A vida e as mulheres
O Impossível só o é porque alguém não conseguiu.
E assim penso eu.
Quantas possibilidades vi escorrer entre meus dedos,
ou ainda mais...
Quantas vezes essas veias que correm água salgada,
Ficaram
No porto, a ver navios.
Hoje,
Já não fico mais em portos,
ou nas pistas vazias esperando aviões.
Me conheço,
A ponto de saber
O que me cabe e o que não.
E o que falta me faz
Para transbordar.
E que a experiência dos anos,
Que foram passados
Me indicam que não tenho mais dezenove anos
Onde tudo era novo
E desconhecido.
Diferente de hoje
Em que o mundo,
Virou uma enorme maçã podre
E há que saborear os melhores pedaços.
A fluidez é o novo Shakespeare.
Levar a vida de modo blasè se tornou chique e influente.
Percebi, depois de certo tempo
Que tudo na vida
É questão de perspectiva.
Acho que foi lá por dois mil e dezenove
Que vi isso.
Depois de todas as fodas que dei com a minha insônia
- e de quebra todas as sodomizadas que levei
Me levaram a um só pensamento:
A vida te fode.
E acho que também a fodi a gosto.
Até porquê,
Ela nunca mais me procurou.
Da mesma forma que as mulheres
Que aparecem
nas mesas dos bares aleatórios
Por onde paro.
E elas estão sempre lá:
A vida e as mulheres.
Olhando e sorrindo
Na minha direção.
Enquanto eu,
Do meu lado
Levanto todos os escudos
Antes que elas apareçam
Para me foder;
E elas sempre aparecem:
A vida e as mulheres.