Dentro
Ele vinha por aqui ser um pouco, quando ainda sabia como fazer. O mundo do lado de fora era tão irreal quanto tudo o que realizava. Mas aqui ele era tão real quanto imaginava. Isso foi antes de naufragar na sua confusão omissa, antes de se perder no encontro de si. Diziam que ele parecia um porto seguro, quando na verdade ele era a frágil tormenta da insegurança. Sua vontade, sem querer, aprendeu a desaprender se relacionar, ele observava sorvendo os outros para confraternizar encontros lúdicos, e a multidão que tinha dentro de si condenou-o ao isolamento. Sua forma e conteúdo era de uma nuvem, um esquecimento formoso, uma ideia bela e inconsistente, esculturas da memória de uma tarde. Ele tinha o dom de maturar uma ideia e guardá-la, até apodrecer, e depois reavivar em fantasias remotas o cadáver do poderia ter sido; assim também era sua forma de amar. Seu tempo sempre foi o tarde demais.