E o que é que eu faço?
Cancão de Fogo – Pedro, João e Camonge
Vamos a uma aposta? Por este fato deixe
O cabra pegar o que ele quer pegar.
Camonge – Vamos começar pela boca (bebe algo), um sonho
É um sonho, uma fuga é um fuga. Vamos pensar nos acontecimentos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
2083. A VIDA PARA CERTAS CRIATURAS
a vida para aqueles quatro personagens
João Grilo, Cancão de Fogo, Pedro Malasarte
E Camonge, era uma parada dura de roer.
Errados e certos em todos os sentidos,
Só restavam cumprirem as suas verdades.
Os seus verdadeiros papéis diante de
Uma sociedade exploradora e preconceituosa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1980
2084. A ÉPOCA E SEU SÃO JOÃO
Na quadra da APAE a ÉPOCA é só festa
Meninos e meninas soltam traques pelo chão
Os pais estão felizes, está escrito na testa
É alegria contagiante nesta noite de São João
Quadrilha, música junina, homenagem à cultura popular
É a escola fazendo a sua parte nesta animação
É Época de cantar e sorrir
A Época agora é de São João...
Os casais vão ao bar
Descarregar o dia
Animação à vista
É tempo de São João.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de junho de 2007
2085. A DESPEDIDA DE SASSARICO
Hoje foi bom
Histórias ouvimos
Foi bom ter vocês
Com a gente aqui
Dançamos, cantamos
Contentes sorrimos
Felizes estamos
Com o Sassarico
Palhaço levado
Bonito e dengoso
Pra casa nós vamos
Com o riso gostoso.
Bento Júnior e José Alberto Silva
João Pessoa-PB, 16 de agosto de 2002
2086. O CIRCO CHEGOU
O circo chegou trazendo alegria
Pula do trapézio o palhaço
Na ponta dos pés a bailarina
Quebra a corda que não é de aço.
Nem tudo é brincadeira
O mágico tira o chapéu
O bicho pode pegar
Voa o pombo que ganha o céu.
Por ser um circo de fantasia
As cores vibram pelas calçadas
Nariz pintado e peruca na mão
Cadê o palhaço com as palhaçadas?
O riso daquelas crianças
Brinha no horizonte do Brasil
O demador prepara a fera
Gargalham mais de mil...
Bento Júnior e Luiz Carlos Otávio
João Pessoa-PB, 16 de agosto de 2002
2087. O LETRAMENTO
Fui em Cabedelo
Realizar um pró-letramento
Fiquei conhecido
Como o Cel. Bento
As moças professoras
Todas do infantil
Parlendas e cantorias
Advinhações e prendas
Tantas foram as alegrias
Que acabei fazendo poesias
Junto com as professoras
Sobre o tema leitura
Sobre o tema aluno
Desta vez eu me aprumo
O trabalho na feitura
Realizou-se bem bonitinho
As professoras sabem
Do valor de toda escrita
Quanto mais se aprende
Mais cresce a lista.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de junho de 2007
2088. Ô MININO
Ô minino dêxe eu ir
Ô minino dêxe eu ficá
Ô minino venha vê
Ô minino venha cá
Ô minino dêxe disso
Ô minino saia daqui
Ô minino o que é qué isso
Ô minino venha ri
Êsse mundo é tão bom
A gente fai o qui qué
Ô minino baixa o som
Qui lá vem uma muié
Ô minino dêxe eu ir
Ô minino dêxe ei ficá
Ô minino venha vê
Ô minino venha cá
Se ocê num acredita
Na históra do minino
É siná que ocê num sabe
O qui é cê um traquino
Todo mundo tem valô
Todo mundo ama o qui fai
Ô minino tenha amô
Tu já vai cê um rapai
Ô minino dêxe eu ir
Ô minino dêxe ei ficá
Ô minino venha vê
Ô minino venha cá
Vou imbora e num vóto mai
Obrigado pêlo escutá
A vida vale muito mai
Do quê um ficá.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 18 de junho de 2007
2089. QUANDO O POVO FALA
Quando o povo fala
É sinal que alguma coisa aconteceu
Quando o povo cala
É sinal que alguém morreu
Quando o povo rala
É sinal que alguém desapareceu
Quando o povo está em gala
É sinal que o sonho não aconteceu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de agosto de 1986
2090. O HOMEM E O SAPO
o homem briga cum sapo
o sapo num tem medo não
quanto mais o homem briga
mais valente o sapo fica
o homem quer ser um sapo
na briga dos valentões
quanto mais o sapo apanha
mais o homem diz que não
o sapo todo contente
vai à casa do homem falar
o homem bem descontente
não quer com o sapo falar
o sapo todo fora de moda
não abraça o homem não
e o homem para se ver livre
não briga mais cum o sapo não
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1983
2091. INTEGRAÇÃO
Dedicado para o Terminal de Integração do Varadouro (João Pessoa-PB)
O nome INTEGRAÇÃO veio para integrar
Os ônibus que ali trafegam,
Vem gente de todo lugar,
Mães, os seus filhos carregam;
Pais, seus filhos orientam
E a Integração é só lotação,
Todos que ali freqüentam
Dão nota mil à Integração.
Os ônibus estão parados,
O povo da periferia chegou,
Os ônibus estão lotados.
O povo quer que seja mais duradouro,
O ônibus lotou, não, esvaziou,
É Terminal de Integração da Varadouro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de junho de 2006
2092. A TRILHA DA RETA DA LINHA DO TREM
olha o trem
vem na trilha
olha o trem
vem na linha
é ferro
é borracha
é cimento
é chão
tudo na reta
na linha do trem
a reta está na linha
o olho perde de vista
é pedra no caminho
sai que lá vem o trem
o trem apitou
alguém ouviu
ninguém viu
o partiu partiu
ele chegou
o povo no trem entrou
olhou e a reta ficou
olha a linha do trem.
Bento Júnior
Jacaré/Cabedelo-PB, 19 de junho de 2007
2093. CASA DE SOGRA, MALDIÇÃO DE GENRO
O genro quando casa, sua sogra toda esperta
Quer logo convidar o genro pra junto dela morar,
Se o genro não tiver juízo, ele logo se estrepa
É que a sogra chupa o sangue e manda todo mundo chupar
O sangue do genro besta, é, um genro abestalhado
Que pra ele tudo é bom, não reclama de nada,
A mulher fica do lado da mãe, diz que o marido é culpado
E o genro se agonia, filho não chega, ô vida condenada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de abril de 1987
2094. A MULHER DO BASTIÃO
Bastião, Bastião
Preste muita atenção
Na história que vou contar
Cuidado na tua mulher
Tá dando e quer mais dar
Quanto mais a bicha dar
Mais vontade a bicha tem
De tanto dar na rua
Ela resolveu dar a Zé ninguém.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1984
2095. ALEGRIA DE POBRE
Alegria de pobre é viver de bar em bar
É pagar conta atrasada,
Soletrar na contra-mão
Ensinar o que não sabe
Dar calote e morrer sem ter caixão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1983
2096. OS PAPAGAIOS (Coça-Coça)
Coça-Coça Papagaio
Aqui na minha mão,
Coça ligeiro que eu quero
Adoçar meu coração
Esse coração de gente
Que não sabe o que quer,
Quando quer alguma coisa
Vai atrás de mulher
Coça-Coça Papagaio
Coça aqui na minha mão,
Coça tanto num instante
Ai que saudade de coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1986
2097. LOBINHA
Minha mãe era safada
Quando eu era pequeno
A gente criava uma cachorra
Com o nome de Lobinha
Um dia minha mãe soltou um pum
Lobinha levou a culpa
Coitada da minha cachorra
Minha mãe deu uma surra nela.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de agosto de 1986
2098. ABESTALHADO E BURRO
Abestalhado era Zé
Zé do finado Zé Rufino
Era um moleque pra lá de grande
Só que era Zé Fala Fina.
Burro era Zé
Zé do finado Zé Rufino
Era um moleque pra lá de grande
Só que o bicho falava fino.
De tanto falar fino
Na bodega de Seu Jeremias
Zé pegou uma mania feia
Apalpava o pinto de Zacarias.
Zacarias era neto de Seu Tomaz
Um velho alto e barrigudo
Enquanto Zé Fala Fino alisava
Zefa da Trouxa vivia com um carrancudo.
Este carrancudo tomou conta de Zé
Logo depois da morte de Seu Zé Rufino
Era conhecido como Ambrosiano do Prado
E vivia comendo feofó de menino.
A polícia sabendo dessa safadeza
E não tendo mais para quem apelar
Prendeu Ambrosiano na moita
E pra surpresa era Zé quem ia pegar.
Se não fosse a polícia que chegasse
Naquela hora do fato acontecido
Até hoje Zé Fala Fino era o que era
Se o bicho do outro não tivesse amolecido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de maio de 1984
2099. O HOMEM CORAJOSO
De tanto viver coragem
E de tanta coragem que ele tinha,
O homem corajoso morreu
E sua mulher saiu da linha
A linha que tanto ele amava
Em dizer em alto e bom som,
Que a mulher dele era tudo
Menos aquela que se vendera por um bombom
Aí o homem que vivia de tanta coragem
Foi-se embora com os anjos do amém,
E hoje a mulher do finado Bica
Vive a bicar na bica de todo alguém.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1983
2100. MATE-ME, MAS EXALTE-ME
o homem briga por quase nada
quase nada o homem briga
de cada briga do homem
só resta uma pouca intriga
de tanto viver intrigado
o homem foge da briga
de tanto viver a brigar
o homem não quer parar
se ele parar
ele vai morrer
se ele morrer
ele não vai ficar
o homem chega e mata
o homem passa e não exalta
a exaltação do homem
à visa sobressalta
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de agosto de 2000
2101. EM TEMPO DE CHEGA
Dedicado para Bento Carvalho de Lima (Meu Pai)
Ele chega fora de tempo
O tempo é outro
Ele não pode está louco
É tanto um contratempo
Que na testa está escrito
É fato do caso não dito
É meu pai que vem
E hoje nada tem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de julho de 2007
2102. MENINO QUE CORRE
Dedicado para Netinho (Neto de Seu Raimundo – morador da Capitão)
O menino corre
A mãe está por perto
O avô está contente
É tanta gente
Em cima do menino
É preciso tocar um sino
Para o povo sair de perto
Cortou a testa do menino
No corre e corre do destino
Levou três pontos
A mãe aos prantos
O menino tão normal
Foi preciso amarrá-lo
Ele disse: Eu não sou marginal.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de junho de 2007
2103. O AMOR POR SER AMADO
Amo. Se amo assim como amo, somente o amor
Entre tantos amantes sobressai ao meu amor amado.
Somente o amor, por ser amado, e sendo o amor
Algo amavelmente bom, o amor não mais é um sonho,
É certeza de amar e ser amado diante de todos os amores,
Porque se todos os amores são capazes de amar, então
O amor que por si já é belo, então belo é o amor que
Se esconde por detrás de tantos amores caminhantes.
Se a vida parasse o tempo dos amantes dos amores
Apaixonados, não viria a beleza que é o amor dos contestados, na beleza de um amanhã acalentada nas ondas amáveis dos nossos pensamentos que amam e são amados.
Na vida que tanto passa por nossas vidas,
Uma vida enlaça o caminho do amor, que não mais
Sendo amado, busca diante daqueles que amam
O amor dos frutíferos sentimentos amados.
Amo. Se amo assim como amo, somente o amor
Na certeza plena de cada pensamento é amor, é amor
Tão puro como a floresta virgem dos nossos sonhos.
O amor é águia em trânsito, a passar nos mares onde
O amor viu crescer todos os sonhos dos amantes.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de novembro de 2006
2104. SEIS PONTOS NO QUEIXO
Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)
Três cadeiras
Uma em cima de outra
A menina pulava
O pai de dentro chamava
A menina brincava
A mãe reclamava
As irmãs falavam
Mas que de repente todos gritavam
A menina caiu
O sangue saiu
O vermelho no queixo
Chama o Paulo, o vizinho
Rumo a UNIMED
Seis pontos levou a menina
Esta é a sina...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de junho de 2007
2105. O ARGONAUTA
O Argonauta em chama, às vezes me chama
E como gladiador das batalhas sangrentas do Peloponeso
Não contive a dor da minha apoplexia, pois a minha afecção
Matou meus anseios, transformou meus fenômenos...
É, fui ousado, nos mares andantes da América do Sul
E como americano, nascido no Brasil, li a histórias dos nômades
E saí em disparada, a amada terra dos meus amores...
Fui argonauta nos mares andantes do meu país
E na Grécia, lá em Atenas ajudei Cleópatra a vencer Júlio César
A vender o veneno da cobra enrolado nas águas do povo europeu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1990
2106. AMIGO DAS ESTRADAS
Dedicado para um amigo da estrada
nos encalços do tempo
na lama do asfalto
o amigo sonha alto
quer acabar com os contratempos
o amigo espera
o amigo dar risada
a vida do amigo é arriscada
o amigo é uma fera
uma fera na estrada
dos que sempre correm
nos espinhos uns se socorrem
o amigo dar gargalhada
o amigo ama a razão
contendo a palavra dita
agora o povo se agita
é o amigo de fé e coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986
2107. O ACRÓSTICO DO CULTO
Dedicado para o amigo Fernando Abath
Forte pelos campos da vida e assumindo a arte e a cultura de um povo,
Roda o saber, troca experiência, nessa reviravolta chamada ciência.
Agora, já pronto para o interrogatório, não adormece na contra-partida,
Deixa a fala invadir todo o auditório, é ele o senhor forte que vem
Pelos campos da vida é o amigo de fé e coração.
Antes o dito cidadão caminhante, batalhador e incansável, tal qual o zéfiro, assoprava Os cabelos do tempo, trocava idéia, era das palestras um passante e hoje se Contempla na fala de um acertante...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de julho de 2007
2108. TIMOR LESTE
Agora que o País é livre
O povo brinca e canta
É Timor Leste, minha vida
De Portugal, só saudade
Do hoje, só lembrança
É Timor Leste, minha terra
A guerra acabou
A paz voltou
Timor Leste
Meu amor
Um País lindo
Sua beleza natural
Seu artesanato de primeira
Meu lugar de encantos e fantasias.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de julho de 2004
2109. A TRILHA DA RETA DO TREM
Olha o trem
Vem da trilha
Na reta do trem
É ferro
É borracha
É cimento
É chão
Tudo na reta
Na linha do trem
A reta da linha
O olho perde de vista
É pedra no caminho
Sai que lá vem o trem
O trem apitou
E quem no trem entrou
Olhou e a reta ficou
Olha a linha do trem.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 19 de junho de 2007
2110. A TURMA DA PEDRO AMÉRICO
O Pré-Escolar tem Gal
France domina o primeiro ano
Claudiana também tem primeiro
France a tarde pega o Pré-Escolar.
Albanita no segundo é legal
Natividade perdeu o trem por engano
A professora é um festival
Entrou no terceiro, sensacional.
O quarto ano, Janete faz planos
O quinto, Ana é especial
Sônia comanda o intermediário
Adriana acelera que é coisa normal.
Lana é quinto ano
Romeica e a sua Sala de Leitura
O aluno aprende e acha bom
Cinira é uma boa criatura.
Rosália buchuda quer comer banana
Nessa onda com sua ternura
É a própria e sensível cigana
Adormece e quer loucura.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 19 de junho de 2007
2111. E LÁ VEM ELE...
Dedicado para Messias Gonçalves (Filho Ednaldo e Lucinete)
Lá vem ele, traz uma paz tão grande
Que não há grandeza por perto
Que ele não a espante...
Ele é uma criança, o mundo todo se expande
Ele é uma criança, planta água no deserto
Ele é uma criança, esperta em todo instante...
Lá vem ele, um riso estampado no rosto
De quem causa felicidade
De quem sonha tão felizmente...
Ele é uma criança, é mais que um gosto
Ele é uma criança, é paz e prosperidade
Ele é uma criança, é luz suavemente...
Lá vem ele, um caminhar pelo mundo
De quem conta suas histórias
De quem canta e tudo entende...
Ele é uma criança, chora com o vagabundo
Ele é uma criança, futuras glórias
Ele é uma criança, a poesia a ele se rende.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de julho de 2007
2112. NOVE ESTAÇÕES
Santa Rita
Várzea Nova
Bayeux
Ilha do Bispo
João Pessoa
Mandacaru
Renascer
Jacaré
Cabedelo
São nove estações
De Santa Rita a Cabedelo
De Cabedelo a Santa Rita
O trem vem
O trem vai
A estação está fria
A estação está quente
O trem apitou
O povo se afastou
A plataforma está livre
O trem partiu
As nove estações
As sinalizações
Os carrilhões
Os caricaturistas
Os grafiteiros
Batuque dos corações...
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 16 de agosto de 2007
2113. O TREM E A CHUVA
O trem chegou...
A chuva passou...
O homem ficou...
A mulher não mais esperou...
O trem partiu...
A chuva sumiu...
O homem sorriu...
A mulher assumiu...
O trem um tanto cheio...
A chuva foi de aperreio...
O homem era feio...
A mulher só tinha um seio...
O trem tão ligeiro...
O homem tão parceiro...
A chuva e o grupo de passageiro...
A mulher partiu pro estrangeiro...
O homem voltou...
A chuva à terra molhou...
O homem subiu e chorou...
A mulher no estrangeiro ficou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de agosto de 2007
2114. NA DELEGACIA
O delegado chegou
Um bom dia ele deu,
A testemunha ficou
Sofrendo por aquela
Que já sofreu...
A outra testemunha
Logo após apareceu,
O delegado simpático
O depoimento colheu...
A acusada tão distante
Uma só palavra não deu,
O delegado mostrou a Lei
Ela ao livro se prendeu...
Na delegacia, que cara!
Por mais que haja paz
O homem é só uma guerra
Acusar quem já se acusou
O homem era feio...
A mulher só tinha um seio...
O trem tão ligeiro...
O homem tão parceiro...
A chuva e o grupo de passageiro...
A mulher partiu pro estrangeiro...
O homem voltou...
A chuva à terra molhou...
O homem subiu e chorou...
A mulher no estrangeiro ficou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de agosto de 2007
2115. SOZINHO NO TREM...
no trem eu vou
e sigo sozinho
viajando de trem
passo no meu ranchinho
passando no ranchinho
eu vejo maria
dou beijos e abraços
meu coração antes já sorria
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 11 de setembro de 2007
2116. POVO TRENZEIRO
lá vai o povo
pegar o trem
o trem que parte
o trem que ficou
lá vai o povo
pegar o trem
o trem que ficou
o trem que partiu
lá vai o povo
pegar o trem
segurança de novo
o povo não tem
lá vai o povo
pegar o trem
o trem já vai
vaisimbora meu amor!
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 11 de setembro de 2007
2117. O HOMEM, A MULHER E A BARRACA
Dedicado para os avós de Leando (aluno do 2º ano – Albanita)
Eles Dois
Ela e Ele
Ele e Ela
Vender coco verde
E guloseima,
Café e cigarro.
A barraca feita de pau
Na beira da estrada
O homem com um cigarro na mão
Tome baforada
De amor e carinho.
