Dura experiência

Na casa de estuque e chão batido

Sob a luz de lamparina a querosene

A comida sob medida

Nada a desperdiçar.

A farinha de mandioca era essencial,

O doce da cana feito garapa,

Adoçando café e bolo,

Da horta verduras poucas,

Apenas o sal era comprado.

Tecido era chamado de fazenda,

Corte e costura na medida,

Responsabilidade da mulher casada.

Tamancos feitos com madeira leve

E couro de boi curtido ou seco,

Eram usados para entrar na capelinha.

Das rezas todas as noites tinha alguma,

Novenas ou apenas uma celebração,

A fé nunca podia faltar, nem faiá.

Sem luz, num mundo isolados,

A fome era maior companheira.

Então de cinco filhos, apenas um dava pra manter,

Iniciando com o mais velho de onze anos

Restou apenas uma menina com aquele casal

Sem saber o que era pior, a fome ou a saudade.

Nem nas férias o encontro,

A experiência da miséria cruel,

Resultado da ganância sem coração.

Ainda do pouco a metade se retirava,

Meeiros retirantes,

A dor das feridas existências tem nome.

Pois viver era adormecer sem olhar para o amanhã.

Apenas era possível o hoje.

Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 21/10/2022
Código do texto: T7632758
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