A RELIGIÃO PARA USO DO REI

Há muito tempo atrás, nos tempos dos grandes reinados e dos grandes impérios, a religiosidade era muito forte entre as pessoas. Era tão forte e tão presente, que era o que existia de mais elementar a unir o povo em torno de algo em comum. Por causa disso, muitos reis e imperadores se aproximavam dos líderes religiosos. Não faziam isso por causa da fé, mas, para tirar proveito da unidade proporcionada pela religião, para diminuir a rejeição e para manter o povo sobre certo controle.

A estratégia deu muito certo, a ponto de se propagar que reis se tornavam reis por vontade de divina. Mais do que isso, muitos reis se autointitulavam como divinos, ou seja, o próprio Deus. A retórica funcionava, a ponto de muitas pessoas serem mais fiéis aos preceitos de um rei – ainda que ele fosse um rei cruel - do que aos preceitos de Deus. A separação entre uma coisa e outra foi lenta, e não aconteceu de forma igual em todos os lugares. Mas, no geral, os povos aos poucos percebiam que as maldades do rei e de alguns líderes religiosos não eram condizentes com as coisas de Deus, e então, lutavam por condições mais justas, sem por isso abandonar sua fé.

Mas isso foi há muito tempo. A religião continua presente na vida da maioria das pessoas, que logicamente, nos dias atuais, consegue identificar quando um estadista tenta tirar vantagem da fé dos fiéis.