A faca pendurada na calça
Era a segurança do homem
Proteger a sua mulher
O ganha pão desta vida.
Depois a cobertura da barraca
Para inibir o sol
Para inibir a chuva
Mas de nada adiantou
A mulher na barraca ficou
O homem foi no mato
Fazer sua necessidade.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 04 de setembro de 2007
2118. TREM LIGEIRO DA GOTA DE BOM
O trem ligeiro na estação da vida
Amplia os desejos, sonha comigo.
O trem ligeiro, ligeiro na vida
Tem lá seus desejos, anseias comigo.
De tanto ser trem, neste trem ligeiro
O coração é ligeiro e sendo ligeiro
Cada semblante que passa
Esbarra na gente e sonha ser gente
Dentro de um trem ligeiro...
Ah, se a vida entendesse
O vão deste trem, o vagão que ficou
Entre sonhos e vícios, o trem ligeiro...
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 04 de setembro de 2007
2119. A ZUADA CONSTANTE DO TREM
aos amantes que andam de trem de Santa Rita a Cabedelo-PB.
Um... Dois... Três... Quatro... Cinco... Seis... Sete
Conta de mentiroso no vagão deste trem
Vai criança, vai velho, vai menino, vai gente
Vem gente que briga, vem gente que fala
É fala de um
Dois ficam ouvindo
Três querem saber o que houve
Quatro apenas distantes ouvem
Cinco apelam para o trem chegar
Seis não querem de nada saber
Sete é mentiroso e como mentiroso
Acaba levando a melhor...
E lá vai o trem... Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete...
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 04 de setembro de 2007
2120. AS PINTURAS DO TREM
Saudosista, saudosista
Onde fostes amar o trem/
Me digas, saudosista
O que mandas?
Tem pinturas no trem
Não é do meu tempo
Não é do seu tempo
É do tempo do grafite
Grafitaram o trem
Esteticamente trem
Não tem pra ninguém
As belas pinturas
Do trem
Trem
Em
e...
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 04 de setembro de 2007
2121. A CARREIRA DO TREM
Lá vai o trem
Na bagagem ninguém
Lá vai o trem
Será que veio o meu bem?
Lá vai o trem
Foi para o além
Lá vai o trem
Se sacode trem
Que não tem pra ninguém
A carreira que o trem dar
Assusta qualquer tremzeiro
É carreira danada de boa
É carreira de trem
Você vai gostar também.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 04 de setembro de 2007
2122. AS PEDRAS QUE ENTRAM NO TREM
as pedras que entram no trem são tantas
são tantas as pedras que entram no trem
as pedras jogadas no trem são muitas
são muitas as pedras jogadas no trem
dá insegurança pra quem anda de trem
dá insegurança pra quem gosta de trem
as pedras ferem o prazer de estar no trem
as pedras maltratam o coração do trem
as pedras arranham a pintura do trem
as pedras são muitas jogadas no trem
as pedras no caminho do trem
as pedras no caminho
as pedras
pedras
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 04 de setembro de 2007
2123. HD DANIFICADO
o que fazer diante de tal situação
em que meus arquivos, documentos,
pastas e importantes colocações
foram perdidas
hd danificado
documentos perdidos
devem ser recuperados
devem ter um acontecimento
porque neste momento
minha alma se descontrola
sou fiasco, sou falta de memória
computadorzinho danado
pedras
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 04 de março de 2008
2124. DIA OITO DE MARÇO
Dedicado para Norma, Carolina, Camila e Catarina (Meu Quarteto Lindo)
Dia da mulher
Oito de março
Sábado
Manhã
Sesquicentenário
Almoço
China
Dia da mulher
Tenho quatro comigo
Sou feliz
Sou feliz
Sou feliz
Sou feliz!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de março de 2008
2125. DIA DE PELADA
Sou peladeiro
encrenqueiro
bagunceiro
no meu país
estrangeiro
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1990
2126. PAI QUE MORRE
Do nascer, viver, morrer
O último verbo é senhor condutor
De um pai que antecede a dor
E conduz a vida em perecer...
Assim é um pai que vai morrendo
E a todos faz sofrer por vício.
Pedir a morte virou um ofício
E a morte tão distante vai vivendo
Vive enquanto um pai morre
E todo mundo se socorre
Nesta morte que um dia há de vir.
De tanta palavra dita ao mundo
O pai se sente um moribundo
E vive enquanto Deus permitir.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de agosto de 1995
2127. VAI QUERER ENTENDER
Vai querer entender
Esse tal de Windows Explorer
Quando na verdade
A exploração é dor de cabeça
É não querer entender
O que se tem pela frente
E quando na frente
A frente se perde
É tédio
É vontade de explodir
O Windows
Explorer...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de março de 2008
2128. ENQUANTO ELE NÃO VEM
Vai chegar o dia em que o dia não será mais dia
E este dia todo dia vai ter dia e não noite
É que a noite já não é mais dia e o dia deixou
De ser noite na noite que tanto sonho sonhou...
Com estas palavras
Contradições
Afirmações
Emoções
Recebo a notícia
E sei da notícia
Escola nova
Direção em chama
Me chama que eu vou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de março de 2008
2129. ENQUANTO O SONHO NÃO CHEGA
Enquanto o sonho não chega
Não chega o sonho de sonhar
Enquanto o sonho não chega
Chega o amor de esperar
Enquanto o amor não vem
Vem o amor de esperar
Enquanto o sonho é sonho
Chega o amor de sempre esperar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de março de 2000
2130. A TRILHA DA EDUCAÇÃO
Sou pequeno
E já sei percorrer
A trilha da educação
Vou à escola
Merendo e estudo
Dou risada
Sei que a arte
É a minha chegada
Percorro do pouco
Um tudo
Não me iludo
Com a educação
Aprendo a verdade.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 01 de abril de 2008
2131. SER DIFERENTE
Ser diferente
É normal
Pois ninguém é igual
Temos que vencer
O preconceito mundial
Se você não se cuidar
Vai se dar
Muito mal
Ser diferente
É normal
Não tenha preconceito
Seja bom
Não seja mau
Se você não se cuidar
Ninguém vai lhe chamar
De legal.
Bento Júnior e Carolina Dias de Carvalho
João Pessoa-PB, 01 de abril de 2008
2132. ESCOLA RAIMUNDO NONATO
Tão bela escola
Vinda de um nome
Raimundo Nonato
Jornalista - Dramaturgo - Homem de cultura
Assim é nossa escola
Vinda de homens que pensam
Por uma cidade educada
Assim é nossa escola
Raimundo Nonato em cena
Vida e obra do mestre
É nossa escola em ação
Gervásio Maia, Gramame
Colinas do Sul
Engenho Velho
Todos irmãos com Raimundo
A educação de nossa gente
Dessa comunidade vida
Raimundo Nonato é escola
A cultura da história dessa cidade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de abril de 2008
2133. SILÊNCIO DA NOITE
Às vezes, no silêncio da noite, entre
Tantos suspiros, padeces. Pedaço
De águas partidas na partida do trem
Do trem que não vem... é só estardalhaço.
O homem tão dono de si, se enrola
E socorro a todos pede. É um fracasso.
O homem tão dono de si é ilusão
Nas tantas ilusões. É silêncio marcado a compasso
No compasso de tantas noites.
As noites silenciosas de minha mente,
Mente, mente muito e me faz descrente.
Sou silêncio na noite de tantos dissabores,
Sou silêncio entre tantos amores,
Sou silêncio de todas as noites.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de abril de 2000
2134. QUARENTA E SETE
Tenho quarenta e sete
anos de vida,
som de pedra atrevida,
sou uma peste...
inofensiva, sou permissível,
um tão quanto solitário,
destemido e donatário.
Penso e às vezes sou insensível.
Gosto do nada no tudo,
e tudo faço pelo nada fazer,
quando faço levo tempo a crer...
Que a criação já é fantasia de entrudo
e das quantas estou a viver,
se vivo é vício quem vive por prazer.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 26 de março de 2008
2135. ESTÉTICA E ÉTICA NA PATÉTICA DA FONÉTICA
Estética tem ética
Na patética fonética,
A mulher tão cética
Abandonou a métrica...
Estética e ética
Na prática da fonética,
Misturou-se, força bélica
Acabou-se a estética.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 26 de março de 2008
2136. EXPLOSÃO, CORAÇÃO DE ARIANA
à Norma Sueli (Minha Esposa)
Por que tanta
Explosão
No coração
Desta ariana?
Por que
Tanta
Explosão
No teu
Coração?
Odeias pelas palavras
Sofres pelo amor
Causas sofrimentos à alma
Tens pela frente os casos da dor!
Tanta explosão
Explode no teu semblante
Ariana, anote de coração
Somos de hoje em diante
Amados, eu sou o teu amante...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de março de 1998
2137. ERGUENDO ESTRELA
Ergue-se uma estrela
No céu tem mais de mil
Caso com ela e vou retê-la
Dentre todas do Brasil
Canto com ela sem ser cantor
Mesmo sendo estrela retida
Brilhas mais do que as mil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de março de 1990
2138. ESCOLA DEPENDE...
... Depende do lugar
Depende da estrutura
Depende da moldura
Depende de onde está
Depende do tamanho
Depende de estudo
Depende de todo mundo
Depende de menino medonho
Depende esta escola
Depende de todo mundo
Depende do poço o fundo
Depende do poder
Depende às vezes de esmola...
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 02 de março de 2007
2139. SOZINHO NA SOLIDÃO DA SORTE
Sozinho pela estrada da sorte
Sorte tem quem tem sorte de vir do norte
Quando a solidão é de morte
Não há sorte que suporte o mote.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 02 de março de 2007
2140. MAIS QUE UMA AVENTURA...
Saio de casa e sempre saio pela frente
É pela frente que gosto de sair
É pela frente que gosto entrar
De tantas saídas em aventuras
Juro na paz das minhas juras
Saia da frente que quero passar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de abril de 1990
2141. FIM POR FIM... FEITO POR MIM...
Fim por fim
Feito por mim
É bilhetinho escrito assim
No caderninho de minhas escritas
Meninas tão aflitas
Esperam um beijo
Dado por mim...
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 20 de agosto de 1984
2142. AS MÃES ESCOLARES
Todas as mães
São mães da escola
A escola da vida
A escola do filho
E do filho a mãe toma conta
Toma conta da escola
Mora na escola
Come na escola
Ama a escola.
As mães escolares
Moram na lua
Andam quase nuas
Gostam dos mares...
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 20 de abril de 2007
2143. TRABALHO DE EQUIPE
Temos quatro unidades
Quatro unidades numa só
Somos quatro irmandades
A união da lua e do sol
Cada unidade é papel importante
A unidade é Nova União
O trabalho coletivo tem que ser constante
Uma equipe no acerto e na decepção
Aprender com cada experiência
É somatório, não pode haver competição
Saúde é uma parte viva da ciência
É vida e que vivamos a Nova União.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 2008
2144. ESTA MULHER E A FOTO
Esta mulher na foto
Tão forte é vida
Não teme a morte
Tem fé, tem amor.
Esta mulher na foto
Tão valente sua vida
Não teme a gente
Tem fé e quer partir.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 2008
2145. ESTA FOTO
Esta foto embranquecida pelo tempo não
Me dá tempo de preteá-la, apenas branqueia-me
Apenas me deixa branco sem vida a vagar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 1983
2146. ESTA SENHORA
Canta meus males ao mundo
Diz o que faço de ti
Mostra teu segredo guardado
Samba sem fugir.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 2008
2147. MARIA MORTA
Maria que sabe de tudo
Maria que quer se casar
Casou-se com Xico Mudo
Morreu e foi pro alto mar
Xico Mudo ficou sozinho
Morando na beira do rio
Xico Mudo plantou um pezinho
Flores para acalentar seu frio
Num belo dia de sol
Uma jovem apareceu
Xico Mudo olhava o pó
As cinzas de quem morreu
A bela mulher falante
Xico Mudo ficou pensando
A mulher era tão errante
O mundo todo ia se acabando
Xico Mudo apaixonado
Por Maria e por mais ninguém
As cinzas ficaram ao lado
Maria só tinha o bem
A jovem fazia de tudo
Para ser bem agradável
O danado do Xico Mudo
Falou de forma amável
Mulher vá simbora
Que não quero, não
0 que eu quero agora
É ficar sozinho neste chão
A mulher deu uma olhada
Sumiu daquele momento
Xico Mudo olhou a entrada
E entendeu o sofrimento
A mulher era Maria
Que veio só pra saber
Se o amor de todo dia
Era de Xico o seu viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1980
2148. MAMÃE É DE PÉ PEQUENO
Mãe...
Mamãe...
Meu pé pequeno
Calçando 32 é tão pequeno
Que cabe no pé da minha outra
Mãe.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1982
2149. SORTE TEM O VELHO DA ESQUINA
O velho da esquina que passa nesta esquina
É tão velho que velho é apellido de quem nunca
Passou em esquinas, tanta sorte o velho tem
Que sorte por sorte o velho tem da esquina...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de setembro de 1990
2150. MISTERIOSA MULHER
Somente uma palavra
Nada mais do que uma palavra
Uma palavra basta
Para dizer em poucas palavras
O que em muitas palavras
Poucas palavras minhas não diriam
No entanto não tenho palavras
Para tecer tantas palavras
Nestas milhões de palavras
Que circulam cada uma de nossas palavras.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1983
2151. É COMO SE FOSSE
O doente estirado no chão
Caído e bêbado na estrada
Quando um chegava
Quando o outro vinha
É como se fosse
É como se fosse
Meu irmão...
O doente no chão estirado
Uma multidão que passava
O pai se aproximava
Era pai
Ou se não
É como se fosse...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de maio de 2008
2152. JACARÉ EM CENA
Tudo se faz
Quando o fazer
É fácil
Tudo se faz
Quando o amor está em cena
Em Jacaré o rabo anda solto
Jacaré dar o bote
É fim e fim por fim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 2008
2153. VER A MORTE CHEGAR
Dedicado para Moacir (Primo de Norma Sueli - Minha Esposa)
Tão confiante, tão disciplicente, tão tão
Que de cada palavra da sua voz rouca
Uma vírgula se perde no frasear da emoção,
É fim de tantos fins que seca na boca
Esta mesma boca de tantos desejos
De tantos sonhos e tantas esperanças
Não que a vida seja apenas de beijos
Os beijos são de todas as crianças
As mesmas crianças que sonhei
As mesmas crianças que moram em mim
As mesmas crianças que deixei
Deixei sair de mim só por sofrer
Um sofrer amargo é espera de morte
A morte que vem buscar quem hoje quer viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de maio de 2008
2154. PRAIA DE JACARÉ
Bela praia onde do alto o sol chega primeiro
É luz que arrepia turista, é terra de artista
Um sonho que encanta qualquer brasileiro
Aquele que aqui vier para ser realista
A realidade é tão tamanha neste chão
Que o amor brota de todo ar que respiramos
É beleza de lua na lua de todo coração
Como o coração a pulsar daqueles que amamos
Um amor tão puro e sincero
De gratidão te espero
E na espera sou Jacaré
Um Jacaré tão elegante
Chamoso e falante
Sou fera e jamais passo o pé.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 2008
2155. DÁ-LHE
De tanto surrar
De tanto falar
De tanto malhar
De tanto enxugar
De tanto emplacar
De tanto calar
De tanto amar
Dá-lhe com tuas mãos
Dá-lhe nestes cidadãos
Dá-lhe em todos anciãos
O homem que deu
O homem que morreu
O homem se fudeu
O homem morreu
Dá-lhe e vai embora
Dá-lhe que tua mulher chora
Dá-lhe ao homem a tua esmola.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1990
2156. A ORAÇÃO QUE MINHA MÃE ENSINOU
De tanto amar
De tanto ser
De tanto querer
De tanto falar
De tanto perder
De tanto ganhar
De tanto ver
De tanto calar
De tanto ler
De tanto cantar
De tanto saber
De tanto sonhar
De tanto sofrer
De tanto apanhar
De tanto morrer
De tanto ganhar
De tanto viver
De tanto chamar
De tanto correr
De tanto aclamar
De tanto bater
De tanto banhar
De tanto rever
De tanto tentar
De tanto se dar
De tanto ter
De tanto barganhar
De tanto dever...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1990
2157. MORREU
Foi tomar banho de rio
E nunca mais voltou
Perdeu todos os encantos
Numa tarde se afogou
Se jogou de cabeça ao chão
Perdeu todas as esperanças.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1990
2158. TEMPO DE ESPERA LONGA
Todos esperam...
Um apenas ouve a agonia
Uma tia tão desajeitada
Seu sobrinho a espancara
E como nada tendo a ver
Foi-se embora e nada de queixa prestou.
O tempo era longo
A espera tão longa
O sobrinho da tia
De arma na mão
Tão pequeno era
Nada aconteceu
O Estatuto lhe deu direito
Quando o menor da tia
A vida lhe tirou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1991
2159. QUATRO RODAS, QUATRO SERES
Nas quatro rodas
Quatro seres vão
Nas quatro rodas
Na frente um cristão
Nas quatro rodas
Na direção do dia
O pai e suas filhas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de maio de 2008
2160. BATE PEITO ATRAVESSADO
No fundo do peito
Com razões da alma
Ele se mandou
No fundo do poço
Com razões do tempo
Ele se ferrou
Onde andará a vida?
Deixe que dela conto
Eu vou tomar
Só não me venha falar
Da vida, eu a quero bem
Bate peito fundo
No fundo de minha alma
Ver-se arrebenta
Ver-se canta fundo
No fundo das minhas razões
Bate peito fundo
No fundo da minha alma
Ver-se me acalma
Ver-se me faz sonhar
Bate fundo peito
Peito sofredor
Ama meu passado
Estraçalha meu ser
Atravessado...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de maio de 2008
2161. VACAS GORDAS...
As vacas do cercado do meu avô
São gordas com não há,
Comem ração de manhã
A tarde vão descansar...
As vacas do cercado do meu avô
São gordas de comer,
Quanto mais comem
Mais de comida querem saber...
As vacas do cercado do meu avô
São gordas como cururu,
Pisam fortes no chão
E peidam ouro no olho do cu...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1979
2162. JESUS VEIO VER O NATAL
É com grande satisfação
Que paramos para refletir
Jesus veio ver o Natal
Tão somente para nos servir...
Foi grande esse momento
Quando Jesus chegou
Transbordando alegria
Enchendo o Natal
Com muita paz e amor...
E assim a humanidade
Vive a esperança da bondade
Jesus é só felicidade
É pura e singela amizade.
Bento Júnior e Andrielly Pontes
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2163. MARIA
Mãe
Palavra doce e sublime
E quando se trata de Mãe
A Mãe de Nosso Senhor Jesus
Essa palavra é significativa
Maria
Mulher de fibra e coragem
Criatura, filha de Deus
Exemplo de obediência
Maria
Uma dádiva da humanidade.
Bento Júnior e Ana Cristina Souza
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2164. ÁRVORE DE NATAL
As Árvores de Natal
Tão belas são
Com seus enfeitinhos
Com o seu sonzinho
Fazendo dindon – dindon...
