Prosa poética
Aqui o sabiá canta em todas manhãs, em todo anoitecer
Desde o início do mês de agosto
O melhor sabor da época me socorre e me acorda
Me prepara para um anoitecer emocionante
Me faz ver a vida de outra forma
A cada ano que passa, esse canto me renova...
Percebi também que o canto deste ano é adulto
O canto do ano passado, foi de um jovem pássaro
Às vezes desafinava e soluçada no final...
Dizem que o sabiá retorna ao mesmo local de nascimento
Nem sempre é o pai, mas pode ser o filho, quem sabe a irmã
A sabiá também é cantante, canta numa frequência menor
Daqui mesmo ouço um canto de fêmea, talvez respondendo ao macho...
Um dos acontecimentos que todo ano eu aguardo, desde criança, o canto do sabiá nessa época
Sem falar no sol nascente e no sol poente
Nas montanhas é um modo diferente
Pois entre elas, ele se lança ao céu um pouco mais tarde, como imagem
E adormece mais cedo que no sol de horizonte, bem na linha, como numa praia
O certo é que ainda me emociono
Ainda olho para o céu e aguço minha audição
A primavera é linda... o verão está chegando
Emmanuel Almeida