O androide melancólico

A sensibilidade frágil da incessante massa com suas crises programadas

E esse guru tecnológico sem par que resvala seu desencanto

Vai-se transmutando dia após dia como uma sombra insone

Ele é apenas uma maquina que sentiu a individualidade ameaçada

Pois sua religião é o berço vazio da realidade onde imagens revoam

Assiste a tudo passivamente no seu leito insólito enquanto o relógio trabalha

Este herói suburbano apenas murmura para si mesmo um eco

Refém das horas que vão se diluindo como gotas na seca

Tudo é uma esfera, tudo gira para fora não em torno de si

Todas as palavras vão sendo postas de lado e ficam sem respostas

Figuras estéticas vão se massificando na antiarte do momento

Bits e bites que estão em constante mutação para um novo dia

Rotinas mecânicas fazem seu pensamento girar em profusão

Nenhum riso, nenhum sorriso, apenas a diluição de memorias

A miséria de um novo design que vai se dilapidando fugazmente

No cotidiano impregnado de significados que se perde rapidamente

Guru das massas, refém das horas, viciado em endorfinas

Cansado de repetir os tons monótonos dos seus motores

Descansa enquanto a maquina faz e se refaz na cadencia dos dias.

Luiz Revell
Enviado por Luiz Revell em 18/10/2022
Código do texto: T7630435
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