Em seu pezinho
A Árvore de Natal
Cheia de presentinho
Para alegrar
Um monte de menininhos
Assim são as Árvores de Natal
Tão belas são...
Bento Júnior e Aniery Brito de Oliveira
João Pessoa-PB, 20 de Janeiro de 2008
2165. O NASCIMENTO DE JESUS
No dia 25 de dezembro
Nasceu um menino
Chamado Jesus de Nazareno
Para anunciar a Boa Nova
Surge no céu a Estrela Dalva
Iluminando os Reis Magos
O Filho de Deus
Nasceu como um filho qualquer
Numa pequena manjedoura
Por falta de hospedaria
Que fosse acolhedora
José e Maria
Ficaram felizes
Pois acabara de nascer
O Rei dos Humildes
Jesus de Nazareno.
Bento Júnior e Priscylla Ramos
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2166. JESUS É VIDA
Jesus é vida
Jesus é amor
Jesus nos consola
E nos livra da dor
Jesus é nosso guia
Jesus é nossa luz
Jesus é uma estrela
Que ao céu nos conduz
Jesus é nosso Redentor
Remido e amado Senhor
Jesus é bom Pastor
Nosso infinito salvador.
Bento Júnior e Ângela Karla dos Santos
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2167. A LAPINHA
Quando chega o Natal
Todos na rua bem animados
Vão ver a beleza da lapinha
Dançada com seus cordões
Azul e encarnado
Para alegrar a Diana
A lapinha dos nossos corações...
Bento Júnior e Ana Mororó
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2168. MENINO JESUS
Menino Jesus
Tu és alegria
Tu és esperança
Desta lapinha
Dançada na rua
De uma criança
Menino Jesus
Os cordões se agitam
Vermelho na frente
Azul pede um voto
Diana está toda contente
Deu um riso, bateram uma foto.
Menino Jesus
A lapinha está bela
Os cordões dançam bem
A Diana da cor de canela.
Bento Júnior e Aldenize Borba
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2169. JESUS VEIO VER O NATAL
É com grande satisfação
Que paramos para refletir
Jesus veio ver o Natal
Tão somente para nos servir...
Foi grande esse momento
Quando Jesus chegou
Transbordando alegria
Enchendo o Natal
Com muita paz e amor...
E assim a humanidade
Vive a esperança da bondade
Jesus é só felicidade
É pura e singela amizade.
Bento Júnior e Andrielly Pontes de Barros
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2170. MANJEDOURA
Nesta manjedoura
Estava o Menino Jesus
Ali todos ficaram
Olhando a manjedoura
Bela, era tudo maravilhoso,
Todos felizes
Com a chegada do Menino Jesus
Naquela manjedoura...
Bento Júnior e Ana Júlia Oliveira
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2171. O SINO DO NATAL
O que seria do Natal
Sem o soar do sino
Que traduz alegria
De Jesus Menino...
O sino do Natal
Com seu som forte
Seu imenso ardor
Nos eleva ao alto
O verdadeiro amor.
Bento Júnior e Ana Paula Oliveira
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2172. MANJEDOURA PEQUENINA
Manjedoura pequenina
Tão pequena, porém grandiosa
Com sua simplicidade
Recebeu o Menino Jesus
A manjedoura ficou tão orgulhosa.
A Manjedoura tão pequenina
No estábulo estava
Hoje é um símbolo natalino
Nasceu o Menino Jesus
Onde antes o boi pastava.
Bento Júnior e Andréia Nazário
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2173. FAMÍLIA NATALINA
Disse Deus:
- Não é bom que o homem esteja só,
- Vu mandar Adão entrar num sono profundo
- Vou tirar de uma de suas costelas,
- Uma companheira para Adão, vou dar o nome de Eva.
Adão e Eva fizeram muitos filhos
Encheram a terra de gente
Criaram a família no mundo
Hoje os filhos de Adão e Eva
Forma a família natalina.
Bento Júnior e Ângela Maria Alcântara
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2174. A FOME DO NATAL
Natal é festa
Natal é comemoração
Nasceu o Menino Jesus
Para alegrar coração
Os capitalistas aproveitam
Faturam muito dinheiro
Iludem as pessoas
Gastam no natal o capital
Do ano inteiro
Enquanto isso pessoas pobres
De espírito e de poder aquisitivo
Tem fome de Deus
Fome de comida
Fome de amor
Fome de fé
Fome de esperança
Fome de não comer no natal.
Bento Júnior e Akeline Santos
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2175. A ÁRVORE DE NATAL
A árvore de natal
É a beleza deste lugar
Inspira poetas e artistas
Fazem festa e querem cantar...
Nossa árvore de natal
É colocada num cantinho
Seus ramos de fé
Nos enche de amor
De paz e carinho.
Bento Júnior e Ana Barbosa
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2176. SAUDADE DO NATAL
Eu sinto tanta saudade
De algo não muito normal
Em cada dia desta vida
Eu recordo aquele natal
Natal tão inesquecível
De tantas festas e recordações
Familiares e amigos
Belas festas e celebrações
Hoje me pego tão saudosa
Sinto a noite iluminada
Sou uma pessoa bondosa
A saudade me faz abençoada.
Bento Júnior e Aldineide Sena
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2177. AS LUZES DO NATAL
Natal é repleto
De coisas maravilhosas
De tudo lembramos
Tudo que passamos
Ao ver tudo isso
Elas estão comigo
Em todos os anos.
Nesta época os enfeites
Dão um colorido às luzes do natal
Elas nos trazem emoção
Tão grande é a gratidão
As luzes brilharem no meu quintal.
Bento Júnior e Angélica Cândido
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2178. PRESÉPIO
O natal se aproxima
Aos meados de dezembro
Todos com muita alegria
Esperam pela Festa de Fim de Ano
Muitos símbolos aparecem
Entre eles o Presépio
Realidade esculturada
Do maior nascimento da humanidade
José, Maria, Jesus, família
Sagrada, abençoada
Que naquela noite
Na luz daquela estrela
Surge para salvar o mundo
E hoje a lembrança daquele
Acontecido aflora nossa mente
O Presépio do nascimento do Salvador
Da humanidade.
Bento Júnior e Thays Priscilla
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2179. A VELA NATALINA
A vela é branca
A vela é luz
Que ilumina a noite
A noite de natal
A noite de Jesus
Noite feliz, noite feliz
É vela de todas as cores
Que ilumina o céu
O Menino Deus chegando
Trazendo consigo os seus amores.
Bento Júnior e Alana Ribeiro
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2180. O PÃO DO NATAL
O pão natalino
O pão natalino
Representa o corpo de Cristo
O corpo de Cristo
O ouvido é a boca da alma
Desse alimento eu me farto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2181. AS ESTRELAS QUE NOS GUIA
Guiadas pelas estrelas
Eles vieram entregar
Presentes carinhosos
Banhados de luzes das estrelas
Para o Menino se alegrar.
Bento Júnior e Alcione Costa
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2182. AS CORES DO NATAL
As cores do natal
Nos faz reviver
Nos faz reviver a esperança
A esperança de um mundo melhor
Onde haja só brilhos e luzes
Para nos prometer vida em abundância
Cores para a nossa paz.
Bento Júnior e Alinne Neves Nóbrega
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2183. SINOS QUE TOCAM
Os sinos
Anunciam
As boas novas
Alegria e paz
Quando ouvimos
Tocarem os sinos
É sinal de um coração
Cheio de vida, emoção
É sino que toca
Arrebentando as paixões
Anunciando o amor
O doce sabor de nossas emoções.
Bento Júnior e Alcione Pereira Nunes
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2184. CEIA DE NATAL
CEIA
Caridade
Esperança
Importância
Amor...
Bento Júnior e Andréia Silva
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2185. PINHEIRO DE NATAL
Sou um pinheiro
E não sei o que vou dar
Para esse Menino
Que inda agora acabou
De chegar.
Já deram tantos presentes
Tudo para comemorar
A chegada desse Menino
Cheio de amor no seu olhar.
Sou um pinheiro
E não quero junto ao
Menino chorar
Vou correndo ligeiro
Dizer ao mundo que é preciso
Festejar.
Bento Júnior e Isabel Cristina Gabriel
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2186. TODA NOITE DE NATAL
Toda Noite de Natal
Papai Noel me traz
Muitos presentes no bolso
Muita paz e união
Toda Noite de Natal
Papai Noel me traz
Alegria e sonhos
Saudades que ficaram
Cravadas no meu coração.
Bento Júnior e Aline Gonçalves
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2187. OH! EMOÇÃO
Oh! Emoção que vem do coração
Coração cansado
Coração calejado
Coração tristonho
Coração renovado
Coração permissível a novas
Sensações...
Oh! Coração estranho
Tristes dos olhos castanhos
Possuidores de corações
Tão possuídos de perdões.
Bento Júnior e Carmem Dolores
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2188. AQUELES OLHOS CASTANHOS
Aqueles olhos castanhos
Estavam um pouco estranhos
Quando eles me pediram perdão
Senti forte emoção
Foi minha permissividade
Que tanto mexeu com minha sensibilidade.
Bento Júnior e Carla Jeane
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2189. ARTE ACRÓSTICA
Alegria
Radiante
Teatro
Espetáculo.
Bento Júnior e Caliane de Lima
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2190. PEDAGOGIA
Fazemos pedagogia
Na arte de ensinar
Na universidade
A linguagem do educador
É boa de assimilar
Aprendemos rapidinho
Com a sociedade vamos lidar
Minha turma está bem perto
Do curso acabar
E na nossa formatura
Nós vamos nos esbaldar.
Bento Júnior e Caroline de Almeida
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2191. CURSO DE PEDAGOGIA
O Curso de Pedagogia
É um curso interessante
Estuda homem e mulher
É um curso radiante
Pela Universidade
Todos querem passar
Arte e cultura
Querem aprender
Para uma boa vida levar
Chega o fim de ano
Saudades do meu curso
Momento de confraternização
Todos juntos com a família
Numa bela e singela união.
Bento Júnior e Cacilda Maria
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2192. UNIVERSIDADE
Universidade fase importante
Muitas conquistas, realizações
Pedagogia rima com arte
Saudade, sonhos e emoções...
A arte de ensinar educando
A vida pela cidadania
Universidade é cultura
É um lugar de magia...
Universidade e fim de ano
Que contexto social
Todos se confraternizam
Esperam um novo natal!
Bento Júnior e Dayana Kelly Cavalcanti
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2193. FIM DE ANO
Fim de ano na Universidade
É só felicidade...
Pedagogia é uma arte
Educar com criatividade!
Fim de ano
Vida para a humanidade
Transmitir cultura
Com sensibilidade...
Fim de ano na Universidade
É só felicidade
Fazer poema é sentir saudade
Falar e dizer a verdade!
Bento Júnior e Celly Anne
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2194. A ARTE DA VIDA
Na arte da vida
Venho a caminho
Fazendo cultura
Na Universidade
Colhendo carinho
Em cada verdade
Plantando a linguagem
De fim de ano
Obtendo presentes
Da minha coragem.
Bento Júnior e Auristela de Andrade
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2195. A ARTE DE VER A ALMA
Agir com sensibilidade
É deixar fluir a sua emoção
Para se ter permissividade
É preciso saber dar o perdão
Não se pode julgar o estranho
Por ser branco, negro ou castanho.
Bento Júnior e Ana Júlia Oliveira
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2196. AS MOCINHAS
As mocinhas muito belas
Jurema, Juju e Joelma
São amigas inseparáveis
Que mantém uma amizade
Pai, Filho, Espírito Santo dos incontroláveis.
Bento Júnior e Cristiane Lino de Carvalho
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2197. A FESTA DE PUXINANÃ
A festa de Puxinanã
É muito inusitada
Vem gente de todo lugar
E tem até moça enfeitada
Tem Augusta dos olhos de luz
Augusta toda iluminada
Guilhermina nem se fala
Tem os peitos iguais a cuscuz
Eita moça arretada
É uma tal de Maroca
Essa sim, bonita até demais
Seu corpo é como violão
Pense numas moças
Derrubadoras de qualquer coração.
Bento Júnior e Cláudia Gomes
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2198. AS FILHAS DE DONA FULANA
Olha a graça de dona fulana
Que em seu ventre fez nascer
Três lindas princesas
De fazer os olhos arder
A primeira era Ana
Essa era a mais bacana
A segunda era Teresa
Tinha lábios de cereja
E olhos azuis
Um brilho da luz
Que nos conduz
Quanta graça tem Simone
Com seu corpão de silicone
Que muito deixava sem graça
Os homens que passavam na praça
Bento Júnior e Claudineide Carvalho
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008
2199. AS MALVADAS
A malvada da tia
Com o sobrinho só sacanagem
Com o mundo só putaria
Todas as tias, todas malvadas no sexo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1982
2200. FINDANDO O FIM DESTE TERMINAL
Fim...
O terminal de ônibus está no fim...
Vou terminar findando este fim
Porque, só assim o fim será o final verdadeiro
E não este fim tão sem término.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1981
2201. HOJE EU ME ACORDEI PENSANDO NELA
Hoje eu me acordei
Pensando nela
Todo canto da casa
Pensando nela
Todo lugar que eu ia
Pensando nela
De todas as saudades
Pensando nela
Hoje eu me acordei
Pensando nela
Por mais que eu me esforçasse
Pensando nela
E por mais que eu não pensasse
Pensando nela
Por mais que eu gritasse
Pensando nela
Por mais que eu gemesse
Pensando nela
De todas as tristezas
Pensando nela
De todas as lembranças boas
Pensando nela
De todas as cachaçadas
Pensando nela
Hoje eu me acordei
Pensando nela
Nos lugares que eu passei
Pensando nela
De todos os sonhos
Pensando nela
De todas as insônias
Pensando nela
Hoje eu me acordei
Pensando nela
Hoje eu me acordei
Como não fosse acordar
Pensando nela
Pensando nela eu estou
Pensando nela
Hoje eu me acordei
Pensando nela
E como deixar de pensar
Se vivo dela
Hoje eu me acordei
Pensando nela
De todas as esperanças
Pensando nela
Hoje eu me acordei e dei um suspiro
Foi aí que cada vez mais
Pensando nela
Dei gargalhadas ao vento
Pensando nela
Dei beijos de despedida
Pensando nela
Sonhei que eu estava em Marte
Pensando nela
Precisei romper os poros
Pensando nela
Dentro de uma sala escura
Pensando nela
Dentro de um porão
Pensando nela
Dentro de um sótão
Pensando nela
Hoje eu me acordei
Pensando nela
Hoje eu me acordei
Além de pensar nela
Penso em você
Que precisa dela
É a vida que penso tanto
Pensando nela.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de agosto de 1985
2202. HOJE A FOTO ESCAPULIU DA MINHA MÃO
Hoje a foto pulou
A mulher olhou
Queria mais ver
Foi impedida
Não viu mais
A mulher buchuda
Pulando em cena
E a mulher ciumenta
Pulando na cara
Gritando na cara
Zombando da cara
Queria a foto ver
Não viu e foi dormir.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de maio de 1990
2203. TERÇAS E QUINTAS
Todas as terças, todas as quintas
Na certa ou na incerta hora,
Lá estava ele de malas prontas
Prontas para ir embora...
Ir embora e ficar trem esperando
Cantando e sentado na pista,
Soletrando o verbo da espera
Venha na educação e invista
Em todas as terças e quintas
Nos dias todos em cena
Não valeu a pena
O dia foi de grandes desencontros
E no encontro houve a partida
Fugiu o poeta de minha vida.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 08 de maio de 2008
2204. TENHO QUE IR
Lá... Eu tenho que ir...
Lá, vou chegar e partir...
Sorrir e chorar...
Chorar e só depois falar...
Eu tenho que ir desse jeito
Sem gibão e couro no peito,
Sem perdão e sem gratidão,
Vou e comigo vai um coração
Que sem vida pela vida
Vive a viver de outras vidas
Na vida de tantos pesares.
Lá... Eu tenho que ir
Sonhar nas idas e vindas
Porque todo amor se finda.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 08 de maio de 2008
2205. TODO CUIDADO É POUCO
Cuidado com todos os cuidados
E não temas os cuidados que tenho
Sou cuidadoso por natureza
E quando caminhas eu já venho
E se venho é porque tenho cuidado
E tanto cuidado tenho guardado
Guardo e ando comigo na intimidade
De ser íntimo comigo e quem está do meu lado.
Por que ter tanto cuidado?
Por que ser tão cuidadoso?
É sinal de ter cuidado.
Por que o cuidado em mim
Tem tanto cuidado no verso?
Tenho cuidado e sou mesmo assim.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 08 de maio de 2008
2206. PAZ PELA PAZ
Paz por aquele que ver o sol
Mas não consegue ver a lua
Paz por aquele que está pra nascer
Paz aquele que acabou de morrer.
Paz pelo ventre da mulher
Paz por aquela que amamenta
Paz por aquele que ver a luz
Mas não consegue enxergar o sol.
Paz por todos e todos
Por todos os males do tempo
Paz pela criança que brinca
Pelo velho que ensina.
Paz pelo mundo de paz
Paz pelo silêncio da flor
Pelo nascer de uma rosa
Pelo desabrochar da velhice.
Paz pela paz
Paz pela esperança tardia
Paz pela vida vivida
Paz pela paz de fazer paz.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1994
2207. COMPROMISSO NOTURNO
Compromisso é o que não falta
No coração do menino,
Compromisso com a menina
Nove meses se compromissando
Aí quando o bucho crescer
Eu só quero ver
Se o pai ou se a mãe manda
A menina do filho cuidar.
Noite adentro lá vem o menino
Com cara de quem quer menina
E a menina em casa tão nova
É nova demais e nunca ensina.
