Subterrâneo
Um rato de asas negras que voa sem direção
Manobras no vazio existencial da noite
Embalado em melodias melancólicas
Provocando o torpor e ansiedade
No seu nome escreveu uma ode
Que perdurou por anos seu bailar insone
Então era mais uma melodia que cingia os céus
Alcançar o inalcançável – utopia
Neste tempo abafado de memórias
Escrever uma ode para evocação da noite
Momentos mágicos que revoaram no tempo murcho
E este subterrâneo da minha alma
Adormecera em uma paixão sem nome
Dei a ela um significado misândrico e febril
Nas tardes bêbadas de um outono envergado
Ficara sendo uma porta invertebrada da luz embriagada
Utopias no vazio existencial traduzidas em palavras vãs
Querendo sempre resgatar seu nome e sua história
Mais uma vez submetido a limitação da linguagem vil
Construí castelos na areia de um turno atordoado
Trajado de um luto momentâneo em que a utopia se desfez
Mágicas são as palavras não ditas e seus sinônimos obscuros
Enquanto bailavam morcegos sem direção em profusão
Mais uma noite e tudo que passou deixou a sequela ambulante
De uma paz lasciva circundante, que ora já foi nociva
Nada mais a dizer senão a voz de uma lágrima furtiva.