Morte

A morte é devastadora

É cruel com quem a espera tão cedo.

É dolorosa com quem a viu passar e levar mais um passageiro.

Quando alguém que a gente ama morre, parece que se abre um buraco imenso sob nossos pés.

Que sufoca, que aperta. Tira a cor do mundo, tira o gosto da nossa boca, tira o coração do peito. Resta só uma dor que rasga a alma e cala a voz que grita por dentro.

Deixa desejos por realizar, livros pela metade, anotações no caderno que só uma pessoa entenderia, deixa coisas a dizer, a pensar, a fazer.

A morte faz o tempo parar por um tempo. Abre uma lacuna entre o que foi e o que é agora. Faz do presente, dor e do passado um cena que não terminou.

Prende a gente naquele pequena fração de segundos que freiou uma vida.

E...O que aconteceu depois? Para onde foi? Será que tudo que sentimos, aprendemos e levamos a vida para nos tornarmos deixa de existir quando o corpo se perde?

Que sentido há em viver para aprender e morrer quando já se sabe de quase tudo?

A gente vive fazendo planos para morrer de velhice aos 105 anos.

Mas de repente, tudo acabará em 2 anos, em 3 meses ou amanhã.

"Hei! E aquela viagem que planejei para o ano que vem?"

"E aquele presente que eu fiquei de dar para meu filho quando ele completasse 18 anos?"

"Eu havia prometido pular de pára-quedas neste final de semana!"

"Eu acabei de passar no vestibular"

Será que nossa alma pensa em tudo isso quando deixa nosso corpo sem vida?

Será que teremos outra chance um dia? Mas...E as pessoas que conheci aqui? Me encontrarão de novo? Nem minha mãe irá me reconhecer?

Eu vou amar outras pessoas?

Eu não sei.

A vida é breve.

A morte estará breve.

Viva em breve.

Dan Alterego
Enviado por Dan Alterego em 12/10/2022
Código do texto: T7626216
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