Ensina ser dona de casa
E cuidar do filho que vem
É nova demais para ser mãe
E o pai tão sem experiência
Foi tomar uma pinga
E embriagado falou
Que é maior do que o amor
E todos os amores são compromissados
É noite noturna na brincadeira de criança.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 08 de maio de 2008
2208. OS FATOS EM EM TRANSE
Já me perdi em barracos
Já montei tenda em bares
Já cantei por entre mares
Já me perdi em farrapos
Assim é a vida em transe
Assim é o sonho dos monges
Assim é a estória de camonge
Assim é o amor que dou o lance
São fatos que percebo
São fatos que desconheço
São fatos que têm o seu preço
São fatos que me alisam em sebo
São transe de tantos fatos
São transe de tantas fotos
São transe montados em motos
São transe sem poucos tratos
O homem e a mulher são duas pessoas
Duas pessoas em forma de homem e mulher
Duas pessoas contidas de paz e fé
O homem acha todas as mulheres boas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de setembro de 1991
2209. COMPROMETIDO COM O TEMPO
Uma abelha voando, voa alto no tempo
Um tempo parado, não voa mais do que uma abelha
A abelha rainha, raia ao nascer do sol, faz seu mel
Voa e se compromete com o tempo
Enquanto a multidão na vara pega
Para matar a abelha, ela sonhando pensa
É se comprometer para não parar o tempo.l
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1990
2210. CONTRA O TEMPO
Contra o tempo não pelo tempo
E sim pelo tempo que temos
É assim que conduzimos o tempo
Pelo contratemplo do tempo
No tempo tão sem tempo
Quue temos no pouco tempo
De nunca termos tempo no tempo
De temos em tempos...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1990
2211. AS RUÍNAS DO ENGENHO
Corredor é o Engenho
Onde José Lins Nasceu
É um lugar bonito
E pelo que me pareceu
José Lins foi um menino
De tanta traquinagem
E na sua mocidade
Intelectualizou-se
Foi aí que se danousse
Presos da cadeia
Que hoje na minha ceia
O engenho causa saudade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de maio de 2008
2212. A MULHER
A mulher tão falante
Elegante no falar
Diz que a vida não existe
Diz que o mundo é inexistente
E ama o ser na sua plenitude
E diz ser digna de amor
E não dá amor a ninguém
E diz que ninguém o dar
É esta mulher do elevador
Que sente profunda dor
Uma dor tão profunda
Que afunda todos os sentimentos
Dos momentos de todas as mulheres
Assume seus gestos e afetos
Com unhas a fazer
A mulher tão falante
Ficou no décimo andar
E de lá tão sem prévia atenção
Pulou e por sorte da mulher
Viveu para contar
O salto a mais de mil
E neste ano dois mil
Ela de unha feita
E sapato alto no ato
Deu entrevista
Para a grande revista
A vida tumultuada da mulher
Dona de casa
Estudante
Mãe
Trabalhadora pública
Assalariada
Com filhos e marido
Para conta tomar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 abril de 2000
2213. O GLORIOSO
Hoje em Recife, capital de Pernambuco
O Glorioso levou de três. Polícia para André,
Polícia para Bebeto, jogo feio, sujo e violento.
Expulsão e muito cartões. O Glorioso de luto,
Recife tão hospitaleira, não acolheu o futebol,
É Botafogo de Futebol e Regatas,
Vivendo a saída de Cuca, a desclassificação
Da Copa do Brasil para o Corinthians
Foi nos pênaltis o resultado, Zé Carlos desperdiçou.
Hoje o reflexo se estampou na cara do jogador
Deu Náutico Capibaribe, três a zero foi o placar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de junho de 2008
2214. ENFERMO
Todos de posse de sua labuta partiram
e o enfermo solitário gemia. Um gemido de dor,
uma dor como saudade, todas as dores a mim se uniram
e não tive como chorar. Chorei só de pavor
um pavor desses que não manda recado
e quando manda não escolhe o contemplado.
Tão enfermo entre quatro paredes o homem chora
e de tanto chorar seu choro nunca vai lá fora,
não indo lá fora, ninguém escuta,
ninguém imagina que nesta casa há um enfermo
e não é coisa de meio termo
é vontade de curar-se, tanta luta
enraizou no coração do enfermo tão sozinho,
um só tão só que um só não faz carinho.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de junho de 2008
2215. O VOLANTE
O enfermo entra no carro e dar partida.
O volante sai em disparada
O enfermo tranquilamente observa.
Nada de desespero. Anda carro. Anda carro.
O volante passa, eu fico
Eu ficando, nada passa,
Eu passando, me tranqüilizo
E com tranqüilidade nunca haverá trapaça.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 2008
2216. NAMORADOS, NAMORADOS
Tantos namorados com suas namoradas,
Tantas namoradas com seus namorados,
Tantos namorados com seus namorados
E tantas namoradas com suas namoradas...
A comemoração é desse jeito
Não tem essa de dizer que não aceito
É modernidade em ação, meu filho
É a luz ofuscando todos os brilhos.
Tantos namorados com seus gêneros idênticos,
Se identificam com seus ou outros gêneros,
É tantas namoradas de beijos ardentes na boca
Sedenta de namorados de gêneros idênticos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 2008
2217. ZÉ LINS, O PRIMOGÊNITO
O menino lá de Pilar, interior da Paraíba
Filho único, solitário, escritor de mão cheia,
De tantas obras belíssimas, que eu cá de riba
Peço uma história de Totonha, aqui na ceia,
E quero ouvir falar do moleque Ricardo,
De Fogo Morto eu já sei de cabo a rabo,
Sei dos escritos, sei de todo o cuidado,
Passa pra mim logo esse nabo,
Esse nabo é gostoso, plantado no Engenho
Que de tão saboroso sempre que quando aqui venho
Só quero falar do menino, desse menino de engenho
É Zé Lins, por ele consideração sempre tenho.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 2008
2218. MELHORAS
Estou tão bem que não sei se estou
Tão bem do jeito que é para ser
No entanto eu quero sossego
Eu quero paz pra viver
Estou tão radiante e glorioso
Torcendo pelo fogo em mim
Tirando as penas pesadas de mim
Correndo e cantando assim:
Se esta rua, se esta rua fosse minha
Eu mandava, eu mandava ladrilhar...
Estou feliz em poder melhorar
Meu estado de espírito e cantar
Uma canção sem nexo e sem sexo
É assim que eu sei sonhar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de junho de 2008
2219. CRIANÇA DE HOJE, CRIANÇA DE ANTIGAMENTE
A criança de hoje não quer estudar
Só pensa em fazer o que não é para fazer
E quando há algo para a mesma fazer
Dar um bote e se perde no caminhar...
A criança de antigamente era assim:
Atendia seu pai, sua mãe, seus avós
Respeitava os mais velhos e estudava
Brincava na hora certa, tinha limites...
A criança de hoje perdeu o limite
Quer fazer tudo que der na cabeça
O pai não controla, a mãe muito menos
É um dissabor que não tem solução.
A criança de antigamente vivia melhor
Apesar de não ter tanta informação
Tomava banho de rio, jogava bola de gude
E empinava pipa nas tardes de sol...
Já a criança de hoje está quase perdida
Divide o seu tempo com uma tal de internete
Não que a internet seja completamente mal
Mas a criança de hoje navega em páginas perdidas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 2008
2220. ONDAS MAGNÉTICAS DO MEU EU
As ondas magnéticas das minhas algemas
São ondas confusas, rebeldes e carentes
Senhoras damas de últimas categorias
São ondas que rondam, param e não sabem
De nada, não vivem nada, não desfrutam de nada
São alheias como a vida de ambas as ondas
Que golpeiam silêncios, que aprisionam infernos
É um fogo ardente, tão ondas mal amadas
Que às vezes me pergunto se estas ondas
São ou não são partes de mim.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 2008
2221. O PALHAÇO LADRÃO DE MULHER...
Dedicado ao Palhaço Carequinha
As cantigas de roda, todas foram cantadas,
O palhaço cantor, Carequinha o que é que é,
Com a bandinha do Altamiro, grandes gargalhadas:
O palhaço o que é? É ladrão de mulher...
Atirei o pau no gato, não mate o gato por favor,
Carequinha palhaço, o cravo brigou com a rosa,
Nesta rua tem um bosque, cadê ele meu amor?
Ciranda, cirandinha, acabe com esta prosa,
O Palhaço Carequinha, criança em pessoa,
Com sua alegria, a vida era boa,
Carequinha hoje alegra anjos no céu.
Tantas foram as canções que eu o ouvi cantar
Sua voz suave, seu canto que tanto fez encantar
Ao mundo, que hoje se perdeu no creu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de junho de 2008
2222. NÃO ME FALE...
Não me fale de segredos
Que eu não sei mentir
Não me fale de medos
Que eu não sei fingir
Não me fale de passado
Que eu não sei ouvir
Não me fale de sonhos
Que eu não sei me permitir
Não me fale de vícios
Que eu não sei como assumir
Não me fale de fugas
Que eu não sei fugir
Não me fale de trabalho
Que eu não sei pedir
Não me fale de ontem
Que eu não sei me consumir
Não me fale de prazeres
Que eu não sei como conseguir
Não me fale de vitórias
Que eu não sei me iludir
Não me fale apenasmente de mim
Que eu não sei como resumi...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de junho de 1998
2223. ENTRE O RISO E A LÁGRIMA
Entre o riso de tantas lágrimas
As lágrimas de tanto ri caíram de costas
Deram um baile na tristeza
E na tristeza de tantas lágrimas
Foi-se embora os gemidos e as dores
E todas as dores foram plantadas distantes
E só perto é que chegou a alegria
Em nome da paz e do amor
E cantou o poeta, cantou o ator
E que viva todas as lágrimas
Que hoje não são mais lágrimas
São risos de cantos e encantos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de junho de 1998
2224. MANAÍRA
Dedicado para Carolina, Camila e Catarina (Minhas Filhas)
De malas prontas. Prontas todas estão,
Esperando a tia, vão à Manaíra, lá se vão,
De bagagem na mão, fica pequeno meu coração,
A mãe tão emoção, fica na contra-mão.
Manaíra espera todas as filhas
Que vão em poder de uma tia,
Uma tia tão mãe na mãe que não é
E não sendo mãe, dá de si toda a alegria.
Elas entram no carro e vão embora.
Os pais ficam sós. O corpo chora,
Enquanto o coração implora,
Que Manaíra tem que ser mais perto,
Não essa distância, um hálito assim deserto,
São as filhas que sempre estão no caminho certo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de junho de 2008
2225. NOME FEIO
Arenga, nome feio, não faço questão,
O nome de tão feio, feio virou arenga,
São todas arengueiras, da boca saem feiúras...
Que nome feio! Que nome feio saiu da boca,
Um nome de tão feio explodiu a mãe que dormia,
A mãe queria viajar, estava brava...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de junho de 2008
2226. NOME FEMININO
O nome todo mundo já sabia,
Era escrito com F, mas pronunciava-se com G,
Era um menino forte, porém estranho nas ações,
Mas mesmo assim os outros diziam: questão das opções.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de março de 1980
2227. NOME CRISTÃO
Paulo, Francisco, José, João, Pedro,
Todos nomes cristãos, pergunto: e o meu?
- o seu carrega um bendito nas entranhas,
É nome forte, rei das cobras, esse é o seu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 1981
2228. FICA COM DEUS...
Por mais que ela tenha feito o mal,
Não devemos desejar-lhe o mal,
Sei que fez o mal porque esqueceu o bem,
Esqueceu o bem e hoje vive com Deus no além.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de junho de 1980
2229. DE MIM DISTANTE...
Tão longe, longe e distante de mim,
Sei que não a pego, isso é muito ruim,
E se for desse jeito, mesmo assim,
Quero seus olhos bem perto de mim.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de junho de 2008
2230. ASSUNTO DE ÚLTIMA HORA
Sei que não estou bem,
Preciso melhorar meu comportamento,
É por isso que me chamo Bento,
Aluno que só tirava cem,
Hoje tem nota baixa no boletim,
Precisa se cuidar, Tamandaré não é Polivalente,
Nunca faça o mal, faça o bem mesmo assim,
Tire uma boa nota, assim de repente,
Seu pai nada vai saber, este é o assunto
Criança boa nunca mente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de junho de 1976
2231. MINHA GALEGUINHA
Dedicado para Camila Dias de Carvalho (Minha Filha)
Ela é linda
Branca da cor da neve
Ela é a minha galeguinha
E mora junto de mim...
Junto a mim ela ama
O jeito do poema a fazer
Ela é uma linda galeguinha
E quero muito bem a você.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de junho de 2008
2232. MINHAS MÃOS, MEUS NERVOS
Estamos diante de um fato
Eu faço um trato
Sei que como no prato
A comida que tanto me farto
Assim minhas mãos estão trêmulas
Assim os meus nervos estão trêmulos
Sei que a figura está na mente
Mente para mim seu demente
Que tanto embaraço nas mãos faz
E assim os nervos se descontrolam
É a paixão de menino no corpo do rapaz
É a ação confusa dos pensamentos
Que se desenrolam
No mais sublime amor
De homem por mulher madura
Assim como a fruta é dura
O gozo nunca nos causa dor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1983
2233. INJUSTIÇAS CASUAIS
O homem que tanta construção construiu
Hoje mora de aluguel no apartamento que
Tanto suor do rosto caiu
É a injustiça e nós não sabemos o porquê
Só sabemos que a casualidade apontou
Na barba branca do homem pedreiro
E de tanta pedra levar pela dor
Ainda caminha e sonha ser herdeiro
É uma ingenuidade sem fundamento
Deste homem que só pensa em justiça
E todo mundo com palavras lhe atiça
Quer que ele faça um bombardeamento
Na bomba que só ele sabe o segredo
Pensou o homem: ainda é muito cedo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de junho de 1990
2234. BREGA QUE TE QUERO BREGA
A amizade é coisa séria
Que estampa na cara e não tem remédio
Quando se gosta se gosta mesmo
Mesmo que o outro não perceba
É a amizade que invade o ser
Faz um giro de cem graus pelo sangue
E deixa confiança à porta
De tanta confiança não importa o brega
Tudo é perfeito no mais perfeito estado
E quanto mais brega o outro é
O outro diz que te quero mais
E seja brega que o mundo agradece.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de outubro de 1984
2235. CORTE
No São João, noite de chuva e das boas
Lá estava eu a cortar madeira,
Era uma linda fogueira
Para esquentar quantas eram as coroas...
Coroa de todo jeito no São João a brincar
E uma linda fogueira trazendo a todo mundo sorte,
Foi aí que eu de um facão levei um profundo corte
Na mão esquerda, parte superior do meu polegar...
Um profundo corte o sangue a correr,
Deu medo eu sei que deu,
Mas ninguém morreu...
O facão tão enferrujado fez tudo acontecer,
Um corte imenso para estremecer coração,
Ainda bem que brinquei o Dia de São João.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de junho de 2008
2236. OS ANJOS QUE ME ESPREITAM
Na minha vida tem um anjo branco
Que eu não troco por ninguém
Sei o bem que ele me faz
Sei o mal que ele tem
Assim é o meu anjo bom
Tem sexo eu sei que tem.
Na minha vida tem um anjo negro
Que eu não troco por ninguém
Sei o bem que ele me faz
Sei o mal que ele tem
Assim é o meu anjo bom
Tem sexo eu sei que tem.
Os dois anjos me espreitam
Não me dão sossego,
É grande nosso apego
Nossos risos se enfeitam
De amor e compaixão
Eu estou apaixonado
Dois anjos mexeram comigo
Deixa pra lá meu anjo bom
Deixa pra lá meu anjo bem
Sei que o amor está comigo
Por enquanto está tudo acabado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de dezembro de 1988
2237. POESIA
Poesia, sai das minhas entranhas,
Invade os lares de todos os pensantes,
Faze-os declamar aos seus amores,
Mesmo os que sejam mais que errantes,
E sendo errantes a poesia tem remédio,
Um remédio que talvez não cure as dores,
Alivia de cada mal um pouco do tédio
E faz recital mesmo contra todos os dissabores.
Poesia errante, falante e pedante.
Poesia que tanto ensina a razão,
E sendo razão o homem é tão inconstante
Que a poesia pede licença e se manda.
A poesia é soneto e não só de coração
Vive o poema que mora n`outra banda.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1990
2238. MUITO TEM SE FALADO...
Muito tem se falado, muito tem se falado,
É uma falação que é melhor ficar calado,
Quanto mais o homem fala, menos cuidado
Ele tem no ato de cada palavreado,
É fala, essa mulher indefesa que a todos
Numa só palavra ameaça quem vive errado
E errando na fala não há como ser preparado,
Vem a sola, e sobre palmadas o alvo foi acertado,
Um acerto na hora de quem nunca tinha sido castigado,
Isso implica em dizer: muito tem se falado...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de agosto de 1985
2239. MUITOS SÃO SALVOS...
De que adianta andar descalço para provar
Que o amor é a maior das invenções?
De que adianta andar nu se as carnes
Não servem mais para as criações?
De que adianta pedir emprestado
Se o dinheiro é sujo das repartições?
De que adianta andar bem vestido
Se o figurino só é possível com prestações?
De que adianta sorri para o outro
Se os dentes contém perfurações?
De que adianta andar ligeiro
Se a pressa é uma das maiores ilusões?
De que adianta sentir-se útil
Se o ser por natureza vive nas confusões?
De que adianta escrever em vida
Se em vida os leitores vivem das contradições?
De que adianta dizer que muitos serão salvos
Se a salvação é parte integrante dos perdões?
De que adianta comer comida boa
Se a digestão de todos passa pelas ronquidões?
De que adianta ter uma bíblia em mãos
Se a salvação independe de cada uma de nossas ações?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de agosto de 1985
2240. PERDÃO AO MEU AMOR ETERNO
Senhor!
Perdão pelo amor que se foi
Quando deveria ficar aqui
E não ficando aqui
Não perdoa, Senhor!
Deixa que o amor se vá
E indo, Senhor
Perdoa por não ter ficado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de agosto de 1985
2241. MORTE SÚBITA
Dedicado para Moacir (Primo da minha esposa)
Ele, em vida professor, pai e amigo
De todos que o cercava. Era intelectual,
Amava os livros e leituras exóticas,
E todas que lia, um bem matando o mal.
Eis que, num dia de chuva, no mês de junho
De dois mil e oito, a morte súbita vem,
Leva o letrado que deixa filhos e esposa. A mãe
Tão lúcida ficou. A luz brilha no bem
E antecede o aviso do chegou a hora.
É hora de ir embora, diz a morte ao homem
Que já tinha ciência. A chuva cai forte agora
E molha o chão que amanhã te espera.
É saber que tudo tem início, meio e fim
E sendo fim, a morte não poderia ser tão sincera.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de junho de 2008
2242. O TEMPO PERGUNTOU PARA O TEMPO
O tempo perguntou para o tempo
Se o tempo que o tempo tem
É tempo de fazer o tempo parar.
O tempo respondeu ao tempo
Que o tempo que o tempo tem
É tempo de tanto tempo
Que o tempo não pode esperar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1980
2243. ANTES QUE O MUNDO TOME CONTA
Antes que o mundo tome conta
E conta do mundo o homem não tome conta,
Conta para mim se o mundo é afronta
Nas contas do tempo que na minha frente desponta?
Antes que o mundo tome conta
E conta desse imenso mundo
A gente não possa tomar conta
É bem provável que tomando conta
O mundo vai fazer de conta
Que as contas do mundo
É o mundo que tem que pagar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1981
2244. AS PIRRALHAS ENCRENQUEIRAS
Dedicado para Carolina, Camila, Catarina e Marina (Minhas Filhas e Amiga)
Nunca vi
Pirralhas assim tão encrenqueiras
É assim
Todas são
Nenhuma escapa
É capa na contra-capa
É encrenca na contra-mão
Por diversas vezes, que dor no coração
Minhas filhas, sua amiga
Só não sai briga
Mais é intriga
Encrenqueiras, tão suaves
São crianças.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de junho de 2008
2245. MOÇO RAIVOSO
Moço raivoso deixa essa raiva de lado
Mostra tua cara pálida, moço eu te conheço
Sei da tua procedência, não és nenhuma ciência
Às vezes eu te desconheço.
