Quem...
Quem...nunca, andando por trilhas de mato
Não quebrou graveto seco, pressionando joelho
Tantas das vezes gemendo, rindo de si e com dor
Ao golpear vara grossa e dura, resistente no talo!
Quem...nunca, usando capim imitando palito
Depois de chupar laranja madura, banana e goiaba
Escolhendo, arrancando, mordendo pela raiz
Dizendo estar saboreando, verdadeiro palmito!
Quem...nunca, armou barraca em campo fechado
Saindo com amigos bem cedo, logo romper da aurora
Brincando, correndo, nadando, vivendo, pescando
Chegando a noitinha, fritando peixinhos em brasa, na beira do lago!
Quem...nunca, apreciou de pertinho o pôr majestoso do sol
Vendo refletir seu dourar, em rio, horizontes e montanhas
Pensando, sonhando, intuindo, compondo poemas e prosas
Após uma tarde partindo, desenhando mais lindo arrebol!
Não me importa se pensam, ser eu ultrapassado e saudosista
A cultuar o passado, me atendo a coisas consideradas vãs e pequenas
Quem...não conheceu, soube, viu, ouviu ou viveu nada disso
Desconhece o poder da magia, da pureza e a fantasia da infância
Sendo incapaz de compreender o sentido exato que rege a vida!
Quem ainda, nada disso...penso que ainda, não viveu!