COLETÂNEA POÉTICA DE BENTO JÚNIOR - VOLUME TERCEIRO - DE 1203 A 1803
1203. MARCHA CAPITÃO
Marcha capitão
Não manda o soldado, não
Marcha capitão
Bota a arma na mão
Marcha capitão
Bota ordem na cidade
Marcha capitão
Acaba com a crueldade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1204. CORRIDA EM VIA PÚBLICA
Corre, corre desgraçado
Corre, corre sem parar
Via pública é tua casa
Onde é que tu vais parar?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1205. MÁGICO
No tempo de criança
Perdido no meio do nada
Fazia mágica e não era mágico
A minha maior mágica foi
Transformar a minha mesada
Num trocado dado ao povo
Que não tinha o que comer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1206. BANDIDO DO PODER
Tenho poucos anos
Sou adolescente
Na pouca idade que tenho
Encontrei a resposta que falta
Tem bandido do poder
Pior do que ladrão armado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1207. POUCAS PALAVRAS
Dentro deste armário
guada-se entre sete chaves
o nome do assassino
o nome do bandido
que matou-me o coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1208. PARECE QUE É...
De longe, a mesma pessoa
de perto uma outra pessoa,
assim é a vida de Pedro
na roça, no campo, na construção
plantando, roubando, entregando
o irmão...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1210. VÍCIO
aparentando
quarenta anos
fumou um cigarro
saiu pela rua
andou cem metros
tombou
caiu
gemeu
morreu
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1211. UM PEQUENO POEMA DE LUTA
Companheiro
se você ainda não se tocou
com a situação caótica em que vivemos
é sinal que você morreu
e alguém se esqueceu de enterrar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1212. PERPLEXO
Perplexo ficou o ladrão
Quando o polícia chegou
Pegou logo a sua mão
E ligeiro ele algemou
a mente do ladrão
ele logo comprou
disse tudo com emoção
e tão depressa se lascou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1213. GATO DA PALHA DA CANA
O gato veio não sei de onde
E de dentro das palhas
De um pulo só correu
E a molecada na brincadeira
Com medo ficou...
O gato maracajá
Era esse o seu nome
Pulou e feriu uma raposa
Na maldade mais cruel
Pra matar sua fome...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1214. CHUVAS REPENTINAS
Chuvas repentinas formaram ondas gigantes
Na rua onde moro. Ninguém saiu de casa
A casa foi abrigo de chuva naquele dia.
Televisão e som foram artifícios
Que os donos usavam... chuvas e chuvas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1215. ESSA HISTÓRIA CONTADA...
Conte-me essa história
De quem não quer contar,
Conte-me, fale-me de Glória
Se ela ainda de mim quer gostar
Sei que sabes dessa história
Me conte, ou queira se calar
Não se cale, me fale de Glória...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1216. TAVA TE ESPERANDO...
Estava aqui na calçada
Esperando tu passar
Queria ver teu andar
Rezava pra não dá mancada
Porque estava a tempo te esperando
E não ia falhar, estou te amando!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1217. TRISTEZA DE HELENA
Os olhos de Helena
Eram tristes iguais a chuva de inverno
Frio e calculista eram seus olhos
Ah, quem não se apaixonava
Pelos olhos tristes de Helena...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1218. TRABALHO É O QUE NÃO FALTA
Se quer trabalhar, tem trabalho aqui
Se quer trabalhar, aqui tem trabalho
Não se ganha pouco, sei disso
Mas o dinheiro pouco com suor
É dinheiro muito, sem ele, tudo pior...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de março de 1980
1219. UM AGIOTA
Um agiota cabisbaixo saiu da calçada
E queria pegar o devedor
O devedor com medo pediu socorro
E caboetou o agiota
Este pra se vingar
Mudou a conta
Cinqüenta por cento.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de agosto de 1984
1220. VEJO GENTE ESCROTA
Vejo gente escrota
Como vejo na minha frente
Gente sem nenhum valor
Gente que vive a azucrinar
Toda vida de gente boa
Gente que não presta
Nem pra si presta
Quando empresta algo
É gente escrota
Escrota gente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1980
1221. A PASSARADA DO PÉ DE CAJU
De manhã logo cedinho
Lá vou eu pro meu pé de caju
Levanto os braços
Dou um riso...
A passarada ta chegando...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de abril de 1984
1222. MUNDO DESENGANO
Agora que o mundo se acabou
E nós dois ficamos a ver navios
Entremos no navio da esperança
E lá vamos ver se a gente encontra
Um mundo melhor
Um mundo sem desengano.
Bento Júnior
João Pessoa-PB-02 de setembro de 1982
1223. NOSSO MUNDO
Nosso mundo é assim
Você e eu, eu e você
Não tem reclamação
Não tem disse-me-disse
Não tem satisfação
Cada um faz o que quer
Eu na condição de homem
Tu na condição de mulher
Nosso mundo é assim
Ainda tem gente
Que acha isso ruim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de maio de 1982
1224. OS OUTROS E A GENTE...
O mundo me pede paz
Quando na verdade
Sou guerra por dentro
Sou um estopim
Bom de sete canhões
A gritar e a implorar
Saiam do meu caminho
Eu quero navegar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1979
1225. RAPIDAMENTE
Rapidamente
Como um passar de olho
Ela olhou - viu e gostou
Rapidamente
Me chamou
Pegou - saciou e dormiu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1987
1226. NO ÔNIBUS
Dentro do ônibus
Ela se encontra
Com sua saia justa
Mostrando o que Deus fez
Pra tudo e pra todos...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de outubro de 1980
1227. SUBDESENVOLVIMENTO
Um dia
Na rua daquela esquina
Os buracos eram grandes
Os esgotos não se tinham
Os políticos tinham votos
E o povo eram devotos
De Santo José
Esperam a chuva chegar
Que quando chegavam
Inundavam as casas
As poucas que tinham
As outras iam com a chuva
E os políticos politiqueiros
Apertavam as mãos dos moradores
E estes ficavam agradecidos
Com aquela atitude
E numa próxima eleição
Tome votos e votos
E no ano seguinte a chuva invadia
Toda sua casa
E torciam para chover
Em nome de São José.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de setembro de 1984
1228. MISTURA DE IDÉIAS
Misturou as idéias
e foram ao chão
arrancou o sonho das filipéias
morreu a cidade numa canção
cantada pelo poeta
nas noites de lua cheia
ninguém aqui nada empresta
não dão almoço e nem ceia
que pode está farta
mas não tem lugar
seja bom ou peralta
não tem idéia pra se acertar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 1986
1229. AVISO PRÉVIO
Um trabalho decente é tudo que se quer
Quando se procura não tem onde encontrar
É a velha história do desemprego
Que fazer para este quadro mudar?
O patrão metido a rico e metido em encrencas
Entrega um papel e diz ser aviso prévio
Onde se vai trabalhar no momento
Se com este papel o desemprego veio pra ficar?
Um aviso prévio o cara recebeu e triste ficou
Pensou na família e como tudo resolver
Saiu cabisbaixo ao mundo e pensou:
É melhor ir dormir e se acordar para lutar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 1985
1230. IEMANJÁ
Na praia na meia noite
Na praça de Iemanjá
É festa à noite inteira
Até o nascer do sol.
Iemanjá é rainha
Rainha das águas do mar
Banha os pés dos devotos
Na festa o povo a cantar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1980
1231. SEIS HORAS
Às seis horas
Da manhã
Meu café tá bem prontinho
Minha mãe bem cuidadosa
Coloca na mesa e vem me chamar
Eu com uma preguiça da molesta
Faço que estou dormindo
Minha mãe usa o seu carinho
E me faz se acordar mesmo sem querer.
Seis horas da manhã
Um café com a mãe
É lembrança que não sai da minha cabeça.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1982
1232. É TARDE DEMAIS
Tarde
Muito tarde
Tarde é hoje
Amanhã não é mais
Tarde demais
Pra mudar
Pra resolver
Tarde
Meu coração dispara
Sente que é tarde
Perdi um amor
Porque era tarde demais.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1233. CABEÇA
Cabeça, meu bem, cabeça
E isso ainda é pouco
Por que estás com um louco
Se comigo eras segura?
Cabeça deves ter
Mas, colocas para o bem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de fevereiro de 1997
1234. TEMPO DE MENINO
Vejo na plenitude dos meus dias
a lembrança carismática do que passei,
era tão criança, em Solânea, minha vó
a saudade perdura e eu de tudo sei...
Admiro a lembrança guardada
daqueles belos dias de menino,
um menino que nada sabia, e se sabia
não era ele, era um sonho, um desatino.
Ah! Que saudade eu tenho
imitando todos os poetas do repente,
daquelas tardes olhando o verde da floresta
de dentro de casa, meus avós tão contentes.
Hoje mora em minha recordação
O gosto de ter vivido o menino que fui
O gosto de ser amado de coração!
Bento Júnior
Solânea-PB, 10 de fevereiro de 1982
1235. AS MENINAS
Uma menina de branco, lenço azul na mão
Cantou seu canto triste, daí foi sucumbida.
Uma menina de preto, lenço vermelho na mão
Cantou seu canto alegre, daí foi só subida.
Uma menina de verde, lenço roxo na mão
Cantou seu canto agoniante, daí logo pereceu.
Uma menina de amarelo, lenço cinza na mão
Cantou seu canto amargo, daí tão de repente desapareceu.
Uma menina de lilás, lenço creme na mão
Cantou seu canto desafinado, daí foi reprovada.
Uma menina de vinho, lenço laranja na mão
Cantou seu canto exigente, daí foi desclassificada.
Uma menina de limão, lenço azul na mão
Cantou seu canto triste, daí aos delírios fora contemplada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1984
1236. MENINAS DE PILÕES
Vejo na beleza dos olhos das meninas
a simplicidade íntima da felicidade
me sinto contente nesse universo de rimas
de alegrias, paixão e humildade.
Admiro as bocas vermelhas das meninas
ideologia perfeita de bem viver
fico pensando no ouro das minas
o que será se alguma menina sofrer?
De pele morena ou branca
receba os meus agraciados afetos
de reais sentimentos concretos
de onde estiver minha pessoa franca
nos teus corações estarei sempre pensando
e perpetuarei plenamente lhes amando.
Bento Júnior
Pilões-PB, 17 de fevereiro de 1983
1237. A MALDIÇÃO DOS ESCOMBROS
A maldição dos escombros da Catedral
São restos mortais dos escravos
Que ajudaram erguer todo o primeiro andar
Hoje o que se ver naquela Catedral
São vozes noturnas amaldiçoando o lugar
Os escombros da Catedral
Hoje são recordações na população do local.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de março de 1999
1238. GLOBO TERRESTRE
Globo terrestre
Pisa fundo na tela
Invade meu computador
Cospe nos navegadores
Me leva em segundos
Às estrelas do tempo...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de março de 1999
1239. ÁGUA BENTA
Da água fez-se a espuma
do botão, fez-se a flor
do vento zéfiro, fez-se a bruma
do sofrer latente, fez-se o amor
Da pedra cascalho, fez-se a pluma
do girassol, fez-se pétalas
do mar em fúria, fez-se a coluna
da ilha em chamas, fez-se os amores delas
das mulheres que fazim sexo
com os marinheiros, às vezes sem nexo
mas era assim que fez-se a compreensão
de uma vida melhor em vida
para então assim deixar a dor contida
na mulher, só assim fez-se nascer um coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1985
1240. PARIDEIRA
Dedicado para Vitória Carvalho (Minha Mãe)
Pela beleza dos teus olhos
da tua cor castanha e bela
escrevi este simples soneto
só de amor que sinto por ela
Os cabelos castanhos e encaracolados
eram grandes na mãe que tenho
o branco é causa e efeito de uma pintura
e feliz aqui sempre venho
Minha mãe, por amor e por puro amor
amo a vida da vida que me brotou
e te quero na paz exata desta espera
a espera causa-me profundo silêncio
já usei até poesia em stencil
só para falar do meu amor por esta fera.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de novembro de 1995
1241. FOGUETE
à Mônica (Esposa de Miraldo – moradora da Capitão)
No céu já pássando
um foguete brasileiro
não era um foguete
era um avião de passageiro
por cima das nuvens
o avião soltava fumaça
coitado dos passageiros
em silêncio via toda a desgraça
era um foguete
ou era um avião?
Era um foguete, meu irmão
por dentro das nuvens
como pode o homem da terra avistar
um avião de passageiro soltando fumaça passar?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 2003
1242. PUTO DA VIDA
Conto os dedos e me falta um
Um em cada parte da mão
A mão que fica puta da vida
A vida sem sentido da razão.
Esta razão que o poeta fala
É fala dos putos que existem
Existe pela necessidade da espécie
Os putos em mim persistem.
Como os dedos de todas as falas
E balanço o corpo das plenitudes
Sou um pé atrás de todas as atitudes.
A mão, o corpo, os dedos, todos
Estão prontos pela vida dessa vida puta
Ser puto é a emoção dessa conduta.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de janeiro de 2006
1243. ACONTECEU O ACONTECIDO
Dedicado para a minha querida e amada Avó Virgínia
Antes todos anunciavam
Antes todos gritavam
Antes todos falavam
Antes todos pronunciavam
Hoje ninguém anuncia
Hoje ninguém grita
Hoje ninguém fala
Hoje ninguém pronuncia
Antes o anúncio foi de tristeza
Antes o grito foi de desespero
Antes a fala foi de agonia
Antes o pronunciamento foi de lamentos
Hoje a tristeza é forte
Hoje o desespero é silêncio
Hoje a agonia é morte
Hoje o lamento aconteceu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de janeiro de 2006
1244. UM ATAQUE DE PURO SANGUE
Dedicado ao Professor Sebastião (in memorian)
Como um raio que cai do céu desconhecido
E arrebenta as cordas de um homem
Fui pego de surpresa na surpresa de ser
Do tal professor amigo do peito
O que mais nos incomoda na vida
É o ver e nada poder fazer
Quando a vida nos toma de repente
O alicerce maior de nossa existência
Assim diante de muitos passantes
Ele deu sinal de sua última aula
Fez o raio brilhar no espaço da saudade
E cantou seus males na terra que o viu nascer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 2005
1245. UM CANTO DERRADEIRO
Dedicado para Maria dos Milagres (In memorian - em seu sepultamento)
Como o cantar de um pássaro
Que canta seu canto derradeiro
Fui cantar na sombra de um ácaro
E tomei a enxada do coveiro
Na sepultura de tantas almas penadas
Se desfez um pranto em dor
Sofre uma mãe das mais amadas
E a filha na terra só ganhou amor
Como um cantar de um passarinho
Que cantou seu canto derradeiro
Vi a morte bem no caminho
Enterrar a alegria de um coveiro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de dezembro de 2005
1246. LEITÃO
A tênia come, rói e empesta
As carnes suínas, o comedor contesta
As teses da ciência e gosta de porco
Porque porco vive em chiqueiro
Saboreando as lavagens dadas
E que porcaria esse porco
Fedendo um fedor insuportável
E desse fedor nasce um pernil
A carne em voga no Brasil
É leitão no final do ano
Na mesa farta do ladrão
Que rouba os cofres públicos
E ainda convida amigos e aliados
- Venham comer na minha casa leitão!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 2006
1247. O ARGUMENTADOR
Dedicado para o Alexandre (Morador da Capitão)
Todos estavam na reunião
Faltava uma voz para argumentar
Por dentro Maria Bonita, por fora Lampeão
Essa é de Ricardo, todo mundo falava...
Eis que surge Alexandre
Dando uma aula de condomínio
Elias ficou na indecisão
Mas tudo bem, não houve latrocínio.
O grandão abriu o verbo
Falou de toda enroscada
A mesa calada ficou
E as gêmeas estavam bastante encrencadas!
O argumento logo que depressa chegou
Alexandre a todo mundo livrou
Teve gente que não gostou
Mas tudo bem, foi um susto que todo mundo passou!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de agosto de 2004.
1248. QUE TRISTEZA DO PAULINHO
Dedicado para Paulo Medeiros (Morador da Capitão)
Paulinho, Paulinho
Tua mulher te abandonou
Paulinho, Paulinho
Não suporta tanta dor!
A Rejane foi ao Rio
Paulinho não soube o que fazer
Deu insônia todas as noites
Achava ele que a mulher ia perder!
Tudo isso é brincadeira
Paulinho chorava todo santo dia
Paulinho, Paulinho
Sua mulher voltou e foi só alegria!
O que faz um marido
Quando sua mulher vai embora?
Bebe e fica bêbado
Ri e ao mesmo tempo chora.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de maio de 2004.
1249. O CALÇAMENTO
O calçamento
Da nossa rua
Ficou uma maravilha
Crianças passeiam
De bicicletas
Brincam
O calor
Do calçamento
É um momento
Tudo por aqui
Vale um ouro
Só falta cumprir
O tal sumidouro!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de agosto de 2004.
1250. MEU AMIGO CENOURA
Dedicado para Miraldo (Morador da Capitão)
Meu amigo
Cenoura
Que ignorância
Essa tua!
Ria que a cenoura entra
Até o talo meu irmão!
Lindo, não é?
Deus sabe o que faz
No aniversário de Miraldo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de julho de 2004.
1251. CABELO BONITO
Dedicado para Petryn (Filho de Paulo e Rejane – morador da
Capitão)
Tu tens um cabelo tão lindo
De toda Rua Capitão
Tu causas invejas a outros
Teu cabelo é show de verão.
Teu cabelo tão negro
É vontade do amigo Paulinho
Raimundo diz que o culpado foi o cloro
Que estragou o seu cabelinho.
O cabelo do Petryn é fino
Seu pai diz que tinha um igual
Dez bezetassil tomou
Até hoje é vivo, garante que nunca lhe fez mal.
Só sei que o cabelo do Petryn
Causa inveja a muito morador
Todo mundo em Itapororoca
Quando Paulinho passava, dizia: lá vai o meu amor!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de julho de 2004.
1252. CRIANÇA BRINCA DE FAZER TEATRO
Dedicado para todas as crianças que participaram do primeiro
festival de teatro da Rua Capitão: Carolina, Camila,
Marina, Letícia, Dedê, Paulo Vitor, Petryn e Tiago.
Fazer teatro a longo prazo
É coisa de passado
Criança num dia
Programa uma semana
De espetáculos
Contos de fadas
De segunda a sexta-feira
Com direito a bilheteria
Como direito a reapresentação.
Chapeuzinho vermelho
Cinderela
A bela e a fera
As memórias de Emília
Criança é só diversão.
Quanto deu a bilheteria?
Gritava um monte de criança.
Era cinqüenta cada peça
A platéia lotada
Viva o teatro de todas as crianças.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de janeiro de 2004.
1253. A LOMBADA
Todo mundo se mete
O juiz disse onde era
O advogado não disse
O corretor se arretou
Porque queria que ali não fosse
Coitada da lombada
Nem inaugurada foi
E todo mundo querendo ser dono
Três lombadas numa pequena rua
Alta e bem juntinhas
Uma
Duas
Três
Lá estão as lombadas
Sem nada entender
Sobre o calçamento da Capitão
O que se faz
Se Maurício não mais limpar o chão?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de agosto de 2004,
1254. AS VIAGENS DO PAI E A VIADAGEM DO FILHO
Enquanto um pai viaja
Para esfriar o juízo
Um filho usa brinquinho
Para esquentar do velho o juízo.
A rua toda espera
A volta do pai machão
O encontro do velho
Com o filho viadão.
O brinco que o filho usa
Faz inveja a qualquer paizão
É bem provável que o velho
Não se incomode com a situação.
Por que incriminar quem usa brinco
Nesta terra tão brasileira?
Não se incomode, meu grande amigo
Tudo isto é pura brincadeira.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de setembro de 2004.
1255. O HOMEM E SUA HISTÓRIA
O homem tem o bem,
O homem tem o mal,
O homem faz o bem e o mal,
Tanto como faz o mal e o bem.
O homem tem amor,
O homem tem ódio,
No homem se encontram
O amor e o ódio.
No homem existe uma mulher
Fina como uma flor,
Se famoso eu fosse
Te teria como meu amor.
O homem faz a história,
O homem risca a história,
O homem nasce e morre,
Às vezes coberto de glória.
O homem tem a paz,
O homem tem a guerra.
Ser poeta é demais,
Minha poesia sincera.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982
1256. A FLOR
Flor
Florzinha
Flor
De
Carinho.
Florzinha
No ninho
Flor de
Amor.
Flor
Florzinha
Mais bela
Que
Esta
Não
Existe
Na
Vida
Do
Autor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982
1257. PAZ
Sou
de paz
tenho
papel
e lápis
na mão.
Tentarei
escrever
um poema
que saia
de dentro
do coração,
por enquanto
meu dilema
é contornar
esta situação.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982
1258. GOSTO
Um amor lindo
me fez gostar
de relógio.
É bonito
ver um animal
marcar as horas
no grito.
A frase
“Livre Para Amar”
é gostosa
quando na hora marcada
você está lá.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982
1259. O PASSARINHO VOOU
O passarinho voou,
sem destino
foi embora.
Passou em um galhinho,
caiu e quebrou a asa.
Uma menina
o pegou,
pra sua casa o levou.
O passarinho melhorou,
resultado desse amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982
1260. NOSSAS SAUDADES
Saudade é um sinal
de tudo que se vive,
nossa amizade é uma lembrança
da qual nunca se esquece.
Não se pode deixar morrer
tudo que é esperança,
pois a saudade quando bate
me traz grande lembrança.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982
1261. UNIÃO
Sei que num cantinho do mundo
existe essa tal esperança
que faz um bom coração
até de um certo vagabundo
ajuda um aos outros
lida com bons seres
porque com bons dizeres
não se criam tais loucos
tens ótimas condições
suportando a barra da vida
tendo bons corações
refaça a vida seres humanos
mostrem as armas da despedida
façam um a um bons planos...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de janeiro de 1978
1262. PACATO
Fui pacato entre tantos
Entre tantos fui pacato
Pacato por todas elas
Por todas elas fui pacato
E quando quis deixar de ser pacato
Fui mais pacato ainda
Andei pelas ruas chorando uma dor
Uma dor de quem acha que não
Mais vai conseguir deixar de ser pacato.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de maio de 1981
1263. NOSSA TURMA
uma das minhas virtudes
é fazer boas amizades
quase todas as verdades
se contemplam em minha atitudes
gosto de uma turma legal
como essa que é nossa
onde não há quem possa
nos causar algum mal
devemos fazer o bem
turma com bons corações
vivo boas emoções
e não escondo de ninguém
não devemos ficar de braços cruzados
e sim de mãos bem abertas
porque nessas horas incertas
para o bem iremos apressados
nunca iremos fazer despedida
dessa turma sensacional
o inverso será um grande mal
em toda a nossa vida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de outubro de 1976
1264. O AMOR
Vamos juntos se amar
para a vida ser melhor
não adianta brotar suor
só apenas raciocinar
juntos seremos felizes
em épocas elevantes
como fazem os aprendizes
mudanças em todos os instantes
sobre um mundo de paz
nós dois unidos legais
sem buscar tais receios
sobre um mundo sincero
sentado por ti ainda espero
bons tempos, eu creio.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1976
1265. AMIGOS
Dou tudo de mim
ao menos que não queira
sou mesmo assim
sou uma agulha certeira
explodo todo caminho
enquanto se procura a paz
em certos, busco o carinho
que no incerto ficou jamais
em bons tempos elevados
eles se acham tranquilos
são apenas dotados
vivendo apenas daquilo
acham-se máximos calados
de tudo sem mais grilos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de janeiro de 1976
1266. OS VENCEDORES
Seremos a semente que germinará
em campos artísticos dessa comunidade
pois com nossas armas batalharemos sem cessar
em prol de uma cultura realidade
futuramente brotarão os frutos
que plantaremos sem essa de fantasia
os mesmos jamais serão brutos
apenas o excelso da mais linda melodia
no entanto, resta aos participantes
desse concurso, erguer os braços
e agradecer aos organizadores
que são de pensamentos elevantes
dessa pátria, onde nossos abraços
as concretizarão para os vencedores.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de fevereiro de 1978
1267. O NÃO QUERER
Eu não queria me envolver contigo
de repente me vi tão ruim
devia apenas ficar como amigo
e tudo seria melhor para mim
eu não queria, jamais pensei
que pudesse ficar tão triste
é por isso que eu errei
em esperar o que não existe
tudo bem, seguirei outros passos
mas na memória estás presente
sempre, sempre estás em mim
caminharei trilhos em outros braços
mas sempre estarás na minha mente
desse jovem desconhecido mesmo assim.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de maio de 1976
1268. UM LOUCO
Duas semanas de conhecimento
pouco espaço para uma definição
você fez parte de um momento
de aventuras incertas do coração
talvez abri uma gaiola
e esse pássaro fugiu
deixando marcas, indo embora
para um mundo varonil
uma vez em meus braços
você falava dos meus afagos
infiltrados no teu corpo
no entanto, apenas fracassos
deslizando no sentido amargo
todas as marcas de um louco.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de julho de 1977
1269. O ENGANO
Eu pensava que tudo daria certo
engano meu, tudo deu incerto
apenas sobrevive no meu pensamento
frases obscuras de um momento
eu pensava que tudo seria lindo
pois sempre te encontrava sorrindo
engano meu, tu eras uma das mais
que gostava de envolver um lado incapaz
quero apenas hoje, lembrar de você
apenas na mente de um menino
que busca melhores explicações
tu fazes o mundo sofrer?
Sinto que és o meu destino
que atormenta outros corações.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de março de 1977
1270. POETA MALDITO
Malditos os sonhos que falam do amor,
mesmo esse amor que tanto procuro;
por enquanto o caminho é de dor,
e a vida pra vencer tem que dar duro
Malditos os caminhos que me levam ao amor,
mesmo esse amor que tanto insisto;
a vida tem coisas e nos causa terror,
a busca é fértil, mas portanto, desisto.
Malditos os insistentes na busca do amor,
mesmo esse amor que tanto vasculho,
no sótão da vida, o sonho é bagulho.
Malditos os procuradores da arte do amor,
mesmo esse amor que tanto lamento,
nessa agonia, traga-o por um momento.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de março de 1999
1271. O PARQUE
Dedicado para Virgínia Maria (Minha Avó materna - in memorian)
O corpo uniforme contido no parque
Abriu espaço para mais um,
Todos em volta falavam
E o corpo seguia em compasso.
Tinha um semblante de quem dorme
Aquele corpo ali exposto,
Era a senhora mãe de todos
Dona dos bons e dos parcos fracassos.
O verde da planta do lugar
Guardava os restos de todo um passado
Guardava tudo que era saudade.
O verde de tudo que era verde, hoje está
Mais verde do que café coado.
Foi-se um corpo na multidão de nossa cara-metade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 2006
1272. SAUDADE BEM, MEU BEM SAUDADE
Dedicado para às Minhas Filhas (Carolina, Camila e Catarina)
E à minha Esposa (Norma Sueli)
Em mim dói uma saudade
Uma saudade que dói demais
Entristece o peito, me tira a paz
Molda toda a minha verdade
A verdade de dormir sozinho
Quando deveria me cobrir
Com os lençóis que conheci
Mas hoje é só cantar de passarinho
Que canta um canto de saudade
Entoando o som dessa tristeza
Saudade é a minha única certeza
A certeza do amor liberdade
Encravado nos olhos nordestinos
Que me ensinam sorrir em desatinos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de janeiro de 2006
1273. POEMA DE RAIVA PARA ALGUÉM QUE SE AMA
diz que
me ama
porra
se não
eu laço
teu cu
com uma
pedra
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de março de 1983
1274. A CONTRA-GOSTO
Pegue um copo
Cheio d’água
E sinta no gole
O trago da vida
Que te espera.
Pegue a espera
Da vida
E sinta o copo
Que te espera
No fundo.
Sendo assim
O copo e a vítima
Morreram de sede
No primeiro abismo.
Coisa de droga
Fantasia irreal
É o paradoxo
Desse que faz opção
A contragosto
Daquilo que faz.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1275. LIÇÃO QUOTIDIANA
Entrou
Por debaixo
Da porta
Pegou
A chave
E não fez uso
Cobrou
O que lhe devia
Foi preso
Pagou
O serviço feito
Foi solto
Voltou
À porta que lhe esperou
Atirou
Correu
Sem chave
Sem dinheiro
Sem roupa
Sem mãos
Sem nome
Morreram
Ele era valente
O devedor era frouxo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1276. CADA SÍLABA
Dedicado para uma mulher
Cada sílaba
Desse provérbio
Define-se no verbo
Da tua sensibilidade
De ser Mulher...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1277. POEMA DO MATO
Ela cheira a mato
Quando está
Triste.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1278. MENINA DA RUA
Corre menina
Por todos os lados
Da rua...
Deita teus cabelos
Nas pernas confusas...
Sonha de dia e prega
À noite nos bares
Da vida...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1279. VIVER NO MUNDO SEM SER DO MUNDO
É difícil ou quem sabe fácil
conduzir o homem ao raciocínio
dessa lógica louca
desse mundo vivo
nesse mundo sem ser desse mundo
pergunto ao mundo
qual razão de tudo
perco toda lógica
dou de troco um ser talvez
quem sabe da vida
resta um pergaminho
mesmo contido de pérolas
tomba no caminho
de viver no mundo
e não se pertencer
qual sentido faz
ser desse mundo
se não é desse mundo?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1280. AUSÊNCIA
A ausência do Ser Humano
Resume-se numa só palavra:
Saudade.
Dói na retina
E arrepia a mente...
Essa saudade
Sem alguém por perto
É como água no deserto...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1281. POESIA PLAGIADA
Vou fazer um poema
Não importa se é plágio
Vou fazer um poema
Não importa se é plágio...
Meu poema vai falar
De amor e de perdão
Se algum poeta escreveu
Pode prender que é ladrão.
Meu poema vai falar
De cidade e de lugar
Se algum poeta escreveu
Tenham certeza, ele quis plagiar.
Meu poema vai falar
De família e sociedade
Se algum poeta escreveu
Foi por pura maldade.
Meu poema vai falar
Do céu, do mar e da lua
Se algum poeta escreveu
Sua vida anda mal e crua.
Meu poema vai falar
De sonhos e fantasias
Se algum poeta escreveu
Foi falha de suas manias.
Meu poema vai falar
De cantores e poetas
Se algum poeta escreveu
Bebeu e se perdeu na festa.
Meu poema vai falar
De bebidas e amantes
Se algum poeta escreveu
é coincidência dos errantes.
Meu poema vai falar
De mulheres e traição
Se algum poeta escreveu
Tenham pena do seu coração.
Meu poema vai falar
De sentimentos e falações
Se algum poeta escreveu
Se perdeu entre os trovões.
Meu poema vai falar
De juventude e velhice
Se algum poeta escreveu
Foi por pura burrice.
Meu poema vai falar
De lutas e vencedores
Se algum poeta escreveu
Morreu com balas e dores.
Meu poema vai falar
De amigos e viagens
Se algum poeta escreveu
É culpado de tantas miragens.
Meu poema vai falar
De liberdade e acasos
Se algum poeta escreveu
Não foi à vista, foi a prazo.
Meu poema vai falar
De tudo que se pode imaginar
Se algum poeta me plagiar
É sinal que o tempo precisa parar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1282. PASSARINHO CANTADOR
Canta
Canta
Passarinho
Procura
Um ninho
Nesse caminho
Procura um sonho
Neste lugar
Assume uma postura
De cidadão
E se alimenta de mato
Neste ninho de espera
Do passarinho cantador
Do passarinho sonhador.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1283. DIA DO ÍNDIO
Dezenove de abril
Era dia de índio
Dezenove de abril
Ainda é dia de índio?
Sei não...
O que sei
É que mataram os índios
Galdinos da vida
Pataxós da vida
Incendiaram o índio
Brasília em festa
Um índio morto
Dezenove de abril
Na casa de índio
Não tem festa
Tem medo da vida
Tem medo do mundo
Não se fala em índio
Compraram o índio
Brincaram de ver índio zangado
Mataram o índio
Onde está o índio do nosso Brasil?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1284. O LIXEIRO DA FAZENDA
Ministério da Fazenda
Dar o lixo
Para lixeiro
Que vive de lixaria.
Uma carroça de burro
À frente estacionada
O seu pão
De cada dia.
Cada saco vale nota
Uma vida
Desse lixeiro.
Quanto mais
Ele trabalha
Na conta se atrapalha
Pobre sina de um brasileiro.
Ministério da Fazenda
Dar papel picotado
E o lixeiro
Pobre coitado
Vai enchendo sua carroça.
Ah! que saudade ele tem
Dos tempos em que plantava
Dos tempos em que comia
Dos tempos de lá na roça.
Nesse lixo
Anda rato
Gato esfarela todo saco
E o lixeiro vai botando
Restos do Ministério
É difícil imaginar
Algo que possa se aproveitar
Sua vida vai alimentando.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1285. EDUCANDO
ao Educador Paulo Freire
Educando...
Quem de nós se habilita a tal tarefa?
Quem de nós se acha capacitado a desempenhar
Papel de agente de transformação social?
Educando...
Na troca de hábitos e gostos mil
Renasce o ensino mais humano.
Educando...
Chega de rótulos e teorizar o que se deve fazer!
Arregacemos as mangas e partamos todos
Pelo infinito em busca de uma árvore.
Educando...
Chegamos ao ápice dessas expectativas
Ou talvez, quem sabe, semeamos uma idéia
No topo dessa árvore
Que com certeza dará bons frutos.
Educando...
Eles ensinam a eles
E eles aprendem com eles
Eles são os mestres e os mestres
São os aprendizes.
Educando...
Povo que se conhece troca idéia na porta de casa
Dentro da escola e com a família.
O pai
A mãe
A família
Os amigos
São todos de um mesmo ensino.
Que se estabeleça o vínculo da consciência
Mostrando a realidade do mundo: todos passam
Vivem e sabem e morrem...
Tudo em função do nascer de uma nova maneira de agir.
Educando...
Na rua ou em casa
Na escola ou no mundo
Educandos e educadores pela cooperação
Da liberdade de falar o que se tem pra falar!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1286. APESAR DO TEMPO
Apesar do tempo
Não há mais tempo
Para o tempo que se aproxima
Tem tempo para tudo
Enquanto o tempo do outro
É tempo de espera...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1287. MARCHA SARGENTO
Marcha sargento
Quero ver você marchar
Marcha com meganhas e soldados
Quero ver você marchar...
Deixe de onda...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1288. CORRIDA DE SACO
Corre, corre, menino danado
Corre que tu vai ganhar
Eita que ele ganhou
Correndo de saco não
Quis mais parar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1289. NO CIRCO...
No circo do meu bairro
Palhaços e malabaristas
Bailarinas e feras
Nas tardes dominicais
O povo inteiro ia ao circo
Ver as meninas dançarinas
No circo do meu bairro...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1290. BANDIDO VIRA LATA
É de amargar
Um bandido sem personalidade
Feito vira lata
Late com tudo
Bate em mulher indefesa
É este bandido que mora ao lado
Ao lado de cada brasileiro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1291. QUANDO TU VENS?
Se podes me dizer
Por que não me falas?
