Subterrâneo

Um rato de asas negras que voa sem direção

Manobras no vazio existencial da noite

Embalado em melodias melancólicas

Provocando o torpor e ansiedade

No seu nome escreveu uma ode

Que perdurou por anos seu bailar insone

Então era mais uma melodia que cingia os céus

Alcançar o inalcançável – utopia

Neste tempo abafado de memórias

Escrever uma ode para evocação da noite

Momentos mágicos que revoaram no tempo murcho

E este subterrâneo da minha alma

Adormecera em uma paixão sem nome

Dei a ela um significado misândrico e febril

Nas tardes bêbadas de um outono envergado

Ficara sendo uma porta invertebrada da luz embriagada

Utopias no vazio existencial traduzidas em palavras vãs

Querendo sempre resgatar seu nome e sua história

Mais uma vez submetido a limitação da linguagem vil

Construí castelos na areia de um turno atordoado

Trajado de um luto momentâneo em que a utopia se desfez

Mágicas são as palavras não ditas e seus sinônimos obscuros

Enquanto bailavam morcegos sem direção em profusão

Mais uma noite e tudo que passou deixou a sequela ambulante

De uma paz lasciva circundante, que ora já foi nociva

Nada mais a dizer senão a voz de uma lágrima furtiva.

Luiz Revell
Enviado por Luiz Revell em 04/10/2022
Código do texto: T7620233
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