Doce mãezinha
Quem sou eu, que aqui conjecturo em vão
Sobre o solo levito em saltos de presunção
E da vida espero pedidos de perdão?
Pois em formas maternais foste perfeição
E a ti o mundo foi mar de decepção
E decepção a ti fui eu também.
Pois me diga, então!
Quem sou eu pra achar isso ou aquilo
Quem sou eu pra achar alguma coisa, afinal?
Quando o maior presente a mim foi dado
E eu em escárnio e escarro
Fui ingrata e atirei-o ao chão?
Mãezinha doce e sorridente
Que em teus braços embalaste gentil e amorosa
Esta que a ti fala dorida e saudosa
E que em supremo manto de amor e ternura
Cuidaste, amaste e criaste na ventura
Do teu lindo coração valente!
Em ti há força onipotente e vivaz
Proteges pois tuas crias, feroz e tenaz
E dona de um sentir, de um amor de mãe tão profundo
Verdadeiramente abismal se faz!
A ti peço:
Dá-me aconchego
Sopra das estrelas um último afago;
Acarinha a face em lágrimas da tua criança
E perdoa, anjo.
Perdoa hoje e sempre.
Perdoa a desfeita e a negligência
Pois que a ti o mundo decepcionou
E decepcionar a ti fiz eu também.
(Gênnifer Gonçalves)