Espero-te hoje ou amanhã
Resta-nos chegar pra falar
Sentar e conversar
E aí a pergunta ecoa:
- Quando tu vens?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1292. RIOS DE LÁGRIMAS EM PRANTO
Estou chorando por dentro
Por dentro há um vazio imenso
Quando ouço a Ave Maria Sertaneja
Na voz do Reio do Baião
Cai em mim um rio de lágrimas
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1293. VICIADO EM FAZER O BEM
Vício todo mundo tem
Bondade todo mundo tem
Colocar em órbita, eis a questão
Eis a melhor razão
De cada emoção
E fazer o bem é bem melhor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1294. VIAGEM DE PENSAMENTO
Viajando no pensamento de poeta
É viagem que machuca a alma
É que a alma de poeta é doce
No mais intenso amor de festa
É festa nos lábios de quem ouve
E saindo pelas bocas alheias
A poesia é viagem de pensamento
No pensamento de todas as viagens...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1295. PERPLEXO NO MUNDO
Sozinho no mundo
sem parente e nem aderente
sem escola e sem estudo
mudo e cabisbaixo
perdido nos sonhos
louco para encontrar seu mundo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1296. GAIATO DO SEVERINO
Severino era um pirralho
gaiato que só vendo
botava apelido em tudo
todo mundo era apelidado
um dia a turma botou
um nome em Severino
Severino queria tudo
menos ser chamado de biu
a turma em peso gritou
lá vem o biu!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1297. SERPENTE
Na espera de notícias
de mãos à espera
e receios temerosos,
infiltrei em teu lar
sobrevivendo como fera,
Dei de cara contigo
que vinha de lá.
Me larguei em teu lar
e me sufoquei na tua mente,
era você uma serpente
que não fazia mal e amei.
Estou pensando em ti
que joga amor
em toda uma vida.
Quero voar, não sei
quero sair, parei...
Encontrei em tua face
dessa vida marcada
alguma coisa parada,
que no meio do realce
serpentemente ficou sensata.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1298. EXALTAÇÃO À BOCA
Facialmente fatal
é olhar
e ver
duas pétalas
sangrando
no leito dos teus
lábios.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1299. TEU SORRIR
Dedicado a um alguém que pensa para sorrir
Teu sorrir
Mexe com meu lado
Metodológico
E me ensina
Nas escolas da vida
Todo teu lado
Pedagógico.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1300. CANÇÃO PARA OS OLHOS TRISTES
Teus olhos brilham
à natureza desconhecida
e têm a sutileza de navegar
nas águas profundas
desse oceano.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1301. TRABALHAR PRA VENCER
É bom estudar
Paquerar
Trabalhar
Pra vencer
Um grande
O b s t á c u l o
Que se
Vence
Com
Poder!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de março de 1983
1302. UM TAL DE JUDA
Fui a um circo certa vez e encontrei um tal de juda
Dizem que o bicho não apanhava de ninguém...
Eis que vi Chicão, apanhar de montão...
O juda era forte e bateu no chicão
Jogou-lhe o bicho fora, foi grande a confusão
Depois ficamos sabendo, tudo foi armação...
O juda bateu em chicão e quem chegasse perto
O circo lotava todo só por causa do juda
Foi saudade do tempo de criança, pura recordação...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 2000
1303. A PASSARADA
Pássaros e pássaros...
pássaros e pássaros...
pássaros e pássaros...
pretos,
vermelhos,
amarelos
e marrons...
Alegria leve de voar no tempo!
voam leves e soltos no vento!...
voam no ar, voam no ar...
De ordem do rei dos pássaros
a passarada vai voar.
Pássaros e pássaros...
pássaros e pássaros...
pássaros e pássaros...
pretos,
vermelhos,
amarelos
e marrons...
Lá vem o pica-pau em toda velocidade...
e vem com as penas brilhando ao sol.
Apavorou-se,
vai tirar as peninhas.
Pra quem será?
Será para o canarinho?
Será para o sabiá?
Será para o beija-flor
ou será para o joão-de-barro?
Passou cantando
pulando e pulando
mas tirou!!!
Voou bem alto
e voltou!
Cantou ao seu mestre
o que ninguém cantou.
Vamos passarada!
Ganhou o céu
foi o pica-pau.
Pássaros e pássaros...
pássaros e pássaros...
pássaros e pássaros...
pretos,
vermelhos
amarelos
e marrons...
viva a passarada que voou!!!
De ordem do rei dos pássaros a passarada foi embora...
Bento Júnior
Campina Grande-PB, 06 de junho de 1984
1304. MUNDO DOS ENGANADOS
Sou mundo entre tantos mundos
E nestes tantos mundos
Sou um entre todos
E diante de todos sou gente
No mundo dos enganados...
Bento Júnior
João Pessoa-PB-02 de setembro de 1982
1305. PERDIDO NA MATA
Estou perdido na mata
Me chame cumade fulosinha
Me traga fumo de rolo
Comida de mãe da natureza
Me façam sair da mata
Estou perdido...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1990
1306. AMOR PROFUNDO
Eu tenho um amor tão profundo por ti
Que só ao imaginar em te perder,
Meus ossos se enfraquecem em saber
Que um dia este amor não me deixe permitir
O amor que eu sinto agora, é imenso
Muito maior até do que o som de uma onda,
E eu não sendo uma onda, vivendo numa terra redonda
Sou apenas o amor que imagino e que penso.
Se por acaso este amor se perder em terras alheias
Não queira desafiar meu pranto tão verdadeiro,
É causa de um amor por demais brasileiros.
Se por acaso este amor rejeitar todas as ceias
E nas ceias as frutas sejam desconhecidas,
É sinal que o amor vem de muitas guerras vencidas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1984
1307. A ESTRELA SOLITÁRIA
Dedicado ao meu glorioso Botafogo Carioca
Mesmo que o mar não provoque ondas
E o céu não mande mais chuvas cair,
O Botafogo vem de preto e branco
Colorir os estádios de alegria...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de junho de 1989
1308. O PALHAÇO DE TODOS NÓS
Minhas senhoras e meus senhores
Prestem atenção no que eu vou contar
Venho de muito longe, sou palhaço dos perdidos amores
Queiram por favor, minha história escutar
Não sou nenhum poeta, escrevo apenas louvores
E como tem tudo um começo, vou assim logo começar....
Somos artistas da vida, nós somos atores e atrizes
Escrevemos histórias e de teatro muito gostamos
Brigamos, cantamos e ainda somos felizes
Viver culturalmente é o que nós plantamos
A História de Todos Nós, na vida somos aprendizes
E chega de lero-lero, vamos ao que planejamos.
A História de Todos Nós, se tornou de todo mundo
Conte uma história e tenha mais de um amor
Não importa se a história tem no meio um vagabundo
Se tem gente, se tem bicho, não importa o horror
De tudo teve, inclusive um moribundo
E assim nosso espetáculo já terminou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de novembro de 2003
1309. TEMPO INCERTO
Um certo tempo
De tempo em tempo
Reclama do tempo
Do tempo que dá tempo
Do tempo em cena
Do tempo sem tempo
Do tempo temperado
Somos um tempo
Dentro um tempo
De um tempo esquecido
Distante do tempo
Do tempo corrido
Do tempo de tempos em tempos
Apenas um tempo perdido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de abril de 2007
1310. FENÔMENO
Vinha do céu
Era noite
Teresina explode
Relâmpagos
Anunciam as chuvas
Nas terras do Piauí
O céu se ilumina
É bonito de se ver
A natureza a olho nu
Brilha a cidade de Teresina
As chuvas caíram
Na terra seca de sol
As luzes que vêm do céu
Escrevem os poetas do Piauí.
Bento Júnior
Teresina-PI, 28 de dezembro de 2006
1311. O ENCONTRO DAS ÁGUAS
De tarde
O crepúsculo prenuncia
É encontro de Poty
É encontro de Parnaíba
As águas de Teresina
Vão desaguar em todo Piauí
O Cabeça de Cuia
É lenda
É mito
É folclore
O pôr do sol deste lugar
É fotografia viva...
O encontro das águas
Ponto turístico
Ponto de encontro
O Bar Flutuante
Lugar dos amantes
Viva o Piauí.
Bento Júnior
Teresina-PI, 29 de dezembro de 2006
1312. OS CAMINHOS DE TERESINA
Você chegou de mansinho
E como não querendo, ficou
Me levou pelos braços
Fez cantar todos os pássaros
Num encanto de menina
Tatuou meu gostar por Teresina
É sol
É lua
É terra
Os olhos de quem vem
As bocas dos que ficaram
É sol
É terra
É lua
O Piauí é Nordeste
Sol que queima os caminhos
Terra quente de caba da peste
Lua que vai rasgando os caminhos.
Bento Júnior
Teresina-Piauí, 02 de janeiro de 2007
1313. SÍTIO DE FINAL DE ANO
Dandinha
Beth Moreno
Banda
Em Teresina
No Piauí
Nosso Sítio
Fogos de artifícios
É fim de ano
Família em cena
Brilha o céu
Brilha os olhos
De tantas mulheres
Que aqui estão
Se o Sítio é nosso
Nosso lugar
É um canto de luz
Que fez 2006, lindo
2007, esperança.
Bento Júnior
Teresina-Piauí, 31 de dezembro-2006 – 01 de janeiro de 2007
1314. CAFÉ QUOTIDIANO
De manhã logo cedo, o café
De tarde logo cedo, o café
De noite logo cedo, o café
No outro dia logo cedo, o café.
É café em todos os momentos
É café, um dos tantos alimentos
Que desce garganta adentro
É café que encanta até o Papa Bento.
Café, planta de tantos prazeres
Café, um gole a mais aos nossos saberes
É café embelezando os que vão
Café, bebe-se na casa do amigo
Café, esquenta quando estou contigo
Quem não bebe café, a gente não conhece, não!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de janeiro de 2007
1315. BATIZADO
Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)
Catarina ao altar, lá se foi
Cantando e sorrindo, depois
Nas mãos dos padrinhos, os dois
A levaram como os aboios
Ecoados pela Igreja da Penha
Nos quadros e nos cantos, e que venha
O riso escaldante de Catarina
No sino da praia, cá em cima
O padre reza e pede justiça
A justiça dos homens, a vida atiça
O batizado em forma de três
Os anos que estampa na menina
Os cabelos que voam de baixo acima
Ela é rainha, o mundo ao seu redor é rei.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de fevereiro de 2007
1316. SEUS QUATRO ANOS
Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)
Seus quatro anos
Meus quatro anos
Ela tão linda
No banho de mar
Seus cabelos encaracolados
Sua vida tão cheia de vida
A corrida na areia
A liberdade...
Seus quatro anos
Seus planos
Suas manhas
Seu sono
Seus sonhos
Os peitos da vida
A vida nos peitos
Quatro e quatro anos
De esperanças e liberdade...
Seus quatro anos
É Carnaval
Luzes no cabelo, fotografia
Uma menina linda, que tal?
É paz, de pai à filha, sorria!
Bento Júnior
Conde-PB – Praia de Carapibus, Jacumã, 21 de fevereiro de 2007
1317. AO SANTO MENINO JOÃO DE DEUS
Canta sereno entre raios e trovões
Relâmpagos e luzes fracas,
Canta por entre as folhas do mundo,
Por todos os moços,
Por todas as moças...
Canta sereno entre o baile
Das máscaras encantadas.
Canta o sonho de nunca ter sido
O que na verdade
Sempre se cantou!
Arrasta pelas ruas,
Num pavimento de poucas andanças,
Ele que tão pequeno sucumbiu
Ao primeiro raio.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de fevereiro de 2007
1318. TE AMO
Te amo
Por me deixares nascer
Te amo
Por uma família autêntica
Por uma família desajustada
Por tudo que fizeste por mim
Por tudo que me deste
Por tudo que não fizeste
Po um olhar de criança
Por um olhar de velhice
Por ter uma mãe e um pai
Por nunca tê-los visto
Te amo
Por me deixares viver
Te amo
Por uma morada ao sol
Por chegar sempre em casa
Por uma compra digna
Por uma saudade de voltar
Por uma feita feita
Por nunca nos faltar o pão
Por me faltar o pão
Por nunca saber de nada
Por um bom relacionamento
Por um rompimento feliz
Por me dá um beijo
Por me tratares bem
Por me jogares pedra
Por uma livre constituição
Por tudo que a gente observa
Por tudo que a gente não vê
Por tudo que nunca pára
Por uma liberdade de sentir o sol
Por uma liberdade entre aspas
Por uma liberdade plena
Por uma liberdade concreta
Por uma concreta exibição
Por tudo que o homem entende
Por tudo que não tenha nome
Por uma educação praticada
Por uma Pátria amada
Por várias bandeiras rasgadas
Por uma guerra de poderes
Por um governo viciado
Por um cessar fogo
Por uma guerra santa
Por uma paz sangrenta
Por um não salário
Por um remédio barato
Por um aumento de salário
Por tudo que ainda aspiramos
Por ótimos resultados
Por dias melhores
Por um voto bem dado
Por não saber votar
Por seres um artista
Te amo
Por tudo que é sagrado
Por tudo que é blasfêmico
Por andar sempre correndo
Por um emprego decente
Por uma bíblia nos braços
Por uma condenação
Por tudo que o pobre tem
Por uma religião do coração
Te amo
Por amar o amor
Por uma palavra complexa
Por uma compreensão
Por um conforto de amor
Por um compromisso sério
Por tudo que não seja sério
Por tudo que nós praticamos
Por tudo que nos chega à cabeça
Por tudo que quero
Por tudo que não quero
Por um coração aventureiro
Por me amares
Por te amar demais
Por tudo que odeio
Por um sorriso feliz
Por um sorriso forçado
Por um amor livre
Por tudo que não detesto
Por um beijo na boca
Por um ato sexual
Te amo
Por Deus e por Cristo
Por nossos amigos
Te amo
Por tudo que não seja nada
Por andar e saber da volta
Por tudo que não seja farto
Por tudo que falta
Por ter um pedaço de terra
Por tudo censurado
Por tudo liberal
Por um cara dura
Por uma algema nas mãos
Por uma educação de qualidade
Por uma saúde preventiva
Por uma palavra de carinho
Por uma formatura decente
Por ter consciência política
Por todos os teus atos
Te amo
Por me deixares morrer
Te amo
Por um atestado de óbito
Por um ataúde
Por uma cova medida
Por uma cama larga
Por todos os sonhos
Por todas as alegrias dos seres
Por todas as dores dos seres
Por ler esta poesia
Te amo
Em nome do Pai
do Filho e do
Espírito Santo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1987
1319. EMOÇÃO
A emoção
invadiu o quarto
levou o travesseiro
e hoje
eu durmo
no chão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de setembro de 1986
1320. NUMA NOITE DE LUA
Em uma noite de lua
pelas estradas escuras
eu conheci um alguém
que estava a chorar
pois eu devia salvar sua vida
e salvei
sem motivo ela saiu sem destino
dizendo que ia voltar
estava tão tensa
que o seu nome
não soube dizer
em uma noite de lua
pelas estradas escuras
eu conheci um alguém
ela me falou de tantos problemas
mas apenas por alguns minutos
pois sair a procura
ela pra bem longe correu
não consegui lhe encontrar
em uma noite de lua
pelas estradas escuras
eu conheci um alguém
que perdida estava a chorar
sem destino nenhum
dormiu e foi embora
sem destino...
Bento Júnior e José Rodriguês
Santa Rita-PB, 16 de novembro de 1976
1321. MEUS ANSEIOS DE MENINO
Quando eu completar quinze anos
Bem em breve...
Cantarei aos pássaros que serei feliz,
Não pelos quinze anos, e sim
Pelo canário que irão me dar...
Estou ansioso nestes quinze anos...
Sei que o tempo é curto
E a espera é longa...
Cantarei aos pássaros
Como um menino chorão
Que chora um choro sem fim...
Anseio ser o pássaro e cantar
Como um menino...
A bola de gude estou esquecendo
e o pião não jogo mais...
Estou de amor novo...
Por que novo? É o primeiro amor...
Chegou o meu canário... Hoje canta por todo quintal!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de fevereiro de 1976
1322. PARÔNIMAS UM TANTO QUANTO HOMÔNIMAS
Absolve o moço, ele não fez nada
e como nada fez, foi absorvido pela justiça,
quis acender o seu coração, mas não,
preferiu ascender na sua profissão.
Este acento que vem da boca do moço,
retrata um momento, quando este no assento
acostumou-se com toda ladainha,
mesmo quando quis se costumar
amar a mulher que com ela casou.
Aquele moço tem filhos, e ao sair aferiu todos
na certeza que poderia auferir o pão de cada dia.
Ele adentrou mata adentro e não mais quis caçar,
sobrou-lhe umas aves, e destas fez seu alimento,
mas como modelo político, quiseram cassar seu mandato
ganho como presidente do grêmio estudantil.
Foi dormir na cela e teve grandes insônias,
sonhou com vários cavaleiros, e sendo um cavalheiro
pôs a sela no seu transporte e saiu a cavalgar.
O tempo passava e tinha cerração
e se preveniu de tudo e de todos,
pensou consigo um instante
que sua fechadura precisava de uma serração.
Era complicado o momento
vivido por aquele moço
de todos as histórias da noite
esta foi a melhor
um conto com palavras parecidas
estória da madrugada.
Rodou o seu pião e saiu pelo mundo a correr,
perdeu tudo que tinha, só restaram-lhe os filhos,
sua mulher era incipiente e insipiente,
desapareceu - “morreu” - o homem ficou só,
sozinho a caminhar - mesmo que o sonho acabe
seu dinheiro sofreu uma inflação
culpa de suas economias, foi infração para chegar
onde aqui se chegou.
1323. ERA TARDE
era tarde
fazia frio
e o frio que fazia
não era esse
que se passa agora
era um frio triste
desse que congela
o corpo e faz esquecer
o tempo de agora
em que a vida busca
uma resposta
e a resposta fica
a perguntar
se realmente
era tarde...
1324. MINEIRO POETA
Dedicado para Carlos Drumond de Andrade (Grande poeta universal)
Mundo
vasto mundo
ilusão perdida
luz
vasta luz
utópica ilusão
vida
sofrível vida
vida curta
curta vida
se eu fosse um deus
não seria uma resposta
seria uma solução.
1325. SONO
Observa, qual senhor te detesta
se todos os teus seios
são sugados, beijos na testa
de quem não tem receios.
Aclama meu nome, tal qual
é fruto do teu único sexo
que produziu um ser normal
busca, pois, realizas teu universo.
Te expande, desagrega desses braços contrários,
conduz teus olhos nos meus
e reduz meu cérebro ao teu
que no compasso desse salário
comprou teu legítimo dono.
Sim, penso em ti, és meu sono.
1326. LIVRO
Um livro é muito mais
do que palavras soltas
é um abrigo ao leigo
um ensino ao estudado
é um pouco de luz
nos olhos da humanidade
também é um pouco de treva
nos atos impensados
livro a razão da teoria
a prática é a ação dos que lêem
o que se aprende do que se vê.
1327. O CATA LIXO
Cata lixo pra viver
Vive catando lixo
Tem filho pra cuidar
Vive cuidando de filhos
Sua mulher emprenhou
Tem seis filhos pra cuidar
Tem lixo pra catar
Vive catando lixo
Tem ferida pra sarar
Cata lixo todo dia
Vive não sei porque.
1328. POR UMA SAUDADE DE RODAR PIÃO
E
l
e
s
melam meu estômago de luz
a luz que brilha no pomar
florescem o sonho
de quem na vida
espera dias
melhores
nesse
p
i
ã
o
1329. TRÊS ANOS
Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)
Um ano se passou. Dois anos se passaram,
Quando já eram três na nossa frente.
Ela dar gargalhadas e ao mesmo tempo
Se questiona: “Por que tanta gente?”
Três anos chegaram num piscar de olho
De se esconde-esconde de todos nós.
Ela, no seu semblante de criança
Quer Pai, Mãe, tios, tias, primos e avós
No seu tão esperado aniversário.
É de dar gosto vê-la tão feliz,
Fazendo aquilo que sempre quis,
Como por exemplo: ter seus amiguinhos
Na sua tão sonhada brincadeira,
Que dentro de um circo, tem palhaçada de primeira.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de julho de 2000
1330. CORAMOR
Sobre um teto vazio
eu caminho noite a dentro
buscando de um centro
as realidades de uma vida
nas batidas do meu coração
sinto o compasso do teu amor
me dói a saudade da dor
em não ter você comigo
Realizao portanto meus atos
com um coração bastante aflito
cardiologia perfeita dos atritos
dou de cara com a saudade
infiltrada na mente da verdade
nos olhos de quem vos ver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de janeiro de 1979
1331. TÍMPANOS MELANCÓLICOS
Darás os teus tímpanos
apenas a quem te quer bem e jamais
a certas pessoas sem nenhum valor
nessa vivência, então vives em paz
libertas essas algemas do teu pensamento
e agregas ao meu pueril lado paterno
serás portanto a essência desse lamento
vivenciando, condicionado nesse tal inferno
em que também faço parte
dessas contradições, dessas maldições
ao apelo de Deus Cristo
sabedoresm dessa minha melancolia
camuflada no peito do meu EU
sofrível e acima de tudo perplexo.
Bento Júnior
João Pessoa,09 de novembro de 1978
1332. SER FELIZ...
Espero que sejas um tanto feliz
antes ou depois de tudo
só não quero ficar surdo
para essas coisas que sempre quis.
Quero que vivas em eterna paz
porque aqui estou amando
em qualquer momento do bem
sofrimentos esperamos, jamais
só assim seremos felizes
nesse mundo de contratempos
até o fim com gratidão
e eu possa ser um dos aprendizes
que gosta de bons passatempos
com um grande coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de janeiro de 1978
1333. PALAVRAS MEDIDAS
Cada palavra, realçada, sentida
nessa pele, desse obscuro sentido
transfigurado, medido
no compasso dessa medida
palavra é, chave de ouro bruto
na proporção, conhecimento certo
escrito, desafiado, feito um reto
transcrito em papel, nosso fruto
palavra, tudo que se expressa
em pedacinhos e folha
malditas, ditas de uma tal bolha
palavra, para mim interessa
para outros, cuidado é frágil
se perdura no verso e é agil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de setembro de de 1977
1334. TREZE DE MAIO
Um grito de vitória
paira nos campos do meu Brasil
resta portanto a glória
de conter água no meu cantil
municões e mais munições
nos esperam no outro lado do mundo
camuflados caminharíamos com os corações
entregues a outro tal mundo
resta agora os sonhos
de sermos felizes e tristonhos
vivendo de guerras e samba
solta um grito de liberdade
de 13 de maio da saudade
que ficou na terra bamba.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 1978
1335. PLÁCITO
Fui plácito, plácido também
deliciando os teus seios
ou me dei tão bem
apesar de contraditórios receios
uma ponta cor de rosa
infiltrei em meus pensamentos
toquei o sexo, expansão maldosa
dos sábios da matéria, sentimentos
ah! provei, suguei o suco
que continha no lucro
das minhas tímidas mãos
que tocaram teu íntimo
em prol desse tal destino
concretizando, só assim, nada de não.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de maio de 1980
1336. TURMA DE RUA
Lá vem a turma da rua
Correndo que só a gota
Cantando e fazendo feliz
O povo do meu país
É turma da rua bacana
Que chama a gente de bem
É por isso que gosto da turma
Amanhã tem também
Brincadeira com a turma do bem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de outubro de 1976
1337. AMOR DE AJUNTAMENTO
Vamos juntos se amar
para a vida ser melhor
não adianta brotar suor
só apenas raciocinar
juntos seremos felizes
em épocas elevantes
como fazem os aprendizes
mudanças em todos os instantes
sobre um mundo de paz
nós dois unidos legais
sem buscar tais receios
sobre um mundo sincero
sentado por ti ainda espero
bons tempos, eu creio.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1976
1338. AGULHA CERTEIRA
Dou tudo de mim
ao menos que não queira
sou mesmo assim
sou uma agulha certeira
explodo todo caminho
enquanto se procura a paz
em certos, busco o carinho
que no incerto ficou jamais
em bons tempos elevados
eles se acham tranquilos
são apenas dotados
vivendo apenas daquilo
acham-se máximos calados
de tudo sem mais grilos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de janeiro de 1976
1339. LOUCO VARONIL
Duas semanas de conhecimento
pouco espaço para uma definição
você fez parte de um momento
de aventuras incertas do coração
talvez abri uma gaiola
e esse pássaro fugiu
deixando marcas, indo embora
para um mundo varonil
uma vez em meus braços
você falava dos meus afagos
infiltrados no teu corpo
no entanto, apenas fracassos
deslizando no sentido amargo
todas as marcas de um louco.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de julho de 1977
1340. ENGANO É ENGANO
Quando ela passou, meus olhos não se enganaram
Era ela quem passava pela minha rua
Olhei, seus olhos brilhavam, ela estava nua
Tão linda como as estrelas no céu...
Dei um riso, um riso de maldade
Mas era uma menina, tão pequena
Tão linda, tal qual um engano.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de março de 1973
1341. EU SONHO UM SONHO DE QUEM JÁ
SONHOU UM SONHO DE VIVER
As pedras de mármore
As flores enfileiradas
As casas com um rio passando
As estradas limpas e enfeitadas
Os pássaros falando em vez de cantar
Os lugares verdes e a lua em cima espiando
Os sonhos corridos e a alma pura
Os pensamentos voam e todos cantando
Um canto na voz feminina
Um sentimento que fica e embeleza
Um vício de viver em harmonia
Um sonho que tudo ruim despreza.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 2006
1342. OS PASSOS DO CORDEL
Dedicado ao Jailton Paiva (Um reecontro de amizade)
As pedras se encontram
As vidas se encontram
As famílias se encontram
As estradas se encontram
Os pássaros cantam
Os cordéis se lançam
Os sonhos se plantam
Os passados se cansam
Um canto de cordel se emana
Um homem é vida, é chama
Um sonho se encontra
Um sonho nunca se reclama
As músicas são tocadas
As letras são faladas
As cidades são pequenas
As lutas são serenas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de janeiro de 2006
1343. BOLA DE MEIA
Dedicado aos meninos da minha infância
Bola de gude
Bola de meia
Sai daqui cara de grude
Da tua mãe tu leva peia
Vem pra cá pro meu time
Pega o calção e fica no gol
Não deixa a bola passar
Bola de meia quer te pegar
Deixa a bola de meia rolar
Tem gol na frente
Quem venceu foi a gente...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de janeiro de 2003
1344. BOCA DE LOBO
Nas estradas que passo
O lobo está sozinho
Roubaram sua boca
É triste o seu caminho
Nas estradas do tempo
O lobo é só saudade
A boca que é sua
Foi roubada, que maldade
As bocas dos lobos
Nas estradas que passo
Foram destruídas pelo povo
O lobo vive de fracasso.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 2005
1345. NÃO HÁ DE QUÊ
Não há de quê
Para que ficar
Esperando o tempo
Não há de quê
Se espera, eu sei
Contesto todos os porquês
Acelero o motor da verdade
E sempre, não há de quê
Para que ficar assim
Esperando e pensando
A volta do mundo
E sempre, não há de quê
Somos fumaça do tempo
No contratempo da hora
Na contradança da arte
E sempre, não há de quê.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de janeiro de 2006
1346. CHEIA DE PILÕES
Cheia, cheia
A água descendo
Cheia...
Catacumbas se abrindo
Cheia...
Mulheres parindo
Maridos gemendo
Crianças berrando
O gado chorrando
Cheia...
Pilões, que cheia
Na cheia...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de janeiro de 1983
1347. AS PANTERAS DA MINHA VIDA
Perdeu-se entre troncos e barrancos
As panteras da minha alçada,
Fiz versos e cantei à amada
Mas só restaram dores no ventre
E quando se fingia de doente
Era uma pantera que me guiava
Nos pedaços de vida que me restava.
Perdeu-se nos sonhos da minha vida
As panteras sanguíneas que tive
E quando no choro, nunca me contive
Aprendi a ser de tudo um pouco
Gritei alto igual a um louco
E entre paredes só ouvia urros de uma fera
A minha vida foi sacrificada por uma pantera.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de janeiro de 2006
1348. ONTEM A LUA
Ontem a lua estava
Linda como sempre é,
Na rede com a filha
No chão o toque do pé.
Ontem a lua estava
De tomar vinho de porre,
As folhas ao vento
Diziam que alguém morre.
Ontem a lua estava
Calma e sombria,
Despertava consciências
E na ausência explodia.
Ontem a lua estava
Olhando cada sonho dos seus,
Discutia o nascer de todos
E duvidava da palavra Deus.
Ontem a lua estava
De dá gosto de espiar,
Sem querer o clarão invadir
Invadiu todo este lugar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de novembro de 2005 - sábado
1349. HOJE É DOMINGO
Hoje é domingo
Dia de bingo
Do vinho no quintal
Da pedida de óleo
Por cima do muro
Porque hoje é domingo
Dia de futebol
O alvinegro no campo
Quer subir na tabela
Gol por todo o mundo
Aqui na Paraíba
O domingo é de expectativa
Na Capital do Estado
Já é noite pra mais de oito
Hoje é domingo
A família reunida
Espera outra família
Falam de Teresina
O Nordeste está seco
A Amazônia pede socorro
Hoje é domingo
Dia de reflexão
Dia de dormir e sonhar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de novembro de 2005
1350. A LUA SE DEITA NO MAR
A lua se deita sobre o mar
O sol trás de volta o verão
O Criador faz a terra girar
A lua se deita e começar a rodopiar
Vou te levar comigo pelos sete mares
Enfrento guerras de canhões
Na terra enxugo as minhas lágrimas
Na água os sonhos são só perdões
Esse arco de conflito chamado terra
Mais um dia de lua vem
O mar revoltado se fecha todo
Recebe a lua e não passa ninguém
A guerra é um desafio para o desafiador
No fogo dos mortos e dos vivos
A lua se deita no mar
Os seres da terra são bastante passivos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1985
1351. A LUA DOS BÊBADOS
A lua
Quando desponta
Uma garrafa dos bêbados, dança.
O som de aguardente
Misturam-se os bêbados,
Do pouco do que os bêbados tem
É festa na lua, na rua
O bêbado ilumina a lua.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1352. NESSA LUA
Nessa lua ainda vou lá
Vou com saudade da minha rua
Que não tem idade e não quer me amar
Mas se por acaso algum dia eu voltar
Quero novamente nos braços da lua
Cantar o amor e amar a rua
Na vida da gente fica o que tem de ficar
Brilha lua
Brilha no alto e pousa na terra
Vem com teu canto cantar o amor
Fica que a saudade é maior até
Do que o encontro da lua com o mar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de maio de 1982
1353. TEUS MUDARES SÃO LUAS
QUE BRILHAM NOS CABELOS MINGUANTES DO TEMPO
Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)
Teus cabelos
tuas certezas
teus apelos
é bom tê-la
em mim, dentro de nós
enfim, a sós
sozinho no mundo
achado no tempo
quando o sonho apaga
o rosto se afaga
é vida que se tem
é filha que entra
é filha que dorme
é filha que quer seio
ela muda de face
mas face ao sim
é sempre não
no olhar que muda
no verde mar da vida
no azul céu da vida
é lua minguante, menina
é branca na cor da verdade
de ser um apenas um
ou dois no meio
para então ser três
no fim de toda espera.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de julho de 2005
1354. VEJO A LUA NA NOITE
Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)
Quando eu vejo a lua
lembro-me de você
quando ela está crescente
por você - por você - por você - por você...
por você - por você - por você - por você...
crescendo o meu amor vai por você
vai crescendo o meu amor
o meu amor
vai crescendo
o meu amor
crescendo vai
nesta noite
em todas as noites
em toda fase
a lua tá tua cara
posso até brigar
como a lua tem a sua
importância
você é importante
demais pra mim.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de novembro de 1991
1355. PROSPERIDADE
Prosperidade
É o que se espera
Na chuva que cai na terra
Prosperidade
É o que mais se reza
Pra chuva cair nesta terra
Prosperidade
É o que sonha o nordestino
Com chuvas tinindo no sino
Prosperidade
É o que anuncia o sino da matriz
Chovendo forte para o povo ser feliz.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2005
1356. COMUNIDADE
Comum
Idade
Comunidade
Fala o comunitário
Que não é otário
Só que pensa errado
É um tanto complicado
A escola
O posto de saúde
A quadra esportiva
O posto policial
A igreja
A praça
O centro comunitário
O centro de cidadania
A comunidade é dona?
Dona de quê?
Onde está o dono?
Dono de quê?
Esse povo de comunidade
Não sabe o que diz
Mora ali naquele lugar
Acha que é feliz
Somos cidadãos do mundo
Somos filhos de um único Pai
É demais, por isso é comum
Falar de coisas na sua idade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2005
1357. SEGUNDA-FEIRA
Meus ais, meus fins de semana
Depois da primeira vem a segunda-feira
É feira com jeito de trabalho
No trabalho já se reclama
Meus ais, minhas expectativas
Sombras de espera estão no ar
As preces que chegam do além
No trabalho as mãos são cansativas
Meus ais, meus sentimentos
Simples pelo povoado a correr
Um gosto degenerado
É segunda, nada de esquecimentos
Meus ais, meus distúrbios mentais
Que venham todos os dias
Que batam esta porta
É trabalho, nada de questões sexuais.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de novembro de 2005
1358. GATO PRETO
Se é um acaso
Duvidem
Se é verdade
Não contem o fato
Se é preto
Escondam a resposta
Duvidem da verdade
Do preto e se escondam
Tem cheiro morto na rua
Um gato por acaso
Duvida da vital integridade
A carnificina é exposta
Um gato preto no muro
As carnes podres ao vento
Fecha o nariz do passante
O corpo gatuno explode
E pede passagem
Porque é mal-cheiro
Em toda paisagem.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de novembro de 2005
1359. VAMOS COMEMORAR O SÃO JOÃO
Vamos festejar
o São João a noite inteira,
com muita brincadeira,
assando milho na fogueira
até o dia clarear.
Vamos dançar no São João,
sanfoneiro na sanfona
arrastando os pés,
eita, que tanta animação.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1983
1360. CANÇÃO DA NATUREZA
Natureza
é uma canção
que se ouve à distância,
ela é cantada de coração
com bastante importância.
Os pássaros cantam e Deus está Presente:
No verde das matas, nas águas dos rios
que explodem nas montanhas...
A natureza também tem cor,
as cores de nossas vidas:
Amor, paz e alegria,
Nossas voltas, nossas idas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1983
1361. MORTE CARNAL, MORTE ESPIRITUAL
Morte é vida
Vida é morte
Morte espiritual
Morte carnal.
Na morte espiritual a alma vive
Na morte carnal o corpo morre...
Ninguém morre de morte espiritual
Na verdade se morre de morte carnal.
Nascer
Desenvolver
Reproduzir
Viver
Morrer...
Depois da morte
Vem a vida eterna...
Ninguém sabe
Ao certo
Se morte é Céu
Se morte é Inferno...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1982
1362. ÁGUA
Água cristalina
corre, bate nas pedras.
Sua beleza encantadora
faz a gente inspirar,
vendo aquelas ondas chegando,
feitas das águas do mar.
