Meu Rincão Amado
Meu Rincão Amado
Mestre Tinga das Gerais
Assunta seu moço
Dadonde nóis mora é ansim:
Nóis acorda inhantes do galo cantá
O sole bêja a prantação.
E o campo agardece essa maravia
Que nossos zóio inté alumia de sartifação.
Nossa prosa míngua
Quando arguem vem cum a má querença
Nóis inté corre cum o cabôco
E nas palavra dá o troco.
Nóis mora é numa paioça
Seu barreado é o nosso reboco.
Aqui o suore corre im nossos lombo
E cai pro terra e faiz broitá
Broita a isperança da fartura
Acima das nossa cabeça
É Deus nas artura
Esse num pode fartá.
A criação no pasto
Inda lambisca o ristin de capim
Mais, o verde vai vortá
E inté as galinha vai cacarejá.
E vô imociná cum o meu galo
Istufano o peitio a cantá.
O céle tá nubrado
Já ôvi uns truvão
E inté parece quêle tá raiano cum nóis
Mais né não. É chuva que lenvem.
Mermo que seja miúda
Meus láibios vai dizê: amém.
Bão, acho queu vô passá no rebêrão
Tomá um bain daquêz
E isperá as água bejá as serra
E as cachuêra dengosa a derramá
A Ambrósa já me ispera
E a nôte vai isquentá.
Daqui sinto o chêro da cumida da Ambrósa
Tem Franguin cum Tutu
O quiabo iscurregano e manhoso
Ao lado do dilicioso angu
Os minino na bêra do fugão
Ora...o bucho num ispera não!
Seu moço!
Isso é um pedacin do meu chão
Istóra bunita e cumprida...
Que vem da minha geração
Puraqui tem marca de sangue
Suore, calo e sartifação.
Óia num delatá mode quê
Tudo isso é passage
Vô dexá aos meus fios e netos
Quero levá só as lembrança
E semeá a minha querença
E da famia os afeto.
Daqui sai o sagrado alimento
Aqui é o isteio da nação
Eu bato cum orgúio no peito
E peço muito respeitio
Ao home do campo
Pela sua labutação.
E ansim vamo levano a vida
Nesse belo rincão istimado
Página iscrita cum amôre
Que me enche de imoção
Meus rasto vai ficar cravado
Nesse meu amado sertão!