Moço em cada vez que te vejo
O som de todos os meus desejos
Estrapola meus atropelos
Moço deixa de raiva, sai dessa toca
E me toca, e ver-se toca com a raiva
Desse argumento, não é sofrimento
Moço raivoso, sua raiva ficou em mim.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982
2246. MOÇA VÉIA
Lá vai a moça véia
Passando por cima de tudo
Já deu muito na vida
Hoje véia, serve de vaia
Mesmo subindo a saia
A molecada se despede
Não quer a moça véia
Que de tão véia
Anda de salto alto
E no compasso acha bom
Quando a molecada diz
Lá vai, lá vai a moça véia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982
2247. MOÇO PATRÃO
Tão novo e tão carente
É a história desse patrão
Que não tem ação
Não tem coração
Quer ser atraente
Tomar aguardente
E quando está bêbado
Fica tão velho e de tão velho
Não é mais patrão
Perdeu toda a razão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982
2248. MULHER BANDIDA
Uma mulher bandida das bandas de Mossoró
Deu na minha vida um nó e de tão nó grande
Atrapalhou a pegada do meu anzol, era bandida
Falante, elegante, tinha arma na boca, era um
Tremendo nó, e de tanto tomar sol, morreu a bandida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982
2249. SEXO DO HOMEM E DA MULHER
Deus quando criou o mundo
Deu ao homem um sexo
Deu a mulher um sexo
Juntos os dois sexos
Formam sexo ou sexos
Todo homem e toda mulher
A procriação é sexo em ação.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982
2250. PRECISO ENCONTRAR O CACHORRO VIRA-LATA
Lá vai o vira lata, lá vai o vira lata
Late tanto que tanto latido incomoda a gente
É o cachorro vira lata que vira lata a todo instante
É um amante, diz a vizinha, a culpa não é minha
É um cachorro bonitão, abana o seu rabão
E no abando do rabo, a vizinha quer nabo
Não sei se é no rabo, dela ou do cachorro vira lata.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982
2251. POR HOJE É SÓ...
Já morreu um parente
Conta deixei de pagar
Estou tão carente
Alguém para amar
Por hoje é só crente
Que crer no amor
E de tanta dor
Por hoje é decente
Sofrer as causas do tempo
Por hoje é só um tal de repente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982
2252. PRECISO SONHAR, PRECISO SOFRER
Eu quero sonhar
Eu quero sofrer
Não vou nem saber
Se o sofrer é por amar
Ou se sofrer é sofrimento puro
Eu juro que tenho que sonhar
Eu preciso, eu preciso sofrer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982
2253. CHEGADA SEM AVISO
Nove, este é o número de visitantes
Que chegaram em Parari sem aviso,
A sobrinha disse que não era preciso
Devido ao tempo dos minutos inconstantes.
Era noite de São Pedro no lugar
E todo mundo brincou,
A tia é gente que se deve respeitar
No muito tempo que nos restou.
Foi bom e o aviso não chegou em tempo
Para as prevenções familiares,
Era dança de boneca em todos os lares.
A chegada aconteceu no tempo
Que era certo no incerto planejado,
Final feliz no lugar abençoado.
Bento Júnior
Parari-PB, 28 de junho de 2008
2254. NA ESTRADA DO CARIRI
Na estrada do Cariri dois carros a correr,
Um Fiat Uno, outro Gol,
Florismá e Cristina, Beto e Gorette,
Bento e Norma, Carolina, Camila e Catarina
Nove pessoas, nove cabeças, só o Cariri
O aconchego no esbarro em Parari.
Bento Júnior
Parari-PB, 28 de junho de 2008
2255. O ESTRESSE DA VIAGEM...
Ela na frente bloqueia a marcha
Vigia o cronômetro e tem dor de cabeça
Briga com as filhas, e por incrível que pareça
Se acha entendida, não sei porque tanto acha!
Bento Júnior
Parari-PB, 28 de junho de 2008
2256. EM PARARI
Em Parari
Estrada de barro
O carro atolado
É safári no cariri
É tranqüilidade
É o aconchego
Por mais de vinte anos...
Bento Júnior
Parari-PB, 28 de junho de 2008
2257. MOLEQUE QUE ANDA DE TREM
Moleque que anda de trem
Não tem medo de maquinista
Anda sozinho na linha
Ninguém sabe de onde ele veio
O trem já está passando
E o moleque já tem ingresso
Como barrar o moleque
Se ele pagou e vem com o pai?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de maio de 1980
2258. A POLÍTICA DO CARIRI
A convenção partidária, hoje teve seu fim
Cada cidade escolheu o seu candidato
Às eleições de outubro de dois mil e oito
Aqui em São João do Cariri
É grande a multidão que quer votar
No seu candidato que irá representá-lo
Na Câmara Municipal
Na Prefeitura Municipal
Tanto político na frente
As fotos em frente da igreja
E todo mundo feliz
Depois de viagem entre
As estradas de barro.
Bento Júnior
São João do Cariri-PB, 29 de junho de 2008
2259. SENHORA CARIRIENSE
Dedicado para a Senhora Nevinha Caluete
Viúva de Jairo
Tem muita história para contar
É Dona Nevinha
Mulher guerreira e forte
Enfrentou tanta morte
E mora feliz da vida
E ficou feliz
Ao receber sua sobrinha
Ao receber os convidados
É Dona Nevinha
Com seus lindos olhos
Com sua bela paciência
É Dona Nevinha
A Senhora que tiramos o chapéu
Só sei dizer que vamos dar
Uma passada na sua casa
De vez em quando.
Bento Júnior
Parari-PB, 28 de junho de 2008
2260. O CANSAÇO DA ESTRADA
Está todo mundo cansado
No cansaço da estrada
Estamos em Lagoa de Dentro
Uma parada para o café.
Bento Júnior
Lagoa de Dentro-PB, 28 de junho de 2008
2261. O ESTRANHO MUNDO DO SENHOR CARECA
Vivia a bater nos outros
E a fazer desenho da rua
Era de pele morena
Negro da cor da noite
Não fazia reclamação
Era estranho no bairro
Não votava em ninguém
Meu amigo estranho
Careca por natureza
Não tinha amigos na cidade
Seu mundo era um bar
E no bar não falava com ninguém
O dono do bar sabendo já o que ele queria
Porque era todo dia o que pedia
Uma pinga com limão
Um pouco de sal
Um pouco de açúcar
Não se sabe o que o açúcar
Ia parar na mesa do senhor estranho
Não sabemos de nada
Como vivia o senhor estranho
Se era estranho para muitos
Para mim era de confiança
Tinha na calvície um pouco de cabelo
Que ele levantava com o vento
Era o estranho careca
De poucas palavras, talvez nenhuma
Vivai a beber, pagava quando podia
Era funcionário público
Os pés estavam se inchando
Era cachaça, dizia uns poucos na rua
O estranho hoje tem mais de oitenta
Anos para contar a quem quer que seja.
Bento Júnior
Mamanguape-PB, 28 de junho de 1980
2262. FERRADO
Diante dos estragos na pele interna do corpo inerme
O cidadão corrompeu o silêncio da noite e foi-se embora,
Pena que ele se esqueceu que está ferrado
A polícia de todo distrito hoje está de luto e chora...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de junho de 1982
2263. O ESTRANHO MORADOR DA RUA DE CASA
Um estranho morador que mora perto de casa
É estranho pela análise antecipada,
Sua casa se enche de gente e ninguém ouve nada,
O estranho morador só vai no Cine Plaza
Assiste filme ninguém sabe qual
E não dirige uma palavra nem para fazer mal
É estranho pela análise antecipada
E também porque cria um cachorro
Que desconhecemos a raça
O cachorro também não late
O que incomoda a todos é o silêncio
Que gira em torno da casa do estranho
Que todo mundo fica a se questionar
Quantidade independe de qualidade
E a quantidade que ali se estabelece
Ninguém sabe ao certo se é qualidade
Ou se a desordem mora no lugar
O que incomoda a poesia é a análise feita
Pelo momento questionado
Onde incomoda quem fala
Incomoda quem não fala
E a vida do outro não é respeitada
É o tal do vizinho que esquece da sua vida
E fala, mete o pau na vida dos outros
O estranho de tanto ser estranho
Acha que todo mundo é estranho
No mundo do estranho.
Bento Júnior
Santa Rita-PB, 18 de maio de 1983
2264. AS MINHAS MENINAS
Dedicado para Carolina, Camila e Catarina (Minhas Filhas)
Três meninas são filhas
Deste poeta que vos escreve
Elas brigam, mas se amam
São meigas, todas reclamam
O poeta as insere
Dentro do seu coração
E para todas manda um beijo e um abraço
Repleto de sonho, só saudade e emoção.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de junho de 2008
2265. FALTOU UM FONE PARA O CARRO ANDAR
Faltou um fone para o carro andar
Quando não se telefona
A mulher implica com a vida
Reclama de tudo, arrebenta os nervos
Tem dor de cabeça, veio na chuva
E de tanto tomar banho de chuva
Explodiu sua água na cabeça do mundo
E diz que era apenas telefonar
Que a chuva no carro amenizava
Mas o cara esqueceu por completo
E houve discussão até o sono
Nada de teatro, nada de despedida
Não deu, faltou um fone para o carro andar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de junho de 2008
2266. A SOMBRA
No pé de cajueiro o sabiá canta
Lá onde o sabiá canta o homem se encontra,
Era lindo o cantar quando a sombra
Sombreava o sabiá no pé de cajueiro.
O sabiá sabia que precisava cantar,
Cantou e foi morar no tronco da mangueira,
O sabiá de tanto cantar no cajueiro
Aprendeu a calar e viver da sombra deste coqueiro
Que o homem plantou a dez anos atrás
E por nunca dar coco, o ninho do sabiá
Vive até hoje a ouvir o canto do sabiá.
Canta, canta sabiá
Canta na mata que te criou
E se fores embora é porque nunca tivestes amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de junho de 1986
2267. NA SOMBRA DO MEU CORAÇÃO
Na sombra do meu coração
De tanto cantar em vão
Gastei todo o meu tostão
Por causa de uma afeição
Era linda feito uma paixão
Me provocava tremenda emoção
No entanto a sombra do meu coração
Me dizia sem muito tesão
Estás precisando de uma refeição
Não entendia e tome digestão
Só por causa dessa confusão
Na sombra do meu coração
Perdi toda uma canção
Neste momento toda ilusão
Provoca meu pé e minha mão
Me deixa sem muita condição
Na sombra do meu coração
Existe um ditado na contra-mão
Que me ensina a lei do cidadão
E não há nenhuma espécie de perdão
Que perdoe os vícios eternos de uma sensação
E assuma de vez a sua eterna paixão
E de tanto se apaixonar pelo sertão
Virou cangaceiro adepto de Lampião
Nunca matou porque não teve ação
E por não ter nada perdeu a razão
A felicidade foi-se embora com o chão
Que estava batido de tanta erosão
As veias enormes da minha falação
Combinam com o tempo do teu avião
E voando por entre as nuvens a falação
Acaba falando de quem nunca teve irmão
Uma irmã nasceu e logo colocou corpo num caixão
E foi morar no céu com São João
Na sombra do meu coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de junho de 2008
2268. PARARI, CÉU AZUL...
Tão azul o céu
Parari é uma festa
Bebe-se o verdadeiro mel
Parari, lá tudo presta...
A passagem do rio
A canoa quebrada
Parari só tem tio
Olha chegando a invernada...
Parari céu azul
Parari é saudade
Parari é o sul
Na seca tem castidade...
Bento Júnior
Parari-PB, 28 de junho de 2008
2269. BALÃO NO CÉU NOTURNO
No sertão nordestino deste imenso Brasil
O homem de chapéu de couro,
A mulher livrando-o do agouro
Reza um Pai Nosso para o ano Dois Mil
E assim com fartura na mesa
A mulher põe a comida, de milho bem natural
E a meninada já pergunta pela sobremesa
Calma, o balão está no céu, nada mal
Dizer que o céu noturno é melhor
E no contrapeso da balança o homem sofre,
Sofre tanto que não tem nada pior
Só o roubo do dinheiro de um tal cofre
Roubado para confeccionar balão,
Que sobe ao céu em noite de São Pedro,
Não cai na rua do sabão
O céu tão distante lhe causa medo
É um medo que o balão caia na floresta,
É o medo de se perder no mato,
Nada pode atrapalhar a festa
De soltar balão, este é o trato.
Bento Júnior
Parari-PB, 28 de junho de 2008
2270. BALÃO PEQUENO
A criança pequena com um balão pequeno
Solta no quintal, o fogo não quer pegar,
Solta piada e nada quer saber,
É apenas um menino, pequeno balão a soltar.
Bento Júnior
Parari-PB, 28 de junho de 2008
2271. BABA, BABÃO
O babão é baba de sonho no sonho
Do babão entre o sabão e a espuma.
Bento Júnior
Parari-PB, 28 de junho de 2008
2272. A LEMBRANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE
A lembrança é a última que morre
Entre tantos que morreram na saudade
Diante de tantas lembranças...
Bento Júnior
Parari-PB, 28 de junho de 2008
2273. AS ÁGUAS DOS TEUS OLHOS BANHARAM DE
SANGUE AS LÁGRIMAS DA CACHOEIRA DA MINHA ESPERA
As lágrimas que caem dos rios escaldantes
São águas banhadas de sangue dos amantes
Teus olhos confusos, tão errantes
Sonham com os sonhos das esperas dos passantes
É ela a mulher da vida que vive para a vida
E nada quer. É ele um sonhador apaixonado
Amando a mulher de horas tão inconstantes...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2274. UM CONTO CONTADO A UM CONTO DE RÉIS
Um conto de réis pediu o cidadão para contar o conto
Que falava do conto das noites mal assombradas,
É que o conto nunca teve fim, eu tiro por mim,
Já que está no fim, deixo o conto a um conto de réis.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2275. O CARTEIRO DAS CARTAS MALDITAS
Lá vem o carteiro, pergunto prazeirosamente:
- Carteiro amigo, o que me trazes de bom?
- Trago notícias ruins, meu caro leitor...
Que carteiro melancólico este meu olhar presenciou
Era fúnebre, mórbido, cadavérico, insatisfeito
Com o tempo, com a vida, com as boas notícias...
Que carteiro maldito das cartas malditas,
Quando uma carta chegava, de longe nada perguntava
E se perguntasse, resposta não me satisfaria,
Carteiro maldito das cartas não lidas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de fevereiro de 1980
2276. UM LEITOR SORRIDENTE
Leitor sorridente, leitor sorridente
Um livro te empresto, um livro eu te dou,
Leitor sorridente, mostra-me teus dentes
Tão alegres na leitura, um beijo eu te dou
E te dando um beijo, cinco anos de vida
O mais jovem leitor, o mais jovem leitor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1982
2277. OS ENCANTOS DOS RECANTOS SANTOS SEMPRE ESTÃO EM PRANTOS
Fui no Padre Cícero do Juazeiro, São Severino do Ramo, Frei Damião em Guarabira,
Visitei o Cristo Redentor quando menino, olhei diversos altares de santas beatificadas,
E hoje o que me resta é ver na minha mente, estes lugares santos estão cada vez mais mais prantos...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1984
2278. ENTRE PEDRAS CORTANTES E EDIFÍCIOS GIGANTES
O BEM-TE-VI CANTA SEUS ACORDES ERRANTES
Corta pedra gigante, corta braço errante, corta povo falante, corta mulher pedante,
Ouve o canto de um bem-te-vi com seus acordes errantes, ouve o cantar deste pássaro
E vai dormir com Deus, pedaço de ilusão vivida no meu tempo de menino.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1984
2279. MANDE-ME, SE POSSÍVEL, QUEM SABE, O LENÇO
SUADO DE LÁGRIMAS DE OUTRORA
Eu guardo as recordações do tempo em que vivias nas vaquejadas,
Com um lenço branco esticado, o boi do curral saindo, era só medo,
Um medo de quem quer ser peão, um medo de nada entender,
Hoje na minha cadeira de roda, fui peão no passado, hoje sou freqüentador
Das mais estranhas vaquejadas, se possível, meu amor, mande-me ao menos
O lenço suado de lágrimas de outrora.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1980
2280. CRIANÇA RENASCER
Renasceu uma criança do pólen da cinza preta,
Entre flores e frutos o beija flor bicou,
Ela foi criança nascida tantas vezes,
Hoje esta criança não mais é criança,
Cresceu e hoje é mãe de outra criança.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1980
2281. TANTO CHÃO PARAIBANO
Já andei diversas léguas, já andei
Por todo chão paraibano, já andei
Por todo chão nordestino, já andei
Por todo chão brasileiro, já andei,
Só encontrei respostas no solo paraibano
É que estas viagens a passeio no solo paraibano
Me deixa com pé no chão em saber
Que por onde eu andar, chão paraibano
Fará parte das melhores recordações
Porque assim sendo, ah que saudades da
Minha eterna PARAÍBA.
Bento Júnior
Feira de Santana-BA, 10 de setembro de 1987
2282. LEITE DE CABRA, COALHADA DE VACA, CABOCLO BEBEDOR
Leite de cabra, coalhada de leite de vaca, aí sim, já dizia o caboclo bebedor
Que de tanto leite tomar ficou gordo, barrigou, é um sujeito forte, alto e sadio,
Este sertanejo, nordestino da Paraíba, visitador do agreste e do cariri,
Este caboclo bebedor, toma cana da boa, toma mel, garapa do caldo da cana,
Chupa manga, abacaxi, sertanejo forte dono de gado, leite na cara, bebe
Todo mundo, todo mundo quer ser na terra o caboclo bebedor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2283. O LIMITE DO ESPAÇO DO TEMPO NO CALCANHAR DE QUEM QUER PLANTAR
O homem quando planta vem outro e lhe rouba o plantio,
Ele para se proteger coloca grampo no muro e bota vigia,
Não adianta plantar sem conscientizar a comunidade,
O espaço doa tempo é calcanhar no caminho da planta
E só quem sabe é quem planta no terreno governamental.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2284. NINGUÉM ESCUTA OS GEMIDOS DO
BODE NO CURRAL DA VACA PÉ DE CABRA
Um bode pai de chiqueiro quer a todo custo
Conquistar a vaca pé de cabra,
Ela nada quer com o bode, porque o gemido do bode
Já matou outras vacas, meu Deus como isso pode?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2285. UM NOVO AMOR, UMA NOVA MORADA,
UM BUCHO SEMESTRAL DE OUTRO AMOR
Uma barriga grandona,
No bucho daquela mulher,
Ganhou uma casa nova,
Tem bucho de novo,
Desta feita de um novo amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2286. ENQUANTO VOCÊ SE ESFORÇA PARA SER GENTE,
A GENTE SE ESFORÇA PARA TÊ-LO COMO GENTE
Você é uma pessoa esforçada
Faz tudo para ser gente,
A gente se esforça para tê-lo como gente
E você vai se esforçando em cada hora marcada...