Na água navega um barquinho,
de papel ele é feito,
pra levar um bilhetinho
nas águas correntes
do mar do meu amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1984
1363. OS SIGNOS DA ÁGUA
A água possui
três signos:
Peixes
Escorpião
e Câncer.
Peixes, tímido e ciumento,
Escorpião, amoroso,
Câncer, fácil de ser conquistado.
A água é importante
fonte da natureza,
não há vida sem água,
não tem água sem vida.
É importante não poluir a água,
só assim ela continuará
no nosso Planeta, cheia de vida.
A água é paz divina.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1364. NADA MUDOU
Se um dia
Caminhares
Pelas estradas
Que caminhei
Onde lágrimas
Derramei,
Notarás
Que tudo mudou.
Só que eu
Nunca mudei.
Continuo te amando,
Como sempre
Te amei.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1365. AS COISAS DO SOM
Som
é uma coisa alucinante,
a gente quando escuta
o corpo encurta,
pra prestar atenção,
com emoção nos ruídos
e batidas do meu coração.
A música tá tocando,
todos estão ouvindo.
Cada música tem seu som,
assim como a minha vida
não só é feita de bombom.
Adoro ouvir um som bem baixinho,
com carinho, nas alturas só mesmo
pra espantar minha loucura.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1366. BRINCANDO
Tente amar
como te amo,
sofra por alguém
como sofro por você.
Pense em alguém
a cada minuto,
como pensam em você.
E quando isto acontecer
você saberá o valor do amor
que sentimos por você.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1367. DESEJO E PAIXÃO
Te desejo loucamente,
estás na minha cabeça,
és o meu desejo,
és a minha paixão.
Gosto de você
isso não é segredo,
o pior de toda história
é esse louco desejo
que me envolve de paixão,
invade o meu coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1368. A VIDA E A PARTIDA
A vida
roda
nós rolamos
com ela.
Juntos vamos rolando
nós e ela.
Nós e a vida,
mas temos que
suportar a partida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1369. CAPOEIRA É UMA DANÇA
Capoeira é uma dança
Todos sabem que é folclórica
Ela veio de Angola
Se tornou tão brasileira
Sua dança é uma brincadeira
Sua dança é uma malandragem
Berimbau seu instrumento
Toca pra espantar o tempo.
Abra a roda meu senhor
Capoeira tá chegando
Ninguém vai ficar parado
Abra a roda minha gente
Maculelê vai começar.
O capoeirista
Precisa ser batizado
Pra dançar abençoado
Na roda dessa cidade
Quando a roda terminar
Nosso instrumento vai tocar
Todo ritmo pra você
Pra você se requebrar.
Vamos logo pessoal
Capoeira já terminou
Quem quiser aprender
Não se intimide por favor
Diga logo o seu nome
E entre na onda desse calor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1370. A ÁGUA E SEU CAMINHO
A água agitada
caminha...
pra que lugar
caminha essa água?
Até agora ela caminha
pra que lugar?
A água tá agitada
e se eleva aos montes,
caminhando entre
as montanhas...
Pra que lugar?
Pra que lugar caminha
essas águas agitadas?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1371. ESCOLA É PARA APRENDER
Ir a escola
é vontade
de aprender.
Aprender
a arte da escola
é vontade de viver.
A criança
e o adulto
precisam da escola.
Sem escola
o que nos resta
é fazer festa
e pedir esmola.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1372. FESTANÇA
Lá no sertão
é festança a noite inteira,
o povo se diverte
na maior brincadeira,
o sanfoneiro na sanfona
puxa o fole e dar um nó,
São João no sertão
não existe melhor.
Neste São João
vou fazer minha festança,
lá no meu sertão
vou fazer a minha dança.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1373. PSICOSE TRABALHISTA
As pessoas trabalham
ano a ano e nada de férias.
Sem carteira assinada
ganham pouco dinheiro,
ainda são maltratadas
e ameaçadas de demissão.
A vida a Deus elas entregam,
isso já virou escravidão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982
1374. A POESIA DO PENSAMENTO
Poesia é pensamento
pensamento de poeta
é o que o poeta sente
por si próprio
Amor
Felicidade
Alegria.
A poesia expressa
o sentimento da arte,
Expressa tudo.
Deus está na poesia...
A poesia inspira,
inspira uma idéia
que vem da natureza.
Poesia é pensamento,
poesia é inspiração,
poesia é um momento,
poesia é uma paixão,
poesia inspira tudo,
fala do meu coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1375. O DOM DE DEUS
Deus deu o dom da arte ao homem, ao artista,
à vida.
O homem ao pensar, cada vez mais desenvolve
a arte, originando tipos de arte.
Do homem nasce o artista,
ele é diferente.
Cada artista sobrevive
da beleza interior
de viver para a arte.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1376. NOITE AO LUAR
Amor
quando te vejo
um beijo
e um abraço
desejo,
e quando te dou
me arrepio de cima abaixo.
Gosto da noite,
do namoro na calçada
na noite de lua,
gosto da claridade
e do amor que tenho por ti.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1377. RENASCIMENTO
Renasce um grande amor
que há muito tempo acabou,
começou um novo mundo,
mundo esse que feliz
Deus criou.
O amor é cego
O amor é irracional
O amor é pensamento
O amor nunca fez mal.
Renasceu meu mundo
mundo de muita cor,
mesmo sendo vagabundo
a vida se faz de amor.
Obrigado Deus
por este amor em nós,
tô feliz da vida
por renascer o amor em mim.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1378. NUMA BOA
Gosto de viver
numa boa.
Numa rede comprida,
um prato de comida
e uma mulher
mais do que boa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1379. VIDA E POESIA
A vida
é uma
poesia.
As lembranças as ondas do mar apagam,
toda regra tem excessão.
Jamais te esquecerei, pois fazes parte
do meu
coração...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1380. DEUS, MEU DEUS
Os belos campos da vida
florescem o mundo
com tantas crianças brincando.
O mundo só tem a sorrir...
Olhamos os pássaros cantando,
ficamos admirando, pensando em Deus.
Voando pensamento em Deus
nós estamos prontos
a ficar ainda mais
com Deus.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1381. A MÚSICA DO MEU QUARTO
No meu quarto
ouvindo som
fico pensando
no tempo
que ficou pra trás.
Música é atração,
é lágrima que cai
do meu coração.
Ah! Se esse tempo voltasse
pra relembrar o tempo que tinha
naquele tempo.
A música toca
o coração dispara,
penso no sonho,
penso em você,
razão maior desse meu som.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1382. O GATO E A MÃE GATA
O gatinho nasceu, sua mãe morreu.
O gatinho era feio, todos lhe queriam.
O gatinho fugiu, todos sabiam.
O gatinho deixou saudades.
Passado um certo tempo,
o gatinho virou gato
e lindo ele ficou.
Todas as gatinhas
ele conquistou.
O gatinho vívido, seu pai apareceu.
O gatinho chorou, os amigos também.
Nessa vida só vale a pena,
você fazer o bem.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1383. PAIXÃO
Paixão: eu sou apaixonado.
Liberdade: não te quero numa gaiola.
Beijo: darei quantos preciso for.
Eu só quero me apaixonar...
Amor: te amo com muita paixão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1384. CAPOEIRA É COISA DE NEGRO
Os negros se revoltaram,
começaram a lutar,
e uma dança em forma de luta
logo foram aperfeiçoar.
Os negros são fortes,
grande raça brasileira,
são como a capoeira,
nasceram para lutar.
Negro e capoeira
é uma coisa só
que Deus criou,
aos dois somos gratos
com muita paz e muito amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1385. NATUREZA
A natureza
é bonita,
bonita é a
natureza e
nós ficamos
abobados
com a sua
B E L E Z A.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1386. NATAL É HARMONIA
Natal é Harmonia
Natal é Luz Divina
Natal é Felicidade
Natal todo mundo se anima.
Natal nos traz Lembrança
Natal nos faz Bem
Natal é Esperança
De um Novo Ano que vem.
Natal é Repartir
Natal é Perdão
Natal é Dividir
O Pão com Nosso Irmão.
Natal é Poesia
Natal é Amor
Natal é Ceia
Que fala de Nosso Senhor.
Natal é Família
Natal é Paz de Espírito
Natal é Voz Mansa
Em vez de tanto grito.
Natal é Sonho
Natal é Aceitar
Todo mundo como é
PRA VIDA MELHOR FICAR.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1387. TODO MUNDO
Todo mundo que eu vejo
Sou um amigão
Acho graça em tudo
Sou um brincalhão.
Todo mundo que passa
Gosto de falar
Admiro o mundo
Que gira sem parar
Imagino o mundo
Recitando o verbo amar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1388. O VENTO E O AR
O ar é vida, gosto de viver
O ar é um suprimento que nos faz respirar
O ar é feito pássaro, livre para voar
O ar vai comigo viajar
O ar é vida, o vento é paixão, os dois juntos
Se parecem com um coração, que juntos se unem
Pra aquecer a minha paixão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1983
1389. MÚSICA
A música é bonita, vem de todo lugar,
vem do vento, vem do mar, não importa
de qual lugar ela venha.
A música é bonita,
não importa seu ritmo.
Vem dos pássaros, vem do mar, não importa
de qual lugar ela venha.
A música é bonita pra escutar
no seu carro, na praia, em casa, ou
em qualquer canto pra se relaxar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1390. ONDA
Uma
Onda
Na
Praia
Falou
Antigamente:
“Quem ama tem que sofrer”
E lágrimas
Ao
Mar
Vão resolver
Os problemas da vida
Que nos faz
Crescer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1391. O SOM DA MINHA CASA
O som é uma coisa linda
é maravilhoso,
som é coisa boa
ouvir som é muito gostoso.
O som da minha casa
tem voz de cantador,
só não houve quem não quer
o som do meu amor.
Som tão importante
no rádio ouço a canção,
minha mãe está distante
explode meu coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1392. ELEMENTO AR
Namorei com uma menina
que vivia no ar,
depois de muito tempo
descobri que fazíamos parte
do elemento ar.
Ela vivia no ar
se esquecia de tudo,
parecidinha comigo,
sempre estava de mau humor.
Quase que eu ficava de vez no ar
por causa desse namoro
que só me trouxe pavor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1393. LOUCURA
Quando não se sabe o certo
se comete uma loucura,
cometi diversas vezes
por causa de um grande amor.
Eu não sabia o que era paixão
descobri depois da loucura,
hoje estou de bem com o coração
e pra mim chega de aventura.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1394. BAGUNCEIROS
Céu azulado,
nuvem embranquecida,
sol alaranjado.
Na terra suja
o garoto bagunça,
no alaranjado do sol,
no embranquecido da nuvem
no azulado do céu...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1986
1395. O BEIJA-FLOR E A ROSA
O som do beija-flor
que canta para a Rosa,
é lindo como um lírio verde
quando sente o perfume de sua rosa.
A Rosa é bela, a rosa é bela!
O beija-flor ama ela
por sua beleza eterna.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1396. ESPELHO DA MINHA LOUCURA
O espelho reflete minha face,
nunca portanto meus sentimentos.
Espelhos
são faces
no escuro.
O escuro é vazio.
Sua face
é um espelho, meu camarada,
pronto a revelar
seus sentimentos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1397. PINTAR O CORAÇÃO
Céu pintado
é ilusão,
lua escura
é assombração,
folha de árvore
não pinta,
animal não
muda de cor,
as águas do mar
jamais o azul perderão,
a natureza em si é uma pintura
muito mais forte que o coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1398. SÃO JOÃO PESSOA
Este ano
vai ter festa,
vai ter festa
e animação
vou dançar a noite inteira,
com a morena do meu coração.
Em João Pessoa
vai ter coisa boa,
vai ter muita festa
lá pras bandas da lagoa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1399. TRABALHO ESCRAVO
O trabalho
é muito triste,
ser escravo é muito ruim.
Por favor, tirem-me daqui!
Quem nele estiver,
vai ser muito difícil sair.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983
1400. SALA DE AULA
Sala de aula é um lugar belo e mágico,
onde pessoas vão estudar e fazer novas amizades.
Um lugar onde entram analfabetos e saem formados.
Um lugar bem especial, onde as pessoas criam
sonhos e fantasias.
Sala de aula é um lugar mágico e perfeito, onde alunos
passam a maior parte da vida.
Sala de aula é um lugar onde geram amores,
paixões, ódios, ternuras e loucuras...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 1982
1401. UMA OUTRA SALA DE AULA
A sala de aula
é um bom lugar.
Às vezes bom,
às vezes ruim.
Bom quando se aprende
coisas necessárias,
ruim quando passamos
muito tempo nela,
afinal de contas
o aluno merece um intervalo.
Na sala de aula
está o futuro
do nosso País,
dela sairão os colaboradores
de nossa Pátria.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983
1402. EM TUDO EXISTE AMOR
Em tudo
Existe amor,
Amor grande
Sentimento
Que veio e ficou.
O amor tudo suporta
Até o impossível,
Com o amor nas mãos
Não se chora de coração
E tudo se torna possível.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983
1403. NAMORAR
Namoro
é coisa boa
a gente se apega
sem querer.
O amor é muito especial
é completo de carinho,
afeto, compreensão
e muita dedicação.
Namorar
é inspiração
respeito e amizade,
com a alma do coração,
um sentimento de verdade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983
1404. O HOMEM E A SEREIA
Eu encontrei pelo rio
Com seus cabelos compridos
Mergulhava e ninguém via
Era uma linda mulher
Que atrapalhou meus sentidos.
Quando dei por mim
Ela olhou ao meu encontro
E foi logo dizendo:
De manhã
o sol brilha
e a lua
de noite
clareia.
O brilho
De tua curiosidade
me faz cantar
como sereia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983
1405. SORRISO BONITO
O teu sorriso
é bonito
como já é teu olhar.
Eu viajo pelo mar
tentando encontrar
um sorriso mais bonito.
Com saudade de você
eu canto
pra não
chorar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983
1406. ARTE BONITA
Pintura
é arte bonita,
magia é sua cor.
Amarela,
branca
e cinza.
Eu vou pintar um pouco essa arte.
Azul
bege
e creme.
Eu vou pintar um pouco essa arte.
Verde
vermelha
e violeta.
Eu vou pintar com essa arte:
Uma bandeira no meu rosto
pra espantar o meu desgoto,
eu vou pintar um pouco essa arte.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983
1407. PEDRAS
Nas pedras
nascem flores,
das flores
nascem espinhos,
do amor que
sentia por ti,
só resta dele
carinho.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983
1408. CHORO
Choro
por
você
paixão
cachorra.
Ainda
te adoro
amor.
É difícil dizer
mas digo:
- Te amo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1409. RELÓGIO
Como faço pra te comprar?
Tendo você não fico
mais com dor de cabeça.
Então, eu com meu relógio
vou pegar minha paixão
na hora certa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1410. SÃO JOÃO, FOLCLORE E ARTE
Folclore é divertido
divertido pra valer,
folclore de São João
da nossa imaginação.
Folclore é arte
também é diversão,
folclore é todo mundo
que fala de comunhão.
Neste São João
o folclore tá no asfalto,
através de tanta dança
a sanfona fala mais alto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1411. QUADRILHA
Tem quadrilha
de ladrão, deixa pra lá,
é de São João
que vamos falar.
A quadrilha toca
a noite inteira,
com as meninas no salão,
tem dança de todo tipo
é um rojão.
Da França ela chegou
pra animar nosso Brasil,
trouxe paz e muito amor
pra animar nosso Brasil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1412. MÃE, MÃEZINHA
Querida mãe
Fazes parte do meu coração,
És a palavra sincera
Que modifica a minha vida.
No teu aniversário
Nada material te darei,
Recebas desse teu fruto
O amor que sempre guardei...
Pra te ofertar nesta data
Repleta de muita paz,
Ao todo te ofereço
Muitos anos a mais.
Mãe, mãezinha
Seja lá o que for,
Carrego dentro de mim
O brilho do teu amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1413. JESUS MENINO
O sino tocou
A ovelha berrou
O povo agradeceu
O menino Jesus nasceu
O filho do Senhor
O povo gritou:
Viva Jesus de Nazaré
Que nos trará a fé
Naquele dia
Foi grande a multidão
Quando Jesus cresceu
Foi batizado no Rio Jordão
Também foi grande
A animação
Jesus conduzia o povo
Ao encontro do coração
O menino veio
Para nos salvar
Quem quiser esse caminho
É só o bem realizar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1414. A PINTURA
Céu azul
O sol a brilhar
Meu amigo pintor
Seu belo quadro
Procura pintar
Pincéis
Tintas
A tela lhe espera
Num lugar calmo
E sossegado
Ele procura a cor
Mas só ouve os pássaros
Cantar
A pintura é uma arte que nunca se acabará
Pois a cada geração ela mais nova fica
Na vida do pintor ele procura cada vez mais se inspirar
Sua vida é um dilema
Mas ele só nunca está
A arte têm mistérios que nos faz sentir coisas interessantes
A arte vem de Deus e habita em nós
Fazendo a pintura brilhar
Em cada nosso amanhecer...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1415. FOGO
O fogo foi criado por Deus,
que fez uma coisa bela e o homem se alegrou.
O fogo tem valor, calor, o fogo é paixão,
tem amor, brilho, vida que conduz ao amor
de nossas almas.
O fogo é símbolo da paixão que arde
no coração, queima mas não se sente,
ninguém apaga o fogo das paixões,
o fogo estremece os corações
dos apaixonados.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1416. POEMA PARA A EDUCAÇÃO
Educação
termo bonito.
Respeito,
caráter,
sinceridade,
amor e capacidade,
fazem parte da educação.
O importante é fazermos
a nossa parte,
só assim a educação
nascerá no outro,
despertando-lhe
paz no coração.
A educação nos faz amar o próximo,
dar tranquilidade, cumprimento
das leis, necessidade dos outros,
educação é muito mais do que
simples palavras.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1417. UM POUCO DE ARTE PELA ARTE
Arte é vida
vida é arte
quero uma comida
vitamina de abacate.
Arte é amor
amor é arte
quero o meu Avô
ele está em toda parte.
Arte é bonita
bonita é a arte
quero uma viagem
me levem para Marte.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1418. CIÚME
Se você
está amando
tome muito cuidado,
o ciúme acaba tudo
não tem compreensão.
O ciúme é tão ruim
que dar dor de cabeça,
se você tem esse mal
por favor logo se esqueça.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1419. PROMESSAS FALTOSAS
Fiz uma promessa
era pra te esquecer,
juro que com tanta pressa
gostei muito mais de você.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1420. EU PINTEI
Eu pintei com a tinta do pintor
que pintou a parede do meu coração.
Eu pintei com ternura.
Se eu não tivesse pintado
não me sobrava emoção.
Eu pintei com a tinta da arte
Eu pintei com a tinta do amor
Eu pintei com a tinta da vida
Eu pintei com a tinta da paixão.
Por tudo isso eu pintei.
Eu amei ter pintado por dentro,
por fora, por todo lado.
Eu pintei a minha canção.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1985
1421. MARAVILHA
Se tu
pintares
este quadro
maravilha
ele vai ser.
Mas
como
não podes
pintar
meu coração
ele bate
por dentro
pra valer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1422. ARTE
Bela é a arte
Arte como primavera
Cheiro de flores
Pássaros e amores
Na lua que tem luz
O cheiro das águas do mar
A arte é ainda mais bela
Quando vista com bom olhar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1982
1423. PETECA PASSAGEIRA
A peteca passa
de mão em mão
da direita à esquerda
da esquerda à direita
sem parar, sem parar.
Bela peteca
penagens de cores:
vermelha
verde
preta
e branca.
Vermelha como a vida
Verde como a esperança
Preta da cor do luto
Branca como a paz.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 1986
1424. ESCRAVIDÃO
No Brasil Colonial
era mostrada a escravidão,
chorava pai, mãe e filhos,
doia no coração.
Hoje ela não é mostrada,
ela é encubada.
No tempo da Colônia
salário não se recebia,
nos tempos de hoje
recebem uma mincharia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de novembro de 1984
1425. FESTA JUNINA
São João
é animado
tem muita alegria,
nesta festa junina
vamos cair na folia.
São João é uma festa
tem muita animação,
todo mundo dança
ninguém fica sem dar a mão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983
1426. EDUCAÇÃO
Educação
é saber ser educado.
Do berço vem a educação,
outra vem da televisão,
a escola prega outra coisa,
formando uma mistura de educação.
Sem educação surge o mal-educado
e a vida se torna sem razão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983
1427. LUAR DA MINHA IMENSIDÃO
Lua do brilho radiante,
que ilumina o céu estrelado,
noites de todos os amantes
que encontram os sonhos encantados.
Noite alegre de magia
traz essa lua que nos irradia,
que faz os sonhos mais belos
depois de um exausto dia.
És bela, mágica e formosa,
parecendo uma canção de amor,
que me faz sonhar acordado
seja no frio ou no calor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983
1428. TANTA SAUDADE
Só sabem a saudade
que tenho
quando a dor bater no peito,
quando o amor virar desenho
a saudade ficará de todo jeito.
O amor é como saudade
que invade o coração,
fica um vazio imenso
e do chôro se faz canção.
Saudade de amor ausente
não é saudade,
é mais do que saudade,
doi o coração da gente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983
1429. VERSOS DE SAUDADE
Saudade
Por que você existe?
E por que tanto magoa?
Eu quero sempre sentir
Saudade e nada mais,
Uma forma de amor
Carregada de paz.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1430. BOLA DE GUDE
Bola de gude que começa a rodar
No meio da rua começa a matar
Bola de gude, rodando sem parar
No meio da rua, entre meninos e meninas
Elas começam a dançar.
Quem quiser brincar
Por favor traga a sua bola de gude
Pra entrar nesse time
Triângulo, cobrinha, buraco etc e coisa e tal
Traga a sua bola de gude
E venha com a gente se divertir.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1431. DANÇA
Danço porque gosto
Deus, por que gosto tanto?
Essa música louca
Me faz virar santo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1432. ME SINTO BEM
Eu me sinto muito bem
com vontade de estudar pra vencer.
Hoje não me cansei, estou feliz.
Não deu vontade,
vontade de dormir, estou feliz.
A vista tá cansada, estou feliz.
É como me sinto no momento:
Eu estou feliz, eu estou feliz...
É por isso que me sinto bem.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1433. O SOL E O MAR
O sol sempre
brilhando,
as pessoas
na praia andando,
molhando os pés
nas belas águas do mar,
espantando os males
e cantando, cantando, cantando...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1434. A MULHER
A mulher é linda,
A rosa é dedicada,
A mulher é carinhosa,
A rosa tão amada.
A mulher é um amor
E a rosa tem que ser regada,
Há identificação entre ambas,
Mas a mulher é grande e louvada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1435. O RATINHO TRISTE
Ratinho guloso
gostava de comer queijo,
um dia ficou triste
pois queijo não tinha.
Prá dar uma volta saiu
e um gato apareceu,
o ratinho com medo ficou
e logo, logo correu.
O gato mandou parar
não queria lhe assustar,
o ratinho ficou contente
e recebeu um queijo ainda quente.
O ratinho agradeceu
e do gato amigo ficou,
comeu o queijo todo
e pra o outro dia nada deixou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1436. TERRA JUNINA
Terra
Grande Planeta
Terra
De São João
Quando você festejar
Lembre-se do meu coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1437. A VIDA E A PAIXÃO
Vida não é traição,
é arte e puro
amor,
é desejo inesperado
de uma nova
paixão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1438. ALMA
A natureza
é a essência
da alma.
O que seria
de nós, seres humanos,
se não tivéssemos alma,
que é a essência
da natureza?
Natureza
rima com Deus
em todos os sentidos,
assim a alma é fruto
divino que habita em nós.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1439. QUANDO SE MORRE...
A morte quando vem
Não escolhe quem
Leva branco
Preto
Rico
Pobre
Bom ou ruim
Com pecado ou sem pecado
Todo mundo sabe que vai morrer.
Morte matada
Morte morrida
Morte planejada
Essa é suicida
Não cometa loucura
Deus nas alturas
Não vai aceitá-la
Vai condená-la
Quem praticá-la.
Faça o bem
Sem escolher a quem
Que quando a morte chegar
Você terá o bem.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1440. TEATRO-EDUCAÇÃO
Gosto de teatro
Teatro pra mim é bom,
Nada importa
Se eu fosse o Palhaço Fom-Fom.
Gosto de teatro
Teatro é bom demais,
Ser ator de uma peça
O cara encontra a paz.
Gosto de teatro
Teatro é educação,
Quero fazer uma peça
Que fale da minha profissão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1441. A TERRA PRECISA DE CARINHO
A Terra é linda
A Terra é bonita,
A Terra girando sempre está
Sobre si, igual a um pião.
Eu gosto desta Terra
Terra meu Planeta.
O sol é amigo da Terra
Dando sua luz pra nos iluminar.
A Terra têm seus mistérios
Que jamais foram desvendados,
Terra que Deus criou
E ao homem de mão beijada entregou.
A Terra precisa de carinho
Tal qual uma criança,
Cuidemos de nossa Terra
Nossa maior poupança.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de abril de 1984
1442. HOJE É SÁBADO
Hoje vou dar uma volta
porque hoje é dia de folga,
vou ao cinema
e não tenho hora pra voltar.
Sábado foi dia de festa
e com ela peguei aquele filme,
um filme dos anos setenta
que me fez lhe tacar um beijo.
Voltei para casa
depois de deixá-la sã e salva,
talvez no próximo sábado
a gente possa de novo se encontrar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1443. SE UM DIA EM TUA VIDA...
Se um dia
por aventura,
surgir na
tua vida
um cara
bem de vida
e, esse cara,
quiseres conhecer...
Procure pelo canto da sala
e vais encontrar
esse cara pálida
doido para viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1444. BRINCAR DE AMAR
É lindo cheirar as flores,
ouvir o canto dos pássaros,
ver o verde das árvores
e o rio a correr pela montanha,
aí meu corpo pede pra ficar
junto de você,
arrancar essa tristeza
que tá morando no meu rosto.
Vou brincar com a natureza
de dia ou de noite,
a tarde talvez,
só assim espero o meu amor
que partiu e nunca mais voltou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de fevereiro de 1984
1445. PESSOA ILUSÃO
Eu amo
uma pessoa
uma tal
ilusão
faz parte
da minha
vida
claridade
do meu
coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de abril de 1984
1446. BARCAROLA
Barcarola
o tempo rola
rola barcarola
rola.
Barcarola
rola pelo mar
de noite e de dia
de dia e de noite
com muita alegria
rola barcarola
rola.
Barcarola
barcarola
rola
rola
rola.
Pra frente
pra trás
pra trás
pra frente
do jeito
que nós estamos
do jeito
que você tá.
Rola barcarola
não me deixe
barcarola.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de maio de 1985
1447. FOLCLORE
Folclore
é como coca-cola
tem em todo lugar
na arte da criança
na dança da região
na lenda de um povo
no carnaval da multidão
na arte do poeta
na pintura do pintor
na pesca do pescador
o folclore é tudo isso
e muito mais
é o que o povo inventar
é sabedoria de uma gente
um gole de aguardente
por isso nesse poema
você pode ser um ator
você pode musicar
que o folclore agradece
meu teatro vai terminar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1448. O VENTO E A LUA
O vento que venta
a lua que brilha
o sol que esquenta
o dia na ilha
O luar da lua
o azul do céu
o claro do dia
o amor gosto de mel
A ilha de dia
é azul da cor do céu
o amor dessa menina
tem um sabor diferente
O vento que venta
a lua que brilha
a menina que inventa
um dia na ilha.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1449. MÚSICA DA VIDA
Música é arte
arte da vida
rima com fogo
fogo que queima.
Música é alegria
alegria de viver
viver é divertido
com tudo que se tem.
Música é paixão
paixão de querer
querer é gostoso
mas nem tudo pode se ter.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983
1450. COTIDIANO
Há tanta coisa engraçada
na luta do dia-a-dia,
o encontro da namorada
e o desaforo da tia.
Pra ser feliz é preciso
chorar, sorrir e crescer.
Somos capazes de uma lágrima perder,
nas esquinas desta vida
não há quem não queira vencer.
Dia-a-dia se passa
e a vida vai com ele,
com Deus cantamos os risos e chôros
e a esperança vem com a fé.
Bento Júnior
Campina Grande-PB, 09 de setembro de 1986
1451. SAPECA MENINA SAPECA
Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)
Moleca Menina
Sapeca
Traquina
Menina
Ela pula na corda
Dança e
Canta no espelho
Atriz
Do riso e da
Dor de ser minha
Filha.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de abril de 1999
1452. SENZALA
Senzala fechada,
escura e sem liberdade.
Passagem, nem a mais
secreta.
Como é difícil
unir forças
pra desta vida sair,
desta vida selvagem.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1984
1453. NÃO SE SABE AO CERTO
Quando se está namorando
não se sabe se é amor,
mas mesmo assim
as águas vão rolando
e quando se nota
já é tarde
o namoro vai se acabando.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de abril de 1982
1454. ARIANAMENTE...
O velho, mas tão jovem, é um esperto
dar o bote, não esconde a unha, é Ariano
Suassuna é sua família. Está comigo, tão perto
e quando não estão, vou lá e reclamo
reclamo por que ele muda sempre o itinerário
e quando vem, logo quer ir embora,
não faça isso, Ariano, meu mestre literário
fica mais um pouco, não precisa dar o fora.
Fique um pouco na Paraíba
receba os meus abraços e afetos
ao som de um pé de macaíba.
Por que não ficar aqui com a gente?
Por acaso o senhor tem algum medo?
Eu sei, Ariano é assim tão de repente.
Bento Júnior
Taperoá-PB, 17 de fevereiro de 1989
1455. DIA DAS MÃES
Hoje é dia das mães, e como filho sei do valor
De uma mãe, e hoje a mãe é uma esposa, futuramente
A mãe será cada uma de minhas filhas, assim eternamente
A mãe habitará em mim, condicionando o meu amor.
O meu amor pela mãe é tanto, que chego a ter pavor
Um pavor que mexe meus neurônios, minhas displicências
Que atenuam meu lado pueril, minhas mágoas das ciências
Que me fazem ecoar do alto todo o meu fervor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 2007
1456. A SERRA TÃO FALADA
Estou em plena serra, em Teixeira eu vou ficar
Tenho tanto o que aprender, em Teixeira eu vou ficar
Tenho tanto o que fazer, em Teixeira eu vou ficar
Estou em plena serra, em Teixeira eu vou ficar...l
Vou ficar com o meu amor, em Teixeira eu vou ficar
Vou ficar de sobre-aviso, em Teixeira eu vou ficar
Vou ficar curtindo a serra, em Teixeira eu vou ficar
Vou ficar curtindo o verde, em Teixeira eu vou ficar.
Bento Júnior
Teixeira-PB, 13 de novembro de 2002
1457. UM PALHAÇO EU ARRANJEI
Arranjei um palhaço aqui em Teixeira
Um palhaço que sabe tudo, sabe até demais
Um palhaço cara de pau, natural aqui de Teixeira
Arranjei um palhaço, uma boa pinta de rapaz.
Ele é tudo, de tudo faz um pouco
Se enrola em cordas, dar cambalhotas
Às vezes lúcido, às vezes um tanto louco
É o palhaço da gente, faz cada marmota.
Bento Júnior
Teixeira-PB, 12 de novembro de 2002
1458. CIDADE DE TEIXEIRA
Cidade de Teixeira, no alto sertão da Paraíba
Aqui muitos cantadores já moraram
Houve tantos e tantos desafios
Muitos repentistas se acotovelaram.
É uma cidade bonita, com pedras ao seu redor
Teixeira é um centro de cultura
Teixeira é cidade das cavalgadas
Aqui o céu tem mais altura.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de novembro de 2002
1459. DECISÃO
Ela quer por que quer
Não ser a tal dita cuja mulher
Enraizada no afeto da filha
No aconchego do marido, fez-se uma ilha
E por mais que se tente dela sair
Não há como, um vazio implode
E tudo é como vício, nada se pode
Para que viver este mundo, melhor seria partir?
E assim, entre tantos fatos ditos, transmitido
De boca a boca, o homem vai se contentando
Porque a sina de ser já é por si só um pedaço
De saber que hoje a chama se apaga ainda mais.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de fevereiro de 2002
1460. PAIXÃO DE HOMEM
Quando o homem buscando o entendimento
pelos caminhos das incertezas, peca e muito
ele canta suas mágoas e num hino triste
vai perambulando pelas ruas do nada
pedindo, implorando a quem de fato não é nada...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1983
1461. FAROL DO CABO BRANCO
O Farol do Cabo Branco
Ponto orientall das Américas
Na cidade de João Pessoa
Capital Paraibana
Viva o Farol do Cabo Branco
Cartão Postal do nosso Brasil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1983
1462. CIDADE VELHA
A Cidade Velha
Varadouro é conhecida
Cidade Tabajara
Cidade de Maurício
Portugal e Holanda
A Paraíba é seu lugar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1984
1463. IGREJA DE SÃO FRANCISCO
Quem vem à Paraíba
Não pode deixar de ver
A Igreja São Francisco
Tão barroca, tão antiga
O Museu conta história.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1983
1464. TAMBAÚ PRAIA E MAR
De manhã, logo pelas primeiras horas
Eu e meu pai, lá íamos para Tambaú
Tomar banho de mar, andar na praia
Tambaú tão linda, tão bela de encantar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1982
1465. PALÁCIO DA REDENÇÃO
Quantos homens já passaram por aqui
Por aqui quantos governadores passaram?
