Não entra, mosquito
Por clemência! Tende piedade. Não houve razão nos pensamentos que jorraram pela boca que agora está aberta. Embasbacada. Calada, mesmo suspirante.
Quando abri a boca, não refleti. Deixei a mente perder-se no cansaço do vazio do quarto, do deserto da alma.
Quis apenas pintar novos desenhos no frio daquele lugar onde a solidão já não queria mais caber: em si. Borrei tudo e a tinta secou.
Peço por favor que deixe meus dentes em paz. Não mordo, te juro. A voz já se apagou e falha. Tudo está escuro.
Não faz sentido nenhuma das palavras que vomitei. Admito. Mas por favor, não entra, mosquito.