As vertigens de uma memória sem palavras

Histórias revoltas de um tempo que se movem difusamente

História de um passado oblíquo que jaz na memória

Lembranças de uma era febril onde as palavras estavam inertes

Lembranças de uma vida que pulsava e também repousava

Na vastidão de horas sem sentido

Que iam se desenrolando como um carretel

Uma música maçante que solapava o tempo

Esses eram os dias...

O Ser criou o tempo e deu-lhe um nome

- Tu serás o carrasco da memória.

A linguagem é meramente uma fábula que nunca adormece

Ela criou um mundo e está a controlá-lo com suas artimanhas

Um olho que devora tudo, uma linha que se desdobra

Não existe paz ou repouso nas horas frenéticas

Onde o pensamento descanse sem sombras.

Quero outro mar, uma luz incólume que conforte as aquarelas

As vertigens que repousam nas letras fugazes

Enquanto um moinho inocula sua trajetória num passo largo

Eu sou uma vertigem no tempo

Eu sou a mácula febril de uma geração que desenrola suas preces

Nada se diz de hoje que não tenha sido apenas uma lápide

Um epitáfio feliz que nas sombras repousa sem nada dizer

Sem nenhum significado especifico

Apenas eras passam enquanto o som das palavras fica.

Luiz Revell
Enviado por Luiz Revell em 12/10/2022
Código do texto: T7625929
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