Uns de passagem visitaram o lugar
Outros, com o tempo, eles assassinaram...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1985
1466. AS CARAMBOLAS
As carambolas que a vizinha no seu quintal
Guardavam sob sete chaves, eu deglutei
Com toda língua que a mocidade tem
E ainda por cima, da semente em minha casa
Outras carambolas nasceram. Ao realizar a colheita
Ofertei-as à vizinha. Lindas carambolas!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1985
1467. PÉ DE MANGA
Quando penso e penso com ele na frente
Penso quando pequeno nele subia
Eram mangas enormes. Mangas de puro sabor
Matou muita fome de gente, não morria
Quem uma manga daquela comia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1986
1468. SEU MANOEL
Seu Manoel
Seu Manoel era um homem forte
Quando a gente ia com o pai
Seu Manoel respeitava a gente
Quando a gente fugia de casa
E lá se dirigia para Seu Manoel
Ele mostrava uma cara de poucos amigos
E falava ao nosso pai do nosso roubo
Do mamão, da manga, do abacate,
Da goiaba, das brincadeiras nas cabras e bodes
Assim era Seu Manoel
Um fuxiqueiro que tudo ao nosso pai contava.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de maio de 1986
1469. PAIXÃO DE MENINO
Quando eu era menininho
Bem pequeno sem nada entender
Ao ouvir do longe o sininho
Tudo em mim era saber...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1983
1470. CATARINA, MENINA QUE CHORA
Quando Catarina chorou
Sua mãe foi ao CINEPORT
Catarina em lágrimas ficou
Mas foi consolada pela irmã, Camila
Aí as duas ficaram felizes ao lado do pai
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 2007
1471. CANARINHO
Depois do Tri
Que venha o tetra
É jogo da Seleção de Futebol do Brasil
Casa de Dona Isabel
Sacode Coração
É proibido jogar papel
Didi, Nado e Toinho
Ivanildo e Ivan
É Seleção negada
Cuidado com Seu Ademar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de julho de 1972
1472. PARQUE ESTRELA DO MAR
Castelo Branco está em festa
Festa de São Rafael
Parque de Diversão
Paquera das meninas e meninos
É um tal de coração apaixonado
Atrás de ouvir uma música
Nos altifalantes do Parque Estrela do Mar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de outubro de 1973
1473. CIRCO RACION IARA
O Palhaço Ferrinho
É grande a confusão
O circo está armado
Os meninos fazem a emoção
Aquela menina hoje não veio
Não estou olhando o show
O Palhaço diz muita graça
Onde anda o meu amor?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de julho de 1976
1474. CIRCOS DO CASTELO
Quando um circo chegava, a criançada se alegrava
Achava gatos e gatos, leão queria comer
Cada gato era uma entrada, era grande o prazer
Não sabia a gente que um pobre coitado a gente matava.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de julho de 1975
1475. A REZADEIRA
Dedicado para Dona Penha (Grande Rezadeira)
Ela é rezadeira
Já fui rezado por ela
Já me curei de muitas mazelas
Para falar com ela
Não precisa de senha
É de Dona Penha
Que quero agora falar
Com suas rezas
Com seu ramo de pinhão na mão
Dona Penha fecha a boca
Faz sagrada oração
Na mão ela pega o pinhão
O paciente se satisfaz
É a cura que chegou
Dona Penha é enviada
Com sua reza
Enviada, enviada do amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de fevereiro de 1983
1476. POEMA BREVE DE FELIZ FICAR
Em breve
Em breve
Em breve estarei te olhando
Te olhando em breve
Sei que não estou inspirado
Não estou inspirado
Apenas o coração apertado
Por este momento tão insensível.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de janeiro de 2006
1477. AS DUAS BICICLETAS
Forma roubadas duas bicicletas
Duas bicicletas foram roubadas
Quem as levou ninguém sabe
O que se sabe é que teve uma culpada
As duas bicicletas foram embora
Com o consentimento da empregada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de fevereiro de 2006
1478. ESTA CRISE
Esta crise que hora assola no meu peito
Reduz a minha carga horária
Me fez vítima de uma onda transitória
E machuca meus sonhos sonhados em leito
Sou vício de brigas ultrapassadas
E capuz de carro velho enguiçado
De todas as flores despetaladas
Há em mim uma crise que mora bem ao lado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de fevereiro de 2006
1479. LABIRINTO
Dedicado para a localidade do município de Pilões-PB
Labirinto
berço da Família Carvalho (nossa)
aqui brotaram os primeiros frutos
germinando carvalhos por essa vida a fora.
Labirinto
de Floriano à usina
os Carvalhos perderam
ganharam os latifundiários
dono de todo espaço
que era ofertado aos nossos parentêscos.
Carvalho
Floriano
Lima.
De Cesário a Bento
de Bento aos filhos
resta apenas a lembrança viva na memória
desses homens que ficarão em plena história
dessa Paraíba Pilões.
Sentimento profundo
do mundo dos nossos corações.
Bento Júnior e Bento Carvalho
Pilões-PB, 11 de fevereiro de 1984
1480. A VIDA É ISSO E MUITO MAIS...
A vida
é uma boceta
bem grande
onde todos
têm o direito
de trepar
mas o gozo
é exclusividade do burguês.
Mas o burguês não nos fez
nos fez o pedreiro, que é explorado
por ele. Até eu que não sou nada,
sonhei um dia dando uma trepadinha.
Bento Júnior, Sílvio Calaço, Geraldo Santos e Sandro Calaço
João Pessoa-PB, 09 de junho de 1985
1481. ONTEM ERA COMO SE FOSSE HOJE
Ontem
parecia
hoje
e nada
aconteceu
hoje
se parece
com o amanhã
e continua
nada
a acontecer
lute
se preciso for...
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986
1482. SUJEIRA
A sociedade brasileira realmente tomou
vergonha na cara e passou o resto da vida
rezando aos pés de Jesus Cristo
pagando promessas à Nossa Senhora do Bom Parto
como respostas aos abortos praticados pelas
mocinhas universitárias donas de suas
estruturas de mulher que receberam como presente
de fim de ano retribuindo ao garoto das calçadas
calçadas tais que dão sexos e fetos e são
lançados ao universo terra como prova máxima
de tudo existente nas belezas profanas de bocas
sagradas porque acreditam na salvação da carne
daí dão esmolas e essas esmolas só são dadas
a pessoas bem trajadas que trafegam nas ruas
das amarguras e amargam seus olhos e vêem a pureza
da safadeza traduzida nos cadernos dos donos dos
bordéis e são bordéis por aceitarem cada santo
como protetor suficiente de velas e mais velas
essas velas se apagam no primeiro tocar dos lábios
os lábios são elevadores constantes na arte de balancear
o vento desprovido do clima semi-árido
caminham todos os cantos e não obtém satisfações
satisfação que certamente nenhuma religião contém
em seus provérbios para desmistificar esse partido
forte que se chama morte.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 15 de setembro de 1985
1483. CRISTO PAI DO MUNDO
Trinta e três anos de vida
Passou este Homem na face da terra
Enviado de Deus que nos ensinou
A simplicidade da paz e do amor
Crucificado, morto e sepultado
Inocentemente por homens insensatos.
Fica transcrito nos livros
Que breve Ele voltará
Trazendo de novo no peito
As realidades de uma vida
Ficará quem tem direito
Esse dia será repleto
De elevantes momentos certos
Congratulados de muita emoção.
Jesus filho de Deus
Pai, Filho, Espírito Santo
Natureza e tudo mais
Nossa beleza
Muita paz...
...Reina em nós
E seremos ágeis com o passar dos anos
E vamos vivendo nossas vidas
Independentemente de planos
Porque Jesus Cristo
Filho de Deus
Virá buscar os seus.
Bento Júnior e Bento Carvalho
João Pessoa-PB, 26 de janeiro de 1981
1484. VENEZA
Dedicado para a localidade do município de Pilões-PB
Ao chegar
contraceno com a palha da cana-de-açúcar
que serve de base para o desenvolvimento
desse sub-desenvolvido Nordeste.
Pilões terra gigante
de homens de grandes valores.
Meu pai
minha mãe
minha família.
Falo de Veneza, engenho do passado
terra atual da Usina Santa Maria(Areia-PB).
Primeiro meus avós
depois meus pais
tomaram conta desta terra
que hoje poderiam ser deles.
Como é lindo este campo verde
essa mata devastada.
Aqui fica Veneza
tudo está mudado.
Pilões, Paraíba
terra de mulher macho
“sim, sinhô”
Pilões, Veneza
rica e repleta de grandeza
assim Pilões, Veneza, Paraíba
símbolo de real riqueza.
Bento Júnior e Bento Carvalho
Pilões-PB, 11 de fevereiro de 1986
1485. TRISTE E VELOZ
Volto
mais veloz
que o vento
porque sou
triste
como
alguém
que perdeu
sua mãe.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 16 de setembro de 1985
1486. UM TRANSE NATURA
Quando as mãos penetram
no teu colarinho do teu tecido
nossos nervos à flor da pele
enfeitam um encontro de carinhos e afetos
e na plenitude dois órgãos deleitam-se
no chão lhes ofertado onde sem a posse da terra
praticam a livre e espontânea
vontade do erotismo vividos por dois seres
jogando seus pensamentos ao universo
centralizando apenas os olhos no vício
de cada suspiro místico onde a platéia é a própria natureza.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 28 de outubro de 1986
1487. VIAGEM LUNÁTICA
As noites claras
as claras estrelas das noites ilusórias
da minha cabeça são discos voadores na ausência
da constelação perdida no meu espaço
e a lua linda e brilhante acima do mar
ilumina a paisagem resplandecendo
na orla noturna e Netuno deus do mar
sorriu à vida feliz
é bom viajar
é bom viajar
é bom viajar
é bom viajar
é bom viajar...
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 04 de fevereiro de 1986
1488. AMOR E COLÍRIO
O amor é colírio
se sente
mas nunca
se consegue
enxergar
no escuro.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1987
1489. BRINCADEIRA DE MENINA
O mar
O mar
De ondas e verdes
Brincava com as águas
Matava minha sede
O mar
O mar
Que brinca com as redes
Com os peixes
Que quebra na praia
E a menina correu
Para o vento
Que rodou sua saia.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1986
1490. CANIBAL
Fome
Intenso
Desejo
De comer
Todo um corpo
Repleto de sabor
Sugar mel todo
E penetrar
No íntimo
Matando toda
Essa vontade
Faminta
De deliciar
Tua carne.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1987
1491. CASTRAÇÕES
dentro do escuro
atrás do muro
puro concreto
eu erecto
olhava entre pernas
o prazer da vida
todo clima
era expectativa
nervoso como
se fosse crime
esperava mais
uma tentativa
quem sabe
noutra hora
talvez...
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 02 de janeiro de 1988
1492. COLÍRIO
Esse social que sai
da minha boca
mexe com amor
do meu peito
tomei posição
de destaque
na sociedade
capitalista
não vou mais
trabalhar.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1987
1493. COMIDA SEM NEXO
Eu vejo
sinto vontade
querer tua metade
morder a carne
dura desse corpo
maduro
deliciar-me no prazer
frente a frente
sentindo sexo
sem lógica
sem nexo.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 10 de dezembro de 1988
1494. COMPREENSÃO
Na compreensão humana
certas vezes devemos subir no palco
e representar o papel de pai
e representar o papel de filho
no entanto
na reta final se faz o ator principal
pai e pai
nem sempre devemos ser felizes
em realizar atos felizes
nem sempre seremos filhos.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 1988
1495. CONSEQUENTEMENTE
Consequentemente
continuo te amando
não sei se é ironia
ou agonia do meu eu
mas estimulado pela
sua beleza intrínseca
me traduzindo liberdade
de palavras e gestos
mergulho profundamente
nas oscilações do teu corpo
e sinto o beijo molhado
matando toda sede
em boca sentidas.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 07 de setembro de 1986
1496. 25 HORAS POR DIA
Não sei
Porque tudo acontece
O dia é claro, claro
Mas sempre escurece.
Estamos buscando
Novos amores
Que com a gente
Possa conviver
25 horas por dia.
Tento esquecer
Mas é impossível
Lembro-me, porém me esqueço
São fantasias que me aguarda
25 horas por dia.
Sempre quando se ama
Tudo acontece
O mundo até parece
A tristeza desaparece
É chegado o momento
De louvar todos os sofrimentos
Temos a felicidade
25 horas por dia.
Bento Júnior e Jacinto Moreno
João Pessoa-PB, 26 de abril de 1984
1497. DEFINITIVAMENTE
Irei fazer o máximo
para falar do meu eu
que não necessito de nada
farei o máximo
o mínimo que pode ocorrer
um caso de solidão e nada
se isso por ventura verdade for
entrarei em estado de calamidade
tentando de todas as maneiras
modificar o meu eu
no entanto
enquanto isso não ocorre
vou pedindo explicações mil
e calado com certeza ficarei
definitivamente.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 15 de setembro de 1985
1498. DEIXE-ME
Deixe-me penetrar um pouco
De mim na tua cabeça
Deixe-me penetrar um pouco
De mim na tua face
Deixe-me penetrar um pouco
De mim na tua boca
Deixe-me penetrar um pouco
De mim na tua vida
Deixe-me penetrar um pouco
De mim na tua largada
Deixe-me penetrar um pouco
De mim na tua despedida
Deixe-me penetrar um pouco
De mim na tua rua
Deixe-me penetrar um pouco
De mim na tua observação
Deixe-me penetrar um pouco
De mim na tua ordem
Deixe-me penetrar um pouco
De mim na tua sensibilidade
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 15 de setembro de 1986
1499. DESGARRADO
Todo encontro de saudade
Transbordou os corações
De sentimentos detidos
Pelo orgulho nos fez pela medíocre solidão
E ao mesmo tempo
estar acompanhado e se sentir só
só
só
só
só
só
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 15 de setembro de 1986
1500. DIGA ALGUMA COISA
Eu só queria ouvi
da tua voz meiga
algo que pudesse
me tirar dessa terrível
dúvida que atormenta
todos os meus pesadelos.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986
1501. ESTÚPIDO
A estupidez
das minhas palavras
se confundem
com a beleza
dos teus carismas
e quando noto
já é tarde
e seus carismas
se agregam ao
meu lado estúpido.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986
1502. FACE AOS OLHOS
No silêncio de cada palavra
fala coisas
são simples como um facho de luz
cessando um lado sólido.
O maior em tua face
não me domina
apenas sou visto
pelo lado mínimo
desse teu olhar.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986
1503. FRÁGIL
Caía lá fora chuva
enquanto as águas
rolavam no rosto
de uma vítima
defendendo
a todo custo
o intenso toró
de palavras
jogado em sua
frágil estrutura
medíocre.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986
1504. SOLETRANDO A VIDA
A vida é uma soletragem
Todos precisam soletrar
Quem não soletrar direito
Perde o direito de viver
A soletragem é
Sobreviver...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1982
1505. AUGUSTO DOS ANJOS
Nasceu no Engenho Pau d`arco
Na cidade de Sapé.
Quem imaginaria, que um dia,
Um filho bastardo teria,
Com uma linda mulher!
Era uma escrava do engenho,
Onde seu pai era dono,
Mas, Augusto, não imaginaria
Que tudo aquilo seria
Um pesadelo, e não um sonho.
Ele foi poeta dos poetas,
Dos originais foi o mais original,
Conhecido no Brasil inteiro,
Um poeta, também internacional.
Ele escrevia os mais belos poemas,
Que até hoje nos fazem chorar.
Qualquer um que ler Augusto,
Com certeza se emocionará.
Teve um filho bastardo que não chegou a conhecer,
Vivia a fazer versos de saudade,
De amor, e assim vivia a sofrer.
Tentando expressar sua tristeza,
Escreveu um triste poema, um poema muito bonito, triste e original,
Que se referindo à tristeza, triste não há um outro igual.
Morreu aos trinta anos,
Acometido de pneumonia.
Não imaginaria, Augusto, que nos dias de hoje,
nós paraibanos, escolheríamos
Como o mais importante do século XX.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 2000
1506. ESTA HISTÓRIA BRASILEIRA
Esta história brasileira
Que vamos iniciar
É com base no cordel
Literatura popular
Escrita por Ariano
Paraibano secular...
Esta história brasileira
que acabamos de contar,
é com base no cordel,
literatura popular,
escrita por Ariano,
paraibano secular.
Meus senhores dê licença
pra história terminar,
isto aqui foi na cidade
de nome, Taperoá.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 2000
1507. NÓS SOMOS UMA SEMENTE
Nós somos uma semente
Uma semente pequenina
Para plantar o amor na gente
Na gente que sempre se anima
É a semente da paz
É da mulher e do rapaz
Plante a semente do bem
Que o amor sempre se faz...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1982
1508. BANHO DE RIO
Os meninos da minha rua
São viciados em banho de rio
De manhã, logo cedo do dia
Nós todos vamos ao rio
Brincar de nadar, brincar de pegar
As folhas nas águas são belas
São claras as águas do rio.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1977
1509. VAMOS QUE TEM ABACAXI
É uma febre medonha
Buscar no Altiplano
Abacaxi de montão
Já houve tiros pro alto
Quando o Castelo parte
Segue um pelotão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1975
1510. QUE VONTADES SÃO ESSAS?
Perdi o prazer pela sala
Aluno é bicho ruim
Quanto mais se ensina
Mais a gente desaprende
Viva o aluno que quer
Ser na vida alguma coisa
E que vontades são essas
Que não tenho desejo de lecionar?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1994
1511. O TEATRO CORDEL DE PAI FRANCISCO
TODOS
Pai Francisco entrou na roda
tocando seu violão...
E vem de lá seu delegado
Pai Francisco foi pra prisão...
Quando ele vem se requebrando
parece um boneco que vem dançando...
DELEGADO
O povo anda cantando
sorrindo com os dentes mostrando.
Nesta cidade estou pra ver
homem que anda me desafiando.
Quem desafia morre ligeiro
e não dar tempo nem de correr.
O cabra não tem que ser trambiqueiro
tem que respeitar a lei e todo poder.
MULHER DE FRANCISCO
Seu delegado só é homem valente
com capangas na sua frente.
Sei do seu passado que ouço falar
e sei muito bem contar alegremente.
Meu marido anda caído nesta tortura
mas morto ele não está.
O senhor é cheio de frescura
só fala em poder e querer mandar.
DELEGADO
Sou delegado e gosto de respeito
quero logo alertar sobre o meu jeito.
Aqui quem manda sou eu
sou o dono de todo o direito.
Não me faça perder a paciência
falo com crente e ateu.
E pra sua consciência
Me respeite que eu sou o chefe teu..
MULHER DE FRANCISCO
Repara mesmo o dono da verdade
delegado babão de autoridade.
Se meu marido não fosse tão gentil
eu mandava te quebrar de verdade.
O senhor vai pagar muito caro
O mundo não é assim tão azul anil.
Meu Francisco é um produto raro
Pouco se tem aqui pelo Brasil.
DELEGADO
Chega de conversa de se alongar
e queira por favor se retirar.
Com mulher não bato boca
e cadê teu marido que eu quero ajeitar?
Aprende com o teu marido
Canta e fala palavra pouca.
Não sei porque tenho permitido
Discutir no meio da rua com uma louca.
MULHER DE FRANCISCO
Não sou louca e fique sabendo
Tenho um juízo que tá aqui fervendo
Pronto para explodir de agonia
Se essa luta eu for perdendo.
Não me importa se é no meio da rua
Ou em qualquer canto de folia.
Sei Francisco que a culpa não é tua
Agüenta esse terrível e amargo dia.
FRANCISCO
Parece até que é tu que vai presa
És a minha vossa alteza
Não caia o brilho do teu olhar
Seja forte minha princesa.
Deixa o delegado fazer sua média
eu só quero saber onde tudo vai chegar.
Deixa o bicho ganhar a rédea
é fama que ele quer pegar.
MULHER DE FRANCISCO
Sei meu amor de toda preocupação
Sei o quanto sofre o teu coração
Mas não fica assim meu amado
Lute até cair como bravo no chão.
Não se desespere com este acontecimento
e não fique assim com cara de coitado.
Aprenda uma coisa neste momento
Saiba que tu é todo o meu pecado.
DELEGADO
Além de querer ser a dona deste fato
me admira muito apenas um ato.
Sei que o tempo dado é pouco
é nó em ponta de sapato.
Se eu pudesse os dois eu prenderia
mas como eu não sou louco
prendo um e faço a freguesia.
Gostou ou achou pouco?
MULHER DE FRANCISCO
Que delegado veio pra delegar
neste fim de mundo de amargar.
Só o violão de Francisco é cartão postal
Quando é pra se animar.
Onde já se viu delegado mal
prender Francisco que só faz tocar?
Esse delegado é um animal
Só veio aqui para atanazar.
DELEGADO
A senhora é casada com este pão duro?
Isso já notei e lhe asseguro
que nada gostei dessa história
de animal e ainda te juro.
Eu exijo pra minha patente respeito
Entendeu Dona Maria da Glória?
Não levante pra mim esse peito
Guarde bem guardado pra sua vitória.
MULHER DE FRANCISCO
Eu sei quais são as suas pretensões
não adianta querer me ter nas emoções.
Eu sou mulher deste homem de valor
E por ele eu sinto as mais variadas sensações.
No fundo o delegado é mesmo uma peste
um enviado do desamor.
Eu sou filha do povo do agreste
e o senhor ainda não conhece o meu valor.
DELEGADO
Perdi a paciência que eu tinha
E não abra a boca nem pra dizer calminha.
Vá embora pelo amor de Deus
e se cuide desse cheiro de galinha.
Conheça o seu lugar aqui na conversa
e não me venha falar de amores teus.
Saia do caminho que eu estou com pressa
deixe de falar para o bem dos ouvidos meus…
MULHER DE FRANCISCO
Vou-me embora mas é porque eu quero
e saiba o senhor que nada de bom espero.
Trate bem o meu marido
que sempre comigo foi sincero.
O senhor pode até ser valente
Mas é muito e muito metido.
Se Francisco abrisse essa corrente
Eu juro que nós dois já tinha fugido.
PAI FRANCISCO
Sou Francisco e todos me chamam de pai
e vou logo dizendo: do jeito que vai
eu aqui algemado e morrendo
dessa pior minha mulher não sai.
Sou Francisco tocador de violão
pode ir no caderno escrevendo.
Vou ser preso mas é por opção
me leve que eu quero ir bebendo.
DELEGADO
Onde já se viu cantar e pedir alguma solução
se tudo passa por minha fiscalização?
Mando tudo pro xilindró
vai apanhar de no rabo de cinturão.
Quem foi que disse que eu acho ruim?
Vai perder do bom e do melhor.
Isso tudo vai ficar pra mim
pra vossa senhoria vai ficar o pior.
MULHER DE FRANCISCO
Danousse que o negócio agora vai pegar quente.
Francisco homem bom olhe pra frente.
Deixa o delegado quieto
E respeita dele a patente.
Não toca mais esse danada de violão.
quando eu digo que homem só é correto
o senhor parece que fica sem ação
feche a camisa que o peito está aberto.
FRANCISCO
Com meu violão posso tocar
conhecer o mundo e amar
noticiar os acontecimentos
mas quem vai me condenar?
Sei de todos os enxerimentos
E sei que não sou vagabundo.
O delegado só quer arevimento
acha que é o dono do mundo.
DELEGADO
Um cabra de vergonha como tu
sem nada no bolso feito urubu
não pode querer me ensinar
sou empregado daqui do Sul.
Desobedeceu vai ao poço
E comigo errou tem que apanhar.
A mulher de Francisco é um colosso
O senhor pode até negociar.
FRANCISCO
Ninguém vai me impedir
com meu violão posso sorrir
posso tudo que quiser
como querer me coibir?
Não adianta ser homem de bem
Vou cantar na rua pra todo mundo ouvir.
Me solte delegado que não vale um vintém
quero ver quem vai me proibir?
MULHER DE FRANCISCO
Se baterem em Francisco com esse pau
eu juro que jogo na tua cara mingau
e todo o teu corpo eu estraçalho
pego os olhos e furo teu bilau.
Nunca mais vou cair numa baderna
e se eu cair é porque eu tenho um pirralho.
Um filho brotado dentro de uma caverna
Com arroz apimentado e muito alho.
DELEGADO
Não pode querer seu marido
ser o dono da verdade e ser metido.
Vai pra dentro da delegacia
quer queira quer não seu atrevido.
Não mexa com a sociedade
Que tu cantava e todo mundo ouvia.
Pai Francisco é de maior idade
Não queira dizer o que não se permitia.
MULHER DE FRANCISCO
Francisco é o meu legítimo amor
com ele sinto prazer e calor
e se o senhor quer chamegar
olhe se coração alguma vez sentiu dor.
Eu sou esposa deste homem que canta
Canta o amor e cada vez mais quer cantar.
O homem só é feliz quando se levanta
de uma incerteza e quer caminhar.
DELEGADO
Veja quem fala de amor...
Ele é um arruaceiro de fazer pavor.
Não faça essa cara de atrevido
você vai mesmo é sentir dor.
E a senhora de amor que sai pela boca
é pura ilusão de um leão ferido
que canta às vezes por um prato de sopa
é bebão dos bons e assumido.
MULHER DE FRANCISCO
Não leve Francisco pelo amor de Jesus
seu delegado mostre a luz
deixe o pobre cantar que é um verso
que conduz o senhor e me conduz.
Francisco é só o que ele sabe fazer
não faça isso que eu lhe peço
a cadeia é triste pra se viver
por favor eu tudo lhe confesso.
DELEGADO
Quem me importa confissão
a morte pra cabra ruim é sensação
mas vai dar certinho para o amigo
o xilindró daqui é um casarão.
Dê-me licença que o cabra é pesado
saia da frente com seu perigo.
Eu não estou nem um tanto apressado
Cale a boca que falar não é permitido.
MULHER DE FRANCISCO
Francisco faça alguma coisa agora
homem de Deus apeie a espora
deixe de moleza e cante forte
se aprume e vá logo embora.
Respeite o nome de artista
lute com ele até a morte.
Se deite e faça de conta que é grevista
se der certo tu és um homem de sorte.
FRANCISCO
Não sou de sorte minha mulher
mas nos santos tenho profunda fé
gosto de jogar no jogo do bicho
já gastei muito dinheiro na banca de Seu Zé.
O que me falta minha querida
Fazer para sair desse carrapicho?
Se eu canto minha voz é perseguida
Se me calo sou vergonhoso por capricho.
DELEGADO
Vai ser difícil ter muitas alegrias
tentar fazer algum xamego nesses próximos dias.
Chegou a lei mais pesada que antes
traga revista pra Francisco assumir suas fantasias.
A cadeia é um lugar por demais especial
e Francisco será o perfeito amante.
Quanto mais mulher é coisa normal
Fazer das mãos um vai e vem constante.
MULHER DE FRANCISCO
Oh! Bicho safado é esse tal de delegado
o pobre de Francisco todo lascado
pálido e nervoso e ele puxando
conversa de mal encarado.
Meu filho tome jeito nesta cara
E fique o senhor sabendo e vá comentando
Que Francisco é macho e tem tara
Tanta é que pode até ir lhe emprestando.
DELEGADO
Chega de conversa mole
Francisco pode até tocar fole
até segunda ordem governamental
saiba a senhora que na cadeia ninguém bole.
O importante é Francisco ter sabedoria
cantar eu sei que é coisa normal
só que Francisco deixa o povo com muita alegria
e isso não é bom para o fulano de tal.
FRANCISCO
Com alegria eu sei que o povo fica
e o senhor sempre complica
me dê razão se eu não tenho
lá no Pastoril de Tia Liça
quando havia qualquer festa
gente de todo canto dizia que venho
ser talento dos bons e que não presta
ao mundo ser como Lenho
um santo amarrado e que nada empresta.
MULHER DE FRANCISCO
Francisco está batendo cabeça
ou coisa que me pareça?
Homem esse papo não já terminou?
Diga a verdade e desapareça
Só você tem o dom de ser feliz
Fica calado aconteça o que aconteça
E quando é na verdade sempre diz.
FRANCISCO
Eu pego no meu violão
faço letra e tiro canção
quem quiser ouvir de clássico a erudito
sinta no calor da minha mão.
Se parar de cantar eu morro
morro de amor e tenho dito
em toda música eu peço socorro
falo baixo e canto feito grito.
DELEGADO E A MULHER DE FRANCISCO
Nós dois tamos aqui
Com Francisco vamos ouvir
As canções de bem querer
Do amor que vai surgir.
Quanto mais se quer da vida
Muito mais você vai ter
Quanto vale uma despedida
Que a gente tem que fazer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de abril de 1997
1512. SENSIBILIDADE DAS GRANDES
Sensível por um pedaço de chão
Que cai ao meu redor
Sensível até dizer basta
O mundo me parece pior
Sou uma sensibilidade egoísta
Dizem que sou artista
Perdi a interpretação da vida
Vou deixar de ser eu mesmo
Vou me tornar um puro analista
Resolver minha sensiblidade
Sensível por um pedaço de chão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984
1513. ESCOLA DE JACARÉ
És uma escola pequenina
Porém com muito futuro pela frente
Canso-me às vezes, coisa repentina
O que importa é o lado crescente
Do mundo que nós avistamos
Do mundo que faço parte
Sempre sorrindo estamos
Sou o professor de arte.
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 15 de maio de 2007
1514. UM MIL QUINHENTO E QUATORZE
Este é o número poemático que tenho
Entre quatro paredes, entre tantos e tantos
Dos diabos, de todos e vários santos
São um mil quinhentos e quatorze que tenho
E assim aos risos e aos prantos
Cavo a sepultura daquilo que não obtenho
Porque sou um dos mais jogado aos recantos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de maio de 2007
1515. SIMPLES COMPLETUDE
Me digas com quantos paus se faz uma canoa
Que eu te direi com quantas canoas o mar suporta.
Me digas quanto o homem de raiva suporta
Que eu te direi o que a vida tem de boa.
Me digas com quantos anjos o ser se ilumina
Que eu te direi o valor da minha conta de luz.
Me digas qual o resultado de ser luz
Que eu te direi quem sofre mais se é o menino ou a menina.
Me digas as respostas que nunca possuo
Que eu te direi o porque de tantas indagações.
Me digas se falo isso ou se em silêncio recuo.
Me digas tudo que até hoje não sei
Que eu te direi qual o trigo, qual joio das plantações.
Me digas se sou pervertido ou se sempre errei...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de julho de 1986
1516. SOLETRANDO O INSTANTE NA NOITE
Estou passando o tempo que o tempo me deu
Se por acaso este tempo se acabar
Não sou eu, é sinal que preciso dormir
E se dormir for bom, preciso sair
E se sair for ruim, preciso ficar
E se ficar não for agradável preciso tomar o remédio
Tenho que dormir, os olhos se fecham
A cama está pronta, vou fechar
Vou desligar, nada de deletar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de maio de 2007
1517. MARCANDO QUADRILHA
ESTOU marcando quadrilha, não é de ladrões
É quadrilha do santo senhor João Batista
Apareceram, lá pelas tantas, vários batalhões
Prenderam o padre, era de uma facção criminalista.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de janeiro de 1982
1518. INFORMATIZADO
Não delete meu nome, mande um e-mail para mim
Não entre no site proibido, envie uma mensagem
Conte como foi o seu dia, dê um enter naquela imagem
Tire os vírus da vida, entenda o meu lado ruim.
Quero saber se ainda faço parte do teu arquivo
Se ainda posso me classificar, ou sou apenas tabela
Nas entrelinhas da página, uma foto porém muito bela
Você quer me inserir, porque sou muito vivo.
Você desenhou no paint o meu coração
Rasgou minha pasta, me enviou para os meus documentos
Naveguei por todo computador e só decepção.
Informatize sua maneira de ser
Não delete as minhas músicas
Queira editar meu nome no seu viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1995
1519. FILHO NO PALAVREADO
EU sou ainda jovem, muito jovem ainda sou
Sei o valor de um pai, sei o valor de um filho
Os dois devem ser amigos, cultivar o amor
No rosto dos dois, vai surgir o brilho
O brilho da felicidade completa
A felicidade do pai e do filho
Quanto mais o mundo não presta
A família livra dos empecilhos
E assim meu pai, minha mãe
Aceite o filho que sempre chora
É o choro de quem quer ir embora
IR para longe de casa
Conhecer o mundo lá fora
É o que penso, não queira me dar um fora.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de fevereiro de 1976
1520. TODOS OS SANTOS
Dedicado para Nenhum Santo
Sou puto com igreja, não rezo e nem oro
Sou puto com as pessoas, vivem de igrejas
E quando em casa chegam, tomam um litro de cloro
E quando pressinto, não sinto desejo em vê-las
Prefiro morrer a ver as beatas no céu
São devotas, chafudam de toda gente
É um tal de santo, açúcar com leite e mel
É o azeite com pão, o santo fica contente
Os preconceitos são da religião
Os desafetos são da humanidade
Prefiro sonhar, em rezar para ter salvação
A salvação mora ao lado da rua
Uma mulher bronzeada com fraternidade
Faz sua oração e anda totalmente nua.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de agosto de 1985
1521. REDE DE INTRIGA
Dedicado para um mendigo
Não queiram saber, não queiram entender
A rede de intriga, gosta de briga
Açoita o mundo, empurra a rapariga
É um tanto esquisito esse meu conviver
Com toda uma rede, embrenhado no mal
Chorando e gritando e soltando fumaça
Fumando charuto e sendo internacional
É essa rede de intriga que só me faz trapaça
E assim por muito tempo, tempo perdido
Sofro os mais terríveis assédios
Vivo de soro, tomo todos os remédios
E assim dizem que sou entendido
Porque assumo uma vida em rede
Sou faminto, alguém mata minha sede.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1987
1522. QUASE UMA VIDA
Quase uma vida eu tenho pela frente
Na minha frente eu sou o capitão,
Jogo bomba e fico contente
Quase uma vida sai na contra-mão.
Meu caro patrão, não me leve a mal
Quase uma vida eu tenho em lamentos,
Sou azarado, dizem que sou anormal
Pois quando eu sofro, esqueço os pensamentos.
Penso na vida, a vida não pensa
Sofro por ela, ela não recompensa
Sou um sofredor, pois só tenho uma vida
Que me ensina a corrente
Que me prende na mente
E assim vivo nesta estrada perdida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de março de 1986
1523. MEU PAPITO
Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)
Quando ela se acorda, eu também me acordo
Quando ela vai dormir, eu também durmo com ela
Quando ela vem sorrir, eu dou um riso por ela
Quando ela cai no choro, logo eu me recordo
Das tardes que passamos lado a lado
Rindo e chorando, cantando e mandando recado
Para o amor que sentimos um pelo outro
É um tal de papito e eu dou o troco
De chamar minha tucululuca
Pouco sal e muito açúcar
É teu papito que te ama de montão
Em todos os momentos
Em frases cheias de sentimentos
Amo minha filha de todo coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de fevereiro de 2007
1524. FALAÇÕES DOS AMORES
Dedicado para Betto Silva (Grande Amigo)
O coração desse cara, rima com minhas falas
Ele é amigo, amigo e nunca se cala
Ele é irmão, um irmão que não se abala
O coração desse cara, rima com minhas falas.
As falas que falo com ele
São falas soltas no tempo
Ele ouve a todos em tempo
É um cara que só se tem de tempo em tempo.
Amigo preste a atenção
No que eu vou lhe dizer
Foi bom conhecer você.
De todas as palavras do poeta
A poesia chora e não sente dor
Obrigado pelas falas que só falam de amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de maio de 1990
1525. O COMPOSITOR
Dedicado para Kennedy Costa (Meu Amigo)
Ele é compositor, dos bons que já vi
Ele toca, compõe e arranja que eu já vi
Ele declama, conclama a platéia
Ele é um lobo, uivando, longe da alcatéia.
A música que ela toca
Mostra o som de recordar
É uma composição de amor e ternura
Ecoando nos cantos e atingindo uma altura
Que meus tímpanos adoram
Que o amigo compõe uma alma
Que meu momento se acalma
Essa calma vinda do compositor
É paz que transborda dos normais
É silêncio de reflexões que ele faz.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de março de 1986
1526. DOR DE CABEÇA
Uma dor de cabeça que arranca a cabeça
Faz da cabeça tantas cabeças perdidas,
Que a minha cabeça perde a cabeça
E quando a encontra todas são divididas
Essas divisões de cabeças partidas
No fundo são cabeças enclausuradas,
E quando a cabeça fica nas idas
Faz-se uma cabeça das mais rotuladas
E que cabeça eu tenho para tal cabeça
Se todas as cabeças me dão dores
E me afasta de todos os meus amores
Os amores que mesmo me dando dor de cabeça
São amores por mim aceitos
E na contra-mão apenas os defeitos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de novembro de 1987
1527. TUCULULUCA
Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)
O coração da menina, em minutos vividos
Recorda o sonho de um dia sonhado,
Ela é uma princesa pelo seu príncipe amado
Nos meus achados e não perdidos.
