Sem Alprazolam
Eu me viro com a insônia pétrea dos meus pensamentos. Sempre e para sempre ela, a abominável ausência de sono ou a tal irritante presença da ansiedade. Deus anda de saco cheio da minha persistência em querer administrar o futuro e o tempo. A noite cai em conta-gotas e o meu coração vira um corcel desvairado, esse bicho dá coice e penso em infarto. Além do mais sou terrivelmente perversa porque prendo o meu xixi até o último momento. Saio disparada para o banheiro e alivio a bexiga numa jura secreta de paz entre o meu cérebro e o meu órgão genital. O alívio é confortante e imagino um hipnos me embalando... Volto para a cama e rezo três Aves Marias, me viro e me aconchego mais uma vez na minha sequestradora e horripilante insônia. Agora eu sinto o coração no céu da boca e quase o sugo com a língua. (reticências... amo isso). Já se foram as horas dessa noite e começa a clarear às quatro e meia da manhã ainda sem sol. Daí me vem a lembrança da máquina Singer que a minha mãe amava costurar. Era toda preta com detalhes dourados em seu relevo inclusive a sua marca com um tom majestoso. Escuto ao longe o barulho do pedal e do pontilhado da agulha no tecido fazendo a trilha... O relógio me desperta às cinco e ainda me lembro do recorte de um sonho bom.
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(...) ... Mansionair - Easier