Ela trazia...
Ela trazia nos cabelos o balançar do vento, as folhas que se desaprendeu dos galhos de uma árvore qualquer em um dia de ventania.
E o cheiro que ao longe se sente de flores silvestres e frescas, dando aos fios cacheados a textura de cetim e o brilho intenso de um dia de sol...e as ondas de um mar revolto.
Ela trazia na pele vibrações inéditas e nunca outrora tocada, mas que a fazia sentir como se estivesse em uma orquestra com milhões de instrumentos a soar sua melodia em um suave concerto.
Ela trazia na voz, o doce melado do mais puro mel, com o canto do pássaro mais exótico e raro que há na natureza. E como a ave de rapina roubava toda a atenção para si, de quem lhe ouvira contar sua história, ora feliz e estonteante, ora nostálgica e tristonha.
Ela trazia no olhar infantil e por melancólicos, a sedução no olhar cor de âmbar, tudo se viu, e se atentou e ali no profundo desse olhar ela o guardou para si...
Ela trazia no coração a loucura de um amor incurável, lhe traria ruídos em seu peito, cada vez mais em alta frequência e volume estrondoso.
Ela trazia os pés presos no mesmo lugar em que se deixou esperar por ele...e ali ficou.