A música que ela tem prazer
É a música tão ouvida por nós,
Ela é recordação em todos os sós
Onde a vida ganha e não quer perder.
Menina de cabelos cacheados
Tucululuca é o apelido dela
Descalça não quer calçado.
Come tudo que ver pela frente
É uma pessoa grande de valor
Ela ama ficar nos braços da gente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de março de 2004
1528. AS AGONIAS DO MEU EU
CANSO, calado continuo a correr, reclamo
RECLAMANDO o meu sonho é só rascunho
DESENHOS tão fora de forma, tão sem fulano
APAGADO na memória da minha agonia
ATROPELANDO meus defeitos, a minha euforia
CANTADA e interpretada ao som de um piano
SINFONIA que desfaz toda a minha alegria
TRISTE o meu eu, assumo o cansaço de todo esse plano.
Bento Júnior
Solânea-PB, 12 de janeiro de 1980
1529. O ANO SE PASSOU LIGEIRO
O ano se passou ligeiro que nem vi a cor
Quando ollhei ele já tinha passado
Vou à escola, quero ser estudado
Quero viver um grande amor.
Um grande amor eu quero viver
Espero que o ano que vem
Seja um ano de muito bem
Vivo sorrindo, não quero sofrer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de dezembro de 1971
1530. MIL NOVECENTOS E SETENTA E DOIS
Este ano eu quero um ano de paz
Não quero guerra, sou um rapaz
Sou estudante da vida, eu sou demais
Faço o bem, gosto de quem também faz.
Viva o ano Setenta e Dois
Viva o mundo, na mesa bastante arroz
Viva o ano em número par
Viva o clima que é bom para amar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de janeiro de 1972
1531. COPA NA ALEMANHA
Este ano o Brasil vai se dar bem
Na Alemanha o tetra ele vai trazer
Quem assistir vai ter o prazer de ver
O Brasil não perder para ninguém.
Viva o Brasil em outro Continente
Jairzinho, Marinho e Rivelino
Jogam como qualquer menino
A Seleção vai me deixar contente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de abril de 1974
1532. JÁ SOU DE MAIOR
Primeiro de Março de Setenta e nove
Já tenho dezoito anos. Quero um filme de sacanagem
Quero ter direito, quero sair pelo mundo,
Sou de maior, não rasgue a minha imagem.
Sou uma imagem dos dezoito bem vividos anos
Sou jovem, tenho prazer como todos da idade,
Neste dia que falo, vou ao filme, não podem me proibir
A carteira já tenho, sou de maior, vou ter oportunidade.
O guarda não pode me barrar, apesar da cara de menino
O que importa é que entrei para o grupo dos maiores,
Quero ver de tudo, quero saber de tudo, quero de tudo um pouco,
Vou em busca de dias, de dias bons, de dias melhores.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de março de 1979
1533. SANTA INQUISIÇÃO
Vou desenhar um rosto de Cristo
Na parede obscura da minha paixão
Sei do pecado do mundo
Sei que eu não existo
Sou apenas um vagabundo
Que sonha, porque nunca desisto
De viver, de comer, ser alguém no mundo
Como a inquisição, jogar-me na fogueira
Colher a cinza caída, repartir o pão por um amor profundo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2003
1534. O PAPA BENTO
Veio aqui no Brasil
Vindo de Roma, lá do Vaticano
O sagrado Papa Bento
Com sua eterna simpatia
Deixando a todos a alegria
O viver feliz em um momento
Mesmo por pouco tempo
O Papa Bento quando saía
O povo com lágrimas sorria
E o Papa Bento de longe benzia
Um sinal da cruz
Para afastar do brasileiro
A cruel e fanática carestia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 2007
1535. AS LUTAS ÍNTIMAS
Vou lutar com todas as armas do coração sofrido
Ver quem vence tal batalha dos esquecidos
Se por acaso eu vencer, quero que me seja permitido
Esquecer o mundo e todos os meus sonhos merecidos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de maio de 1980
1536. A MÃE QUE AINDA TENHO
Dedicado para Vitória Carvalho (Minha Mãe)
Uma palha de esperança brotou nos meus sonhos de ser feliz
Fiz Vitória correr os campos, andar sem sofrer
Amar seus netos e netas, viver pelo eterno prazer
Corre Vitória sorrindo, o povo esta frase é que diz
Quando Vitória cantar, chore de amor por viver
O seu filho amado na vida ainda é aprendiz
Neste dia, minha mãe, quero ficar com você.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de maio de 1982
1537. INTERVENÇÃO POR INTERVIR
Se bom fosse tal função, não havia intervenção
No intervir da administração, não há segredo.
Se bom fosse tal função, a escola faria a união
Como bom não é, uns saem, toma de conta o medo.
Um medo que explode no ato intervir
Quando intervir é no trabalho o resultado.
Não há como negar o que se pode permitir
O que não se pode, tudo é mudado.
Muda-se para o bem escolar
Muda-se para o bem dos que querem o bem
Muda-se para não agradar ninguém.
Intervir para saber mudar
Intervir é querer acertar no novo
Intervir é desagradar um povo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2005
1538. PEQUENO TRECHO DE UM MEIO POEMA
EU amo o meu amor
O meu amor diz que me ama
Não estou dentro dele
Apenas sinto ele junto da cama
Gemendo e pedindo mais
Curta o amor enquanto sou rapaz
É grande neste poema a minha chama.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de agosto de 1980
1539. TEATRO POLÍTICO
O Teatro Político é a cara de Brecht
O Teatro Político é a cara da Alemanha
O Teatro Político é a cara da educação
O Teatro Político é a cara da revolução
O Teatro Político é a cara da rua
O Teatro Político é a minha paixão
O Teatro Político é a cara do Brasil
O Teatro Político é a cara do operário
O Teatro Político é a cara do mísero salário
O Teatro Político chama a todos
O Teatro Político te quer armado de fuzil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de março de 1990
1540. RODA GIGANTE
Bem pequeno no Castelo, no parque de diversão
Girei de roda gigante, vomitei de convulsão
Na roda gigante eu passei mal
Sabia que não era coisa normal
O bom daquelas rodadas loucas
Foi ter beijados tantas bocas
Na roda gigante eu era o protegido
Fingia que estava esmorecido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de novembro de 1983
1541. TERÇA-FEIRA
Terça-Feira, é começo de semana
É um dia chato, porém improdutivo
Na segunda fico em casa
A Terça-Feira podia ser um dia construtivo
Mas na Terça-Feira o saco me arrasa
Passa logo dia, vem na próxima, bem melhor e ativo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de dezembro de 1980
1542. FEVEREIRO
Fevereiro chegou o amor está no ar
Quem não gosta de samba
O carnaval vai pegar
Fevereiro é de frevo
Em Recife frevar
Em Olinda cantar
Fico em João Pessoa
Quebro sapato de tanto arrastar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de fevereiro de 1981
1543. MÊS DE MARÇO
Mês de Março, mês de Áries
Signo do fogo, mês de fogo
É Março que tanto bem me faz
Em Março comecei a torcer pelo Botafogo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de março de 1975
1544. ABRIL DE CHUVAS
É chuva no mês de abril
Tanta chuva que cai do céu
Seu Manoel molha o seu chapéu
Dona Maria para rua saiu
Mês de abril é mês de chuva
Na rua uma menina pra mim sorriu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de abril de 1977
1545. JUNHO RIMA COM SÃO JOÃO
Na lagoa do Parque Solon de Lucena
Na Praça da Independência
Mês de junho vai pegar fogo
É São João meu povo
Tenha calma, tenha paciência
Que o forró vai começar
Marinês com Sua Gente de novo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de junho de 1983
1546. FILHA DE CÂNCER
Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)
Julho
Nasceu Ela
Ela de câncer
Câncer
Signo dela.
Doze é o dia
Dia da flor
Luz que brilha
Ilumina o amor
Canceriana
Na água ela se fez
Mostrou-se ser dócil
o açúcar para nós três.
Bento Júnior
Alhandra-PB, 02 de março de 1999
1547. AGOSTO É DIA DE PAI
Dedicado para Bento Carvalho (Meu Pai)
Em agosto
Segundo domingo
É dia de pai
É dia de choro
Meu semblante cai
Não tenho consolo
Que segredo é este
Que descontrola meus nervos?
Em agosto o meu pai se transforma
Encontra todas as formas
Chora no canto da sala
Enrola todas as minhas normas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de agosto de 1983
1548. SETE DE SETEMBRO
Dia da Independência
Sete de Setembro
O Grito do Ipiranga
Ainda hoje se ouve o eco
O quadro de Pedro Américo
Paraibano bom de pintura
Sete de Setembro tem desfile
Os soldados enfileirados gritam
Independência ou Morte?
Bento Júnior
Alhandra-PB, 07 de setembro de 1983
1549. SEGREDOS SÃO SEGREDOS
Dedicado para a intimidade não desvendada
Segredis são segredos
Que não se contam para ninguém
Quanto mais segredos se têm
Mais profundos são os nossos medos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de março de 1981
1550. UM AMONTOADO DE NOME
Dedicado para quem for citado
Betto Silva
Kennedy Costa
Sílvio Calaço
Moisés Souza
Domilson Coutinho
Gerimaldo Nunes
Geraldo Santos
Geraldo Jorge
Ednaldo do Egypto
Florismá Melo
Carlos Cartaxo
Fernando Abath
Tarcísio Pereira
Jacinto Moreno
Edílson Alves
Chico Noronha
Maurício Germano
Luiz Couto
Padre Mateus
Dona Isabel
Antônio Torres
Raimundo Barbosa
Fernando Lima
Marcos Almeida
José Rodrigues
Alex Araújo
Cleudimar Ferreira
Dona Irene
Dona Penha
Dona Socorro
Seu Ademar
Seu João
Dona Maria
Tarcísio Dantas
Emmanuel Lúcio
Nilson Condé
Nina Medeiros
Francisco de Assis
Durmeval Gólzio
Jailton Paiva
Iremar Matias
Paulo Medeiros
É uma lista incompleta
Que completa meu coração
É uma lista incerta
Que contempla minha emoção.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de março de 2002
1551. POEMA FELIZ
Dedicado para Leila Camilo ( Minha Prima Materna)
Você é
uma pétala
no aroma
dessa flor
és o fruto
dessas raízes
que proliferam
sentimentos
ela está
feliz
por ter encontrado
seu beija-flor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1986
1552. O POLÍTICO
Dedicado para uma visão futurista
Você entendeu o sonho
O sonho que não se sonha
O sonho de saber o futuro
O futuro que não se sonha mais
E quanto mais sonhamos
Muito mais desejamos
E quanto mais desejamos
Somos nós que enfrentamos
A batalha cruel da vida
A batalha de fazer por prazer
De ser o ser pelo saber
E no saber das idéias
Temos que comer todas as alcatéias
Lançar mão de nossas falésias
Comer o pão que o diabo amassou
E sonhar com a polítca
Analítica, artística, flexiva,
Reflexiva, mordendo a unha do pé
Para matar de cada um o chulé.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 2007
1553. O ASSASSINO
Ele é assassino
Porque roubou um quilo de carne verde
Seus filhos estavam com fome
Ele não usou armas, as armas que tinha
Eram duas mãos calejadas, enrugadas
E ainda o chamaram de assassino
Se esqueceram os falantes
Dos péssimos políticos que temos
Dos juristas que temos, dos trabalhadores que temos
Da espécie cruel que temos
O assassino foi preso
Chegando na prisão
Comeram o quilo de carne das carnes do assassino
E hoje o assassino é procurado por civis e militares
Só por causa de um quilo de carne verde.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1987
1554. POEMA DE PÁSSARO
Um pássaro cantou
No cair da tarde fria
Cantou e que bela voz
Era voz de quem morria.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1986
1555. AS MENINAS NÃO SABEM
As meninas não sabem
Não sabem o que fazem
Elas fazem sexo
Elas não fazem amor
As meninas não sabem
O perigo que passam
E quando passa o perigo
O bucho cresce que é tanta dor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1986
1556. BRAVO GUERREIRO
Bravo guerreiro
Guerreiro bravo
Onde anda o gado
Que o guerreiro matou?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de junho de 1990
1557. SALUSTIANO DE ALMEIDA
Salustiano de Almeida
Nascimento de Oliveira
Cavalcante da Silva, nascido
No dia 15 de março de 1402
Nas terras de Lisboa
Veio ao Brasil no seu descobrimento
E para sua sorte ajudou Cabral
A descobrir o Brasil
Casou-se com uma ancestral
Que hoje chamam de índia
Teve 44 filhos e 02 filhas
Foi morto numa emboscada
Pelo pai da moça e
Pelo pajé da tribo
Hoje os familiares de seu Salustiano
Moram debaixo da ponte de Campina Grande
Se acham que são grandes demais
Só porque são da família
De seu Salustiano.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de setembro de 1988
1558. PEGA ELE NA ESQUINA DE CASA
Pega ele
Pega ele
Pega ele
Lá na esquina de casa
O bicho é mal
O bicho é mal
O bicho é mal
Pega ele para tirar o couro
Deixa o couro dele azul
Deixa o couro dele azul
Deixa o couro dele azul
Daí uma surra no bicho
Mostra o que é ser bom
Esfrega o couro dele na parede
Deixa o povo passar
Se perguntarem cadê o couro dele
Fala que o couro dele
Virou melodia de um triste música
O couro está cantando:
Graça a Deus que o bicho morreu!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1986
1559. ESCRAVOS DO MUNDO
Escravos do mundo
Do mundo cruel
Escravos do mundo
Provaram azeite e mel.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1986
1560. POEMA MODIFICADO
Eu tenho um poema de sentimentos
Ele está feliz porque foi modificado
Meu poema de tantos lamentos
Feliz estou por ter me atrapalhado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de outubro de 1984
1561. TIA, TIA
Dedicado para Josefa Carvalho (A Tia da Minha Mãe, Casada Com Meu Tio Paterno)
A irmã da vó materna
Tia da mãe, tia minha
Sonho de menino, uma vida eterna
Ela é conhecida como Zefinha...
Ela é mulher forte
Criou filhos e filhas
Lutou, é mulher de sorte
Para vê-la, cruzamos as trilhas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1997
1562. SAUDADE QUE MEU PEITO BATE
Tenho tanta saudade guardada
Que meu peito se estremece
Tanta saudade marcada
Em mim esperar aborrece
Aborrece meus nervos de Ser Humano
Minha pele de homem nordestino
A saudade é tão profunda no plano
De ser feliz e voltar a ser menino
Um menino que joga de bola de gude
Um menino que antecede o acontecimento
Um menino que cria tanto grude
Um menino tão vivo em seu momento
Este momento que o poeta fala
É saudade que em meu peito bate
É saudade que às vezes me cala
Este momento aos poucos me abate.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de março de 2002
1163. OS PERCALÇOS DO TEMPO
Dedicado para Clemildes Carvalho de Lima (Meu Grande Primo)
Os tempos de hoje em dia, menino
São tempos de agonia, menino
Não queira sair na rua
A rua está em perigo
O melhor que vocês faz, meu amigo
É ir para casa, menino, fazer teu sonho feliz.
Bento Carvalho de Lima Filho
João Pessoa-PB, 19 de abril de 1990
1564. LIBERDADE MEU AMOR, LIBERDADE
Eu não pedi liberdade para você?
Sim. Você me deu?
Não me deu... Hoje estou livre...
Liberdade meu amor, é assim que o mundo diz
Não queira duvidar dos meus planos
Liberdade, é assim que seríamos felizes...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de maio de 1985
1565. UM JOGO PARA A HISTÓRIA
Botafogo e Figueirense
Maracanã lotado
Três a Um para o Botafogo
Não deu
Lá ele perdeu de Dois a Zero
Foi roubado em dois lances
Impedimento de Ana Paula
O Botafogo não toma jeito
Escapou mais uma vez
Copa do Brasil só para o ano
Agora é Campeonato Brasileiro
Adeus Campeonato Carioca
Adeus Copa do Brasil
Espero que não dê adeus
Ao Campeonato Brasileiro
Eu Te Amo Glorioso!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de maio de 2007
1566. DEPENDE DE VOCÊ
Depende de você
De você depende o amor
O amor depende de tudo
De tudo depende a dor
A dor de quem ama
Quem ama sente dor
Quanto mais dependo de você
Mais dores colho em mim...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1982
1567. DEUS, DEUS MEU
Se Deus fosse meu
Eu mandava Deus sorrir
Desde menino lá em casa
Deus é só tristeza
Deus é ilusão
Deus pra mim é bondade
Deus pra mim é saudade
Quanto mais se tem Deus
Mais falta Deus no coração da gente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983
1568. DÁDIVA DE SER FELIZ
Eu conheço um cara mal encarado
Que anda de bus a abusar
Não veste camisa, vive a zombar
É uma dádiva vê-lo feliz
Increncando com a vida de todos
E todos sorrindo ainda dizem
Deixem o cara sonhar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de novembro de 1983
1569. PERDA DA MENINICE
Dedicado para o Filho de Cínara (in memorian)
Meu filho querido, semblante de paz
Angustiou minha vida, sorriu para mim
Meu filho querido, semblante jasmim
Angustiou minha vida, tanto falta meu filho me faz...
É uma saudade de mãe, um pedaço de chão
Foi-se embora meu filho, ficou a deserta estrada
Um filho mais do que a ilusão cantada
É mãe que chora nos cantos, saudade de coração...
Meu filho é encanto de quem está sorrindo
É menino bonito, correndo e me iludindo
Chora mãe de um filho, soluça tuas dores...
Uma mãe quando perde, abre o peito de solidão
Quanto mais forte for a emoção
Mais sofrível é uma mãe chorar seus amores...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de abril de 2007
1570. TROCA DE PALAVRAS
Trocaram as palavras da fala
O homem é errôneo e se cala
Trocaram as palavras do mala
O homem assiste tv na sala
Trocaram as palavras do cara
O homem não sabe da tara
Trocaram as palavras de Odara
O homem quando mente não encara
Trocaram as palavras da Saara
O homem sofreu porque alugara
Trocaram as palavras de Nara
O homem morre e já matara
Trocaram as palavras da fala.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de abril de 1985
1571. PASSEIO DE BURRO
Dedicado para Seu Naldinho (Jacaré – Cabedelo-PB)
Lá vai seu Naldinho, montado no burro
Levando criança, num vai e vem da escola
Naldinho é trabalhador, não gosta de preguiça
Enfrenta o batente, ninguém lhe amola.
Naldinho leva criança, sua carroça enfeitada
É monumento turístico em toda Jacaré
A criançada gosta, Naldinho impõe respeito
Viva o burro pela cidade dando olé...
Um passeio de burro por toda Jacaré
É sinal de prestígio para seu Naldinho
Naldinho quer apoio, puxar o seu carrinho
Sete Reais para Naldinho está tudo filé.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de maio de 2007
1572. A LAGOA INUNDADA
Dedicado para Lagoa do Parque Solon de Lucena – A Tragédia das comemorações
Parque Solon de Lucena
A Lagoa do Centro da Cidade
Lugar que me lembra uma cena
A virada do barco em solenidade
A solenidade do Exército Brasileiro
Muita gente em cima, não agüentou
Uma festa que durava o dia inteiro
O povo gritava: o barco virou!
Foi grande a tristeza
Todo mundo chorando
A Lagoa com sua beleza
Sofria com o povo se lamentando
Um lamento de perder alguém
Nas suas águas que transbordavam
Muitos conseguiram ir muito mais além
Saíram da Lagoa, lágrimas rolavam
Famílias inteiras pereceram
Filhos suas mães buscavam
Mães seus filhos não perceberam
A Lagoa era só tragédia naqueles que procuravam...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de maio de 1979
1573. O PARQUE SOLON DE LUCENA
O Parque Solon de Lucena é o mesmo que Lagoa
Lá passa gente e carrro
De noite é aquele sarro
Como tem mulher pra lá de boa
As garças em suas águas
Recebem os despejos do homem
O homem não cuida da Lagoa
E neste descuido muitos comem
Comem o peixe pescado
Nas águas desta Lagoa
O Parque é um cartão com recado
Um recado que vai de vento em proa
Na proa do navio da cidade
Um cantar para mocidade
Se a Lagoa fosse bem cuidada
Não havia lugar para tanta caminhada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1983
1574. OS OSSINHOS DA MINHA INFÂNCIA
As meninas eram meninas
Brincavam de meninas
Os meninos eram meninos
Brincavam de amar meninas
Jogar de ossinho era menina
Menino não jogava não
Se o menino jogava
Deixava o ossinho de lado
Avistava duas setas pontudas
Nas camisetas das meninas
De tanto jogar ossinho
As paixões surgiram
O jogo quase esquecido
As meninas sem nada saber
Chamavam os meninos
Para com elas jogarem
Meninos sorriam com meninas
Pais de nada sabiam
A infância dos meninos
A infância das meninas...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de dezembro de 1980
1575. PRAIA DE TAMBAÚ
SEUS lindos coqueirais
SUAS águas claras e belas
SEUS barcos de velas
UM dos melhores cartões postais.
TAMBAÚ praia bonita
CÉU azul, gaivotas no céu
UMA pinga misturada com mel
UM banho de mar Deus nos permita
TOMAR na Praia de Tambaú
SER feliz é tudo que se ver
HOMEM passeia e quer saber
CIDADE bela, voz de uirapuru.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de outubro de 1982
1576. NÓS E A PRAIA QUASE QUE BELA
Estamos na Capitão
Para Praia Bela lá vamos nós
Fabrício na direção
Paulo lê jornal a sós
A van estava lotada
Todo mundo se espremendo
Rejane queria uma gelada
E Norma de gole em gole ia bebendo
Júlia Rebeca e Patrícia foram também
Miraldo sorrindo ia na frente
Mônica e os filhos do bem
Como sempre iam contentes
Maurício queria ser surfista
E Zoé o filho acalentava
Praia Bela dava quase na vista
Maíze viajou calada
Mateus na van estava no canto
Era gente por demais apertada
Daniel de surfista foi um espanto
Jogamos bola e deu empate
Gol de Petryn no final
Letícia comeu cebola e tomate
Catarina diz que tudo é normal
A bebida não deu
Jacumã nos esperava
A comida de Maristela todo mundo comeu
Carolina toda vermelha ficava
A volta em Mangabeira
Quase que houve um acidente
Camila comia um monte de besteira
E em casa chegamos assim de repente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 2004.
1577. UM SONHO QUE ACALMA A SAUDADE
Dedicada para Chiara Almeida (Filha de Laudicéia)
Uma criança sonha um sonho
E neste sonho de criança
Cada passagem é lúdica
A lúdica da esperança
A esperança é como se fosse
Um sonho de vida e plenitude
Assim é o amor do pai e da mãe
Que na voz mostra o fazer da atitude
A atitude dele e dela
Vai buscar no âmago da alma
O nome da sonhada menina
Que o coração feliz se acalma
Acalma o sonho de outrora
Que no hoje se faz verdade
Chiara ri, Chiara chora
É sonho que nos dá saudade
A saudade pairou em nós
E tudo é sim, nada de acho
Somos vida, não estamos a sós
Uma fêmea no meio de dois machos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de setembro de 2004
1578. A SECA
A seca foi grande
Mataram todos os homens
Crime horrível
Sangue pelo chão
Deu pena de se vê
Todos estendidos na terra
Furos de balas no coração
A seca foi grande
Corpos caídos no chão
Morreram todas as plantas
Acabou-se a Nação!
Bento Júnior
Cabedelo-PB, 25 de agosto de 1985
1579. BARZINHO
Todos se amam
Todos se odeiam
Uns contra todos ficam
Todos contra um ficam
É um grupo
É um acordo
É uma discórdia
É um circo
Sem pano pela vida
Montando sua tropa
Num barzinho próximo
Um gole na água
Um café pequeno
Uma água de coco
Um sentar e refletir
É um circo
Feito de talento nato
É nossa fase de teatro.
1580. GOTA CIENTÍFICA
Que sonham e são raízes
Da planta que cresce e forma cicatrizes
Meu mundo só entra os felizes...
A ciência da gota na boca de todos
Mostrou a lâmina que corta
O silêncio do saber
Todos que buscavam a resposta
Ficaram nas perguntas diárias
E saíram a caminhar sem nada entender
Pois a gota bebida era um presente
Dado ao mundo com toda certeza
Sorriam os discentes
Aprenderam o código da vida!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983
1581. CORAÇÃO BATEDOR
Coração que bate
Coração que arrebenta
Coração não me mate
Tenta coração, tenta!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983
1582. FAMÍLIA REUNIDA
Que bom ter a família toda reunida
Sentada e almoçando, e eu aqui na cama
Dormindo e funicando...
Esperando o tempo passar
Esperando a hora chegar
Acordar e novamente recomeçar
O funicado que nunca vai terminar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de maio de 2003
1583. SER ESTUDANTE
Ser estudante
É plantar a semente
Da esperança
No coração
De uma criança.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1584. PAIXÃO DE HOMEM
Quando o homem buscando o entendimento
pelos caminhos das incertezas, peca e muito
ele canta suas mágoas e num hino triste
vai perambulando pelas ruas do nada
pedindo, implorando a quem de fato não é nada...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1585. ANTAGONISMO DO EU
Não tenho opções, sou triste
E por mais opção que eu tenha
Não resisto, sou triste
E por todos os momentos
Que eu tente, sou fraco
Por mais que meu corpo peça
Fico impaciente, sou trapo
Em todos os momentos
Que eu já tentei, perdi
E quanto mais assumo
A culpa, não tenho respostas
Sou frágil, uma peça imóvel
Do tamanho do mundo
Igual a problemas para se resolver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1586. ETERNAMENTE PAI
Um pai carrega o filho no corpo
Que cansado cambaleia, mas é pai.
Por mais que se tente coibir a lei do pai
Não tem como, o pai resiste.
Por todos os momentos o pai caminha
E sem saber por onde trilhar seus passos
Não importa, seu filho está feliz
E mesmo cansado o pai, sorri
É que esses momentos poucos hão de existir.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1587. NADA EM TROCA – O REVERSO
DA MOEDA PARCA
Saí como a querer implorar o mundo
E quando voltei o mundo era outro,
Todos eram loucos, e como loucos
Fiquei no meio dos lúcidos do mundo.
Nada em troca, o silêncio era tudo
E mesmo que se agitasse o tempo
Pouco importava, perdi os sonhos
E sem nada na bagagem cantei
Com a voz rouca de sonos passados
Fiquei, e como a querer partir, encarnei.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1588. ASSUNTO INFORMAL DE ÚLTIMA ORDEM
Puxe a cadeira e se sente
E quando vontade tiver de sair, fique
É que estes momentos de espera, passam
E quando passam deixam toda informalidade.
Puxe a cadeira e ofereça ao velho
O velho que tanto labutou por este momento,
Mesmo que este momento seja apenas um
Tudo fica, o tempo passa, e quando tudo se vai
O assunto é velhice, tão velha a palavra
E de tão decantada e falada, foi dada a ordem
Não haverá mais assunto no templo de meu pai.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1589. HOJE AQUI VIVE APENAS UM
Antes todos moravam
No teto de poucas águas,
Agora, já que todos são fartos
Apenas mora um, este que ficou
Escanteou a riqueza, mora sozinho
E cada vez que tem razão
Chora suas mágoas, o homem triste
Por ter sido antes triste, está só
Mora só, sonha só e gosta de ficar só
Apenas se chama um, e sendo um
Não quer somar mais um.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1590. SAIO DA CAMA PARA GANHAR POESIA
Ao sair da cama, rolado aos lençóis busquei
As alternativas da noite e nada encontrei
Por mais que a noite fosse longa e cansativa, gostei
Sentei na tela da tv e cochilei.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1591. JOÃO, NOME DE ALEGRIA
Há muitos homens melancólicos
Que se curvam perante o tempo.
João não é um desses,
Vai à luta e sonha como criança.
Meu velho, és uma parte
Do aprender silencioso.
João, nome de santo, e
Como santo, João tem
Vários admiradores...
Sou um desses homens
Que admira esse artista.
João, o tempo passa e nós
Ficamos a fazer arte.
De tanto João viver arte
Em forma de arte
Poeticamente falando,
Vos digo:
De todas as cenas
João desenha o mundo,
E sendo o mundo pintado
Pelas mãos do desenhista
Não há motivo
para ser melancólico!
João é só alegria...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1592. ELA TOCA
Ouço. De longe, bem distante
O som se estabelece. É saudade
Que explode no peito e pede
Passagem para o silêncio ficar.
Ficou além do silêncio um gosto
Soberbo de pesar. Pensando viajei
No tempo, e com o tempo
Ao meu dispor, pus os meus
Olhos no hoje: impossível voltar
A tocar ela.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1593. ABRIL DE LUA
No mês de abril
Ao cair da chuva
Quando a lua aparece
Quando a lama amolece
Penso no meu avô
Penso na minha avó
Por que tanto pensar?
É que, quando pequeno
Uma cena ficou em mim
Tão forte, que todos os
Abris são de lua, e
Da porta, dividida em duas,
Ali estava eu olhando
A lua, tão menino,
Tão desconhecedor da astronomia,
Pois não é que minha avó
Assim falou “ Os poetas ficam mais
inspirados, em dia de lua cheia,
especialmente quando se
trata do mês de abril.”
Falou e nada explicou, meu avô
deu um ar de riso rápido
Como a querer afirmar, mas nada
acrescentou.
Até hoje busco encontrar outra lua
e não acho... meu avô
E minha avó hoje moram dentro dela.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1594. APOIO TEATRAL
Na arte o sonho se transforma
E como sonho o artista se aprimora
O maestro rege a sua orquestra
O ator desempenha o seu papel
O bailarino dança bem sua música
O pintor pinta de vários ângulos
O quadro da vida e da morte
E assim nesse caminho artístico
O encontro com o teatro se contempla
O grupo não quer apenas exercícios
Quer ler dramaturgos e apreciar
Espetáculos de arte por toda parte
Possibilitar aos novos espectadores
Vislumbrar em cima de uma produção
Produzida por atores-alunos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 1984
1595. NUNCA ESQUEÇA O AMOR
Agora neste momento
Estou pensando
No amor que tenho
Para doar ao mundo
Ao mundo que me dar
Você de volta ao meu ser.
Amo o amor
Que carrega em você
A vontade de ser feliz...
Sei que é impossível
Mas mesmo assim
Amo demais esse amor
Mesmo que triste eu sofra
Amo esse amor
Não me importa se amo
O que me importa
É ser feliz no mundo
E ver teus olhos
Olhando nos meus
E eu sonhando vou dizendo
Como é bom amar você...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1596. LIXÃO
O lixão é o lugar
onde só tem o
que não presta
mas também
é um pouco
para fazer
uma canção
não daquelas
que falam de ilusão
e invasão, e sim,
que fale de amor
e de calção
que veste meu tio
que só vive na escuridão
pois ele já sabe
o que é o perdão
porém não sabe o que
é trovão
o que ele pode lhe dizer
é que aprendeu a lição.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1597. ESCOLA DE SAMBA
A Escola de Samba
Passou e trouxe alegria
Minha amizade aumentou
No compasso da bateria.
Minha tristeza se foi
Emocionadamente fiquei
O samba daquela Escola
Foi lindo, bacana, gostei.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1598. FOLIA
Folia é diversão
Poesia é coração
Quem quer carnaval brincar
Não se esconda, venha pular.
Carnaval é coisa séria
Se chegue, deixe de miséria
Curta bem essa vida
Pule e fique de perna doída.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1599. PESCADOR
Pescador, pescador
Nestes mares que tu andas
Me contas o que passas
Nessas ondas que levantas?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1600. CEDO DO DIA
Cedo do dia
Uma menina
Um segredo
Me contou
Ela tinha medo
E sem muito enredo
Assim feito um torpedo
Junto de mim
Se sentou
Seus segredos
Cedo
Desvendou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1601. AMARGURAS
Estou triste
Amargurado
Vazia
Sem teu amor
Lamento
Os momentos
E não sei
O que fazer
Minha vida
Está faltando
Seu carinho
E esta é uma
Realidade
E vivo com você
Um sonho
Tenho saudade
De você quando
Me afogo na
Solidão e peço
Que volte logo
Para preencher
O meu coração
Que quer se libertar
Mas continua
Se apaixonando
Cada vez mais
Por você...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1602. ENCONTRO
Com um olhar
Te encontrei
Logo me apaixonei
Ela nem se tocou
Seu corpo
Apreciei e gostei
Era um Ser iluminado
Um amor platônico
Serenidade da lua
Que nos convida
Ao descanso...
Olhei!
Me senti seguro
Você se foi
Doeu em mim
Mas mesmo assim
Tudo passou
Outra está comigo
Feliz é o que hoje
Sou...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1603. LA ÚLTIMA POUESIA
Esta é la última pouesia
Que te faço para tu
Só me resta saber o motivo
Que te levou a perceber
Que entre nós já na havia
Razão para viver
E assim la última pouesia
É feita só de amor
Para ti lembrar em todo lugar
Quando você se encontrar
Tenha o perdão pra gente voltar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983
1604. DECIDIDO PELA MULHER
Sou louco por ela
Não sei viver sem ela
Amo tudo que sai dela
Sou apaixonado pela donzela.
Sou louco e nem sei o porquê
Amo seus atos de todo viver
A mulher só veio o bem me fazer
Sou louco e a chamo do meu bem querer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1983
1605. TRÊS DIAS
Ontem
Hoje
Amanhã
Quem sabe
A noite
A tarde
Ou mesmo
Manhã
Talvez este ano
O ano que vem
Ou qualquer
Outro dia
O importante
É ter você
Seja em que
Tempo for.
Bento Júnior e Kennedy Costa
João Pessoa-PB, 11 de dezembro de 1985
1606. A SEMENTE DA FLOR DE CHUVA CAÍDA
A mão lançou a semente na Terra...
O sol na sua plenitude resolveu colher
Abençoando a todos, fazendo cair a chuva...
O botão regou a terra... caiu água do céu.
O Homem
Sente a necessidade de comer
Comeu a semente da terra.
A flor se abriu
Brotou lindas pétalas
Dourando a Terra.
Aquecendo o coração.
Com as mãos cheias de flores
O homem assumiu a terra
Regou o chão com suas mãos
Colheu o fruto da semente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2003
1607. PONTA DO SEIXAS
Na Ponta do Seixas
No Ponto Oriental das Américas
João Pessoa se Encontra
E na ponta dos dias
O Seixas É Ocidental
O Farol da Ponta
As Luzes que brilham
A Ponta do Seixas
João Pessoa agradece
A Ponta do Seixas
O Cabo Branco e a Praia
O Ponto Oriental
É Preservação do Meio Ambiente
Nosso povo merece.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 De Junho De 2006
1608. BASÍLICA DAS NEVES
A Igreja das Multidões
As multidões da Paraíba
Fazem fila na frente
Tanta gente
É Igreja, nossa Catedral
A Basílica das Neves
Nossa Senhora a guarde
Nossa homenagem
À Santa que foi Filipéia
Que foi Frederica
Que foi Paraíba do Norte
Hoje João Pessoa
Nossa Senhora das Neves
A Padroeira de nossa cidade
A Padroeira de nosso Estado
Nossa Senhora das Neves
Nossa Senhora das Neves
Padroeira de quem paga pecado.