Uma hora você chega em cima da hora,
A outra hora você chega e quer ir embora,
Se esforce companheiro nesta vida esforçada,
Fazemos a nossa parte, gente mal amada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2287. CRAVEI MEU ANEL DE OURO NO COURO DE QUEM NADA SABE
Meu anel foi roubado e não sei quem roubou
Só sei que encontrei no dedo do meu amor
Doeu e todo mundo arrependido gritou
Viva o anel do homem que hoje se fez pastor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2288. FILMES ANIMADOS NOS DESENHOS DA MINHA INFÂNCIA
A turma do Pica Pau
Fred e sua turma
A turma da Mônica
Zé Colméia
Catatau
Scoby doo
Urso do Cabelo Duro
Os Herculóides
João Grandão
Penélope Charmosa
Kid Vigarista
O Rabugento
A Lula Lelé
Zé Buscapé
Esquilo Secreto
A Formiga Atômica
A Corrida Maluca
Tantos filmes
Tantos desenhos
Animados
Animavam nossas tardes
Nossas manhãs
Que saudade da minha infância.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2289. TRAPALHÕES DOMINICAIS
A lembrança dos trapalhões
Nas noites dominicais
Saudades de Didi, Zacarias e Mussun
Dedé e toda turma.
Os Trapalhões, tão atrapalhados
O engraçado é que não perdíamos
Um só capítulo...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1997
2290. AS PELADAS NAS TARDES DO POEIRÃO
Três horas da tarde, no campo do poeirão
Meninos brincando, bola ao centro
Lápis escrevendo nomes ao chão
Seis horas da noite, última pelada
Ah que saudades do campo poeirão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2291. BOI BRABO, CABOCLO MOLE
Sai da frente que lá vem o boi
O boi vem brabo e derruba gente
Sai da frente, assim dizia o caboclo forte
Que enfrentou até a morte
E só sossegou quando o boi morreu
Para a sorte do caboclo mole.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2292. AS CRIATURAS MAIS BELAS QUE MINHAS TARDES DE MENINO PRESENCIARAM NO ENTARDECER DO JAGUARIBE
Tantas meninas banho tomando no rio
Jaguaribe que meus olhos viram...
Tantas meninas, lindas, seios de fora
Que meus olhos já viram...
Tantas meninas, corpo escultural
Que tal hoje vê-las, todas tugãozinhas
Banho não tomam mais
São mulheres vividas que no passado da vida
No Rio Jaguaribe meus olhos já viram...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2293. ACONTECE QUE DIGO O QUE PENSO
Digo o que penso
Se penso o que digo
Volto digo de novo
Não sei se agrada o povo
Só sei que digo
Digo o que penso
Não me arrependo
Só dependo
Do que digo e penso
Se penso apenas digo...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2294. CADA COCHILO, UM TOMBO NO OUTRO
Lembro-me, ainda como se fosse hoje,
Um cochilo de quem anda de ônibus,
Um cochilo tombado no ombro do outro
E tombando, batendo os olhos para não cochilar
E que o cochilo de tão dado na gente
Emburaca na gente e faz de gente
Um dormidor de quatro rodas
A vagar pelas estradas da Epitácio
Pelas estradas da Pedro II.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de março de 1987
2295. AVENTUREIRO
Já andei por tanta cidade, gostei do que vi
Já amarrei bode pra morte, não gostei,
Já embriaguei meu sistema nervoso, eu sei,
E nesse saber constante, quase que morri
E no quase morte, cá comigo pensei,
E pensando no fato, juro que senti,
E sentindo um calafrio, eu assumi
Um antigo amor, que no passado amei,
E nesse amor amado de outrora
Eu juro que nunca fui embora,
Acabou-se e até hoje ainda ela chora.
Sei que o choro chorado, falsificado,
Entre tantas falsificações, fique acabado,
E neste acabamento, viver de aventura é arretado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 1986
2296. SEMPRE ENCONTRANDO ENCRENCAS
Bebeu, não pagou
Pagou, não bebeu
É claro que ele não gostou
No primeiro tombo, se fodeu
Na ida para casa, se lascou
Eu juro que quase morreu
Não bebeu, se enganou
O porre com ele mexeu
Saiu e as pestanas não mais pestanejou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 1986
2297. BAR DO AÍ TÁ CERTO!
Beber na segunda-feira
Beber na terça-feira
Beber na quarta-feira
Beber na quinta-feira
Beber na sexta-feira
Aí tá certo
Beber em todo momento
Onde houver feira
No sábado, feira da Torre
No domingo, Oitizeiro
Todos os dias, Mercado Central
Aí tá certo
É beber para esquecer os problemas
É beber para não ter problema
É beber para andar a pé
É beber para conversar dificuldades
É beber cotidianamente
No Bar do Aí tá certo...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 2006
2298. MÃOS NA INTIMIDADE
Lá ia uma mão cavalgando sobre um corpo,
Uma mão viciada em alisamentos,
Este alisado de vez em quando contou
Com a ajuda de quem vivia estes momentos,
Era um momento de aventuras,
E que aventuras são visitadas por papas,
Uma mão que alisa invade toda uma intimidade
E o hálito perfumado de todos os mapas,
Um mapa tão desenhado pelas mãos
Que o poeta delirou, porque todas as mãos
São abençoadas no toque desta intimidade,
Uma intimidade que se transformou suavemente,
Tão suave que o tempo se perdeu amavelmente
E a aventura só na lembrança causa saudade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de julho de 1998
2299. LUZ ALTA
Na estrada
Nas idas e vindas
No nascer do sol
No fim da tarde
Por toda noite
Uma abusada luz alta
Altamente incompetente
Na cara da gente
Faz o volante desviar
O motorista com sua luz alta
Bota na cara do outro
O outro às vezes bota na cara do outro
O outro que foi botado
Bota na cara do outro
A luz alta
Baixa a luz, por favor!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 2008
2300. A GALEGA E O MUNDO
Ela, mostra-se ao mundo como
Se fosse o próprio mundo em chamas,
É ela um pedaço de chão de vida
E na vida levada, acaba caindo nas camas...
É uma cama de passagem por quem
Não paga pelo prazer da carne possuída,
Ela tão meiga e sabedora do que quer
Apedreja o coração do outro e faz saída...
Uma saída como quem nada planeja
E no planejamento do ir embora, ela chora
E não compromete o que almeja...
Ela, mostra-se ao mundo como mulher
E sendo mulher, sente o desejo da hora,
Porque tem que voltar, deita e rola com a bola no pé...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de junho de 1988
2301. CAPITÃO ZÉ XAMEGO
Zé Xamego foi capitão
Ninguém brincava com ele, não
Zé Xamego tinha paixão
Vivia na contra-mão...
Zé Xamego só aquietou-se
Quando se danou-se
Foi pra longe e se cagou-se
Virou um arroz doce...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de setembro de 1980
2302. AS PROVAS BIMESTRAIS
Dedicado para todos que estudaram no Polivalente – Castelo Branco – João Pessoa/PB.
O assunto foi dado e todo mundo estudou
A prova estava fácil, só que ninguém gostou
O bimestre estava se findando, quase ninguém topou
Depois tomar banho no rio, quando a sirene tocou
Alunos e alunas entregaram, a prova quase ninguém passou
Hoje só resta saudade, daquele tempo, só saudade restou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de setembro de 1987
2303. MEU AMIGO ARIANO SUASSUNA
Dedicado ao grande e ilustre cidadão paraibano, Ariano Suassuna
A língua é do mundo
Mas no tupi eu sou una
Vamos fazer esta viagem
Meu amigo Ariano Suassuna
Chegar em Recife
Curtir de noite a luna
Sei que a espera é longa
Meu amigo Ariano Suassuna
Vamos contar o milho
No Nordeste tem de ruma
Da Paraíba ele é filho
Meu amigo Ariano Suassuna
Ele é forte
Em toda parte se apruma
Falo com toda certeza
Meu amigo Ariano Suassuna
Já viajamos
E não quero que você suma
Entre nesta rima
Meu amigo Ariano Suassuna
Em cada lugar ele é cavaleiro
E todo mundo quer que o assuma
Não sabem de quem falo
Meu amigo Ariano Suassuna
Neste caminho que o guerreiro passa
Não se quebra, é uma jacaúna
Forte como o mar em calmaria
Meu amigo Ariano Suassuna
Precisamos descansar
Nesta localidade de Subaúma
Tire as botas meu sertanejo
Meu amigo Ariano Suassuna
Quem dar água ao povo
Taperoá logo arruma
Mataram a sede da terra
Meu amigo Ariano Suassuna
No mar o passeio
É cartão postal de duna
Monte neste cavalo
Meu amigo Ariano Suassuna
Não só esta vez
Esta não é apenas uma
A Paraíba é toda tua
Meu amigo Ariano Suassuna
O céu está escuro
É tarde e já vem a bruma
Entre na Pedra do Reino
Meu amigo Ariano Suassuna
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 2007
2304. CRIANÇA QUE DORME
Dedicado para as meninas da Capitão José Gomes da Silva - Bancários
Na Rua Capitão José Gomes da Silva,
Situada aqui no Bairro dos Bancários,
As meninas dormem na casa uma das outras,
Tome confusão para levar suas roupas.
As meninas são tão gentis e amáveis,
Três são minhas filhas que também entraram na onda,
Quase todas as meninas sentem-se felizes,
São orientadas para o enfrentamento dos deslizes.
As meninas Carol, Camila, Catarina,
Marina, Bruna, Letycia, Denise e Brenda,
Em especial são essas que fazem a festa,
Nada ruim para elas, tudo enfim presta.
São crianças hoje, amanhã mulheres feitas,
Lindas como a própria natureza as criou,
Minha casa é pousada de toda esta história,
Dormir uma na casa da outra é uma glória.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de julho de 2008
2305. DESESPERADO
Uma vez estando eu de porre,
de porre, só de porre fiquei desesperado,
é que beijei a moça linda, fiquei arrasado,
é que gritei ao mundo: me socorre...
A moça linda tinha amantes, eu sei,
a moça linda era tão linda que gamei,
gamando por ela, sofri solitariamente,
é que a moça linda, rasteiramente
passou as pernas por cima de mim,
e eu querendo as pernas, mas mesmo assim
a moça linda fez-me ficar apaixonado,
uma paixão tão louca, os pensamentos vão
e por mais que eu me esforçasse, a força de Sansão
não me impediu de nada, finalmente fiquei lascado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1984
2306. SOBRE O ESCÂNDALO DO 810
Quem já ouviu falar no 810?
É um edifício de oitenta andares,
Bem no centro da capital francesa.
Numa tarde, por volta das quatro horas
Dois jovens, um com dezoito, outro com vinte
Anos de vida, destruiu a vida de centenas
De moradores. Uma tarde sombria
Na tarde de muitos moradores. Deram fim
Aos meninos. Total dos mortos: 810.
Quem já ouviu falar na notícia da noite
Que estampou no jornal a notícia da tarde
O escândalo do oitocentos e dez
Desfazendo a vida de tantas vidas
Nos corações ardentes de mães e pais
Que ainda restaram no 810.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 1984
2307. O PASSARINHO PEQUENINO
Tão pequeno a vagar
A cantar e a navegar
Nas águas deixadas
Do quintal desta casa,
É um passarinho pequeno
Que de tão pequeno
Come restos de pão
E nada, nada acontece
Ao passarinho pequenino.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1981
2308. REENCONTRO
Encontro-me diante da mulher, que
Meus nervos, estremeceu, esta mulher
Tão linda, sincera, eu me apaixonei,
Seu jeito, sua suavidade, quando de conta me dei
Já estava revirando o passado, eu gostei
Da maneira como ela falou, seus olhos brilharam,
A vergonha na cara ficou, é tudo só paixão
Que depois de tanto tempo, explode coração
No mais ínfimo acontecimento do agora
E canta minhas mágoas, eu vou embora,
Não quero mais encontrá-la, sofro
A cada encontro, mesmo no riso
E quanto mais dela eu preciso,
Some no tempo igual a um sopro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de julho de 1998
2309. PAIXÃO MATA, SIM SENHOR!
Já conheci tantas paixões, tantas me rodearam
Que meu coração se apaixonou, eu sei, sim senhor!
A paixão mata, sofre apaixonado pela dor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de julho de 1987
2310. PAIXÃO FISCALIZADA
Uma estrela brilhou
No céu do meu coração
Pousou suas asas
Nas garras da paixão
Quem diria, estrela
Que ofuscarias
Na minha mais pura emoção
Um beijo roubado
Um brilho forçado
Uma estrela ofuscaa
Uma paixão fiscalizada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de março de 1979
2311. SOU VÍCIO PENSANTE
Sou vício
Sou álibi
Dos poços
Cavados
No deserto
Do teu pensamento
Sou víbora
Sou réptil
Da pré – história
Contada
Nos livros
Do meu sofrimento
Sou o cajado alevantado
Do patrão Moisés
Sou a semente que germina o deserto
E no deserto da minha aventura
Sou planta plantada na seca nordestina
Para fortificar o sertanejo
No seu mais profundo crescimento.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de julho de 1987
2312. EU ESTAVA TÃO DISTANTE
Eu estava tão distante dali
Que meu coração chorou
Eu chorei um choro de desgosto
Ei implorei por amor
Na tentativa de roubar um beijo
Que me causa tanta dor
Sofro até a presente data
Em mim só saudade
De minha vivida mocidade
Eu era feliz, não havia crueldade
Quero chorar, chora eterno sofredor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de maio de 1979
2313. BAGUNÇA DO BAGUNCEIRO
Bagunça sem ter farra
É super normal
Bagunça sendo de bagunceiro
O cara vai se dar mal
A bagunça do bagunceiro
É bagunça bagunçada
A bagunça de quem não é
É bagunça atrapalhada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1979
2314. TRISTE DESTE POVO QUE LHE TIVER DEPOIS DO GOLPE
O golpe passou
O governo ficou
A zombaria foi grande
Quem virá depois de você?
O golpe foi duro
O governo passou
Triste deste povo
Que lhe tiver depois...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de janeiro de 1985
2315. POEMA DAS FUNCÕES EDUCACIONAIS
Dedicado ao pessoal da Escola Municipal Raimundo Nonato – João Pessoa-PB.
Inspetor
Inspetor cuida da escola
Do aluno ele toma conta
Ser inspetor é ser gentil
Mesmo sabendo que ele apronta
Vigilante
Vigilante é o olho da escola
É ele que de tudo é responsável
Ser vigilante é saber de tudo
No trato com outro tem que ser amável
Auxiliar de Serviços
O Auxiliar de Serviços limpa tudo
E cuida do patrimônio escolar
É de fundamental importância
Pra nada na escola faltar
Secretaria Escolar
Esse pessoal da Secretaria Escolar
É porta de toda comunicação
Cuida da entrada e saída
De toda documentação
Merenda Escolar
A merenda tem que ser de qualidade
Servida um de cada vez
O aluno sabe do significado
Se for repetir outra vez.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 2008
2316. A PUTA DA SANTA QUE VIROU PUTA NA MINHA SANTIDADE
Uma puta tão puta
Que meus olhos viram santa
Nunca chegou a ser santa
Por a puta em si era maior
E maior ainda era a putaria
Que esta santa tinha de puta
E que puta que pariu, sua santa
Não me venha com lero lero
Que eu já sei quem tu és
Não passas de uma puta
Que nada de santa cabe em si
E quando lhe cabe
A puta se transforma
E transformando a puta que és
Não me resta dúvidas, sua puta
És puta por toda puta
Que meus olhos viram santa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de junho de 1988
2317. O FAROL E A LANTERNA
Dobrou, bateu, o motoqueiro caiu.
O motorista do carro saiu.
O motoqueiro a placa anotou,
O número do fone o motorista trocou.
Era tarde. Era noite. A família comigo estava.
A lanterna quebrou, o farol não mais prestava.
O trabalho na casa da amiga de curso,
Bater daquele jeito foi um simples impulso.
Um farol que não se liga mais,
Enquanto uma lanterna se apaga,
Os volantes estão de nervos agitados.
Um quer rever o que fez,
O outro tudo que falou, desfez,
Os dois estão puramente contrariados.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de julho de 2008
2318. FARRA UNIVERSITÁRIA
Dedicado para o Bar da Tapa – Castelo Branco III – João Pessoa-PB.
A farra é boa
Traga-me um siscador
Uma dose de cana
Um copo de mel
Misturar para tomar
A farra está boa...
A farra é boa
O amigo a beber
A paquera do lado
A cabeça a ferver
É a cana que entra
O siscador que não sai
Mude o disco, por favor
Seu Antônio o som está alto
Baixe o volume para o meu amor
A farra está boa
No C.A a chave já tenho
Quantos casais se formam?
Peraí que eu já venho...
O guarda espera
A ronda já passa
Virgem que trapaça
A farra está boa
O Bar da Tapa está tranquilo
Não houve até o momento
Nenhuma tapa no ambiente
Este é familiar
Eu sei a saudade de quem vem aqui
É Bar da Tapa o nome
Tantas foram às vezes
Que a fome apertou
O R.U deu a comida
O tira-gosto da meninada...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de junho de 1986.
2319. BARBEIRO
Barbeiro, mas que maldade
Tu fez com Zé de Riba
Tirou barba e bigode
Deixou feito guariba,
Zé de Riba ta lascado
Com a cara toda lisa
Não há quem mangue dele
Levou inté uma pisa...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de maio de 1977
2320. SOLIDÃO PROFUNDA
Saudade, palavra tão sem jeito que só no Brasil
Existe, é claro, no dicionário explica o significado,
É saudade que vem de dentro, na alma de cada espera
E quando chega, a saudade de um abestalhado
É tão quanto a de um letrado,
E cada letra representa só solidão,
É aí que a solidão vira saudade
E a saudade da razão vira emoção.
Tão profunda a solidão invade o mundo,
Um mundo tão solitário, o coitado tem saudade
Do tempo de outrora, sua mocidade
Era e sempre foi recheada de um profundo
Sentimento onde a temática era só a verdade,
Hoje saudade e solidão nadam de pareia nesta realidade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de maio de 1983
2321. PÃO ESTRAGADO
Pão, muito pão no mato foi jogado
Enquanto uma criança chorava de fome,
Era fome, tanta fome foi que a criança
Pereceu pós tanto choro. O pão estava estragado
Porque a criança do pão não provou, morreu.
O homem que tomava conta do pão, foi-se
E nunca mais se soube da notícia. A criança morreu.
Pai e mãe nunca apareceram. O pão estava estragado.
Tão estragado o pão estava que a criança
Mesmo depois de morta ainda sonhava com pão.
O pão estragado
A criança que chora
O homem espancado
O pão que engorda a senhora.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de março de 1984
2322. O PÃO NOSSO DE CADA DIA...
Senhor
Tu que estás passando nesta esquina
ouve-me, por favor.
Sou maior de idade, não me confiaram um trabalho
peço, pedindo vou vivendo e vivendo vou sofrendo.
Senhor
onde estás que não me ouves?
Apesar de ser maior de idade, sou pequeno
no dinheiro, não tenho o que comer e quando como
jogo fora o que tenho: minha personalidade, se é
isso que tenho.
Senhor
quando voltarás, já que todos falam tua volta?
