As vertigens de uma memória sem palavras
Histórias revoltas de um tempo que se movem difusamente
História de um passado oblíquo que jaz na memória
Lembranças de uma era febril onde as palavras estavam inertes
Lembranças de uma vida que pulsava e também repousava
Na vastidão de horas sem sentido
Que iam se desenrolando como um carretel
Uma música maçante que solapava o tempo
Esses eram os dias...
O Ser criou o tempo e deu-lhe um nome
- Tu serás o carrasco da memória.
A linguagem é meramente uma fábula que nunca adormece
Ela criou um mundo e está a controlá-lo com suas artimanhas
Um olho que devora tudo, uma linha que se desdobra
Não existe paz ou repouso nas horas frenéticas
Onde o pensamento descanse sem sombras.
Quero outro mar, uma luz incólume que conforte as aquarelas
As vertigens que repousam nas letras fugazes
Enquanto um moinho inocula sua trajetória num passo largo
Eu sou uma vertigem no tempo
Eu sou a mácula febril de uma geração que desenrola suas preces
Nada se diz de hoje que não tenha sido apenas uma lápide
Um epitáfio feliz que nas sombras repousa sem nada dizer
Sem nenhum significado especifico
Apenas eras passam enquanto o som das palavras fica.