Bento Júnior
Pilões-PB, 25 de Junho De 1988
1609. LAGOA DAS GARÇAS
No Parque Solon de Lucena, João Pessoa
A Lagoa no Centro, carros passam
As águas da Lagoa burbulham
Os transeuntes em congestionamento
Passam na Lagoa e por um momento
Seus olhos brilham.
É a Luz ofuscada do poder
Que emana do Ser o olfato
É a Lagoa da nossa infância
Dos sonhos e viradas
Do Exército em Comemoração
Da Mãe que chora o Filho
Perecido nas águas em compulsão.
A Lagoa do Parque que todos passam
Que todos olham, cantam e inspiram-se
A Lagoa de tantas histórias
De tantas vidas que sucumbiram
É a Lagoa de nossa cidade
De nossa eterna mocidade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de Junho De 2006.
1610. O FAROL DO CABO BRANCO
No Alto o brilho das luzes
brilha nos olhos do farol
é Farol do Cabo Branco
é Cabo Branco na ponta
na Ponta do Seixas que encanta
o Farol do Cabo Branco
liga de noite, desliga ao dia
é farol da nossa cidade
é farol que brilha ao longe
ponto oriental das américas
o Farol do Cabo Branco
na ponta aponta o navio
a embarcação do Brasil
cruza o oceano, entra na Paraíba
chega em João Pessoa
avista o farol de baixo, de cima
de cima, ao lado, de riba.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de Junho De 2006
1611. PRAÇA DA INDEPENDÊNCIA
Na Praça cantam os pardais
na tarde sombria
é lá que mora a história
da independência e o grito
tão alto que o ipiranga não ouviu.
As árvores que lá estão
representam as armas de uma guerra
a guerra de nossa separação
cantam os pardais e bem-te-vis
e a praça não sai de onde está.
Independência ou Morte?
assim gritou Dom Pedro I
na bravura de um riacho
hoje coberto por edifícios
é difícil vir nesta praça
sem antes recordar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de Junho De 2006
1612. HOTEL TAMBAÚ
Longe, muito longe da cena
e das luzes teatrais
longe da multidão periférica
é um monumento com sua estética
pronto na amplitude dos normais
hotel banhado das águas
das águas claras da praia
da praia que leva seu nome
não lhe toque pelo telefone
é Tambaú dos coqueirais
o hotel de tantos hóspedes
de tantas glórias e fatos
festas e artefatos
o Tambaú que é parte
das calçadas dos visitantes.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de junho de 2006.
1613. A VIDA É UM BABAU
Dedicada para Joaquim do Babau (Grande Bonequeiro – In Memorian)
Neste sonho de andar pela vida
A vida nos encontra
Descalço e sem arma
E um boneco é o que nos resta
A vida é ela que nos desarma
O jovem bonequeiro se foi
Levando da vida a semente plantada
Um filho que de hoje em diante
Vai ser Joaquim para viver de babau.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de abril de 2002
1614. ALTO E BRANCO
Dedicado para Durmerval Gólzio (Meu Amigo)
Firme e falante
Político e sério
Luta contra este império
Ele é importante
Em dizer a verdade
Ser fiel e competente
Por demais inteligente
Um político na sociedade
Alto e branco, partidário
Um grande personalidade
Eis aí a sua grande qualidade
Ele também é solidário
Com a Educação Física, seu forte
Os planos, os projetos, a ideologia
Existe força nele, em cada teoria
A busca, os sonhos, a família, até à morte.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de novembro de 2005
1615. NOSSA CASA
Dedicado para nós todos
casa
de casa
quem casa
lá vem casa
tem que ser casa grande
não tem senzala
é casa que cabe todos
com quintal bem grande
com pé de coco
com pé de caju
é casa que nos faz bem
tão sombra
tão livre
meninas brincam
meninas brigam
dentro de casa
fora de casa
e tome casa
por toda casa
ela anda toda casa
e procura por elas
ele fora da casa
traz algo para dentro de casa
é casa que não se acaba.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de setembro de 2004
1616. TRÊS PRIMAVERAS
Dedicada para Camila Dias de Carvalho (Minha Filha)
No corre, corre da vida
Houve uma parada com altivez
Os parabéns são para Camila
Completou ano, em número de três.
Ela dar gargalhada
E estuda contente
Camila gosta de palhaçada
No corre, corre na vida da gente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de outubro de 2002
1617. TRÊS MULHERES FILHAS
Dedicado para Carolina, Camila e Catarina (Minhas Filhas)
Três mulheres Deus me deu
guardo bem no coração
quem quiser me conhecer
não faça cerimônia
pois uma tal de cegonha
quis logo me oferecer
três mulheres da mulesta
moram comigo e a mãe
e a confusão das quatro
às vezes vira uma festa.
Três mulheres Deus me deu
sinto muito grato a Ele
sou reprodutor da espécie
a mãe dela me oferece
o prato bem feminino
todo mundo me pergunta
quando vem um menino
respondo de perna junta
essa igreja não tem sino
dessa mata coelho não sai.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de dezembro de 2002
1618. CANA
A cana
que ela pegou
pediu bis
ela gostou
a cana que ela pegou
não quis
ele abusou
quando a cana caiana
pedaço de chão
brotou de terra
meu coração
a cana pediu um tempo
e no momento do tempo
ela pediu bis
cana – cana – cana
cana – bis – cana – bis.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de agosto de 2005
1619. REDE E LUA
Era noite
e por ser noite
a lua surgia
por trás do coqueiro
por trás do cajueiro
refletindo no candeeiro
Era lua
e por ser lua
a noite surgia
e quando surgia
ela dormia
seu sono era sonho
Era sonho
e por ser sonho
o vento soprava
os cabelos dela
o rosto dela
a luz do candeeiro
era pouca
diante do monte
de luz da lua
O quintal na claridade
recebia a lua
seu brilho pairava no ar
o cajueiro se acalmava
o coqueiro se agitava
e quando ela dormia
ela junto sentava
Olhando a lua
linda como a filha
linda como a noite
o clima era de fala
e quando a fala se acaba
ela dorme seu sono
O lobo seu grito se ouvia
a coruja seu piar não era de tristeza
era de alegria que enchia o ambiente
na noite ventosa
na noite de lua
na noite de espera
os dois pensavam
os dois refletiam
falavam da vida
falavam do tempo
e quando o tempo se foi
o céu brincou com a lua
o céu brincou com a gente
o céu era o dono da lua
a lua nas nuvens se escondia
uma rede parada esperava
a música da baiana a tocar
Ele foi e voltou
e quando voltou
o sono dela era tanto
que enchia uma rede
que enchia uma lua
que enchia um coqueiro
que enchia um cajueiro
que enchia um quintal
enquanto ela dormia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de novembro de 2005
1620. INTERVENTOR
Estava no verbo estar
é passagem de vida
intervindo no verbo ser
é continuidade de despedida
Estava interventor
é conta pouca ao receber
ao cargo entregar
é conta muita a oferecer
Estava no cargo
é algo de responsabilidade
doar-se ao extremo
requer pura sinceridade
Estava querendo mudar
mas como mudar cada cabeça?
Nós somos o que somos
uma segunda é diferente de uma terça
Estava exercitando
o poder na sua plenitude
colhendo a flor de cada planta
plantando o ato de uma atitude.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de novembro de 2005
1621. OITO ANOS
Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)
Ah, que saudade
que tens
daqueles cabelos
compridos
daquele carrinho de mão
nos seus oito anos de amor.
Ah, que saudade me dá
olhar esta foto e ver
seus olhos brilhando
nos seus oito anos de amor.
Ah, que saudade nos dá
rever teu corpo em nós
caminhar e cantar o amor
são oito anos, minha filha.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de julho de 2005
1622. PEQUENA MENINA BRANCA
Dedicado para Camila Dias de Carvalho (Minha Filha)
Agora
nesta hora
a menina tão branca
de pele arruaçada
e boca a mil
sonha com um presente
que foi de três
nos cinco anos
um beijo e um abraço
saúde na bicicleta
na rua a pedalar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de outubro de 2005
1623. FEVEREIRO NO FREVO
Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)
Catarina é
um amor de mulher
Catarina é
um amor de gente
Catarina é
um amor de pessoa
Catarina é
a mulher da gente
Catarina é
a pessoa da gente
Catarina é
alegria da gente
Catarina tem
um sorriso estampado
na cara da gente
na cara da pessoa
na cara de mulher
Catarina é
simplesmente uma menina
Catarina tem
dois anos de amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de fevereiro de 2005
1624. TEUS MUDARES SÃO LUAS
QUE BRILHAM NOS CABELOS MINGUANTES DO TEMPO
Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)
Teus cabelos
tuas certezas
teus apelos
é bom tê-la
em mim, dentro de nós
enfim, a sós
sozinho no mundo
achado no tempo
quando o sonho apaga
o rosto se afaga
é vida que se tem
é filha que entra
é filha que dorme
é filha que quer seio
ela muda de face
mas face ao sim
é sempre não
no olhar que muda
no verde mar da vida
no azul céu da vida
é lua minguante, menina
é branca na cor da verdade
de ser um apenas um
ou dois no meio
para então ser três
no fim de toda espera.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de julho de 2005
1625. MODERNOS PENSAMENTOS
tenho uma filha no cio
não crio pecados
antes fui filho
no cio dos contaminados
tenho um filho na letra
não crio leitores
antes fui palavra
nos livros dos dissabores
tenho um pai na queda
não crio momentos
antes fui do vício
nas bebidas e nos sofrimentos
tenho uma mãe na doença
não crio a cura
antes fui melancólico
nos encalços de cada loucura
tenho um avô na morte
não crio ressurreição
antes morri de fome
nas calçadas feitas de aflição
tenho uma mulher na vida
não crio sentimentos
antes fui esperto
tenho apenas excrementos
tenho uma avó distante
não crio rancores
antes fui à luta
tenho na cabeça somente dores
tenho um lugar de sombra
não crio exóticos campos
antes fui um só no rio
tenho meu corpo inerte nos barrancos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de fevereiro de 2004
1626. AS CRATERAS DE LÁ
SEMPRE passando por lá
os homens que ali habitam
sabem contar histórias
e de cada história contada
nos fica na consciência
de como a ciência é divina
antagonizando o ser
na sua plenitude de ter
SEMPRE passando por lá
os homens falando de
suas mulheres na luta
encontram o que comer
e quando comem vomitam
o vômito da desilusão humana.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de maio de 2000
1627. QUARENTA E QUATRO
Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)
Tanto tempo se passou
tanta onda já rolou
você recuada
você calada
você explosiva
tanto tempo se passou
Tanta história já rolou
tanto tempo restou
você chorando
você gritando
você implorando
tanta história se fechou
Tanta paz já ficou
tanto pedido se deixou
você racional
você normal
você rebelde
tanta história você tem para contar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 2005
1628. NOS ATOS DE CADA ESPERA
o sonho que não foi sonho
em sonho se sonha fértil
o fértil que do sonho se sonha
não é fertilidade sonhada
sonhada é esta planta tragada
na boca enroscada
com gosto de santo
no sonho cheio de coisa marcada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de outubro de 2004
1629. DORMINDO NO ÔNIBUS
Passamos muito tempo dormindo
Às vezes bem muito mais do que se devia,
Sonhamos e acordamos em tempo,
Era assim que meu coração me dizia.
Dormindo e passando o tempo
No trabalho; na casa; na espera,
Estas imposições do sono
De uma vida um tanto quase que sincera.
No ônibus de cada volta,
No ônibus de cada ida,
Nas dormidas que aliviam a mente
Vejo perdidos – todos por uma perdida.
Já dormi em ônibus de linha,
Já dormi em ônibus intermunicipais,
Passei do ponto de parada,
Dormi em ônibus interestaduais.
O sono é bem mais sono
Em ônibus no cotidiano,
Esquecer o mundo lá fora
É afagar neste ônibus os meus desenganos.
Bento Júnior
João Pesssoa-PB, 28 de setembro de 2005.
1630. PERGUNTAS
Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)
A garganta tinha tanto
para ter perguntar
que melhor será calar
e quando a garganta vontade sentir
deixa a pergunta fluir.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de setembro de 2005
1631. FEVEREIRO DE CARNAVAL
fevereiro mês de carnaval
mês do pó
mês do talco
mês da água
mês do ovo
tudo de novo
fevereiro
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 2005
1632. TEUS CABELOS
Dedicado para Norma Sueli (Minha Filha)
Teus cabelos
compridos e pequenos
são atos não ditos
e repito que grandes
eles são
no pequeno falar
que tanto te espera.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de março de 2003
1633. PELOS CANTOS
Pelos cantos
Pelo cantar
Pelos santos
Pelo falar
Pelos atos
Pelo amar
Pelos bantos
Pelo chorar
Pelos campos
Pelo banhar
Pelos trampos
Pelo caminhar
Pelos cantos
Pelo terminar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de fevereiro de 2000
1634. AS SAUDADES DE MÃE
Dedicado para Vitória Carvalho (Minha Mãe)
Mãe quanto vale um ouro
de tanto tesouro
que perdi no tempo
quando um besouro
desses que gritam no ouvido
nos deixa em choro
e quando em ato atrevido
somos um tanto maluvido
e deixe de agouro
que teu tesouro
tá guardado em ouro
e eu duvido
se meu choro
for retido
porque meu tesouro
mãe
dentro está você.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de maio de 2005
1635. QUE HOMEM DIFÍCIL
Dedicado para Bento Carvalho (Meu Pai)
Homem difícil
que bota dificuldade em tudo
que bota disprazer
quando o prazer
é acabar com a dificuldade.
Homem difícil da bexiga
é este meu pai
de casa não sai
e quando sai
saudade tem
é homem diferente.
Homem difícil
não vai na casa de filho
toma café que é uma beleza
mas com certeza
este velho de casa vai sair.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de setembro de 2003
1636. O PIRATA
Dedicado para Catarina Dias de Carvalho
o pirata chegou
o olho se fechou
o tampão já colocou
ela nem reclamou
pense, ela gostou
o olho só ficou
ela tudo enxergou
sua face rindo corou
não era preciso e nem precisou
chorar, ela nunca chorou
e quando chorou
o tampão do olho se evaporou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de outubro de 2005
1637. DENTRO DO ÔNIBUS
Não sei o que acontece
comigo quando entro num ônibus
fecho os olhos e acompanho
o movimentar dos passos
sei todas as paradas
sei onde vou ficar
mas acontece que eu
não me acostumo acordar
gosto de um sono pegar
é descanso que tenho
dentro deste ônibus.
Bento Júnior
João Pesssoa-PB, 20 de maio de 2005
1638. UMA REFLEXÃO EM TORNO DE NÓS DOIS
Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)
Diante de todos os fatos
De todos os argumentos
Diante de tudo e dos assuntos em pauta
Chego em casa e encontro
Sobre papéis escritos de coração
De um alguém que carrega consigo uma vida
E esta vida é nossa
E nesse momento entramos em discórdia
Por palavras que feriram, e eu sei...
A inveja que trafega no momento
Nada mais é do que a vontade de se sentir livre
E eu pergunto: Não querias se casar comigo?
Não querias ser mãe? Não querias viver comigo?
Por que não aceitas que também é ciúme?
Tenho meus ciúmes complicados, mal resolvidos...
Não estamos juntos por causa dos filhos
E sim, carregamos em nós pelo não entendimento
Um do outro – e assim vamos deixando
Certos contratempos nos perseguir...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de agosto de 2002
1639. LINDAS E MARAVILHOSAS
Dedicado para Carolina e Camila (Minhas Filhas)
Somos em cada macho que nos habita
Uma fêmea solta no barulho da casa,
Porque o espaço é pequeno
E toda criança sente-se grande...
As filhas andam e cantam
E nós causamos discórdias por elas
Serem o que às vezes não fomos...
Que as filhas da gente sejam gente
Como pensamos ser,
Nesta ilusão de vida, que a vida delas
Brotem da esperança o amor...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de junho de 2002
1640. O HOMEM É UMA CRIANÇA EM CANÇÃO
Quando o homem
Se encontra só
Ele se imagina
Na solidão...
Um mar sem água
Desaguando num
Riacho de ingratidão.
É assim que é o Homem
Um Ser só, unicamente
Solitário vivendo
No mundo da imaginação.
Um Ser inocente
Como uma canção,
Simples como o olhar
De uma criança.
Bento Júnior e Allexsandra Bezerra
João Pessoa-PB, 23 de março de 2000
1641. O AMOR E O VAGABUNDO
Me chama amor
Que eu vou
Corre aos meus braços
Morre junto dos meus fracassos
Onde se encontra a dor?
Logo ali, na casa do ator
Sonho com os sóis
Acabaram os girassóis
Quando Deus fez o mundo
Ensinou nada ao vagabundo
Este achava que era esperto
Quis o amor que não era certo
Me chama amor
Que eu vou
Corre aos meus braços
Morre junto dos meus fracassos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de novembro de 2005
1642. LECA MENINA, MENINA LECA
Dedicado para Letícia Medeiros (no dia do seu aniversário)
A lua brilha
seus olhos espreitam
o silêncio é espera
na fera que ela é...
Um escorpião
de signo marcado
vence o fogo dos anos
e faz planos
na menina que ela é...
Quando apagar todas as luzes
e uma luz íntima brilhar
batemos palmas e cantemos
o amor que Leca é.
Bento Júnior
João Pessoa-pb, 31 de outubro de 2004
1643. UM CANTR DE FARTAS LINHAS
Neste momento o meu peito
De tanto chorar quer explodir
Se eu mentir ao coração
O choro triste, e chorando triste
Eu me desespero e muito
Vou sair ao desafio e bem vestido
Se eu sou um dos dez validos
É sinal que não sou mais um desvalido.
De pedaço em pedaço eu canto
Assim e canto triste, na viola
Que ponteia o meu caminho
E de tanto ser triste na saudade
Meu argumento vai ficando forte
Na vida ou na morte nunca fui metido
E se alguém diz que sou um dos dez validos
É sinal que não sou mais um desvalido.
Quando a passagem esquisita
Me acompanhar até o sepulcro
É porque o vício corrompeu o silêncio
E fazendo silêncio fiquei valente
Tantas foram as tomadas de aguardente
De cachaça em cachaça vou sorrindo
Aprendi em vida com os dez validos
É sinal que não sou mais um desvalido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1983
1644. CHOQUE DE BARREIRAS
Mais uma vez
Me choco com barreiras
Barreiras que me impedem
Impedem meu caminhar...
Fica a questão no ato:
- Onde vou parar?
Me pego às vezes
Com um olhar triste e vazio
Olhando estrelas
Buscando respostas
Respostas que tardo encontrar...
Cansado meu peito chora
Sufocando todo meu lamento.
Me sinto frágil
Sem forças para viver
E vou nas profundezas do meu coração
Que me diz que tenho que lutar
Para ser bem mais feliz.
Bento Júnior e David Siebra
João Pessoa-PB, 13 de maio de 2000
1645. SONHO DE PÁSSARO
Queria ser um pássaro
e poder voar
num doce bailar
por esse imenso céu azul
rumo ao desconhecido
sentindo a brisa do mar
o sol me aquecer
e o vento soprando meu corpo
mas nada disso sou
sou apenas eu
este ser a caminho de ser feliz
que usa o sonho
como única forma
de ser um pássaro
e continuar vivendo.
Bento Júnior e David Siebra
João Pessoa-PB, 13 de maio de 2001
1646. CAMINHOS SALGADOS
Cansado da vida
de tudo e de todos
caminhei pela praia
sentindo a brisa do mar
acalmar meu coração
que tão atormentado
se encontrava.
Não percebi a lua
que surgia brilhante
deixando-me algo estranho
como se não caminhasse só.
Olhei profundamente o mar
e lá adiante avistei um anjo
de pura e sincera beleza
que com sua doce voz
me convidou a entrar no mar
entrei e nunca mais voltei.
Bento Júnior e David Siebra
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2000
1647. ENTRE MÁSCARAS E MAQUIAGENS
Nasceu o sol
Mais um dia se passou
Nada em mim mudou
A melancolia me consome
Pouco a pouco
Tornando-me cada vez mais fraco
Para continuar esse trilhar de vida
Com perguntas feitas
Por que (ou para que) ainda vivo
Se não posso ser eu mesmo?
Tenho que permanecer
Entre maquiagens e máscaras
Ocultando o que há
De mais belo em mim
Num sofoco cada vez que grito
Num grito em que a minha garganta habita
Pedindo constantemente para sair
E assim poder dizer
Me deixem apenas ser feliz.
Bento Júnior e David Siebra
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2000
1648. NO MEU CORAÇÃO DE POETA UMA VOZ ME DIZ
Hoje meu coração de poeta
voltou a chorar
novamente o vazio me consome
no instante em que uma voz suave me diz
que não preciso sofrer mais.
Fico a pensar e ao mesmo tempo
pergunto, onde posso encontrar
forças para lutar?
Pensamentos mórbidos habitam
em mim, tornando-me cada vez mais frágil.
Luto com as minhas forças que me restam
para seguir esse caminho
que nem ao menos sei onde irá me levar.
No meu coração de poeta
na ânsia de uma resposta
espera uma voz que possa
quem sabe, conduzir-me a esse trilhar
de sonhos e aventuras.
Bento Júnior e David Siebra
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 2000
1649. MAIS UM DIA EM MINHA VIDA
Hoje a lua brilhava mais forte
como a querer avisar
que algo novo
estava para acontecer...
Foi aí que te conheci
no momento em que meu peito
no imenso vazio se encontrava
sua presença fê-lo sorrir.
Você com seu doce olhar
aqueceu minh’alma
trazendo de volta a felicidade
que a muito tempo
havia me deixado.
Ao me tocar pela primeira vez
com seus lábios
senti algo tão intenso
e por um momento meu corpo
começou a levitar.
Tudo tem início - meio e fim
e o tempo pôs fim
levando você de mim.
Fiquei só na saudade
no medo e na incerteza
de não saber se te tenho.
Bento Júnior e David Siebra
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 2000
1650. NOITE DE ESPERANÇA
Anoiteceu
Mais uma vez
Me vem a esperança
De te encontrar
A brisa do mar
Me faz lembrar
O seu sorriso
Que me seduziu
Em seu instante inicial
O desejo de tocar-te
Me consome por inteiro
A lembrança vaga do seu olhar
Me faz ser uma criança no riso
Onde estás que não me ouves?
Vem por essas ondas
No quente das águas
Ficar ao meu lado e me aquecer
Nesta noite fria - mas de esperança
Caminho, esbarro e só escuto
Minha alma te chamando
Por que então não vens
Ao meu encontro?
Bento Júnior e David Siebra
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 2000
1651. VERDES PASTOS
Verdes pastos
Que tantas vezes
Serviu de alimento
Ao meu gado
Agora não mais existe
Em teu lugar resta apenas
Um solo árido.
O gado também não mais existe
Só eu, na incerteza se depois
Estarei aqui.
Bento Júnior e David Siebra
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 2000
1652. A FERIDA DE CADA ALMA
Minha alma ferida
Quer me consumir
Enche meu peito de dor
Sentimentos abomináveis
Me são dados.
Por que assim restou?
Por que sofro tanto assim?
Num eterno conflito, vivo
Numa utopia constante.
Será que perpetuará?
Como tudo mudar?
Se é que há como mudar
Se é que devo mudar!
Bento Júnior e David Siebra
João Pessoa-PB, 07 de outubro de 2000
1653. UM BREVE PASSATEMPO
Dedicado para David Siebra (Ex. Aluno e Amigo – In Memorian)
A alma dele brilha no espaço entre todas as estrelas
Ele sabia conduzir as estrelas de cada céu
Foi-se para nunca mais voltar. Deixou saudades...
Era jovem, e como jovem sorria, um sorriso triste
De quem espera no aconchego da noite
O brilho das estrelas. Era sonhador, poeta e vivenciador
De todas as noites, noturno era seu acompanhante...
Tinha tantos amigos e amigas, mas foi-se sozinho
Cantando cada poesia de saudade. Pois era passatempo
O que ele vivia na terra. Um breve adeus. Pereceu...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de dezembro de 2006
1654. GINCANA CULTURAL
Somos vitoriosos e buscamos a unidade,
Porque a unidade somos todos nós!
Não devemos competir pela vitória,
E sim, participar pela vitória.
Assim seremos todos vitoriosos,
Quando a unidade se fizer presente.
A vitória é a resposta da participação,
Da garra e da vontade de vencer,
Questão vibrante de todo Ser.
Não se pode é deixar que competir
Seja mais importante do que participar,
Pois quando se participa unido,
A vitória vem, assim como chegou
A todos que fazem o Renato.
Que bom poder contar com o Camelo
E com ele participarmos deste evento,
Pois não há luta, nem guerra,
Porque somos participantes da educação.
A história da vida é contada
E recontada dia a dia,
Em cada riso de incerteza
Brilham lágrimas de felicidade.
Que a paz viva e reine nos corações
Daqueles que sonham e são felizes,
Porque nós somos de todas as emoções
Um pouco do pouco dos aprendizes.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1998
1655. UM TOM SUSTENIDO MAIOR
Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)
no ventre do verde olhar
como o sol nasce do mar
quando dez horas chegou
Carolina florou.
e do líquido sentimento
que brotara do olhar materno
eterno em tranquilidade.
Para teu pai
teu nascimento em poucos segundos
de um momento o mundo
ganhou uma nova visão.
Ouço novos tons dos antigos folguedos
tocados pelo meu peito, ou meu coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de julho de 1997
1656. SONHOS DE VEZ EM QUANDO
Eu sonho cada sonho que meu sonho
Não sabe que sonho sonhou
E quando se lembra se esquece do resto
Do sonho que ficou na memória do sonho
Só é sonho tranqüilo quando o sonho maior
Nos empurra e nos atura nos sonhos da vida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1979
1657. LUA PRATEADA
Lua, lua, lua
como és bela.
Prateada e bela
ficas quando estás cheia.
Cheia de vida, de paz
e beleza.
Lua, lua, lua
simples é o teu olhar.
Tu me olhas,
eu te olho
e somos um.
Bento Júnior e Norma Sueli
João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1991
1658. LUA PRATEADA II
Na brisa
do outono
eu te olho
e te vejo linda.
Nasces como fogo,
que clareia prateando a noite.
Noite bela, coração pulsante,
lua clareante.
Bento Júnior e Norma Sueli
João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1991
1659. O BEIJO COMO PROVA DE UM GRANDE AMOR
O beijo é a certeza
de um amanhecer mais bonito
É um instante nos teus lábios
que desperta a vontade de viver
Quando nós dois pela primeira vez
cruzamos os nossos olhos
estávamos completamente apaixonados
completamente envolvidos
Pelo encanto
pela sedução
dos teus beijos
Descobrimos que somos capazes de amar!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1982
1660. HINO DA ESCOLA MUNICIPAL OLÍVIO RIBEIRO CAMPOS
Somos estudantes
queremos a todos agradecer
pelo ensino, pela compreensão.
O pouco que nós sabemos
já é o início de uma caminhada
muitas vezes sofrida, mas conquistada
com amor e paz no coração.
Em cada livro
aprendemos as lições
Olívio, Olívio
rumo às nossas profissões.
A esperança
de ser alguém na vida
chega triunfante.
Vamos avante,
a saudade é partida.
Nossa escola
dá o direito e o dever.
Olívio Ribeiro Campos!
Lutamos para o TER
não superar o SER.
O que importa
é abrir a porta
e estudar para saber.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1996
1661. QUANTO MAIS EU GRITO, GRITO MUITO MAIS
Quanto mais eu grito
menos eu falo
Quanto mais eu falo
menos me escutam
Quanto mais eu penso
nada faço
Quando penso em fazer tudo
nada faço, nada querem de mim.
Se silencio meu grito
por não me ouvirem, por não querer nada de mim.
Pois nada pra mim eu faria
se nada por ti nunca fiz.
Se silencio meu grito neste silêncio
por que esperam de mim a minha voz?
Voz que nem eu mesmo tenho.
Por que o silêncio calou a minha voz?
Quanto mais eu grito, menos eu falo.
Quanto mais eu falo, menos me escutam
porque o silêncio calou a minha voz.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1981
1662. A REALIDADE CONTADA EM SONHO
De que me vale sonhar
acordada, se sonhos
se acabam e acabo
acordando sozinha?
Procuro me apoiar
e não encontro
muralhas, só há um vazio
e a multidão me incomoda.
Há realidade cruel, se reajo
aos sonhos meu mundo
retorna ao fel.
Se só me resta sonhar,
quando vou acordar
e perceber que estou viva?
Sou feliz em meus sonhos,
crio neles alegria.
De que me vale a realidade
se sou feliz vivendo
de fantasias?
Bento Júnior e Judinary
João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1997
1663. O RELÓGIO TIC-TAC
Toda noite, todo dia
dia e noite, noite e dia
meu relógio pendular
fazia tic tac sem parar.
Uma hora, tic tac...
Duas horas, tic tac...
Três horas, tic tac...
Toda hora, todo dia
mais uma vez...
Meu relógio pendular
parecia nunca se cansar.
Seu coração era forte
e sadio, porque sempre
o tratei com amor e carinho.
Mas um dia seu coração
veio quase parar,
seu tic tac eu não hei de escutar?
Parece tudo acabar,
meu melhor amigo parece
querer me deixar.
Ah! se eu pudesse
no tempo voltar!
Com seu tic tac eu iria parar,
para que no futuro não ousasse
me deixar.
Uma amizade vazia, um
sentimento oposto,
assim era o meu relógio pendular.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de maio de 1990
1664. A ARTE DE AMAR ATRAVÉS DO CORAÇÃO DE POETA
O amor sendo um sentimento
expressa no meu coração
a arte de amar...
Deixe-me pensar palavras
que meu coração expressa:
O sentimento que é “Amor”.
Sei não...
De maneira que não sei ler!
Como vou saber o sentido
da palavra amar?
Sei não professor!
A arte é um divertimento,
e sendo divertimento, ela tem sentimento
que falam ao nosso coração:
Cultura
Criatividade... é a vida caminhando
e nós aqui fazendo poesia
em sala de aula
esperando a hora acabar,
e quem sabe na ida
ela possa está pronta
na nossa cabeça, no nosso coração
de seres humanos.
1665. DIA DO ESTUDANTE EM CANTATA
Eu canto porque sei amar.
Eu danço porque sei doar
o amor que trago dentro de mim.
Eu vou partir porque o meu ser quer comer, pular, andar e sorrir. Mas, também quero brincar, mesmo que eu não tenha que falar.
Eu preciso é viver para paquerar e namorar;
quem sabe viajar, sem ter medo de chorar.
Eu quero transar a vida
numa boa, seja no tempo de
qualquer maneira , ou mesmo com uma pessoa.
Só assim vou vencer para pintar o mundo
e poder permanecer na vida.
Vou seguir as trilhas da minha missão , e em cada caminho vou agir e depois de bem velho
morrer sem ter que matar o próximo amigo que comigo aprendeu o sentido da palavra amar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de agosto de 1992
1666. ANJO NOTURNO
Não diz de onde veio
nem para onde vai
criatura misteriosa
em meio à noite.
Embora pareça um anjo
esconde a face.
Se tens magia
ou pecado não se sabe.
Tens um rosto encantador
que vaga pela noite vadia.
Mas criatura sombria
se és da noite ou do dia
por que preciso saber?
Se és anjo ou maldade
não preciso da verdade...
Já sou tua sem querer!!!
Bento Júnior e Judinary
João Pessoa-PB, 02 de setembro de 1998
1667. CALA BOCA, JOAQUIM
Cala a boca, Joaquim
Não olha de lado, não
Cala a boca, Joaquim
Deus abençoe o teu coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de novembro de 1998
1668. BELA MORENA, FORMOSA MULHER
ela e formosa, és linda
em tudo, em todos... na vida.
amiga, filha, irmã, como na
tarde de uma manhã , nas
ruas de nossas noites
imagens de sonhos do deus
zeus, no brinde da taça da vida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de novembro de 1987
1669. SOLIDÃO MATADEIRA
Tenho ciúmes do mundo em que habito
Só porque sou solitário dentro dele
Ele tão cheio de vida pela frente
E eu sem sossego vivendo nele
Comendo a comida de pouca gente
Caçando no mato onde só tem cabrito
É por isso que a minha solidão
É pescaria em rio perene
Mata solidão as partes de todo mundo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de janeiro de 1980
1670. ELE VEIO
Ele de fato veio, veio trazendo a esperança
Um trocado no bolso, um assalto e rua
É assim meu pobre lamento, comer a carne crua
Lamber os pratos dos restos de todas as crianças.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de fevereiro de 1982
1671. BIRIBA DO COCO
Tenho coco na ponta do pé
Canto e danço como ninguém
Neste coco morena, sou mais feliz
Seu Biriba é quem diz...
Neste coco, Biriba vai bem
Cada passo no chão a morena vem
É coco rodado na praia
Levanta da morena a saia
E Biriba vai se dando bem...
Quebra o coco, rala o coco
O branco do coco tem poeira
Chama Biriba e quem tá dançando
Pra comer esse coco também...
Cadê o coco? Onde tá o coco?
Escondêro o coco, procura o coco...
Dança morena, esse coco
Biriba é o dono do coco!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de fevereiro de 1990
1672. COCO VERDE
Coco verde, coco verde
Quantas águas você tem?
Me fala esse segredo
Que não conto pra ninguém...
Coco verde, o teu verde
É verde sede, sede vem me consumir
Coco verde se eu fosse tu
Matava a sede do homem do mar
Corria pelas calçadas
Deixava o tempo passar...
Coco verde, coco verde
Quantas águas hei de beber?
Não me conte este segredo
Que morro sem te ver...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de fevereiro de 1990
1673. VITÓRIA
Dedicado para Vitória Carvalho ( Minha Mãe)
Não preciso de certa forma gritar
ao famigerado mundo alguma glória
porque em casa sempre irei ganhar
pois tenho comigo essa Vitória
que brotou-me ao mundo
e me fez o que hoje sou
para muitos: vagabundo
para ela: poeta, ator...
Erguendo os braços, agradeço-te
Poderei ter sempre Vitória
De lado, alado, na memória
Aos poucos digo: conheço-te
Entretanto repito com rouca voz:
És a Vitória de todos nós!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de outubro de 1985
1674. AOS MEUS AVÓS PATERNOS
Dedicado para Ascendo Paulino e José Camilo
Vô, tua filha em laços sanguíneos me gerou
Vô, teu filho junto a este laço me criou
Vô, amo em linhas contínuas tua filha
Vô, amo as águas que banham esta ilha
E quero percorrer os mares de gerações
Para adormecer o silêncio de ambos os corações
São os avós que tenho e os guardo comigo
Amo os dois no parentesco de sermos amigos
Que adora ouvir histórias de avô
Que adora ouvir uma palavra de amor
No coração desse amado neto
Que aprendeu a cada dia
Ao som de uma bela poesia
Tenho pelo meus avós um grande afeto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de dezembro de 1979
1675. PÉTALAS SANGRENTAS
quando desabrochar em mim
todas essas pétalas sangrentas
irei cantar meu canto ruim
e provocar o silêncio dessas águas lentas
contemplarei todas as flores
camufladas no peito de um canto
que medita do universo deuses louvores
e transfigura um ser em santo
assim seguirei esse dia a dia
contraditório sentimento obscuro
na expectativa de algum dia ter alegria
que hoje expandiu da minha cabeça
isso tudo religiosamente eu juro
farsa nunca para que não pereças.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1986
1676. FLORES DOS MAL-AMADOS
Sobre os nossos caminhos
Encontram-se lindas flores
Que vivem de frágeis amores
Calam-se todos os pergaminhos...
