Ausente

Ausente.

Desconheço substantivo, adjetivo ou algo que os valha e que me possa abarcar.

Vazia.

Apenas deixando o corpo funcionar quase automaticamente e sem reconhecer muito aquém da biologia.

Nula.

Desapercebida de foco, desprovida de impulso para agir. Sem psique organizada minimamente para ser lúcida, conectada demais ao real para a loucura.

Invisível.

Passo por todos os lados, ninguém enxerga meus olhos, lagos. Ninguém percebe que estou tão perdida em mim, que mal vejo sombras de outrem.

Atemorizada.

Já resido entre ossos carne e sangue faz vidas. Nelas todas, acreditei muito mais que devia em coisas como empatia e paz.

Saudosa.

Esperando ansiosa pelos pêlos que me salvam, sempre que vou pô-los pra dormir comigo.

Sonhadora.

Imaginando caminhos possíveis, ainda que difíceis. Mesmo sem conseguir identificar onde me aponta tempo bom, a Rosa dos Ventos.

Transtornada.

Em sentidos sortidos, feridos, latentes. Contra isso não posso lutar além de aceitar os re-começos.

Ausente.

Apenas fora de mim, de si ou que tais.

Ausente.