Atroz
Hoje em meu peito eclode
Sinto nos confins de mim
Min'alma dilacerar
Desfaço-me em dores abismais
É como se meu corpo não suportasse
Tanto pavor arde-me as entranhas
Tanta perversidade
É como se toda gente gritasse,
... esmurrando os muros do meu eu
Min'alma dói, e por mais que eu negue
Esse sentimento conflitante, não posso eximir
Desfaço-me do meu ego, do que sou
... e sinto um todo que desconheço,
Me devorar, consumindo neste torpor
cada molécula que respira, inspira.
Choro lágrimas pesadas,
Não quero estar em mim
Anseio fugir, ir pra longe
Noutro tempo, outro aprisco
Num mundo mais feliz
Ninguém vê, ninguém sente
O egocentrismo virou normalidade
E a dor das almas aprisionadas
Soam como um clarim
Num estrondoso eco, dentro de mim
Ouço tantas gargalhadas,
Os cães por entre máscaras
Desafiando até mesmo o olhar do universo
... e a face do amor, vai-se corrompendo
Coabitando no ínfimo, onde só dores permanecem
Lágrimas pesadas seguem represadas
Sufocando min'alma, a dor de tantas almas.