Existem certos perfumes
Guardados em flores vivas
Silenciosas em flores ativas
Desabrocham-se vários ciúmes.
Compromisso puro no campo
Puras observações da mente
Na concretização permanente.
Compromisso puro no campo
Numa tarefa de flores perfumadas
Onde o mundo é de apenas uma flor mal-amada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de maio de 1980
1677. ESPERANÇA NO COMPASSO
Espero um dia poder bater no peito e sentir
Toda vontade contida no compasso do teu coração.
Fico, portanto de olhos abertos, na expectativa
De um dia voltar a falar do que não se tem razão.
Não adianta chegar com palavras bonitas
Abordando que o dono do poder não tem razão,
Sinceramente esse senhor está plenamente correto
Quando fala que o operário é dono da situação.
Espero um dia poder ver no rosto de todo povo
A sensibilidade de cantar uma triste melodia
Mesmo que a esperança seja uma poesia
Nunca ouvirás, nem mesmo do povo
O que é certo e o que é euforia
Tudo é só um acaso de melancolia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de outubro de 1982
1678. AQUELE QUE VOTA...
Quando esperar fosse algo
Em nossas vidas cruéis,
Liberdade às algemas
Deliciar os meus planos infiéis
Contratempos que existiram
Em cada um dos seres humanos,
Portanto, busquei todos os meios
Elaborar meus simples planos
Que era mudar um sistema
No entanto, conformei-me apenas
Sendo ouvinte assíduo dessa eleição
O eleito um tanto antipático
Deixou-me estranhamente apático
Na tentativa de prestigiar o sofrer do coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de novembro de 1983
1679. ANIVERSÁRIO DA BATALHA
Em vida posso batalhar
Por algo codificado na cabeça
Poderei melhores meios encontrar
Não dando bolas para o que acoanteça.
Em morte ninguém nunca contou
Nada depois da vida,
Resta, portanto aos vivos o amor
E sempre pensar na partida,
Condutora nossa a outro universo
Filho único da realidade
Brotada de um Peixes discreto.
Hoje vivo, faço primaveras
E tento sempre ter liberdade
Nos aços profanos de uma quimera.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1981
1680. AOS MEUS ANOS
Aos meus 45 anos de vida
Tenho quarenta e cinco anos de vida
Pela vida que me condiciona,
Sou a semente plantada na ida
Estou na vida que me apaixona
Meus quarenta e cinco são de viveres
Que aprenderam comigo os vícios,
Dizem que o amor tem seus saberes
E o ódio é um fogo de artifício.
O lugar onde moram os anos
Passam os anos e é sã,
Porque por lá passaram todos os fulanos
Faladores de vida dos humanos
E desconhecedores de toda manhã
Onde os meus quarenta e cinco são sós de planos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 2006
1681. OITO DE MARÇO
Dedicado para Carolina e Norma Sueli (Minha Filha e Minha Esposa)
Dia Internacional da Mulher
Um dia como outro qualquer?
Não. Um dia que nos faz refletir
Será que a mulher é sinônimo de parir?
Parir e muito mais, podem acreditar,
Dentro de suas comportas, faz-se a vida,
Esta que nos dar força e guarida
E o sentido da palavra amar.
É por demais justo este dia,
Uma homenagem bastante proveitosa,
Falar de mulher é algo que virou mania.
O que importa é abrir nossos corações
E ter a certeza que a mulher, não é só gostosa,
Tem a capacidade de saber das nossas sensações.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de março de 1998
1682. AOS POVOS DAS AMÉRICAS
Eu, filho das Américas,
Invadidas e quase que colonizadas.
Batizo-me nas águas de um Brasil,
Sobre um sol escaldante...
...Que me alivia o peito
e sacia o ódio que tenho,
Talvez um sentimento impuro,
Mas, o amor foi-me errante...
Cante América, cante, que ao cantar
Nem cão triste entenderá
Que o povo de lá é pedante...
Entende o poder com as armas
E desarma um outro poder,
Com a força de um elefante!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1986
1683. UMA DEZENA
à Norma Sueli (Minha Esposa)
Dez anos se passaram
E eles partiram, ficaram
Entre afagos e desafagos
Colheram os doces e os amargos.
A vida cantou o hino
Ela foi uma menina, ele um menino
Que viveram cada passagem
Em dez anos como uma imagem...
... Que raspa a memória
E conta o tempo na história
De uma Ariana e um Pisciano.
Nasceram três herdeiras
As nossas filhas primeiras
E assim vamos vivendo ano a ano.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de março de 2004
1684. A SOMBRA DO MEU EU
Relembrando Augusto do Anjos
Augusto, sonhando certa vez, perdido
Entre multidões do crepúsculo dia
Pediu, implorou e foi permitido
Como cidadão, aí exerceu a sua poesia
A poesia de Augusto, lúcida e coerente
Entra na crítica por todas as narinas.
O leitor, lendo as obras, tão contente
Esbarra no cheiro suave das campinas.
As sombras do tamarindo são flores
Que caem sobre o rosto humano,
Porque todo meu Eu sofre as dores
Que Augusto em vários momentos, falou.
Li, reli letra, só desengano,
Nada de sombras, só saudade restou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de julho de 1985
1685. PARA ENTRAR NA HISTÓRA
Tens uma pele morena, lábios
Carnudos, boca sedenta,
Onde todos os lábios
Beberam dessa água benta.
Tens dois olhos, incólumes,
Que se perdem na madrugada,
Pois, são brilhos dos vaga-lumes
Assoletrando teu nome de amada.
Tens um escondido no mundo
Que assume todo esse soneto,
És a solista desse concerto,
Acontecido no soar de cada segundo,
Para enfim, dormir sonhando,
Um sonho de quando em quando.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de março de 1986
1686. CATARINENSE DA PARAÍBA
Dedicado para Catarina Dias de Carvalho ( Minha Filha)
Catarina sorriu e cantou
Pediu e foi atendida
Sorriu e desabou
Catarina foi socorrida
Caiu, levantou-se
Sorriu e caiu de novo
Gargalhou, encantou-se
Com os olhares do povo
O povo olha Catarina
E sente ternura
Ela faz loucura
Catarina ama, também ensina
Vive a zombar de cada queda
Ainda diz: que merda!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de fevereiro de 2004
1687. A GALEGA DOS MEUS AMORES
Dedicado para Camila Dias de Carvalho ( Minha Filha)
Galega, neste sonho que se aproxima
E no engarrafamento que se distancia
Há uma união em nós, nada se contamina
É vida como um doce de uma melancia
Que sacia a sede de muita gente
E encanta a boca desta galega sorriso
Ela permite a passagem na frente
E canta os sonhos que preciso
É galega, filha segunda
Que nos explica o sonho
Não sossega sua bunda
Senta em qualquer lugar
Quando não quer, fico tristonho
Ela é um amor que jeito com a gente morar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de setembro de 2000
1688. MÃE AVÓ
Dedicado para Vitória Carvalho ( Minha Mãe)
Vó, tua filha em laços de vida me gerou
Vó, teu filho cedeu aos encantos de um amor
Vó, amo teu filho
Vó, tua filha é claridade, é brilho
Que permite ser feliz
Que me deixa mais aprendiz
Que ensino o sonho no mundo
Mesmo me chamando de vagabundo.
Amo essas vovós sorridentes
Meigas e super inteligentes
Aos avós que Deus me deu.
Canto em honra ao sorriso
Dado por estas duas, como Narciso
No refletir do espelho suas rugas que Deus lhe deu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de dezembro de 1979
1689. PASTO ENTRE ESPUMAS E ONDAS
Assim se foi Seu Biu, homem valente e temido
Com seus poucos mais de oitenta na testa,
A meninada ao redor fez uma festa
E cantou um canto tão esquecido
Que até Seu Biu havia não mais lembrado
Mas gostou do eco de vozes infantis
Levadas aos ouvidos de uma meretriz
Que se dizia amante do cabra safado.
Onde já se viu, Seu Biu, era esse o falar
Sua mulher, seus filhos e netos a soluçar
Quando de repente uma amante
Chega e chora na frente do povo
Era um rebuliço, mexeram tanto no ovo
Que esqueceram de levar ao chão o velho errante.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de maio de 1981
1690. A FILHA E A LUA
DEUS criou o mundo tão imenso
que uma pedra ao cair fica tão imensa
assim como a lua que nos compensa
ao olhar-me com cheiro de incenso
comprado numa noite de lua cheia
no comércio de um vendedor ambulante
fui com a filha que até hoje ainda aperreia
por um presente tipo alto-falante
para ela ouvir as cantigas da lua
depois de um banho bem tomado
no balanço da rede de sono
que chega e a encontra nua
como uma cereja de gole tragado
no riso estampado de um rei momo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de março de 2006
1691. O RISO E A SAÍDA
O riso daquela moça era para mim
Tanto foi que meus olhos sonharam
Um sonho que deu em cheiro carmim
Então o poeta e a moça sambaram
Sambaram um samba de Pixinguinha
Na casa meia nove lá da esquina
Assim mesmo a moça com sua safada carinha
Não deu um riso se quer a menina
A moça e o poeta se amaram
Um ao outro se entregaram
O prazer causou pânico no lugar
O ato fora tão lindo e consumado
A moça então deu um riso esforçado
E saiu para nunca mais voltar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1982
1692. AS BRIGAS
Dedicado para Carolina, Camila e Catarina ( Minhas Filhas)
Elas brigam e de cada briga uma tristeza
Invade um ser em pânico e constrangido,
É uma briga por tudo e por nada merecido
Nas conversas em grupo é briga com certeza,
Uma briga que briga com aflições
Que discorda do ato criar, são briguentas,
São ferozes na plenitude, precisavam serem bentas
Para assim porém, aliviar de vez em quando dois corações,
Dois corações que usam a fala como discórdia,
Uma discórdia que contamina cada olhada,
Cada gesto é motivo de uma brigada,
Uma briga, as outras pedem misericórdia,
As duas brigas, a outra acalma a mais levada,
Enfim, de tanta briga, castiga-se até por nada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de maio de 2007
1693. COSTUME DE MENINO (Se Deixar Eu Como)
Costume tinha eu
Muito feio por sinal
Comia resto de comida
Ir no banheiro era o natural.
Um dia comendo o resto
Meu pai me surrou
O jantar já tinha terminado
Eis que surge danado
Meu pai com mais comida que guardou.
Levei uma grande surra
Dessas que fica na mente
Cada vez que engolia a sopa
Era certa um tapa na boca
E mesmo sofrendo me fazia de contente.
Lembro-me como se fosse hoje
Aquele dia que foi terrível
Não mais comi o resto
E se contar isso não presto
Meu pai como ficou horrível.
Um monte de gente tinha
Ido lá em casa conversar e jantar
Eu na mesa encostado, dizia:
- Se deixar eu como, eu agüentaria
Meu pai tossiu e me fez entrar.
Sabia eu que o negócio ia pegar fogo
Pela cara do meu pai naquele momento
Uns convidados foram contra
Mas por via das contas
Comi feito um jumento.
Não sei aonde ficou
Guardada tanta comida
Sopa, inhame, carne, arroz, café, pão e leite
Tomei até a peste do azeite
Para toda a degustação descer.
Se algum curioso perguntar:
- E os convidados, amigo poeta?
Respondo urgente nesta hora
Todos tinham foram embora
E de sobra comi o resto de toda festa.
Ah! É como se eu tivesse vendo
A cena bem diante de mim
Hoje meu pai fica sorrindo
Minha mãe vai me permitindo
Sentir o cheiro dos versos assim.
Mas o bom disso tudo
É a poesia que agora faço
Se nada daquilo tivesse
E comida meu pai me desse
Dessa história não havia nenhum pedaço.
Tinha o olho maior
Do que a própria barriga
Queria tudo para engolir
O difícil era tudo sair
Como uma triste cantiga.
Meus senhores, minhas senhoras
Prestem a atenção no que lhes conto
Se tudo que digo é ilusão
Não foi você, meu irmão!
Uma noite e outro dia, tonto...
De tanto comer naquele dia
Minha barriga de noite roncava
Tive pesadelo, fiquei sem sono
Sentei diversas vezes no trono
Uma dor danada que dava.
Depois que a barriga inchou
Meu pai e minha mãe choravam
Achavam que eu ia morrer
Achei foi bom, não sei o porquê
Era sinal que os dois me amavam.
Sabendo do amor dos pais
Chorei, mas foi de tanta dor
Barriga inchada, o que era mesmo que eu tinha?
Dela saíam enormes cortes de galinha
Puxa vida como eu fiz cocô!
Fazia força sem tamanho
E o mundo ao redor girava
Gemia de dor e a Deus pedia
Parasse logo aquela desinteria
Daquela situação eu nada gostava.
Quando o olho de cima não pensa
O lá de baixo padece
Sai fumaça, peido um tanto fedorento
Imaginem se eu não fosse Bento
Apelei até para uma prece.
Fiz prece a São Bento
E nada de uma resposta
Queria ao menos tudo aquilo entender
Mesmo que não servisse, para quê?
Meu pai, vejam, fez uma aposta.
A partir daquele dia em diante
Se com vida daquele instante seu filho saísse
Eu podia tudo na boca meter
Esse era a lei do cumprido dever
São não sabia que meu pai tanto mentisse.
Disse que eu tomaria vergonha na cara
E sério eu seria para a vida
Que sério que nada, meu pai!
Mesmo sabendo que a surra doeu demais
Vivo a dar risada em cima de toda comida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1980
1694. TEMPO
esquecendo o tempo
o tempo se esquece
e quando esquece
o homem cresce
correndo contra tudo
o céu ficou para trás
e o sonho fechou o tempo
que o tempo esqueceu
homem
se queres mudar o tempo
mudes o tempo da idéia
ultrapassada, mudes a visão
do teu ser, pois bem dentro
do tempo resta o silêncio
resultado do tudo
resultado da parte
que formou um todo
guardado nos alfazeres
de lutar por um novo ideal
sendo fagulha do criador
no Cosmo (infinito, finito?)
o homem pensa
estuda, fala e pergunta:
- Quem de nós será capaz de definir material/espiritual
Mente, qual nome?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de maio de 1983
1695. VOCÊ PASSA, EU PASSO
Você passa
Eu passo
No compasso
Dessa taça
Brindo um abraço
Não me faça
Fazer o que não faço
Pegar as mãos na massa
Você longe passa
Só me desgraço!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de maio de 1983
1696. SIMPLESMENTE POR UM FIO
Caminhando
Sobre rios,
O Homem
Barbudo de bengala na mão
Boceja,
Seu bocejo
É simplesmente
A gota fatal
Ao seu término!
Simples e humilde
Ele sorriu
E morreu...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de março de 1983
1697. A DIVISÃO DO PÃO
Dividir o pão
Dividir a mão
Enquanto houver pão
Haverá sempre uma mão.
O pão e a mão
Ele e ela se encontram
Dividir é proibido
Para que divisão?
Por que dividir o pão
Se a mão está vazia?
Dividir o pão
Encher a mão
Saborear o pão
Feito do sangue da mão.
Bento Júnior
Alhandra-PB, 12 de março de 2001
1698. JUNTE-SE A NÓS
Todos os homens
Estão sofrendo
Precisam de água
De água na boca
Falta o sol
Que lhes queima
Falta pela noite
A comida pouca.
Junte-se a nós
Gaivotas vadias
Cante um canto
De amor e de luta
Em toda vida
Grandes homens
O riso ficou esquecido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de julho de 2003
1699. PERDÃO E PEDIDOS...
Todos se encontram cansados
Perdidos e amordaçados
Cantam hinos dos soldados
Vivem e são amados!
Todos nós precisamos sermos perdoados
Porque os amores não foram encontrados
E as vidas dos homens amaldiçoadas
Por alguns sonhos sonhados.
Todos querem dos homens ser sacrificados
No amor longíncuo dos passados
Vividos na penumbra dos encouraçados
Que choram no mundo dos endiabrados.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de julho de 2003
1700. NOVENTA E SEIS
ESTE ANO quero paz no meu coração
PARA DAR de presente para você
SE VOCÊ me aceitar como eu sou
EU GARANTO tudo para você
NESTE ANO eu mudei meu ponto de vista
SOU ARTISTA e gosto de tudo saber
NOVENTA E SEIS este é o ano...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de janeiro de 1996
1701. CORAÇÃO PARTIDO
Com um contra-cheque nas mãos
O coração todo se parte
É falta por demais de dinheiro
É falta...
Desconto na fonte
É coração que se parte
Na fala do homem
A mulher abre a boca
Ausência de mim
É fala de presente
O coração se parte
No mundo da arte.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de março de 2001
1702. A ARMA DA REVOLUÇÃO PROVOCOU VÁRIAS MORTES
O tiro era tanto
Que provocou a morte do menino
A arma que o matou
Foi sinônimo de guerra
Foi início de Revolução
Fogo cruzado no Timbó.
Para que Revolução
Se a guerra chegou?
Com tanta arma na mão
A morte de longe apitou.
O fogo foi grande
Que o tiro à minha cabeça raspou.
Se existe amor,
Por que fazer
A guerra neste mundo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de maio de 1989
1703. O PEQUENO MENINO DAVI
Vivia na rua
De rua em rua
Cansado sem nada fazer
A escola me pegou
Estudo com muito amor
Hoje sei do meu dever
Na escola o teatro tem
Faço arte e sou alguém
Tenho família e vivo prazer
A cabeça pensa e muito quer
Caminhar e ter muita fé
Ser feliz e bem bom viver
Meu trabalho é na leitura
Assumo essa literatura
Direitos e deveres temos que ter
Meu recado é pura arte
Façamos a nossa parte
Ame e deixe o povo saber.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de março de 2003
1704. A MOÇA VELHA
A moça velha
Quando canta
Logo cedo
Pela manhã
Abre o coração
Pela noite
Cede sua
Fruta maçã
Canta e leva açoite
A moça velha
Nana!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de julho de 2003
1705. BOM DIA, DIA
Bom dia
Bom dia
Bom dia
Diga meu amor
Estou feliz
Estou feliz
Estou feliz
Bom dia, dia
Dia bom
Todo dia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de agosto de 1988
1706. NÃO CONTE MEUS DEDOS AO VENTO, SE CONTAR...
não conte meus dedos ao vento
ao vento eles serão cortados
ao vento eles não representarão nada
não conte, por favor, não conte
meus dedos servem de arma
para matar a fome de muita gente
não conte meus dedos ao vento
o vento desperdiça meus dedos
não sabe contar, são dedos iguais
que lutam pela desigualdade da vida
dedos caros, dedos baratos
a venda da contagem se iniciou
não conte meus dedos ao vento
eles são frágeis, pequenos demais
para suportarem esta contagem
por favor, não conte meus dedos ao vento
por favor, não conte, meus dedos são fracassos
dos passados vividos e futuros que virão
por favor não conte meus dedos ao vento, se não...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de janeiro de 1981
1707. CEM MULHERES
Cem mulheres,
Cem amigas,
Cem vidas,
Assim são elas, amantes e amadas
Todas estas meninas
São realizações no amor
De irmã, os olhos, da cor rosa,
E lindas, lindas, lindas,
Só imagens do agora, com intrigas,
Negras, brancas, amigas,
Todas adoráveis
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1984
1708. QUERO UM PEDAÇO DE CHÃO
Quero um pedaço de chão
Onde mora a Esperança
Quero um pedaço de chão
Onde brinca a Criança
De bola de gude e pião
Onde guarda a Lembrança
Quero um pedaço de chão
Voltar de novo a ser Criança.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de agosto de 1986
1709. BORBOLETA
Nas asas coloridas
balançando ao vento
voam borboletas
escorregando suas cores
no azul celestial
As asas em cores mil
esbarram nas árvores
e pensam sorrindo
no voar novamente
nas borboletas desse País
Voam borboletas senhoras
donas de cada nariz
voam por todo campo
querem como ninguém
borboletas vadias...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de agosto de 1986
1710. CACHORRO DUQUE
Deus criou o Homem
Deus criou a Mulher
deu aos dois um Amigo
um amigo cachorro...
em Teresina, capital do Piauí
mora o cachorro Duque
faz jus ao seu nome
toma banho de piscina
não late aquele latido triste
dorme sob um arcondicionado
assiste TV e lambe o dono
e nada de tomar conta da casa.
O dono de Duque está furioso
pois ele usa a piscina
quando faz suas necessidades.
É um cachorro meigo e amável
se espreguiça em plena noite de Natal
pense num cachorro saudável
tudo em Duque é normal.
Bento Júnior
Teresina-PI, 28 de dezembro de 2004
1711. A SEGUNDA MENINA
Dedicado para Isabela Alves Dias (Filha de José Humberto e Zélia)
Ela é ISA
Ela é BELA
Sangue nordestino
Teresina sua cidade
Seu destino
Não quer ser prisioneira
E sim, LISBELA
O filme do amor
Que ISABELA vive
Tudo nela é belo
Seu sorriso lúcido
Seus olhos belos
É ISA
É BELA
A menina que é
Flor – BELA
ISA – Bela.
Bento Júnior
Teresina-PI, 27 de dezembro de 2004
1712. VOU CORRER
Vou correr
Risco de vida
Ser atropelado
Pela palavra
Não importa
Acima desses
Conceitos
Crio meu próprio conceito
E vou procurar
Meu outro lado
Que se dane de você.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1982
1713. MARIA
Maria que foi à missa
Queria logo se casar
Com um príncipe encantado
Tivesse muito amor para lhe dar.
Maria logo se casou
Não foi com príncipe encantado
Casou contra a vontade
Do pai major reformado.
Maria ficou contente
Seu pai logo planejou
Deu uma festa a toda família
Seu genro longo o matou.
Maria ficou viúva
Com três filhos para criar
Seu pai morreu de enfarte
E o crime quis desvendar.
Maria pediu à mãe
A bênção para seguir viagem
No meio do caminho
Encontrou uma forte visagem.
Maria ficou com medo
Quando o pai apareceu
No meio daquela estrada
Como podia alguém morrer.
Maria quando viu o pai
De susto caiu no chão
O pai pedia e implorava
Da filha o seu perdão.
Maria quis saber tudo
O pai lhe contou o ocorrido
Foi tanta tristeza nos olhos
Descobriu a morte do marido.
Maria toda tristonha
O perdão deu ao seu pai
Mas sempre refletia
Que pelo amor de Deus isso não se faz.
Maria continuou a jornada
Os filhos homens já feitos
A mãe velha no canto
Viver não teria mais jeito.
Maria voltou ao lugar
A mãe nos olhos, olhou
Disse em últimas palavras
O marido o pai matou.
Maria chorou de desgosto
Mesmo de tudo sabendo
Deu último suspiro sua mãe
Era sinal que estava morrendo.
Maria chorando muito
A mãe logo enterrou
Partiu com os três cabras da peste
E saudade no lugar deixou.
Maria de novo se casou
Com um velho grande e forte
Não durou mais de dois meses
O homem teve instantânea morte.
Maria se lamentava
Sorte a pobre não tinha
Por mais que se esforçasse
O azar sempre vinha.
Maria foi a um pai de santo
Queria o azar resolver
Um dos filhos se casou
E filho não podia ter.
Maria se esperneava
O filho logo dizia
Calma minha mãe
Tem dois para te dar alegria.
Maria se conformou
Com o conselho do filho primeiro
Nada de pai de santo
Foi protestante o ano inteiro.
Maria estava perdida
Diante de toda situação
Se pegava com todo tipo de santo
Contemplava toda religião.
Maria soube da notícia
Um irmão dela apareceu
Como podia ter irmão
Se ela era a única filha que nasceu.
Maria logo cascavou
E descobriu a notícia tal
Era filho de um caso do pai
Um caso extra-conjugal.
Maria não acreditava
Naquela engraçada situação
Quis chorar de tristeza
Mas acabou abraçando o irmão.
Maria logo que de repente
Não sabia como explicar
Uma alegria muito grande
Em seu coração foi ficar.
Maria recebeu a notícia
A nora grávida ficou
O filho de alegria pulava
Os irmãos compartilhavam o amor.
Maria se preparava
Sabia que ia ser avó
Nasceu uma linda neta
Foi uma alegria só.
Maria já estava velha
Virou budista por opção
Dois filhos lhe acompanhava
Naquela dita religião.
Maria e o budismo
Não durou mais de um ano
Voltou a ser católica
Era grande o seu desengano.
Maria foi uma beata
Na igreja que lhe batizou
Teve muitos netos
Todo mundo se formou.
Maria quase nas nuvens
O padre era um filho seu
A missa de todo domingo
Um dia se quer jamais perdeu.
Maria morreu cantando
Numa noite linda de luar
Toda família presente
Maria vive eternamente a cantar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1988
1714. CACHORRO HEITOR
Heitor grande cachorro
grande cachorro Heitor
o povo gosta de tu
porque tu és um amor.
Heitor não vá para a grade
para a grade não vá
Heitor cabra de peia
se vire no quintal e queira brincar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de maio de 2007
1715. CACHORRO DUQUE (O Tempo é Outro)
Lá em Teresina, capital do Piauí
Duque não se encontra
Foi-se embora para nunca mais voltar
O tempo agora é outro
Só saudades de Duque
Uma foto matou a lembrança
Duque em pleno arcondicionado
Duque viajou, foi morar com outros cachorros
Pense num cachorro que era demais...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de dezembro de 2006
1716. EU, CIDADÃO DE MIM
Eu sou americano
Da América do Sul
Sou brasileiro
Lá do Rio Grande do Sul.
Eu sou gaúcho
Homem de muita farra
Gosto do campo
Trago comigo muita garra.
Eu sou do Brasil
Amo esse país inteiro
Sou carioca da gema
Nasci no Rio de Janeiro.
Quem quiser saber quem sou
Vá lá nas Minas Gerais
Fale com Chico Xavier
E traga no peito a paz.
Eu sou do Distrito Federal
Foi em Brasília que te vi casar
Sou um grande pernambucano
Em Recife o Mestre Ariano foi morar.
Na Baía de São Salvador
Tenho certeza que vou viver
Porque sou um capixaba
O Espírito Santo é lindo de se ver.
De passagem pelo Rio Grande do Norte
Peguei um vôo até Goiás
Voltei para Natal
Suas prais são belas demais.
No Mato Grosso conheci rios
Que cidade linda é Cuibá
Fui ao Mato Grosso do Sul
Campo Grande nos convida a ficar.
Eu sou de Rondônia
Lugar próspero e sadio
Porto Velho é sua capital
Não é lugar de povo vadio.
Andei por todo Rio Branco
No Acre o Brasil é outro
Cantei no meio da praça
Dancei toda noite feito louco.
Em Roraima tudo em paz
Conheci apenas Bela Vista
Peguei um vôo até Goiânia
Planalto Central é terra de artista.
Eu sou de São Paulo
Terra de cabra forte e valente
O Nordeste é parte da história
Do progresso de toda aquela gente.
Eu sou cidadão nordestino
Nasci na Paraíba do Norte
Volto aos tempos de menino
Sou paraibano e enfrento até a morte.
Viajando por Sergipe
Fui direto ao Piauí
Tomei gole de cajuína
E vi todo o povo sorrir.
Eu sou do Maranhão
Mas nasci em Teresina
Os sobrados de São Luiz
Muita arte me ensina.
De volta à minha Aracaju
Nas prais de lá nadei
Como é conhecido esse lugar
Turistas e mais turistas em contei.
Quando fui para Alagoas
Em Maceió esqueci meu coração
Minha morena ficou em Mato Grosso
O Nordeste é só emoção.
Eu sou do Amazonas
Que bela floresta que ao mundo encanta
Na capital Manaus nasci
Os animais em extinção nos espanta.
Eu sou de Mato Grosso
Tenho irmãos em Mato Grosso do Sul
Esse Brasil é por demais grande
De Leste a Oeste, de Norte a Sul.
Eu sou do Acre
Moro atualmente no Amapá
Sou amazonense
Quero e desejo ficar em Macapá.
Nas terras do Pará eu passei
Em Curitiba deixei só saudades
Quando em Belém eu voltei
Descobri no Paraná minhas verdades.
Passei em Florianópolis
Fiz estadia em Santa Catarina
Quero de novo voltar
Aos abraços e braços de uma menina.
Eu sou do Ceará
Fortaleza sempre me espera
É a cidade do humor
Meu Ceará de tanta fera.
Eu sou do Nordeste de tanta arte
Terra de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e folia
Do teatro, da política e da poesia
Da história, da cultura já faço parte.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de dezembro de 2006
1717. É HORA DE TOMAR AS RÉDEAS
Divisor de águas
A escola precisa
Unir numa só direção
Tomar a frente
Ir avante
Resolver um nó
Construir um
Só CENATED.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de abril de 2003
1718. SINA DE PROFESSOR
Nascestes para trocar experiência
E tantas foram estas, que
Fostes surpreendido por um
Quadro verde, que o chamam
De negro... Assim trocando
O adjetivo, o Professor
Vai aprendendo mais, muito
Mais que ensina, pois
Hoje diante desta tecnologia,
O Professor, o que ganha,
Barganha no mercado da
Esquina, e se um aluno
Nas aulas adormecer,
Receba o afeto de Drumond
E deixe o aluno dormir.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de março de 2003
1719. UM VAZIO
Dentro de mim rasga o peito
Uma vontade se não ser
Este ser que escreve sua vida
E capta um vazio no viver
Um vazio entra em mim
E canta mil noites de amor
Sofre comigo os prantos
E se perde em vão na dor
Uma dor sem tese
E sem perdão que dói
Soluça cada pedaço
E um vazio feito um rato que rói
Um vazio vai ficando
Um sangue vai jogando
O vacilo é tanto
As vestes da saudade de quem está amando.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de abril de 2003
1720. CHUVAS DE TERESINA
Chuvas que caem nas casas
Telhas brotando lágrimas
Os olhos do povo são
Uns cantos de águas sãs
De tudo que sobra do céu
Há nuvens sangrando na terra
Trovões cantando nas pedras
Rios beirando na terra
É chuva que molha Teresina
Pingos nos tetos
Tetos banhados de frio
Todos na expectativa
Chove, é noite, é longa
A distância do Nordeste
Dezembro, inverno que se inicia
Teresina em festa, noite de festa
A chuva cai e é chuva tanta
Que espanta qualquer litorâneo.
Bento Júnior
Teresina-PI, 27 de dezembro de 2004
1721. MESTRE
Somos um pedaço do mestre que a
política nos deixa como herança,
Em cada caminho no tempo resta ainda
uma gota de esperança.
Gota esta que nos levará ao entendimento
do ontem, do hoje e da própria
Política, cobiçada por todos e assumida
por poucos; e resta poucas covas
Meter todos os políticos. O artista que trabalha
por estradas e planta em cada
Semente a sua canção, recebe
um afetuoso aperto de saudade e canta
Sorridente a dor de toda Nação.
Uma saudação ao Mestre da Política.
Bento Júnior
Teresina-PI, 27 de dezembro de 1996
1722. COMIDA DE DOMINGO
Uma pizza e um refrigerante
Sabores os mais diversos
É alimentação sem futuro
Comida que engorda
É melhor escrever meus versos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de maio de 2007
1723. A ABELHA RAINHA
A abelha voa
Voando não
Se sabe
Onde se vai.
Caiu a abelha
Foi ao chão
Voou seu último
Vôo.
Bento Júnior
Teresina-PI, 27 de dezembro de 2004
1724. CASTELOS DE SONHOS
Castelos de sonhos
Foram erguidos
À beira mar.
Um amor
Quando muito se sonha
É castelo de areia
Feito para a onda pegar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de maio de 1982
1725. A CHAVE
a chave entre
tantas chaves
não abre, fechou-se
de todas as chaves
a porta com a chave
jamais encontrou-se.
Bento Júnior
Teresina-PI, 27 de dezembro de 2004
1726. A DOR QUE SE SENTE
a dor
que tu sentes
não cabe
no mastigar
dos meus dentes
é que a dor
que tanto incomoda
não faz por menos
afronta meus entes.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de março de 2001
1727. SEU MOÇO
Seu moço
Eu estou com fome
Sente-se seu moço
Puxe a cadeira
Espere um pouco
Que eu vou buscar
A minha mulher.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de abril de 1984
1728. UM SIGNIFICANTE PÁSSARO
Quando o pássaro
no seu significante vôo
busca a paz
não mais será
apenas um pássaro,
e sim, outros vôos
foram dados no momento
pelo pássaro.
O pássaro canta, e no seu canto,
um canto de pesar, sofre o bando,
que se vendo dono do mundo,
voam, e voando pensam e sonham
que são os donos do mundo...
... caem todos os pássaros!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de abril de 1984
1729. AS PEGADAS
Nas pegadas traçadas
Do meu ambíguo pensamento
Fugi por nada entender
E no auge do meu
Entendimento
Fiquei e com todos
Pereci...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de abril de 1984
1730. OS DEZ VÁLIDOS OU DESVALIDOS
Como é rica esta língua portuguesa,
Minha terra descoberta por Cabral
Habitada por ancestrais, dado a todos
O nome de índios...
Ou são válidos
Ou são desvalidos...
Assim segue a história do mundo
No mundo dos válidos
No mundo dos desvalidos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de abril de 1982
1731. ESTA CASA
Esta casa é pequena
Demais para nós dois,
Tenho que sair agora
O resto você cuida depois.
Temos que dá um jeito
Desse jeito não tem espaço,
O espaço é pequeno demais
Se eu ficar será um fracasso.
Quem de nós dois errou mais?
A resposta é claro que nós dois sabemos,
Essa casa que ainda moro
Só nós dois é que perdemos.
Esta casa é pequena
Nos sonhos que juntos passamos,
De cada beijo mal dado
Juntos nós dois é que erramos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de março de 2001
1732. AS NOSSAS MÃOS
Quem prometeu votar em nós
Se vendeu e se deu bem
Deixou as nossas mãos
Calejadas e sem ninguém.
Fica para a próxima
É uma história de vida
Existem vitoriosos e derrotados
Em cada uma das mãos uma ferida.
Quando anunciado o resultado
O povo a casa assumiu
Gritou e deu risada
O mundo inteiro partiu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de novembro de 2004
1733. A BEXIGA CHEIA
A bexiga cheia
Cheia de coisas
De coisas que sei
O quanto doeu
Doeu até demais
Demais passando das contas
E no final das contas
Chorei de amargura
De amargura chorei
Com a bexiga cheia
Cheia de líquido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de julho de 2003
1734. O TEMPO É LONGO
o tempo é longo
a espera é longa
a conversa é longa
a demora é longa
o tempo não passa
a hora não passa
a vida não passa
o mundo não passa
o tempo está triste
meu olhar está triste
minha espera está triste
meu desejo está triste.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de julho de 2003
1735. AS MUITAS RAZÕES VIVIDAS
As muitas razões vividas
No ápice do meu sofrimento
Sufocaram as emoções não vividas
Do meu melancólico entendimento.