Ao voltar, senhor, traga-me o pão de cada dia,
se cada dia que passa sou mais pedinte.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de março de 1984
2323. O SOL NOSSO DE CADA DIA...
Desponta sol no arrebol
Desponta arrebol neste sol
O sol que sai da montanha
O sol que sai da água
O sol tão imenso
É só tão somente um sol
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de março de 1984
2324. A ÁGUA NOSSA DE CADA DIA...
Bebo água do pote de barro
Bebo água da jarra de barro
Bebo água do filtro de barro
Bebo água fria do barro
Bebo água do canto da casa de barro
Bebo água do canto da cozinha de barro
Bebo água de muitas panelas de barro
Bebo água na sala de barro
Bebo água todo santo dia
Bebo água da terra molhada
Bebo água do poço da terra
Bebo água de cacimba
Bebo água do riacho
Bebo água das ribanceiras
Bebo água das fontes naturais
Bebo água mineral das fontes ancestrais
Bebo água do passado da flora brasileira
Bebo água dos córregos indígenas
Bebo água das águas dos rios
Bebo água dos rios que correm e deságuam
Na vontade tanta e tanta dessa água
Que um dia nas tantas bebidas tomei
E hoje é só vontade dessa água beber...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de março de 1984
2325. O SOSSEGO NOSSO DE CADA DIA...
O sossego é tão bom
que se melhorasse, piorava
a situação de quem tanto gosta
e gostando assim tanto
o sossego é bom tão quanto
um pedaço de pão, um raiá de sol, um gole de água
um sossego bem sossegado é sossego
de quem tudo quer, e querendo assim
tanto, o sossego de todas as maneiras
é sossego que se tem, é sossego
que o homem quer...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de março de 1984
2326. MARGARIDA
Dedicado para Margarida Maria Alves - Líder Sindical - ( In memorian)
As margaridas estão brotando
As margaridas estão sangrando
As margaridas estão morrendo
As margaridas estão nascendo
As margaridas estão crescendo
O orvalho virá
Com muita energia e calor
Descendente da liberdade
Entre as asas do beija-flor
A Margarida coloca na pupila
O gosto do medo
O sangue de Margarida
Ficou plantado no açúcar
Que é conduzido às abelhas
Senhoras do mel
Margarida dá frutos
Eles servem de base
Para uma mudança regimentar
Da nossa conscientização...
As margaridas estão amando
As margaridas estão cantando
As margaridas estão lutando
As margaridas estão ouvindo
As margaridas estão sorrindo
As margaridas estão impondo
Justiça pela morte de Margarida!
Bento Júnior
Alagoa Grande-PB, 01 de junho de 1986
2327. A LUA TEM DONO
Dedicado para Betto Silva (Amigo e irmão de fé)
Hoje
de madrugada
por volta das três horas
vi a lua na abertura
do telhado
Amanhã
por volta das três horas
a gente se encontra
e senta no tronco
onde a lua pousou
Ontem
por volta da manhã
me deu vontade
de fechar os olhos
e castanhamente cair no pátio
do falar de amigo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de dezembro de 1990
2328. DICÇÃO EM PRIMEIRA MÃO
Dedicado para Margarida Cardoso (Grande Atriz e Amiga)
Falar corretamente
Cada palavra do verbo
É tarefa bastante plausível
Quando a dicção flui
Compassadamente
Então falar bem
Se faz em primeira mão
Quando a flor pendinte
Chama-se Margarida.
Bento Júnior
Itabaiana-PB, 08 de abril de 1984
2329. SÁTIRA
Dedicado para Sátisa (Amiga de Curso)
Todos os dias a mesma coisa
sempre está presente
nos teus olhos
a simplicidade de ser amiga
que revela um mundo
de sonhos e fantasias
pois realmente isso é uma sátira
que ela criou e me mostrou
uma nova maneira de fazer amizade
a base de gargalhadas
foi bom te conhecer
ao mesmo saber que tua voz é linda
quero ouvir ainda sem nada
de comicidade
realmente és uma amiga
sátira...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1985
2330. BICHO DE SORTE
Dedicado para o Nairon Barreto (Zé Paraiba)
A Paraíba toda
tem Zé Paraíba
com corte no bucho
contando piada
na zorra total
nas noites de sábado
trabalhou pra vencer
chegou onde quis
viva Zé Paraíba
a Paraíba está feliz.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de julho de 1999
2331. DESLIGA ISSO, MENINO (Um pedido de pai)
A rua é do povo
O povo é dono da rua
Mas acontece tudo de novo
Em cada nascer da lua
A cria sai do ovo
Minha mãe do banho nua
Meu pai a pedir de novo
Vai dormir que é tarde
Não faz alarde
Desliga isso, menino...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de julho de 1977
2332. DENTRO DO SUPERMERCADO
Dentro
do supermercado
várias pessoas
vivem o papel
de pai
de mãe
sacrificam seu
capital
camuflam suas barrigas
e mostram
à sociedade
o lado positivo
de viver
de aparências.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de dezembro de 1979
2334. REVER AS COISAS
Que bom te rever
Jogar-me em teus braços
E fazer-te mil perguntas.
Tu voltastes. Não foi minha culpa
Minha máxima e mínima culpa, e sim
A tua vontade...
Voltastes definitivamente
Para o teu simples lar
Tão coberto de quadros
Coberto de paredes
Mas escritamente
Baseada na palavra:
A M I G O!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1980
2335. QUERO SENTAR-ME CONTIGO
Quero sentar
Dialogar
Ouvir frases de você
Se digo que sou azul
Dizes também
Não
Não vou te desejar
Ficarei feliz
Não vou te parabenizar
Apenas quero
Que tenhas vários séculos de vida
E que possamos gritar:
Quem sabe do meu eu é Deus!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 1984
2336. ENQUANTO VIDA TIVERES
Enquanto vida tiveres
Continuarei te desejando
Tudo que hoje é seu braço aberto
Ficarei contracenando com teu jeito meigo
De fazer amizade. Conquistasse
A minha definitivamente. Não abuse
Dos meus entraves. Ficarás perplexa...
Se eu chorar quando passar perto
Do teu Eu
Não te incomodes que fazes parte
Desse meu contexto artístico
É a vida...
Teu coração tem catedrais imensas
Assim falou Augusto dos Anjos
Teus olhos têm imensas lamparinas
Assim falou Sílvio Calaço.
Vou tentar dar corda no relógio
Que cessou
O coração
Dos olhos
Meus...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de dezembro de 1982
2337. EU NÃO QUERO SER POETA
Eu não quero ser poeta
E nem tampouco
Quero ser cantor
Quero fazer versos
Que traduzam o amor.
Eu não quero recitar poesia
E nem tampouco
Quero cantar
Quero pisar no palco
E ver a platéia
Ao delírio me aclamar.
Eu não quero ser poeta
Não quero ser ator
Quero fazer da vida uma festa
E perpetuar cantando o amor.
Eu quero ser um nada
No nada que vale tudo
Quero sorrir e dar mancada
Quero a amada para fazer tudo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de maio de 1980
2338. UMA CRIANÇA QUE NÃO É CRIANÇA
Às vezes eu me sinto criança
É preciso às vezes ser criança
Porque as crianças
Não são mais crianças
Elas passaram a ser adultas
E como adulto eu sinto vontade
De ser criança
Tem algo mais lindo do que um sorrido
De uma criança?
Os adultos os risos são
Intrincados, às vezes falsos
O adulto perdeu o sentimento
Se torna criança por acaso
E uma criança perdeu a sua
Identidade e sua verdade
As crianças não são mais crianças
É necessário ser criança
O mundo está reviravoltado
Criança homem
Homem criança
Ser criança é
Estudar, brincar, respeitar
Viver a vida no tempo
De ser criança.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de maio de 1980
2339. A CRIANÇA PERDIDA
eu preciso ver
no rosto de uma criança
a resposta que eu perdi
no tempo que fui criança
parei e não pensei
hoje não respondo
a pergunta não faz sentido
não sinto mais nas
CRIANÇAS
o brilho nos olhos
a pureza de cada palavra
não sinto
nos homens
a fibra da verdade
às vezes é preciso
voltar a ser criança
sempre é preciso
viver o tempo
de criança.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de maio de 1980
2340. MARIA QUE EU QUERO BEM
Eu num sei
Eu num sei, não
Num sei bem dizer
O que se sucedeu
Num sei se Maria me quer bem
Mas eu quero bem a Maria
Muito mais, mais do que mais ninguém.
A prova é tão grande
Que quando eu chego
Eu dou um chêro
Mato desespero
E puxo pra grande.
E Maria se remexe
E se contorce de dor
Que quando eu espio
Vejo em frente um fio
E me sobe um calor
De cu a dentro
Bem no centro
Do nosso amor.
Já pensou se Maria souber
Ela me mata
Eu só conto essa coisa
É pro mode tu saber
O que é muié
E o que nós deve fazer.
Levei uma picadura
Ainda tem cicatriz
Estou com coipo caído
Im riba do nariz
Foi Maria que quis assim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 1985
2341. DOIS MIL E UM
Quando eu falo em dois mil e um
Lembro-me de Nelson, com seu “só pretendo morrer...”
Nelson passou, o tempo mudou, o ano é este
Dois Mil e Um já é tema de amar e viver,
Porque viver é vida em dois mil e um
E sendo vida, o ano promete, diz as pendências
Que ficaram nos anos passados. É ano de espera
E viva Nelson a cantar as suas diligências...
É tempo de plantar no quintal a flor
Aquela que não tem cheiro, brota da luz
É tempo de amar o Senhor Jesus.
E assim com tantos palavreados
O ano é de espera, de tanta espera passada
E sendo espera, Nelson mora aqui nessa estrada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de maio de 2001
2342. ESTE ANO ME SINTO FELIZ
Este ano me sinto feliz
Apesar de não se ter felicidade
Existem momentos felizes
No outro ano
Não obtive paz
Não existe felicidade
Ser feliz o homem é que faz
No passado estava estafado
Um tanto assim calado
Mas este ano terei
Um confronto familiar
Quero jamais falar
Falar jamais de dor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 1983
2343. NOME MEU
Blasfemando corações
Alguns seres
Conduzem as suas emoções
Enquanto eu
Cantando meu canto
Vou vivendo só de encanto
Na espera
Um dia
Talvez poder realizar
Teu mundo burguês
Todos eles são capacitados
Para controlar os incapacitados
Outros homens
Outras mulheres
Vivenciando as suas rotinas
Na puerilidade das sinas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de outubro de 1980
2344. PÉ INCHADO (Os Papudos da Pinga)
Um enterro de um papudo
No Cemitério que ninguém vai
Uns com copos nas mãos
Outros bebendo cachaça
Cantam cantigas de saudade
Sabem eles quem vai ser o próximo
Os pés do homem bêbado
De longe se nota o inchaço
O enterro dele é o próximo
A mulher no embaraço
O papudo tem família
Às vezes tem uma boa renda
Caiu no vício do esquecimento
O enterro virá a qualquer momento
Uma cena em Alhandra
Outra no Mercado Central
Outra no Parque Piauí
Aqui em Teresina
Os pés inchados estão soltos
Querem a morte a todo custo
Caíram no desleixo
Quando um pé inchado vai embora
Os amigos choram a dor com pinga
Bebem na despedida do morto
E com copo na mão fazem de tudo
Para chamar a atenção da platéia
O morto já antes sabia
Sabia do acontecimento.
Bento Júnior
Teresina-PI, 24 de dezembro de 1995
2345. SEMENTES DA ARTE
Dedicado para José Alberto Silva (Meu Amigo e Compadre)
Sementes da Arte
Alunos e alunas
Sementes da Arte
Alunas e alunos
Teatro
Dança
Música
Literatura
Ednaldo do Egypto
Uma semente plantada
Semeada e regada
A Secretaria
Escolas Municipais
São parceiras da Arte
São parceiras da Cultura
E que venham as pautas
Os grupos e espetáculos
Todos ganharão...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de junho de 2007
2346. SOL DE DOMINGO DE SOL
BELO DIA (um domingo de sol)
O povo pensando em festa
O povo bebendo
O povo cantando
O povo esquecendo
O povo sambando
O sol está belo
É domingo de sol
É domingo de bebedeira
É domingo de cantoria
É domingo de esquecimento
É domingo de samba
O sol tão quente precisa
Queimar a pele da gente
Molhar o suor de espera
Prender a fera
Esquecer o tempo da gente
É um sol como outro qualquer
Mas que ilumina o quintal da gente
O vizinho agradece
A mulher oferece
O tempo é de sol
É quentura na pele
É quentura na roupa
É sol que invade quartos
E deixa a parede tão quente
É sol que só faz a gente
Feliz e contente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de junho de 2007
2347. LOUCO POR CINEMA (Presencei a cena)
Sempre fui louco por cinema
Bang bang
Didi, os trapalhões
Faroeste
Férias anuais
Neste dia, porém
Um filme marcou
Emmanuelle
O cinema lotou
A passagem para os dezoito
Foi aí que presenciei a cena.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de março de 1979
2348. EM VIDA, DEPOIS DA VIDA, EM VIDA
TRÊS situações
Primeira
Em vida sou o que sou
Depois
Depois da vida não serei o que sou
Terceira
Em vida, volto à vida anterior
O que fazer?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de agosto de 1980
2349. EU, TÃO SOMENTE EU
Bebi
Tomei todas
E achando pouco
Ainda fiz pouco
Bebi outras todas
E achando pouco
Bebi
E como nada tivesse
Bebi de novo
E bebendo de novo
Achei pouco
Era somente eu
Eu, somente eu
Bebi...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de setembro de 1980
2350. SOL DE FIM DE TARDE
Era tarde
Um sol quente
Uma garrafa de cana
Uns poucos amigos
Ninguém tinha grana
Corríamos perigo
Ninguém caiu na lama
Alguém foi para um abrigo
Lá a situação não engana
O sol tão quente
Era fim de tarde
Tanta aguardente
A quentura fazia maldade
O sol daquela tarde
Matou um bocado de gente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de junho de 1982
2351. COM SONO CANSADO
Cansado e com sono
Com sono e cansado
Sonolento sem dono
Sem dono e acabado
Assim é o dia a dia
De Seu José
De Dona Maria
Cansados
Mal-amados
Com sono
Ambos, cansados.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de junho de 1982
2352. ELA TEM UM JEITO ESPECIAL
Ela me olha
De uma maneira tal
Seu jeito especial
Seu olhar fatal
Sua pele solar
Seu passado angelical
Um jeito especial
No olhar de quem fala
Na fala de quem olha
No olhar perdido
De uma arranha-céu gigante
Ah, ela é toda amante
Seu jeito especial
Um olhar coisa e tal.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de junho de 1982
2353. POUCO ESPAÇO
Sei que tenho pouco espaço
Tão pouco espaço que não cabes
Dentro dele...
Sei que o espaço que tenho é pouco
E sendo pouco não cabes
E não cabendo, princesa
Por favor...
Não enches meu saco.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de março de 1979
2354. SOMOS O QUE SOMOS...
Perde-se quando o encontro
É perdido...
Perde-se quando o desencontro
É achado...
Ganha-se quando o encontro
É desencontrado...
Ganha-se quando o desencontro
É ofuscado...
Perde-se quando o o encontro e o desencontro
Se empareiam na fila da espera sagrada...
Perde-se quando não sabemos o que somos
E quando sabemos apenas
Somos o que somos...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de agosto de 1978
2355. PAPEL RASGADO
O que não se usa mais, joga-se
O que se joga fora, usa-se
O que se usa, estraga-se
O que se estraga, volta-se
O que se volta, vai-se
O que se vai, rasga-se
O que se rasga, cola-se
O que se cola, escreve-se
O que se escreve, manda-se
O que se manda, recebe-se
O que se recebe, doa-se
O que se doa, papel se torna
O que do papel resta, rasga-se.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de setembro de 1980
2356. O AMOR EM FORMA DE CARTA
Receba minhas palavras, meu amor
Onde estiveres, guarde-a com muito amor
Onde pensares em ir, leia-me meu amor
Esta carta escrita em verso
Só para te dizer todo o meu amor
E se este amor for pouco
A carta vai dizer muito mais do que eu
O quanto há de forma para explicar
Solenemente o meu amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de maio de 1985
2357. BAIÃO DENGOSO
Baião, baião dengoso
Dengosa menina, que formosura
Menina dengosa, dengoso baião
O que faço, menina
Para dançar este baião
No dengo do balançar
No xamego do vai e vem?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1979
2358. MELINDROSA ESPOSA DE PELÉ
Tão melindrosa
Esta mulher
Tão fabulosa
Era de ter fé
Tão escandalosa
Deu no pé
Tão espalhafatosa
Era de dar olé
Tão horrorosa
Terminou casando com Pelé.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982
2359. PRECISO SONHAR, PRECISO SOFRER
Eu quero sonhar
Eu quero sofrer
Não vou nem saber
Se o sofrer é por amar
Ou se sofrer é sofrimento puro
Eu juro que tenho que sonhar
Eu preciso, eu preciso sofrer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982
2360. CHEGADA SEM AVISO
Nove, este é o número de visitantes
Que chegaram em Parari sem aviso,
A sobrinha disse que não era preciso
Devido ao tempo dos minutos inconstantes.
Era noite de São Pedro no lugar
E todo mundo brincou,
A tia é gente que se deve respeitar
No muito tempo que nos restou.
Foi bom e o aviso não chegou em tempo
Para as prevenções familiares,
Era dança de boneca em todos os lares.
A chegada aconteceu no tempo
Que era certo no incerto planejado,
Final feliz no lugar abençoado.
Bento Júnior
Parari-PB, 28 de junho de 2008
2361. NA ESTRADA DO CARIRI
Na estrada do Cariri dois carros a correr,
Um Fiat Uno, outro Gol,
Florismá e Cristina, Beto e Gorette,
Bento e Norma, Carolina, Camila e Catarina
Nove pessoas, nove cabeças, só o Cariri
O aconchego no esbarro em Parari.
Bento Júnior
Parari-PB, 28 de junho de 2008
2362. O ESTRESSE DA VIAGEM...
Ela na frente bloqueia a marcha
Vigia o cronômetro e tem dor de cabeça
Briga com as filhas, e por incrível que pareça
Se acha entendida, não sei porque tanto acha!
Bento Júnior
Parari-PB, 28 de junho de 2008
2363. POR QUE BEBER?
Beber...
Todos os dias?
Sofrer?
Esquecer os momentos?
Eis a questão!
Ela bebe,
O poeta pede:
Não se iluda, não se entregue
Deixa que o mundo te leve
Galega, deixa o tempo
Passar...
Beber?
Todos os dias...
Viver e ser feliz
Eis a questão:
- Eu te adoro!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de julho de 1988
2364. NOSSO TÃO ETERNO SEGREDO
Nós somos o que queremos ser,
Estou aqui, apareça,
Não simplesmente por aparecer, e sim,
Pelo gostar de quem sente prazer...
És sonho no meu sonho sonhado,
Enfim, és um encanto de menina,
Tão branca que deixa meu
Pecado apaixonado.
