Pipas

           O garoto chega apressado, sem fôlego:

            – Mãe! Mãe! “Me dá” dois reais?

            A mãe interrompe a leitura, olha para o garoto de pés descalços e bermuda  suja. Com um sorriso, pergunta:

            – O que você pensa em comprar com todo esse dinheiro?

            O Pedrinho “tá” fazendo pipa pra vender e eu quero comprar uma.

            – Ah! Mas que bela ideia.

            A mãe entrega o dinheiro e observa o filho sair correndo para encontrar os amigos que o esperam no campinho de futebol, cada um com uma pipa na mão. O Pedrinho, que usou  a habilidade em confeccionar pipas perfeitas para “engordar” o cofrinho, faz a entrega de mais uma, recebe o pagamento e diz em tom de quem é autoridade no assunto, orgulhoso em ver os frutos de sua criatividade  e iniciativa:

           – Se precisar mais pipas, é só me chamar. Hoje o dia “tá” especial, tem bastante vento.

           Logo após, o céu é enfeitado com pipas coloridas.  Deslizam  harmoniosamente ao sabor do vento, coordenadas por uma turma de amigos que, de pés descalços, bermuda suja e sem camisa, retratam a liberdade de viverem a infância livres e felizes.