As muitas razões vividas
Na pele de quem nunca viveu
Entristeceram as verdades perdidas
No semblante moribundo de um ateu.
As muitas razões vividas
No caos da memória pouca
Enlutaram as lágrimas contidas
De um ser que já não tem boca.
As muitas razões vividas
Na gentileza de nunca ter sido
Moldaram o pensamento em vida
E apenas vive, quando já devia ter morrido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1988
1736. POETA E VAGABUNDO
De poeta e vagabundo
E coisa parecida,
Vive o homem
Dos poucos românticos,
Cansado da labuta
Do dia a dia.
De poeta e vagabundo
Já que todos
Têm um pouco,
Caminha um solitário
Entrevado de dúvidas
Endividado no mundo.
De poeta e vagabundo
Perdido na lembrança,
Quisera ser forte.
Quando deixou
De ser vagabundo,
Parou na poesia,
Assim... encontrou-se
Com a morte.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de agosto de 1988a
1737. JARDIM
No jardim de amplas folhas
A água sorrindo agradeceu,
Banhou todas as folhas
O dia amanheceu...
O verde deste jardim
Avivou os olhos da gente,
De tanto passar por aqui
Cheiro o amor e fico contente.
No jardim claro de flores
O dia permaneceu,
Crianças brincam de roda
E o dono não apareceu.
O verde é cor perfeita
No colorido deste jardim,
De quem é este pomar,
Talvez de Saul ou Raolim?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de julho de 2003
1738. TANTA INCERTEZA
acordado
banho tomado
café colocado
é tempo marcado
parado
ônibus demorado
encontrado
o perfeito esculhambado
o passo é dado
o trajeto a ser caminhado
um homem suado
pensa no diabo
logo ele é encontrado
não foi o prefeito achado
um tal de menino falado
e uma menina já tendo assaltado
comeu o pão que estava amassado
num local bem guardado
onde o mal-assombrado
faz o seu bom bocado
e o homem mal-informado
vive na incerteza de tanto pecado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de julho de 2003
1739. TODOS IRMÃOS E IRMÃ
Dedicado para todos os meus irmãos e irmãs
Todos têm filhos e filhas
Homens e mulheres
Os irmãos
A irmã
Pais e mães
De filhos
De filhas
Sãs e salvos
Todos felizes
Com histórias diversas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de julho de 2003
1740. O ABALO
Quando entrelaçados estrondos abalar
O mundo abalado
O monstro de asas partidas, partirá
Para nunca mais voltar e só assim
O mundo não mais sofrerá os abalos das bombas
E as bombas serão fantasias usadas carnavalescamente
Nos artifícios do mundo e o ofício do povo é vivenciar
A chegada do monstro que abalará o mundo e tudo
Voltará a ser como antes fora.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de março de 2001
1741. MELANCOLIA TARDIA
Já é tarde
Faz frio
A chuva choveu
A terra litorânea
Entre uma escrita
E um pensamento
Os pingos de água
Enxáguam minha tristeza
É tristeza tão triste
Que os olhos de tanto esperar
Elaboram sentimentos
Mas já é tarde
Faz sol
A chuva se foi
De tanto ser triste.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de março de 2004
1742. CORAÇÃO EXPLOSIVO
Meu coração quer explodir
De cantar quer construir
Um mundo em cima do muro
Tão alto para espantar o escuro.
Meu coração silenciou
E a explosão passou
Foram-se os anos vividos
Nos muros dos aborrecidos.
Meu coração é tão intenso
No escuro quando eu penso
É explosivo e pede bis
Como a ser o sexo de uma meretriz.
Meu coração quer explodir
Em todo esse compartimento
É viciado em momento
Os contratempos estão por vir.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de julho de 2001
1743. LENTIDÃO DE OUTRORA
Estás lento meu velho
Neste velho traje
Onde outrora eras outro
Hoje não passas
De um velho caduco e louco
Que convive no meio dos lobos
E como irracional
Mora nesta floresta
E faz da noite
Sua única e inseparável companheira.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de julho de 2001
1744. AS MÃOS E SUAS PARTES
Fazendo parte
E como parte
É fragmento,
As mãos movem-se
O fazer
Quando o comando
Vem de cima
Elas executam
Às vezes se completam
Às vezes se fragmentam
As mãos
Se pegam a tudo
E quando caem no incerto
É tiro certo
Que bom que as mãos
Diante de todo fragmento
Tocou a mais linda melodia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1983
1745. ESTRAGO DE RIO
Estrago
do rio que passa
na ribanceira,
os esgotos
a céu aberto
mostra a realidade
brasileira
estrago
do homem que passa
e não percebe o rio,
as águas
poucas em vida
é um traço do estrago
desse Brasil...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de julho de 1989
1746. BANHO DE MENINO
Banho de menino
Moleque vadio
Tem que ser
Banho de rio
Ah! Que saudades
Dos banhos tomados
No rio de águas claras
Onde hoje habita
Coliformes fecais.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de julho de 1989
1747. DETERMINADO ESTOU EU
Determinantemente vou
Buscar o meu e único amor
Determinado a ser exigente
Mostrar todos os dentes
Ser um falsário dos repentes
Intransigentemente.
Determinado foi embora
O homem pai dos filhos
Que sobraram mais tarde
Determinadamente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de julho de 2001
1748. PEQUENO AMOR
Tão pequenino ele saiu
Sem nada em suas mãos
Rumo ao mundo lá de fora
Lutar pela vida
Correr contra o tempo
Emprestar sem medo
E meter o pau a fazer poema.
Era um pequeno amor
Que a muito tempo se foi
Deixou entre linhas o nome
De tão pequeno, ainda se procura o amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1983
1749. ALFABETO FORROZADO
A confusão foi tão grande
Bateram no coronel
Calou-se a multidão
Deixaram cair lá do céu
Em pequenos pedaços
Faca, foice e facão.
Quem gostou foi a criançada
Hospitalizada e sensível
Irmãos de nossa devoção
Jesus está bem por perto
Libertando o homem do forró
Mostrando a solução.
Nessa história contada
Ouviram o gado gemer
Pularam feito um cancão
Quanto mais se trabalha
Rouba-se porque até
Sebo de espingarda caiu no chão.
Todo esse empenho
Unido ao meu lado cruel
Viajando pelo sertão
Xaxado, xote e sanfona
Zabelê era chefe
Zumbi o rei do salão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de março de 1988
1750. TODOS SABEM
Amigo de farra
De futebol e garra
Ninguém me agarra
Se aquele marra
Comigo não querer ficar
Sou capaz de tudo
Digo e não me iludo
Falo e não sou surdo
Ouço porque não sou mudo
Morro se comigo ela não ficar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1989
1751. QUANTO CUSTA FICAR SÓ?
Estou só
Sem ninguém comigo
Quero ficar só
E espero saber quanto custa?
Estou querendo ficar
Ficar aqui sozinho
Quero e posso
Não quero mais o teu carinho.
Ficar só é o que me interessa
Só isso e nada mais
E não me façam pedir
Só peço isso e nada mais.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1988
1752. MEUS QUARENTA ANOS
As pernas caminham
As mãos gesticulam
A boca implora
Os olhos entendem...
Caminham por caminhos
Que gesticulam mãos
Imploram as bocas
Que os olhos jamais entenderam...
São décadas de escritas
Traçadas no tempo
É que as pernas estafadas
Não soam como as mãos...
Quatro décadas se vão
Como o pulsar deste coração
É que a boca já diz
O que os olhos ainda entendem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 2001
1753. TEIMOSO
Dedicado para Bento Carvalho de Lima (Meu Pai)
Teimoso
É teimosia por tudo
Por tudo teimoso
Sou moleque dengoso
Quando falo
Sou duvidoso.
Teimosia
De menino assanhado
Soltador de pipas
Rédea de cavalo disparado
Lixa a ripa
E de teimoso é chamado.
Meu Pai
O filho teimoso
Chama de teimosia
Este jeito acochado
De tudo o bico meter
Porque ele é amor e é amado
Sempre na teimosia de ser.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de março de 1989
1754. TEU AMOR
Teu amor
Cai no poço de felicidades
E as águas do fundo do poço
Voam em toda a eternidade
Cada balde que tiro do poço
E é H2o de pura bondade
O teu amor é líquido
Límpido e cristalino
É amor de festejo natalino
Dos meninos que sentem saudade.
Teu amor
Cai do poço de honestidade
E as águas frias do poço
Banham o corpo da crueldade
E quando o amor sair
Meu dever é cantar e sorrir
Para o nosso amor ser mais verdade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de julho de 1977
1755. TREZE ANOS
Dedicado para o Grupo de Teatro Circo Sem Pano
Treze anos
Circo Sem Pano
Noventa e Um
Sua Fundação.
Por ele já passaram
Atores e Atrizes
Colaboradores
Treze Anos.
Dia Doze de Dezembro
Data que lembra
Circo Sem Pano
É história de teatro.
O Grupo caminha
Montagens populares
Circo Sem Pano
É hora de reflexão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 2004
1756. PANTERA
Pantera
Teu nome é Vera
Fizestes o que querias
Todas as minhas vias
Perderam-se nessa espera.
Pantera
Por que não fostes sincera?
Quebrastes meu sonho
Meu amor medonho
Ai, quem me dera!
Pantera
Ter teu riso de fera
Cantar no teu colo
Ser sua tira-colo
Por que não me toleras?
Pantera
Teu nome é Vera
Pedaço de poesia atrevida
Esperando tua partida
Ficastes aqui de mera.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de maio de 1977
1757. AS LOUCURAS DE SEU ESPEDITO
Seu Espedito, valente cabra da peste
Lutador de gado, boiadeiro por opção
Um dia quase amanhecendo foi ao curral
Pegou de garra da vaca malhada
E para a sua surpresa, ficou daí em diante
Doido de jogar pedra na lua.
Seu Espedito, valente do sertão nordestino
Tinha apenas trinta anos de idade
Já tinha sido de tudo: vaqueiro, porteiro, cortador de cana
E moleque de recado. Ficou louco...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de julho de 1989
1758. MULHER SORRIDENTE
A mulher quer perdão
Será em breve perdoada
Quando acontece o perdão
Ela é imediatamente amada.
A mulher olha para o céu
Pede a Deus muito amor
Pede a Deus muita paz
Tem o riso, mas cresce com a dor.
A mulher é uma rosa
Que brilha a cada instante
Por onde a mulher passa
Seu perfume é contagiante.
A mulher é uma jóia
Preciosa e quer muito viver
Sorri sempre ao mundo
Seu encanto é meu bem querer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1980
1759. ALGUÉM
Seja teu nome VIDA
Doce poema de amor
Porque serás sempre
A mais linda e amada flor.
Tu és a flor bela
Bela entre todas as flores
Sempre serás aos meus olhos
A canção de todos os amores.
No jardim de puro lazer
És a rosa azul cor do céu
Sempre serás o engenho
Que faz esse gostoso mel.
Seja teu nome alguém
Que eu simples conheci
Um rastro de luz que brilha
No mais singelo amor que nunca esqueci.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de maio de 1975
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1983
1760. O FREVO
Dedicado para José Camilo (Meu Avô Materno – In Memorian)
O frevo em Jaguaribe
Na rua os foliões
Na Maternidade
O choro de criança
Era Carnaval
Nascia o filho primeiro
O filho de Vitória...
O frevo na Torre
Na rua os foliões
No ataúde
O silêncio de velho
Era carnaval
Morria o pai de Vitória...
Enquanto Bento vinha
Ao mundo
Pensava o poeta
No momento
Chorava o poeta
O avô calado no frevo
Seguia seu juízo final...
Uma nascia e era frevo
Um morria e era frevo
No trotar dos carros
O velho esperava a terra.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de fevereiro de 2004
1761. DOIS É...
Dois falta
Duzentos
Noventa
E nove
Dois é o ano
O dia que eu vivi
Dois é o número
Que falta agora...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de maio de 1990
1762. MEU AVÔ
Dedicado para Ascendino Paulino de Carvalho (Meu Avó Paterno – In Memorian)
Tudo era tão bonito
Até que surge um aviso
Soube da notícia que há pouco
Havia morrido o meu avô tão querido.
Tamanha foi a dor
Que explodiu dentro de mim
Caiu do rosto uma lágrima
No choro que era ruim...
Fiquei triste como cantiga de viola
Os desafios, os repentes, tudo tristeza
A saudade do avô mora em mim
E hoje o riso é uma incerteza.
A morte vem e nos causa dor
Levando depressa o meu avô
Choro tudo que alguém já chorou
E hoje ainda choro no riso e na dor!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de dezembro de 1981
1763. ELE VIVEU...
a José Camilo da Silva (Meu Avô Materno – In Memorian)
E agora, José?
Viveu entre
Pedras e barros
Campos e flores
Teve os seus amores
E criou e educou
Filhos e filhas
Viveu suas passadas dores...
E agora, José?
Seu tempo chegou
E a vida enviou
Uma legião de anjos
E sua trombeta tocou!
José se foi
E como todo mortal
À terra voltou
Não teve nem choro e nem vela
Lágrimas de contentamento
Porque era desejado o momento
Aí José se foi...
Ele vive
Entre o verde da grama
O barro vermelho
O ataúde desceu
José aos céus subiu
E como todo mortal
José jamais morreu!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de fevereiro de 2004
1764. PINGO DE CHUVA EM TELHA MOLHADA
Os pingos da chuva
Foram à casa da comadre telha
Pingaram a noite toda
Que a telha quando já ia secando
Novos pingos de chuva.
A telha toda desapontada
Ouviu atentamente
Os pingos foram e só voltaram
Um ano depois...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de julho de 1985
1765. A DAMA E O CAVALHEIRO
A dama da primeira estação
De posse de seu cavalheiro
Cruzaram o Atlântico a bordo
De um navio estrangeiro
A dama de tanto ciúme do cavalheiro
Se jogar nas águas azuis
O cavalheiro sem nada entender
Também se jogou
Resgatou com vida a sua dama
E hoje a dama e o cavalheiro
Vivem felizes beirando os seus
Mais de oitenta janeiros.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1980
1766. SEM CRIAR, SEM VIVER
O homem tem que viver
O homem tem que criar
Se o homem não vive
O homem morre de tanto esperar
O homem tem que criar
O homem tem que viver
Se o homem não cria
O homem morre de tanto saber.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de julho de 1979
1767. POR HOJE BASTA
Já criei poemas na vida, na vida criei poemas
Já criei na vida poemas, poemas eu sei que criei
Já criei na vida eu criei, uns poemas de amor
Já criei os amores, na vida amores eu criei
Já criei poemas de vida, na vida eu sei que criei
Já criei os amores da vida, da vida restou um poema.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de maio de 1987
1768. AO DIA DAS MÃES
Dedicado para Vitória Carvalho (Minha Mãe)
Mamãe sou feliz
estou sempre contigo,
mamãe nesse país
eu sou teu amigo.
Mamãe sou feliz
em estar com você,
mamãe te agradeço
por me deixares nascer.
Em vida o que posso
farei sempre pra você,
nesse dia tão lindo
quero te agradecer.
Mamãe meu viver
é uma constante alegria,
quero te oferecer
esta simples poesia...
... Feita com todo amor
que há no coração,
guarde-a consigo, mamãe
nossa maior emoção.
Só peço o seguinte:
não chore por favor,
façamos desse momento
muita paz, muito amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de maio de 1981
1769. ESPÍRITO
ao Pai Jurandi
O espírito é a carne
E a carne compreende
Outras pessoas
Que procuram no
PAI
A outra resposta
Do lado estreito da vida.
A vida é mansa
E o pai não se cansa
De acalmar a face
E ouvir os sons
Da carne espiritual.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de setembro de 1990
1770. MULHER DE POETA
Dedicado para Gerimaldo Nunes e Tânia (Marido e Mulher – Meus Grandes Amigos)
Aqui de dentro de casa
Ouço o barulho do chocalho.
Talvez a música
Tenha tocado ontem à noite.
Aqui de fora de casa
Ouço o silêncio da lua.
Talvez a natureza se fez presente
Ontem à tarde
Na cabeça do poeta.
Aqui no meio do mato
Nada é proibido.
Ela se encontra com o poeta,
Fazem a festa e ainda sobra um tempinho
Para a casal explodir
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de maio de 1991.
1771. POBRE MEU PAI
a Bento Carvalho de Lima (Meu Pai)
Ai, que o conselho jamais seja dado
E o diálogo jamais seja esquecido.
Pobre meu pai, trabalhador de tantas
Noites e dias vividos.
Quebra-se a rima
E se mete a verdade,
Mesmo subjetiva
Ela provoca saudade.
Pobre meu pai, um tanto falador
Se esquece dessa aventura,
Comprendes toda esta loucura
De um filho chamado amor
Que habita precocemente
Na mente de um sonhador...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de outubro de 1989
1772. NEM NA CAMA PENSAM EM MIM
VIVER a guerra
Embalada de caças,
Mísseis, bombas e o poderio da força
Aliada, capitalizada,
Vence quem matar mais?
Como se a arma fosse
O único instrumento
Quando não se tem mais
Razão para se ter paz.
Me jogo
Vencida
Desnuda
Gritando
O que sinto: por que pensar nos outros?
Previnem-se uns deste lado
Torcedores do bombardeio,
E vão estocar seus mantimentos.
O poderio da força aliada, capitalizada,
Vence quem tem mais...
E subo
E desço
Cresço
E não vejo ninguém por mim.
Eles vivem à guerra
E planejam a paz.
Que fazer?
Me dar
Me corromper
Não posso...
O individualismo invadiu a cara desta população
E não propõe o coletivo.
E pensarei
E farei, antes, porém, pedirei:
Nem na cama pensam em mim!
Bento Júnior e Alberto Black
João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 1991
1773. TESÃO DE SAUDADE
A saudade atormenta.
O que se engana, vem, tudo se sente.
É como o desabrochar de uma flor
Que permite um tanto quanto,
A alma a outra alma pertencer...
Há conflitos de espíritos
Nas derramadas águas dos olhos,
Nas cenas repetidas do dia a dia.
Quando duas pessoas se beijam
Elas voam em sonhos mil,
Pueril de nós ter a ciência
Se a demência já é por si só pueril...
Nesta dimensão de tantos carinhos
De tantos afagos e contratempos
Um tesão invade a fala, o toque
A paixão, o amor, a saudade, somos todos passatempos...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de maio de 193
1774. POÉTICOS ANOS
Oh! Lua
que fazes
por trás do muro?
Se escondes
para não me contemplar?
Eu já tenho vinte anos...
De viver, batalhar, sorrir,
Cantar, amar, sofrer...
Oh! Lua
Que fazes
por trás do concreto?
Estou magoado,
e sei bem, tu
tem tuas mágoas.
Eu já tenho vinte anos...
de sonho, medo, orgulho, vício,
caminhar, dormir, entender...
Oh! Lua
Que fazes
a me olhar?
clareia meu verso, meu destino
e me ensina a esquecer.
Eu já tenho vinte anos...
de desvendar o proibido
e jogar água no fogo das paixões...
Oh! Lua
Que fazes
nas noites
onde não a vejo?
Uma paradinha para respirar,
aí, a lua largando o sorriso responde:
Amigo,
tenho vinte chamas
para chamar teu nome.
Da pétala se fez a flor
da flor se fez o aroma,
do aroma se fez o cheiro
enviado num papel lacrado.
Eu já tenho vinte anos...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1981
1775. GLU – GLU (O Peru do Jamanci)
um peru ele ganho
a festa o bicho mesmo que fez,
foi tantos e tantos glu – glu
caiu na faca desta vez...
no quintal o peru ficou
cantava como grande cantor,
de tanto cantar o peru
sua dona não agüentou...
era uma vez um glu – glu
de tanta zuada fazer o peru
acabou na ponta da faca
a rua toda comeu e ainda fez glu – glu...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2005
1776. BREGA DA CAPITÃO
Dedicado para todos os moradores da Capitão
A casa de número cento e sessenta e oito
Estava muito enfeitada
A noite era só brega
Foi grande a noitada
Todo mundo logo se apega
Nesta festa de brega
Teve até lambada
Jamaci dançou com todas
Com todas ele dançou
Coitado do seu isopor
Cada cerveja tomada
Paulo e Fabrício tomou
Kennedy deu a sua parte
Cantou brega sorrindo
Norma se divertindo
Dançar é a sua arte
Tinha marido e mulher
Filhos que se divertiram
Sérgio e Maria
Miraldo e Mônica
Paulo e Rejane
Jamaci e Eliane
Kennedy e Neide
Epaminondas e Fátima
Rodrigo e Jane
Fabrício e Patrícia
Era festa, era alegria
Raimundo, cadê a mulher?
Alessandro e Sandra
Tudo era só carícia
Teve imitação
Declaração de amor
Zé Alberto e Vanessa
Tava demais o Augustinho
Adelson quis cantar
Não deu para o coitadinho
Caiu alguém da cadeira
Não foi brincadeira
Fabrício e sua Tulipa
Acabou-se a saideira
Sandra guiou a Topic
Foi o marido que mandou
Teve amor a noite inteira
Kennedy e Neide
A festa feita para os dois
Teve Rainha do Brega
Juliana, filha de Seu Lula
E por falar em Lula
Pense num brega do cacete
Até quem não era da rua
Baixou e foi esperto
Isso vale ao amigo
Zum – zum em Sandra Maria
O dançarino amigo Beto
O gaúcho da família de Raimundo
Como a esposa veio também
Glória estava brega demais
Maristela que bom que veio
Suetônio e Késsia
Foi cachaça e tome aperreio
O poeta e sua mulher
Três dias de porre,
As pequenas também estiveram
Carolina, Camila, Catarina, Marina, Letícia
Petryn e Júlia Rebeca
Pense numa festa danada de brega
Foi a festa brega da Capitão 168.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de novembro de 2004
1777. SOFRER
Andei descalço
Pelas ruas do amor
Provando bola
No meu peito sonhador
É nostalgia
Quando amanhece o dia
É madrugada
Nós somos todos sofredores
Sofre menino
Sofre rapaz
É sofrer que não se acaba mais...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de maio de 1981
1778. INFÂNCIA DOS TEMPOS
A infância se foi
Saiu como um boi
E depois?
Só nós dois?
A infância do menino
A infância da menina
Roda a saia
Levanta o pião.
A infância é depois
Eu e tu, só nós dois
Quando voltar o boi
A infância já se foi...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 2003
1779. FILHOS
E quando passarem a limpo.
E quando cortarem os laços.
E quando soltarem os cintos, façam a festa por mim.
E quando largarem a mágoa.
E quando lavarem a alma.
E quando lavarem a água, lavem os olhos por mim.
Quando brotarem as flores.
Quando crescerem as matas.
Quando colherem os frutos, digam o gosto para mim.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de março de 1990
1780. OS TEATROS
Em busca da valsa perdida
A oração da terra ecoou,
Lá de longe o palhaço sassarico
As histórias ele contou.
E o anjo e o morto, sai ou não sai?
Só quando a tribo guerreira
Pedir ajuda ao pequeno Davi
João e mariazinha ser a primeira.
Os textos viram espetáculos
E o público muito mais pede,
Este é o teatro feito
No curso do CENATED.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de julho de 2003
1781. ABSURDO
Absurdo
É você querer
Fazer-me de idiota
Nessa idiotagem
De querer por querer...
Absurdo
Foi ficar tardes
E mais tardes
A ouvir de você
Me fazer de idiota.
Absurdo
É este salário que vivo
Mal dar para pagar
As contas
Mas, uns dizem em
Bom e suave tom
Que é melhor o pouco
Com Deus, do que o muito
Com o diabo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de julho de 2003
1782. VINTE ANOS DE TEATRO
Vinte anos de Teatro
Muita estrada eu caminhei
Tantos acertos e erros
De tudo um pouco enfrentei
Na onda de ser ator
Me tornei diretor
Professor da Rede Pública
Muito artista por mim passou
Vinte anos de Teatro
No Castelo pelas ruas
Boca de Forno era o Grupo
Iluminação em noites de lua
Muitas viagens participei
Com a arte teatral
Troquei experiência cultural
Fazer Teatro nunca deixei
Iniciei com Circo Sem Pano
Um Teatro de Rua e de Praça
Aos palcos tradicionais
Fiz chorar, fiz a platéia achar graça.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de dezembro de 2003
1783. MEU CORAÇÃO ESTÁ BATENDO
Meu coração está batendo
Batendo forte no peito
O coração de poeta
Sofre e não tem direito
Meu coração está batendo
Sofre e não tem direito
Quando morre um poeta
Fica vazio um leito
Meu coração está batendo
Sonha com todo respeito
O sonho que sonha o poeta
Parece que não tem conceito
Meu coração está batendo
Parece que não tem conceito
O coração de quem ama
Faz tudo, mas não causa efeito.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de abril de 2003
1784. NÃO DESANIME MEUS SONHOS...
Criatura bela e formosa
Seja parte deste sonho
Bendita, linda e formosa.
Não desanime meus sonhos
No estranho de péssimo momento
Entre na fase quarto minguante
Guarda a chave do sofrimento.
Não desanime meus sonhos
Faça versos e queira cantar
Todo ser que se ama
Basta ver, ouvir e falar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de abril de 2003
1785. SEGURE AS CALÇAS
Segure a calça
Cuidado se não ela cai,
A calça está pra lá de frouxa
Cuidado se não o bicho sai.
Segure a calça
Meu estimado amigo-irmão,
A calça está quase caindo
Cuidado com o pinto durão.
Segure a calça
E cuidado com o vestido,
O que resta, meu irmão
É cantar e ser divertido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1983
1786. O PADRE
ao ator Rogério Cardoso (In Memorian)
O Padre
Do Auto da Compadecida
Era cômico
E fazia parte
De uma Grande Família
Quando ele falava
Era uma Zorra Total
Benzia e enterrava cachorro
Rezava em Latim
Seu riso que hoje é choro
Faz pobre a arte
E entra na história
O Rogério Cardoso
Nosso amado mestre
Que era Rolando Lero.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de julho de 2003
1787. QUANDO EU PENSO EM MAIO
à Norma Sueli (Minha Esposa)
Quando eu penso em maio
Lembro do mês de abril
Do ano de noventa e um
A noite da menina branca
Branca como a lua
Que gerou três luas brancas
No balanço da rede
Tudo isso me faz lembrar
Do mês de maio do ano
De noventa e um
Dá saudade dos tempos idos
Caminhadas e viagens
Hospedagens e passeios
Conversas e músicas
No Bar da Tapa
O reencontro da vida
Planos, planos e planos
Quando eu penso em maio
Dá saudade de tudo em você
Da primeira noite
Do toque da pele
Da pele suada
Do suor da vida
Que escorria na mente
Tudo isso passa por mim
Quando penso em maio
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de julho de 2003
1788. O DANÇARINO
a Jamaci Aranha (Amigo da Capitão)
Ele dança
Ele se requebra
Ele manda relaxar
A mulher que dança com ele
Relaxa e se requebra
No jogo para lá e para cá
Ele é dançarino
O melhor da Capitão
Quem dança com ele
Relaxa e roda no chão
Ele dança de tudo
Na festa do brega
Quem caiu na sua mão
Dançou e relaxou
Ficou pequeno o salão
O dançarino dança
Dança e fica de pé
A dança dele aumenta
Quando está longe a sua mulher.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2004
1789. CRIANÇAS NO PARQUE
à Carolina, Camila, Ingrid e Isabela (Minhas filhas e Suas Primas)
Elas querem balanço
Balanço pede a pequena
Desceram todas ao Parque
Balançam, cantam e pulam...
Crianças sorridentes
Escorregam e dançam
Banho de água de mangueira
Molhadas sobem ao chuveiro...
O Parque desse condomínio
Foi feito para esta criançada
Na areia rola a bola de todas
Esbarram na escadaria.
Bento Júnior
Teresina-PI, 22 de junho de 2001
1790. FLOR SERTANEJA
Viajando por este sertão a fora
Encontrei a flor no meu caminho,
Flor de Cactus e Mandacaru
Xique-xique e Avelós,
Tem ainda aqueles pássaros
Bem - te – vi, graúna e cancão.
Sol de quarenta graus
Devastando este meu lindo sertão.
Bento Júnior
Teresina-PI, 22 de junho de 2001
1791. ZUADA
Aqui no Vila Tropical
A criançada se sente a vontade
A vontade é tanta
Que o condomínio se balança
É grito de criança
Zuada que todo mundo se espanta.
Na nossa despedida
A alegria volta a reinar
É silêncio por toda parte
Criança não vai mais se balançar.
A zuada foi tão grande
Foi choro e muito barulho
Feito pedra chutando entulho
Teresina quase caindo
Quase morrendo sem vida
Só depois ficamos sorrindo
Na nossa festejada despedida.
Bento Júnior
Teresina-PI, 22 de junho de 2001
1792. A CRIAÇÃO
Criar, verbo discreto, pessoa discreta
A criação do ser que se possa das teclas
É um tal de mala direta
Criar, verbo de todas as mesclas.
O pesar pela criação do nada criar
É tentar criar do nada o pouco
Mesmo que a criação seja um passar
Muito mais pesar ainda é troco.
Um troco que se troca sem nada em troca
E quando a criação já cansada partir
O criador de posse tira uma broca
Fura a parede e quer ser investigador
Não consegue porque quer fugir
A fuga da criação em defesa do amor.
Bento Júnior
Teresina-PI, 22 de junho de 2001
1793. O CAMELÔ ALOPRADO
O homem chegou aqui
Conquistou o pessoal
Conquistou minha viola
Que livrou de um grande pau
Quem mente muito na vida
Um dia vai se dar mal
Não adianta enganar
Um dia é enganado
Fez passar por camelô
Todo mundo óleo comprou
Era mesmo um cabra safado
E hoje ver o sol quadrado.
Eu tenho que agradecer
O bem que esse óleo me fez
Me trouxe de volta a luz
Em nome de meu Jesus
Quero antes de morrer
Casar com a da Luz.
Todo mundo tem motivo
Para esse óleo comprar
Leve logo esse remédio
Chegue em casa e vá tomar
Com certeza vai -se o tédio
A doença vai curar
E sua vida melhorar...
Preste muita atenção
na simpatia do vendedor
conquistou o pessoal
o remédio ele vendeu
ficou super querido
nunca ficou esquecido
na boca do povo que lhe escolheu.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de maio de 1986
1794. O POETA POPULAR
Senhoras e Senhores.
Preste muita atenção para a história que eu vou contar.
Vim de muito longe, não conheço esse lugar.
Gosto da cantoria de viola, gosto também de improvisar.
A história que os senhores vão ouvir, é de dar água na boca.
Uma feira agitada, cheia de confusão,
ninguém sabe qual o final que tudo vai terminar.
Aqui adianto aos senhores, tenham calma e
preste atenção, se a história parecer com uma história
já contada, podem ter certeza que foi proposital.
Não saiam do lugar nem para um copo de água beber,
fiquem atento e até mais vê...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de maio de 1987
1795. SEVERINO, O CANGACEIRO DO CÃO
Com a graça de meu Deus,
meus senhores vou contar,
a história de Severino,
cangaceiro destemido que viveu para aprontar.
Severino do cangaço foi o seu nome de guerra,
quem ousou desafiar, correu, subiu à serra,
foi aqui o maior cangaceiro, um herói da nossa terra.
Severino do cangaço foi na terra a própria morte,
não houve outro bandido que tivesse o seu porte.
A fama de Severino rapidinho se espalhou,
Severino do cangaço muitas outras aprontou,
fez medo a muita gente, era mesmo um terror.
O duelo foi grande naquela noite de lua cheia,
morreu Bento e todo o seu bando,
e sem comando, seu filho também levou peia.
Sem pai, sem mãe e sem irmão, Catarina entregou
a Severino o seu coração.
Catarina em sua vida não tinha visto ninguém
com tanta valentia como a de Severino.
Ao cruzar com a donzela,
Severino tropeçou, já que em toda vida nunca imaginou,
uma beleza tão rara como a que ele avistou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de julho de 2003
1796. RESPIRAR PARA NÃO BATER
Temos que respirar
Respitar e engolir o cuspe
Aceitar palavras do outro
Açoitar a moral
Não querer respeito
Correr para o trem passar
Assim é a vida de quem manda
Porque os mandados não sabem
O que fazem e se esbarram
Nas leis e nas entrelinhas do tempo
Assim é o que nada faz
Impedindo a quem algo faz
Temos que respirar...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de maio de 2007
1797. OS HOMENS E AS MULHERES
Fui à uma festa
De homens e mulheres
Dancei com homens
Dancei com mulheres
Meu pai brigou
Isso não se faz
Eu disse pai
Respeito o senhor
Dançar é bom
Com todo amor
Um ótimo som
Disse isso
Ele disse
Você se lascou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de abril de 1979
1798. CANTOR VADIO
Tenho dito
Ao cantor espedito
Que canta aflito
Só vai no grito
Vadio e só vive em conflito.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1980
1799. A COBRA QUE TE MORDEU
a cobra que te mordeu
mordeu o teu trazeiro
o cabra não matou a cobra
e disse que lá tem de sobra
ele não foi o primeiro
antes de concluir a história
levou um rasteiro
morreu de tanto contar glória.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1979
1800. SERÁ QUE O NÚMERO É ESTE?
Não sei não, senhor
Qual é o número que
O senhor quer de mim
Já tirei trinta
Já tirei quarenta
Cinqüenta também
Me diga o número
Que eu digo o resto
O senhor não presta
E vive a dizer
Será que o número é este?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de janeiro de 1980
1801. A TERCEIRA PESSOA DEPOIS DE NINGUÉM
A primeira pessoa
Não é a primeira
A segunda pessoa
Não é a primeira
A terceira pessoa
Não é a segunda
Imaginem vocês
A terceira pessoa
Depois de ninguém
É a pessoa exata
Para não mandar em nada
Para em nada mandar
Vem a primeira pessoa
Vem a segunda pessoa
Vem a terceira pessoa
Lá bem longe vem ninguém
Imaginem vocês
Que entre todos
Eis que surge
A terceira pessoa
Depois de ninguém.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de dezembro de 2005
1802. BAGUNÇA DE CLIMA
Bagunçado está o clima
Pra lá de bagunçado
Quem quiser sair de casa
Leve guarda-chuva na cabeça
Que a chuva está muito forte
É bagunça no tempo
É clima bagunçado
É doença à vista
Não insista
É clima inconfiável
Seja mais afável
Fique em casa
Durma
Com
Seu
Lençol
O clima está bagunçado...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de abril de 1980
1803. APESAR DOS MOTIVOS DADOS
Apesar dos motivos
em cima da mesa
há um lenço de águas
banhadas na face
dos acontecimentos...
Apesar dos assuntos
contados na casa
há um caderno guardado
que guarda as lembranças
dos vários sofrimentos...
Apesar da história
que todos já sabem
fica no momento a saudade
é pura vaidade
fazer dos motivos uma centena de lamentos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982