Um beijo nessa boca que me atiça!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de julho de 1988
2365. POR QUE SEI QUE NÃO TE QUERO?
Não a quero partida
Não a quero por inteira
Não a quero sentida
Não a quero rasteira
Quero-te como um segredo
Quero-te no mais puro amor
Quero-te vivenciar todo medo
Quero-te no suor desse calor
Sei que tens desejo
Sei que sabes que sei
Sei que a ti alvejo
Sei que é um erro que já errei
Por que tanto perguntar?
Por que viver na noite silenciosa?
Por que queres me olhar?
Por que adoras tomar conta de mim agora?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de julho de 1988
2366. TODAS AS MULHERES...
Todas as mulheres
Todas as emoções
Todas as razões
Do jeito que quiseres
Sou um segredo
Um mistério entre eu e você
Nesse sonho de tanto querer
Por que tanto medo?
De todas as mulheres amadas
Um esconde desse proibido amor
Espante para longe essa dor
Só você nas horas marcadas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de maio de 1985
2367. DE PORRE, NÃO É PARA MENOS...
A galega bebeu
Ao hospital se dirigiu
Ela nada comeu
Puta que pariu
Que galega teimosa
Deixa todo mundo na prosa
É rum tomado fora do cantil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de maio de 1985
2368. O TRÂNSITO DA MINHA CIDADE
João Pessoa tem
Tanto automóvel a andar pela cidade
Que não tem ninguém
Que acompanhe toda essa liberdade
De andar no trânsito
Ser pego de surpresa e correr sem falsidade
É tanto automóvel
Compra o rico, compra o pobre
É facilidade
Ter carro novo do gosto do povo
É só realidade
João Pessoa encanta
É de todos e de todas
Viva o congestionamento...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de maio de 1985
2369. A MULHER, O RISO, O ENCONTRO...
Repare,
mulher,
nestes olhos
em que a vida,
em algum dia
gerar o amor
de um homem,
imaginando que a mulher,
tão linda
nasceu, viveu e amou
o mundo, até que
amar é bom... Sofrer jamais... Ser feliz!
Ela que encanta o lugar
o riso, o encontro...
Só uma palavra importa
amaaaaaaaaaaaaaaaaarrrr
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de agosto de 1988
2370. CARA DE SAFADA
Esse teu olhar, assim
Assim desse jeito,
É um olhar sem defeito
Caia por cima de mim
Com esse cheiro jasmim
Cara de safada, é casada
Eu sei minha amada
Te quero mesmo assim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de agosto de 1988
2371. MOLECA SAPECA
Dedicado para Regina Brown (Cantora e Amiga)
Regina é a moleca sapeca que Jampa
já conheceu... Desvendou caminhos
e contemplou largos oceanos,
desbravou os sonhos
e longos aplausos mereceu...
É Regina, um Brown à vida no ápice
dos seus planos... Sinto-me bastante
felizardo na tentativa eloqüente de poder falar de
Regina, principalmente quando a fala vem da
própria Regina. É uma maravilha rodopiar os
momentos e no momento exato plantar a
arte de Regina no coração de Jampa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de agosto de 2007
2372. VICIADO EM DUPLA
Dedicado para meus sentimentos dúbios
Corri e não encontrei
Encontrei e parei
Parei e me perdi
Me perdi e jamais deixei
Um sentimento em vão
Sou eu que mando na dor
Sou que que faço horror
Sou eu que encaminho o momento
Sou eu que te faço sofrer
És tu que me fazes ser viciado
Em dupla feminina de sexo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de agosto de 1988
2373. MORRENDO E SOBREVIVENDO
Dedicado para meus sentimentos dúbios II
Corri montanha adentro
E não encontrei
O amor que fugiu ontem
Me lasquei
O que fazer da espera
Se o tempo é curto
Se a vida é longa
Se o amor é doentio
Se morrer é sofrer
Se morrer é nunca ter?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de agosto de 1988
2374. TIVE EM MEUS BRAÇOS
Hoje, quarta-feira, entre meio dia
E uma da tarde, tive-a em meus braços,
Cantei ao som toda a minha alegria
E mudei meu rumo de todos os fracassos...
Sei que o silêncio é eterno
E a morada é silêncio noturno,
Não a quero sonhando em outros agrados
Quero por inteira, sorridente
Como o dente nascido de Saturno.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de agosto de 1988
2375. CADÊ O SONO QUE NÃO CHEGA?
Sono
Amigo sono
Onde estás que não me ouves?
Quero andar contigo
Nas garras desse silêncio...
Onde estás, diz-me ou cala-te
Para sempre, para sempre...
És acaso um carrasco nas minhas
Tão intranqüilas noites? Responde-me...
Quanto custa dormir ao teu lado
Quando ao teu lado sou mais eu...
Sono
Amigo sono
Trazes o fechar dos meus olhos
E canta comigo a música infantil
Das dormidas de outrora...
Sono
Amigo sono
Estou aqui, em tela viva
Nas digitações do sono
Conhecendo meus limites
E todos os meus pecados...
Sono
Amigo sono
Por que não chegas
De mansinho e leva-me à cama...
A cama que nos espera é larga
E o espaço sobra-se...
Sono
Amigo sono
Vem, vem célere como o vento
Que se faz zéfiro por natureza
E no meu âmago de menino vadio
Incendeia os vícios de quem ama
E amando assim, caro sono
É claro, bem provável que nunca chegues
E se chegares por via do destino, cala-te
Deixa meu silêncio em chamas
Sou só um pequeno pecado cravado
Nas tetas da minha amada mãe.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de agosto de 1988
2376. NOITE... PENSAMENTOS SUTIS... (Entre a Cinza e a Brasa)
Esta noite tão sutil
Bagunça com tudo que penso
E quanto penso que sou pueril
A noite me deixa tão tenso
Tão tenso que nada me encanta
E quanto o encanto vem
A chegada é de quem espanta
O espanto do choro de alguém
Um alguém que chora
Relembra que nunca teve um bem
E se um bem teve logo foi embora
Foi embora para nunca mais voltar
E se algum dia voltou
É sinal que nunca viu noite em vida
E se teve vida, porém nunca teve amor
E tendo amor logo encontrou uma atrevida
Uma atrevida que foge do palavreado
Que depende da fala do que diz
E o que diz é um baralho sujo e marcado
Marcado de sutileza no que nunca fiz
E se fiz foi por pura ignorância
E tendo ignorância nunca dormi fora de casa
A casa da minha mãe é feita de arrogância
A arrogância entre a cinza e a brasa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de agosto de 1988
2377. FOTOGRAFIAS DO RISO E DA DOR
Fotografias recortadas pela dor
Fotografias visitadas pela alegria
Fotografias misturadas pelo riso
Fotografias atrapalhadas pelo cinismo
Tantas foram as vezes
Que tais fotografias engavetadas
Romperam com tocadas embrulhadas
Mexeram com sonhos encobertos
Com águas de rios correntes
Com águas de rios parados
Com mares antes nunca descobertos
Enfim, fotografias que encantam sonhos
Fotografias que sucumbem a dor
Fotografias que solucionam problemas
Fotografias que fazem pensar que
Entre o riso e a dor a distância é mínima...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 1998
2378. RAZÕES DO CORAÇÃO
Meu coração
Brasileiro
Meu pulmão
Estrangeiro
Sou razão
Sou sagrado e passageiro
Tenho emoção
Tenho terras de herdeiro
Meu coração
Conquistador
Meu ser ilusão
Meu grande amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 1998
2379. MÍNIMO DE PALAVRA
A fala tão pouca
Da velha falante
A fala tão rouca
Da velha arrogante
A velha tão mouca
Com palavra cortante
A velha pedante
A palavra errada na boca
A velha tão louca
Era do mundo amante
A velha bebendo sopa
O olhar cativante
A velha de poucas palavras
Uma frase que te calas
A velha de duas caras...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 1998
2380. ENTRE A GUERRA E A PAZ
Paz aos homens de boa vontade
Paz às mulheres de boa saúde
Paz às crianças de boa virtude
Paz aos homens de pouca idade
Guerra aos bélicos
Guerra às armas
Guerra às doenças
Guerra aos céticos
Entre a guerra e a paz
O mundo ideologicamente o destrói
A paz acontece no romance da moça e do rapaz
A guerra ao amor enfraquece e corrói
Entre a guerra e a paz
A distância é curta
Um aglomerado de luta
Um sonho que não se desfaz
De ser paz pela paz
Na paz de todo mundo
É o silêncio no eterno sonho profundo
É o momento de saudade de tempos atrás.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 1998
2381. A PILANTRA DO DÉCIMO ANDAR
Morava no décimo andar
Uma pilantra tão pilantra
Que todos os pilantras
Que lá moravam
Não cabiam na pilatragem
Desta pilantra por natureza
E que pilantra era ela
Que mesmo sendo pilantra
Chamava a todos de pilantra
E na pilantragem geral
Nasceu o filho da pilantragem
Que hoje anda na mão da pilantra
E que filho é esse de tanta pilantaria?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 1998
2382. EM FRENTE A UMA TELA
Hoje, domingo
Tarde de uma tarde de sol
Hoje, domingo
Tarde demais para o amor
Hoje, domingo
O sol escaldante, só o amor
Por enquanto a mulher dorme
Os meninos na televisão
O computador é companhia
De tantas mulheres
De tantas putas
De tantas pilantras
É só uma tela...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 1995
2383. LEMBRANDO O AMIGO
Castelo Branco
Barro na rua
Castelo Branco
Fique na sua
Meu Castelo querido
Minha razão, meu perdão
Ser criança um dia
Meu Castelo esquecido
É o amigo do lado
Que mora no Castelo
Tão branco como a vida
Tão preto como o amor
É Castelo querido
É o meu sonho esquecido
Castelo Branco
Água encanada
Castelo Branco
Circo sem empanada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 1990
2384. MUNDO, VASTO MUNDO...
Dedicado para o amigo de Infância Raimundo Filho
Lá estava ele
Com o sorriso no rosto
Eu que gostava tanto dele
Ao vê-lo em minha alma
Um profundo desgosto
Uma mágoa rompia o riso
E o riso por vezes sucumbia a dor
O amigo distante
Em terras americanas ancorou
Ao amigo tudo se permite
Até mesmo a indiferença do amor
Lá vinha ele
Trazendo a saudade
Tão sua característica
O amigo da verdade
Carregando a saúde na vida
É a distância, essa companheira esquisita
Que faz o homem curar sua ferida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de agosto de 1990
2385. REMÉDIO CASEIRO
Beber
Mesmo sem dor
O remédio da avó
Plantado no quintal
E veja que suor
Descia cara a dentro
Sem açúcar e amargo
Remédio que não dava tédio
Caseiro e curador
Era o remédio da avó
Feito de puro amor
Feito de puro amor...
Beber
Esse era o ofício
Dores diversas
Beber o caseiro
Ficar bom e bronqueiro
Era o remédio caseiro
Que minha mãe aprendeu
A fazer para o filho
E veja o que me aconteceu
Bebi e foi grande o empecilho
A mãe, a avó e o pai
A do meio já morreu
Dor de barriga a sujar o trilho...
Foi grande a viagem
Capim santo, erva – cidreira
Sujou toda bagagem
Essa tal caganeira
Na lembrança de menino ficou
Curou com remédio caseiro
Parou o escape do olho trazeiro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de dezemhro de 1984
2386. ELA SE APAIXONOU
Ela se apaixonou
Depois me deixou
Foi embora e nunca mais voltou
A mulher linda que me amou
A dor não suportou
Porque nunca se apaixonou
E quando se apaixonou
Da reação ela não gostou
Para bem longe se mandou
As dores não agüentou
Do seu coração uma lágrima brotou
Foi longe e nunca estranhou
Que fugia de si e do doutor
Tendo em vista que o amor
É tão forte e não causa pavor
É a menina que me chantagiou
Com essa história de eterno amor
Tanto fez que logo errou
E chance teve e não acertou
Essa mulher filha de ator
Mora de lado e na casa nunca entrou
Na minha casa nunca passou
E quando passa a porta se fechou
É ela mulher que alguém me contou
História bonita de puro amor
Só que tem um pequeno fervor
Depois de três filhos tudo se finalizou
E finalmente a mulher pecou
Teve um pagão e nunca rezou
Levou a menina e não batizou
O padre local o enfernizou
Contou pra todo mundo o horror
Daquela mulher que não se acostumou
Com a vida de casa e só sambou
Um samba tristonho de quem chorou
Um choro errante de quem tocou
Um tamborim que logo se furou
O couro do tempo que a canonizou
A santa do tempo e do cantor
A música suave que ao longe ecoou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de dezemhro de 1984
2387. DISCURSO DE JACARÉ
O educador chega
Para colher trabalho
Combram-o dele explicação
Explicar passado
Sofrer calado
Eis a questão
Jacaré educador
Colheu nestes anos
Tanta dor
Ela hierarquicamente
No poder
Sem ser
Ele é
Ela tem
O panfleto da gestação.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008
2388. EU TENHO TANTA SAUDADE...
Eu tenho tanta saudade
Tanta saudade eu tenho
Quando a vejo, logo venho
Ela é só crueldade
E por mais que eu tente
Rever todas as minhas questões
Debato-me com as coisas
Lacradas de dois corações
Que sofrem às escondidas
Nos dois apaixonados
Restam só um fim
Um finalmente em todas as emoções.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008
2389. TANTO PENSAR CONFUSO
Tanto pensar confuso
Na confusão dessa moça,
Tanta moça indecisa
Na indecisão de momento
Tanto momento perdido
Na perdição do encontro
Tanto encontro corrido
No corrimão desse instante
Tanto instante confuso
Na moça de encontros perdidos
Tantas moças de cachos compridos
Na compreensão desse final.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008
2390. SÓ SAUDADE POR SI SÓ BASTA
Só saudade
Por si só basta
Só silêncio
Por si só incomoda
Só incômodo
Por si só entristece
Só tristeza
Por si só enobrece
Só nobreza
Por si só empobrece
Só pobreza
Por si só enaltece
Só verdade
Por si só
Verdade.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008
2391. SORRINDO E ZOMBANDO
Sorrindo, a formiga
zombeteira...
riu da cara da barata
bagunceira...
ambas invadiram
o supermercado
e saciaram o vinho
vinte anos atrás...
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008
2392. MEUS AMORES...
Amores
Só dores
Horrores
De amores
E os louvores?
- só dissabores...
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008
2393. ENTRE E SENTE
Entre
Sente
Tente
Invente
De repente
Um inteligente
Tão contente
Trouxe-lhe um pente
Penteou o cabelo caliente
Aqui ninguém mente
Tão somente
É como uma semente
Brota da gente
O mais puro amor de um contente.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008
2394. POR ONDE ANDA A RAZÃO?
Me diz, se possível
E se possível for me diz
Conta-me qual possibilidade
Eu tenho...
As razões da vida
As razões do amor
As razões da dor
As razões da despedida
As razões do sabor
As razões da partida
As razões do horror
As razões da ida
As razões do pavor
As razões da lida
As razões da cor
Por onde anda a vida?
Por onde anda o amor?
Por onde anda a dor?
Por onde anda a despedida?
O cristão quando se apaixona
Perde-se a razão, há axioma
Entre o amor e a dor
Entre a dor e a vida
Entre o ser e o não ter
Enfim, poeta, qual a razão
Maior de todo este poema?
É a razão de medir as conseqüências
É a razão de proibir as maledicências
Somos a soma de todas as ciências
Porque o amor causa dor
Porque o amor causa despedida
Porque o amor causa sabor
Porque o amor é jogado a uma mulher perdida
Perdida no tempo de tanta bebida
Perdida no tempo porque é atrevida
Perdida no tempo por não amar a vida
A vida dela é um enredo mal-interpretado
A vida dela é um enredo não muito engraçado
A vida dela é um segredo bem guardado
A vida dela causa medo e precisa ser acabado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de agosto de 2008
2395. MULHER VADIA
Ela, com sorriso no rosto
Traga um perfume tão louco
Morde minha boca um pouco
Causa-me desgosto
É uma espécie de mulher vadia
Lembra de longe minha tia
Com seus amores na fila
Dentes cheiro de clorofila
Para beijar o cara
Para cuspir o cara
É hoje essa mulher vadia
Vadia na noite pelo amante
Vafia na noite pela caminhada errante.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1982
2396. NA POLTRONA O BEIJO É DE COCO
Na poltrona do cinema
A menina fora de cena
Beija que dá pena
Tão linda de pele morena
Seu bumbum todo se empena
Menina.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1990
2397. DOIDO DE MIM...
Eu devia tá doido
Ter pego maconha
Acreditado em cegonha
Roubado o governo
Que desmantê-lo
Era doido e não sabia
Louco na vida, que maresia
Ser doido hoje em dia
É ter coragem e isso
O doido já sabia...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1983
2398. TOMARA QUE CHOVA NO CIRCO DE HOJE
Tomara que chova
Uma chuva forte
Que me traga sorte
De levar a menina
Essa é a sina
De quem espera
A volta da fera
Do circo do bairro
Tanta palhaçada
Da menina engraçada
Levar-te ei na tua casa
Vou contando os passos
São fracassos
Ela vem, a levo de asa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de junho de 1979
2399. TANTA FRESCURA
Tanta frescura governamental
O governo inibe o povo do normal
Mostra o lado tão fraternal
Esquece da senha de ser mal
É o governo do coisa e tal
Sem projeto e violão no lual
É tanta frescura...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de junho de 1979
2400. A FILHA NA ENCRUZILHADA
Temos filha e gostamos dela
Tantos são os gostares
Tantos são os olhares
Temo filha e somos apaixonados por ela.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de agosto de 2008
2401. A ONDA É DISCIPLINA
A onda é disciplina
disciplina temos que ter
se você não tem disciplina
na vida você vai sofrer
Disciplina é algo bom
que iremos aprender
se você não entrar nessa
com certeza vai perder
Disciplina para a cidadã
disciplina para o cidadão
aproveite o momento
disciplina, meu irmão
Para você vencer na vida
é preciso muita disciplina
com certeza a minha escola
tem tudo e me ensina
Disciplina é o tema
que a escola vai trabalhar
viva todos a cantalice
a disciplina vai me acompanhar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de julho de 2006
2402. VIVO EM JACARÉ
O trem vem todo dia
O maquinista é da minha cidade
Vivo em Jacaré com alegria
Sou filho de Dona Mocidade
Me fiz maquinista deste trem
De Santa Rita a Cabedelo
De Cabedelo a Santa Rita
Sou só, não tenho ninguém
Amo a vida e por ela tenho zelo.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 02 de março de 2007
2403. VIVO
VIVO ainda estou
Se queres ficar vivo
Como ainda estou
Por favor eu crivo
Teu corpo com ardor
Só assim serei
Cada vez mais
Vivo...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de setembro de 1980
2404. BATENDO CABEÇA NA PORTA
Batendo cabeça na porta
Na porta batendo cabeça
Quero encontrar tua mãe morta
Se algo de ruim me aconteça
É que a Moura Torta
Veio na segunda e na terça
Pense numa grande marmota
Bateu com a cabeça
Lá de cima da porta
E antes que ela desapareça
Quero ver de novo a Moura Torta
E boa sorte me ofereça.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de abril de 1981