Artificialidade
As pedras nas ruas que contava para me distrair enquanto caminhava, tornaram-se uma lama negra. À noite, as luzes não me encantam mais, são apenas efeitos luminosos que adentram as casas e percorrem pelas ruas da cidade. Olho para lua e não entendo mais o motivo desse pedaço pequeno de matéria ser inspiração para poetas e para outras culturas ser considerada uma deusa.
Olho para os corpos vazios de cabeças pequenas e baixas ao mesmo tempo em que vejo as fumaças das fábricas se misturarem aos cigarros e às mentes das pessoas.
Volto para minha casa minúscula que para mim é enorme, pois não cabe dentro de mim nenhuma recordação.
Que trem peguei para chegar a esse ponto? A artificialidade é inerente e ao mesmo tempo passageira. Será que é por isso que muitos descem da comitiva antes de chegar ao real destino?