O androide melancólico
A sensibilidade frágil da incessante massa com suas crises programadas
E esse guru tecnológico sem par que resvala seu desencanto
Vai-se transmutando dia após dia como uma sombra insone
Ele é apenas uma maquina que sentiu a individualidade ameaçada
Pois sua religião é o berço vazio da realidade onde imagens revoam
Assiste a tudo passivamente no seu leito insólito enquanto o relógio trabalha
Este herói suburbano apenas murmura para si mesmo um eco
Refém das horas que vão se diluindo como gotas na seca
Tudo é uma esfera, tudo gira para fora não em torno de si
Todas as palavras vão sendo postas de lado e ficam sem respostas
Figuras estéticas vão se massificando na antiarte do momento
Bits e bites que estão em constante mutação para um novo dia
Rotinas mecânicas fazem seu pensamento girar em profusão
Nenhum riso, nenhum sorriso, apenas a diluição de memorias
A miséria de um novo design que vai se dilapidando fugazmente
No cotidiano impregnado de significados que se perde rapidamente
Guru das massas, refém das horas, viciado em endorfinas
Cansado de repetir os tons monótonos dos seus motores
Descansa enquanto a maquina faz e se refaz na cadencia dos dias.